30/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #346 - Sonia Rocha


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Porto Alegre. Sonia Rocha tem 50 anos, é carioca residente em Porto Alegre, professora de Filosofia e crítica cinematográfica. Mestre em Educação com ênfase em cinema (UERJ), doutoranda em Educação e Cinema (UFRGS). Foi colaboradora nos veículos Almanaque Virtual, IGGY, Telezoom TV e, atualmente, é editora o site Cinema & Movimento onde também escreve críticas e análises de filmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

São várias as salas de cinema em Porto Alegre com qualidade de programação e exibição. Logo, seria uma injustiça citar apenas uma. O capitólio é um centro cultural que abriga uma das melhores programações de cinema da cidade, sempre trazendo festivais de filmes de países de fora do ‘circuitão’ internacional como os de países africanos, da índia, da Líbia etc. O CineBancários que só exibe cinema nacional, a Cinemateca Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mário Quintana, reduto de cinéfilos com palestras, exibições, debates com diretores e atividades afins. Mas, o “crème de la crème” em minha opinião é Guion Cinemas pois exibe filmes de arte ou filme de autor, como queiramos chamar, que estão estreando no circuito. Cito como preferência porque me remete ao Grupo Estação no Rio. Tem a mesma vibe, a mesma pegada, exibe os mesmos filmes e me faz sentir em Botafogo, de vez em quando.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Esse é confissão de idade... O primeiro filme no cinema nem sempre é aquele filmaço no que diz respeito aos aspectos técnicos. Mas, é o primeiro filme...no meu caso foi Gremlins (1984) do Joe Dante. Era adolescente, nunca tinha visto uma tela tão grande, ouvido um som tão intenso e sentido o que é a egrégora energética de muitas pessoas vibrando na mesma sintonia. Foi uma experiência apaixonante e apavorante. Ver aqueles bichinhos lindinhos e fofinhos se transformarem naqueles monstros horrendos depois de um banho mexeu comigo. Hoje com o approach da Filosofia isso seria um argumento e tanto para pensar a dualidade humana. Mas, cada coisa a seu tempo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa é injusta... cinéfilo que se preze é volúvel gosta de uns caras que ninguém conhece e que têm estilos completamente diferentes, E eu não fujo à regra. Mas falar de um só é muito difícil.... Tenho uma relação de amor e ódio com o dinamarquês Lars Von Trier, curto a abordagem da escocesa Lynne Ramsay, a faca afiada do russo Andrey Zvyaintsev, e me descubro apaixonada pelo Kleber Mendonça Filho.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Preferência é uma coisa que não tem, necessariamente, explicação. E no caso do crítico de cinema isso chega a ser até um pecado, de tanto que trabalhamos o aspecto da ‘isenção’ até onde é possível. Contudo, como espectadora, apesar de tantos filmes nacionais maravilhosos realizados nas últimas duas décadas eu fico com Estômago (2007) de Marcos Jorge, porque a abordagem do filme me surpreendeu, as atuações são espetaculares, principalmente a de João Miguel, que tem se mostrado um monstro sagrado.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

O sufixo “Philia” tirado de uma obra de Aristóteles nos remete a ‘amizade’, ‘amor’ ‘afeto’ (contextualizando com o nosso assunto, porque na obra referida o âmbito era outro). Inserindo-o no meu cotidiano, na minha prática de pesquisas com cinema e relação de espectadora, para mim cinefilía/ser cinéfilo é quase que um exercício de devoção. Uma relação de profundo envolvimento, respeito, sentimento de pertencimento, mergulho e, até, de adoração.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Essa pergunta é pertencente à prática comercial do cinema, e confesso que não tenho um conhecimento procedente sobre o assunto.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Bah! perguntinha dolorosa.... Não exatamente, mas creio que não o será como conhecemos hoje, e me explico: independente do momento sanitário que vivemos hoje, silenciosamente, já havia um movimento que facilitava o acesso do espectador a filmes de qualidade, com a segurança de suas casas, com uma economia de recursos (como o jantar após o cinema, o combustível, o estacionamento). Economicamente esse processo de esvaziamento da sala escura já estava em processo lento. A aceitação de filmes de TV de uma plataforma streaming em festivais de CINEMA, deu uma guinada, por dentro, nesse processo. Em 2015 “Beasts of No Nation de Cari Joji Fukunaga, foi selecionado e premiado no Festival de Veneza. Em 2017 foi a vez de Okja de Bong Joon Ho, selecionado para o festival de cinema de Cannes, inclusive concorrendo à Palma De Ouro. Esta ultrapassagem de fronteira conceitual é um adendo importante para colocar nessa conta. Depois vieram outros filmes e outros festivais de cinema selecionando e indicando para prêmios de cinema filmes feitos para a TV. Hoje, somente uma das plataformas streaming está com 35 produções indicadas ao Oscar. Esses pequenos detalhes, cujos passos não nos damos conta e cujas consequências não enxergamos, à longo prazo, contribuem para uma transição silenciosa do cinema para o streaming, com nossas TVs cada vez maiores e mais tecnológicas. A pandemia, só veio jogar a pá de cal na situação. Dentro do nosso modo de produção é inviável se manter as despesas de uma sala física sem um retorno, e o tempo que isto está levando vai acirrando uma crise financeira no setor, condicionando o espectador a exercitar esse entretenimento em casa, inclusive devido as consequências econômicas para o próprio espectador. Numa crise, os primeiros artigos a serem cortados são os ‘supérfluos’ e vivemos numa sociedade em que cultura é um artigo supérfluo. Outro fator, muito importante, que indica essa transição são as grandes produtoras de cinema como a Disney, a Warner, a Paramount etc. estarem criando suas próprias plataformas digitais. É triste, mas só não enxerga quem não quer. Se alguns paradigmas, independente do âmbito na sociedade, ao longo da história,  não tivessem sido quebrados não estaríamos onde estamos em relação ao desenvolvimento de muitos aspectos de nossas vidas, logo, é mal necessário. Não que eu defenda o caso, mas aceito. Sobre o nosso sofrimento com esse processo, é natural. Toda geração de qualquer tempo de transição sofre, luta e resiste. O que creio que será mantido são os clubes de cinema, num movimento vintage com salas de exibição ‘gourmets’ para não deixar a chama da experiência se apagar. Mas, cinema como conhecemos hoje, creio que daqui há algum tempo já não teremos mais, infelizmente.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

K-Pax (2001) de Iain Softley.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. A vida se impõe acima de tudo. O que estamos vivendo, da forma que estamos vivendo é algo sem precedentes. Mesmo tendo registros de outras pandemias na História da humanidade, pela nossa globalização o que está nos acontecendo é uma coisa muito séria. Depois que tudo passar a gente junta os cacos, se fortalece e vê o que faz. Agora está na hora de nos voltarmos para dentro, curtirmos o audiovisual em nossas casas, pois a cultura nos salva da vida e de nós mesmos. Depois a gente vê como fica.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro tem adquirido uma qualidade tecnológica e artística nas duas últimas décadas que é para ser aplaudida de pé. A questão é que a cultura precisa de fomento e no momento político em que estamos esse quesito está impedido, infelizmente. Mas, veja como temos garra, aos trancos e barrancos saiu Bacurau (2019) de Kleber Mendonça Filho, Babenco (2019) de Bárbara Paz e tantos outros documentários que vimos na edição de 2020 do É Tudo Verdade. Mas, sabemos que nem só de vontade se vive e sem fomento a qualidade tende a cair. Essa é minha visão sobre a questão no momento.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é uma experiência.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Estava eu em uma sessão de cinema matinê em um bairro popular do Rio, assistindo à primeira sessão de filme blockbuster, não tão bem cotado, sobre o qual eu iria fazer a crítica. Para melhor analisar os filmes fico sempre na última fileira e no meio para ter uma visão mais ampla. Ao terminar o filme sempre fico até o final dos créditos finais. Qual não foi minha surpresa que uma outra pessoa lá frente ficou também. (isto não é tão comum, mesmo entre os críticos). Achei legal. Veio o ‘lanterninha’’ e disse para a pessoa que o filme já tinha terminado, a pessoa continuou lendo os créditos. O rapaz insistiu dizendo que não tinha cenas finais. O rapaz respondeu ao lanterninha’.... Mas, eu sei ler...e o clima pesou. Bem, antes que o ‘lanterninha’ viesse para mim estragasse a minha experiência, que já não tinha sido tão boa, saí à francesa. O filme não era lá essas coisas e não faria muita diferença ler os créditos finais. Mas foi uma das poucas vezes que não o fiz, por causa dos outros e num filme mais ou menos. Me marcou por isso. Ficou faltando alguma coisa na minha ‘liturgia’ cinéfila naquele dia.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Desnecessário... Pronto falei!!... Mas, Perry Salles salvou a lavoura.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Nunca nos esqueçamos que cinema é um produto. Uma coisa é a atividade profissional da produção de um ‘produto’ outra é a forma com a qual você escolhe curtir/consumir aquele ‘produto’. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Interessante, eu não tenho um filme que eu tenha achado o pior filme que eu já tenha assistido ou o pior filme da minha vida. Tenho um princípio comigo: não sou cineasta. Então, por mais que eu estude para entender os processos semióticos, os de produção de sentidos etc. Eu não tenho como qualificar alguma coisa que não domino, como pior. E como disse anteriormente, procuro domar o meu capricho/gosto. Acho que tem sempre alguma coisa que não alcancei e que se tivesse alcançado a experiência teria sido melhor. E sempre tem alguma coisa que eu gosto, seja a fotografia, o roteiro, uma atuação...então, evito o juízo de valor e fico com o que gosto. Logo, não lembro mesmo de nenhum filme que tenha me causado essa sensação.... a de ser o pior.

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Sou muito fã de documentários e seria muito difícil escolher algum antigo ou clássico. Gosto muito do documentarista chileno Patrício Guzman. Mas, vou ficar com o mais recente, o da Romênia Collective de Alexander Nanau, que está concorrendo ao Oscar 2021. O longa é uma saga jornalística impecável.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim, Whiplash (2014) de Damien Chazelle. Aquela bateria elevou os meus níveis de endorfina.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

Ooops!... Gostei de Senhor das Armas (2005) de Andrew Niccol.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Costumo ler Omelete, Adoro Cinema, Filme B e Observatório do cinema.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #345 - Freddy Paz


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Porto Alegre. Freddy Paz tem 35 anos é produtor, diretor e proprietário da Sala Filmes. Atua na área de produções audiovisuais desde 2012 com vários trabalhos realizados entre cinema, clipes, vídeos para a internet e trabalhos publicitários. Fundou a Sala Filmes em 2017 com o objetivo de produzir e coproduzir projetos próprios e de parceiros.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Frequento muito as salas de cinema do Espaço Itaú por dois motivos, desde sempre eles conseguem trazer a maior variedade de filmes, tem do mais blockbuster até o mais regional, já assisti filmes na sala 08, a menor que eles tem, produzidos aqui no sul mesmo, pena que com pouquíssimo público. Hoje vou no mais próximo que tem o filme que quero assistir, mas já frequentei bastante salas mais alternativas com mostras mais específicas. Infelizmente com a pandemia faz mais de 1 ano que não vou ao cinema.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que foi em 93 com Jurassic Park, tinha por volta de uns 7 anos e lembro bem todo o corre corre de se conseguir comprar os ingressos e conseguir uma sessão para assistir o filme, fui com uma tia que além de levar a gente comprou Babaloo de banana que era lançamento na época, heheh. 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Faltou um "diretor(a)" e um "dele(a)" ali na pergunta, né? A gente sempre pensa em diretores homens quando se fala em direção para o cinema, mas como gosto muito de cinema de ação fico com a Kathryn Bigelow com o seu filme Caçadores de Emoção (Point Break), 1991.

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Observação Guia do Cinéfilo:  Nessa sua resposta sobre 'Qual Melhor diretor' você começou respondendo dessa maneira, defendendo as diretoras com todo o direito da maneira como interpretou a pergunta. Mas a sua interpretação não foi igual a minha quando formulei. A pergunta é de maneira geral, pra mim estava implícito Diretores e Diretoras para serem escolhidos. Só pra deixar claro. Vou manter sua resposta na íntegra até pra caso alguém interprete da mesma forma. E que bom que escolheu a Bigelow, até postei desse mesmo filme citado dela no instagram esses dias, excelente.


Abs e saudações cinéfilas. 


* E-mail enviado também ao Freddy pra esclarecer a questão. *

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4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Lisbela e o Prisioneiro de 2003 com direção de Guel Arraes. Ele já tinha mostrado pra geral que domina muito bem a comédia com O Auto da Compadecida em 2000. Gosto muito dos personagens de Lisbela e o Prisioneiro, o romance dos dois, o vilão Frederico Evandro, a montagem em paralelo da Lisbela contado o quanto gosta de ir ao cinema com uma breve aula sobre decupagem. Sem contar o final que é a história dentro da história, ela narrando sobre um casal que deve estar juntos vendo o filme e ela e o Leleu aparecem saindo de uma sessão de cinema, essas cenas meta filmes sempre me interessaram.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É seguir falando sobre os filmes mesmo depois do fim da sessão! É sentir aquela vontade de conversar com alguém sobre o filme. Se sentir isso, algum grau de cinefilia você tem.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que o "entender de cinema" é uma frase muito vasta, dentro do fazer cinema existem muitos profissionais especializados nas suas áreas, vai do cara que escreve um argumento de roteiro até a sala exibidora, é um sistema bem complexo, ainda mais nessa parte de distribuição onde aqui no Brasil é um dos setores mais delicados, às vezes tu até faz o filme, mas não consegue colocar ele pra ser visto. Esse "entender de cinema" quando envolve salas de cinema tá na mão dos títulos que vão chamar mais público, os que vendem mais ingresso ou mais assinaturas em algum streaming, é uma parte do entender de cinema sim, até porque o filme só se torna completo como um todo quando é visto e discutido. Mas infelizmente a programação fica refém da indústria, por isso a importância do maior número de salas possíveis e de mostras paralelas para atender essa grande demanda de produções.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que não, vão diminuir cada vez mais como vem ocorrendo, mas acabar por completo acho difícil, até porque a experiência de se assistir o filme na tela grande, no escuro e com pessoas que não conhecemos é uma experiência única! 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou seguir aqui na minha linha de filmes de ação, Breakdown - Implacável Perseguição (Breakdown), 1997.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Só devem abrir quando todos estiverem vacinados, muito arriscado colocar várias pessoas no mesmo ambiente fechado sendo que o propósito é um lazer, saúde e a segurança de todos em primeiro lugar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Mesmo enfrentando todas dificuldades de se fazer cinema no Brasil, a nossa qualidade é muito boa, conseguimos produzir muito filmes, nunca se fez tanto filme como agora, mas mesmo assim precisamos seguir com mais produções, desenvolver uma indústria e lutar para o povo assistir mais nosso conteúdo, criar cotas de tela e mostrar um cinema brasileiro para o povo brasileiro. Temos uma falta de incentivos do estado, o governo sem interesse em criar políticas públicas para fomentar a produção local, mas mesmo com todas essas dificuldades seguimos contando as nossas histórias, o acesso a tecnologia está aí, ainda falta ele chegar a muitos, mas mesmo assim conseguimos levar as nossas histórias para algumas telas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não que eu não perca um filme, até porque perdi vários :)  Mas gosto muito do trabalho da Fernanda Torres, acho que todos os filmes q vi dela alguma coisa me chamou a atenção, entre os que mais me marcou foi: Saneamento Básico - O Filme, 2007; O Que é Isso Companheiro?, 1997; Terra Estrangeira, 1995; A Marvada Carne, 1985 e Com Licença, Eu Vou a Luta, 1985.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A vida fantástica na tela.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu e mais dois amigos fomos assistir Predadores (Predators) 2010, e no fim da sessão a gente saiu tão pilhado que cada uma era um personagem do filme, fazíamos que pulávamos nas árvores, como se estivéssemos sendo caçados e enfrentando os predadores, até rolar em um gramado do shopping a gente fez, garantiu boas risadas, bons tempos.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma boa ideia para se fazer dinheiro, mas muito, mas muito mal executada.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Na tua própria pergunta já tá a resposta, se muitos diretores não são cinéfilos, não precisa não. Pode vir ajudar ele ou ela a contar a história se ele(a) conhecer mais filmes, mas nada impede dele(a) de dirigir uma história, no geral depende muito da proposta do filme, se a proposta é uma narrativa muito fundamentada em uma linguagem já estabelecida, ter uma boa bagagem do que já foi feito a respeito do assunto pode vir ajudar, mas às vezes não conhecer a linguagem alguma pode vir te fazer criar uma nova, é um processo artístico que muda muito, as vezes um problema técnico te fazer criar algo totalmente inovador. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vários, tenho um canal de YT com o meu irmão, eu faço a direção e ela apresenta, se chama "Sobre Filmes Ruins", e lá a gente fala muito dessas tranqueiras da sétima arte, além de trazer curiosidades, dicas por tabela e tentar achar algum ponto bom no filme ruim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Curto muito documentários que falam do fazer cinematográfico, acho que Duna de Jodorowsky (Jodorowsky 's Dune), 2015.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, total. A primeira vez que vi isso foi em durante uma sessão de Missão: Impossível 2 (Mission: Impossible II), 2000. O pessoal começou a bater palma bem na hora que o personagem do Tom Cruise consegue pegar um revólver chutando o mesmo no chão de uma praia, ele chuta e pega no ar, assim conseguindo matar o vilão do filme, pelo menos é o que me lembro. hehehe. E a última vez que bati palmas no fim de uma sessão foi para o longa Barucau, 2019.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Con Air - A Rota da Fuga (Con Air), 1997. Vi poucos filmes com ele.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não tenho um específico, jogo no google o assunto que estou procurando e dou uma lida por ali mesmo, mas se quero buscar algo que vou repassar a informação, vou no mais garantido, IMDb.

 

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29/03/2021

Podcast #5 - Guia do Cinéfilo - 29.03.2021

 


Nesse quinto episódio, falamos sobre os seguintes assuntos:

- Filmes que vi (Flores do Cárcere, 101 Reykjavík, Currais, Antes que me Esqueçam, meu nome é Edy Star, Chorão: Marginal Alado, Matar Jesus)

- A questão dos curtas-metragens (lei do curta) (Dois curtas que vi recentemente White Eye e The Letter Room)

- Programa Guia do Cinéfilo da Semana 

- Programa 8 e 1/2 em 20 da Semana


Até a próxima 2a!


Viva o cinema!




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Crítica do filme: 'The Letter Room'


Quando o introspectivo se une ao intermediário. Um dos concorrentes ao próximo Oscar de Curta-metragem de ficção, The Letter Room, ou a Sala de Correspondência, se formos traduzir literalmente para o nosso idioma, conta a história de alguns através do olhar curioso de um personagem que acaba sendo testemunha de relatos pessoais da família e dos presos, inclusive para os que estão no corredor da morte, após assumir o novo cargo de diretor de comunicação dos prisioneiros. Escrito e dirigido pela cineasta Elvira Lino, o projeto (com potencial de ser um longa-metragem) possui um indecifrável lado tragicômico escondido por trás da história, sentimos que há muito mais por conhecer desse curioso protagonista. Ótima interpretação do ator Oscar Isaac.


Na trama, conhecemos o boa praça e simpático agente penitenciário Richard (Oscar Isaac), um ser solitário que vive de ir ao trabalho e voltar pra casa, tendo apenas a companhia de seu cachorro. A fim de se desenvolver profissionalmente, se inscreve para outras funções na penitenciária que trabalha, por mais que tenha um ótimo relacionamento com os outros guardas, a chefe do local e os presos. Assim caba indo para no setor de comunicação da prisão, onde precisa escanear e analisar possíveis irregularidades nas mensagens externas que chegam para os que estão presos. Mas ele acaba se envolvendo mais do que devia e assim acaba embarcando nas soluções de duas questões para dois prisioneiros.


Há um composto interessante ligado ao desejo e as emoções que o guarda acaba sentindo, não consegue fugir das diversas reflexões daquelas palavras espalhadas nas mensagens. Precisa ir atrás das resoluções daquela história, como se fosse um intermediador, um fato que acaba se conectando com seu perfil introspectivo de pouco contato com o mundo lá fora. O personagem em cima é longe de ser caricato detalhista, inclusive controla a alimentação através de um bloquinho de papel preenchido com as calorias diárias ingeridas, talvez uma ideia que teve a partir de alguma referência que viu nas dezenas de horas que fica de frente para a televisão quando não está trabalhando.


Em cerca de 30 minutos, ficamos refletindo muito sobre a personalidade e as ações tomadas, certas ou erradas, pelo personagem, gerando a curiosidade de querer conhecer mais sobre a história dessa alma introvertida e as prováveis sinucas que se envolve a partir da curiosidade.

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #344 - Patrícia Cunegundes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Patrícia Cunegundes tem 48 anos, é jornalista e pesquisadora. Atualmente é doutoranda na PUC-Rio, onde pesquisa o uso de arquivos nos documentários contemporâneos latino-americanos. Gosta de assistir filmes de investigação com sua mãe Rejane, cinéfila raiz.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Estação NET Botafogo e IMS, porque é onde eu consigo assistir mais documentários. E, no caso do Estação, porque também faz parte da minha memória afetiva.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando meu avô nos levou para assistir ET.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ken LoachLady Bird, lady Bird.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O auto da compadecida. Por causa do ritmo e da linguagem cinematográfica. E da qualidade da adaptação da Adriana Falcão.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu acho que é quem se interessa por cinema, sem preconceito.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Entender de cinema é um conceito relativo, mas acho que a maioria dos cinemas tem programação feita por interesses mais econômicos.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Apesar das previsões catastróficas e da insegurança de um mundo pós-pandemia, não acredito que as salas de cinema acabem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nostalgia da luz – Patricio Guzman.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que antes da vacina, infelizmente, não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Com falta de apoio.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Nachtergaele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a arte do coletivo e dos sentidos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Não sei se foi inusitada, mas já vi uma pessoa lendo a legenda para outra, que não sabia ler. Apesar de atrapalhar um pouco quem estava assistindo, achei lindo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Tive que digitar no Google.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Pergunta difícil. Acho que não, mas também acho que precisa ter referências, não pode viver dentro de uma caixa.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Já vi tanto filme ruim, não sei dizer qual o pior. Mas pensando aqui, Titanic é muito ruim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Nostalgia da Luz.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Ah, sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Hahahaha.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Em função da minha pesquisa de doutorado, eu leio muito sobre teoria de cinema e no momento tenho visitado sites latino-americanos, como o da revista La Fuga ou o site do argentino Roger Koza (que não é sobre teoria), o Con los ojos abiertos.

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28/03/2021

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Crítica do filme: 'White Eye'


O viciado e triste olhar do preconceito. Uma bicicleta roubada. As questões burocráticas da lei. Olho branco, viciado dentro do preconceito. Em tempos onde a linha tênue do bom senso insiste em não existir. Para onde caminhará nossa humanidade? Escrito e dirigido pelo cineasta Tomer Shushan, em seu segundo curta-metragem na carreira, White Eye é o retrato de muitos países europeus onde o medo dos imigrantes é constante, tentando se estabelecer em um país onde não nasceram.


Finalista do Oscar 2021 de Melhor Curta de Ficção, o curta-metragem israelense em pouco mais de 20 minutos nos mostra um conflito quase banal que acaba se tornando uma questão legal sobre um imigrante que luta pelo bem-estar de sua família buscando ser um trabalhador honesto em um país diferente do dele, com mais oportunidades. Interpretados por Daniel Gad e Dawit Tekelaeb, dois homens, duas histórias, se cruzam em torno do roubo ou não de uma bicicleta sendo que um deles acaba acionando a polícia para uma rápida resolução. Mas será que era a melhor solução? O peso na consciência bate rapidamente quando percebe que a polícia está com o olhar viciado em relação ao outro homem.


O filme reflete dilemas sociais que vemos muito por aqui também na América Latina, sobre a ótica do resolver as coisas como adultos ou envolver a polícia e complicar tudo mais ainda? Será que as leis serão justas para todos? Aonde foi parar o bom senso da própria comunidade?

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Crítica do filme: 'A História de um Silva'


A música como sentido para a sociedade. Hino de uma cidade, hino da periferia, um subtexto que é compatível com a realidade que enfrentava. Dirigido por Marcelo Gularte, A História de um Silva é a história de um brasileiro, trabalhador, grande herói de sua mãe e família, que possui grande paixão pelo futebol, inclusive quase foi atleta profissional que tocava a MPB dos anos dourados nos barzinhos pela cidade até que descobriu um gênero musical que estava dando os primeiros passos. MC Bob Rum, cria da Comunidade João XXIII em Santa Cruz Foi Office Boy, trabalhou muito tempo na Telerj, de Recepcionista, viu sua vida mudar do dia para a noite quando seu destino cruzou com os primórdios do Funk.


Com depoimentos de funkeiros como MC Buchecha, MC Marcinho, de antropólogos, produtores culturais e amigos de longa data, vamos acompanhado histórias e lembranças através de falas e vídeos de uma época de grande sucesso. Sua trajetória cruzou o início do movimento do Funk, com a criação da furacão 2000, logo estourou com seu grande sucesso, o Rap do Silva, música impactante que colou nas memórias de muitos mas que não deixa de ser atemporal até hoje virando até mesmo questão antropológica, de estudo por conta da tamanha influência sobre milhares de jovens. Criar cultura é criar vida, nascer um significado a partir disso é o que algumas representações culturais conseguem e MC BOB RUM com sua mais emblemática música é o exemplo disso.


Os lados bons e ruins da fama acabaram deixando exatamente nos extremos esses momentos em sua vida. Se encaminhou para o alcoolismo, para as drogas em seguida, quando sua carreira de alguma forma estagnou ou até mesmo declinou. Mas ele, com a ajuda da forte família, conseguiu dar a volta por cima, se formando em administração inclusive e compondo música que foi até tema de novela. A História de um Silva é um recorte de mais um batalhador brasileiro que conseguiu vencer de maneira honesta com sua arte.



A História de um Silva - TRAILER from CAVIDEO on Vimeo.

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Crítica do filme: 'Chorão: Marginal Alado'


As diversas facetas de um intenso sonhador. Dono de um processo criativo intenso, uma alma feita de sonhos, uma juventude nas letras, identidade vocal marcante, com um lado explosivo muito visível mas também um lado carinhoso e querido. Não se enquadrava, gostava das coisas do jeito que ele queria. Chorão: Marginal Alado conta de maneira curta e objetiva, ao longo de menos de 80 minutos, a trajetória de sucesso até o declínio triste de um dos artistas mais impactantes das últimas décadas, Chorão, da lendária banda Charlie Brown Jr. De Santos para mundo, chegou até a participar de diversos campeonatos de skate freestyle antes de descobrir, inusitadamente, a vocação para cantar e compor. Editores de revistas, produtores musicais, músicos, skatistas, amigos, ex-integrantes da banda Charlie Brown Jr., nos contam sua visão sobre essa personalidade da cultura pop brasileira que deixou um legado até os dias atuais, com letras e canções atemporais.


O título do filme está gravado no seu braço. Sonhador, possui uma inquietação frequente a todo instante, oriundo de uma personalidade forte que reúne históricos de brigas, inclusive com nomes famosos como João Gordo e Marcelo Camelo, fora com os próprios integrantes da banda que criou. Essas situações de brigas ao longo dos tempos de rockstar mostrava claramente como Chorão não sabia muito bem lidar com os sentimentos e nem dizer as coisas de maneira objetiva, as coisas precisam para ele ser do jeito dele senão não valia a pena ou não estavam certos. Sua ex-namorada conta os altos e baixos da relação com ele. A questão das drogas é contada de diversos pontos de vista, até o descontrole no vício, ele não gostava de consumir na frente dos outros.  


Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir. Não sabia lidar com problemas de uma forma tranquila, isso foi o consumindo. Além dos visíveis contrapontos das loucuras de milhares de pessoas nos shows pelo Brasil com um pós-solitário momento sozinho logo em seguida. Do êxtase ao silêncio, extremos que o fizeram se sentir consumido dentro de suas já conhecidas inquietações entre as centenas de viagens anuais fazendo shows pelo país. Mas não só ele sentiu essa pressão, o baixista da banda, Champignon, se suicidou sete dias após o seu depoimento exibido nesse filme.


Ame-o ou não, impossível negar verdade claras: Chorão deixou um legado, gerações após gerações continuam ouvindo suas letras e que de alguma forma se encaixam nas rupturas sociais constantes que acontecem no Brasil.

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Crítica do filme: 'Antes que Me Esqueçam, Meu Nome É Edy Star'


A vida é uma vela acesa, morreu, apagou. Como resgatar as memórias de um artista tão profundo em sua arte? Cantor, ator, pintor, se dedicava as artes como poucos, Edy Star foi quase uma lenda entre as décadas de 60 e 80, sempre muito à frente de seu tempo. Dirigido por Fernando Morais, Antes que Me Esqueçam, Meu Nome É Edy Star conta a incrível trajetória do Pós tropicalista e grande contador de história Edy Star, inclusive, a amizade com Caetano Veloso desde Santo Amaro, Zeca Baleiro com gravações atuais no estúdio, com o maluco beleza Raul Seixas desde o álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, até mesmo com Gilberto Gil onde ganhou uma música e foi co-compositor da canção Procissão. Edy marcou época dentro do universo das performances, em shows undergrounds que ganhavam sucesso pelo boca a boca saindo da Praça Mauá até os milionários da zona sul.

Volta a Salvador lembrando sua trajetória através de encontros e depoimentos, conhecemos esse baiano bom de briga mas também muito amoroso com os amigos. Buscando soluções para sua carreira indo da Bahia para o Rio de Janeiro, explodiu de sucesso nos underground cariocas, esses tempos de cabarés na lapa e em Copacabana não são esquecidos por conhecidos que iriam o prestigiar como Rogéria e Jane di Castro. Outros Fãs famosos como Cazuza iam prestigiá-lo onde quer que estivesse, esse inclusive conseguiu com seu pai, um influente e famoso executivo de gravadora na época, que o mesmo contratasse Edy para gravar um álbum, o que acabaria sendo seu único álbum na carreira.


Mas ele não parecia ligar muito para a fama e dinheiro. Em meio ao clímax de seu sucesso, resolveu viajar pelo Brasil em uma Kombi, com um namorado que arranjou, preferiu viver a vida do que focar na carreira profissional em ascensão.Após, foi pra Espanha, onde morou por anos ganhando inclusive a cidadania espanhola, lá, se apresentou em shows inesquecíveis onde até Pedro Almodóvar foi vê-lo.


Antes que Me Esqueçam, Meu Nome É Edy Star é divertido e surpreendente, conhecemos essa figuraça, que cantava muito e levava multidões a seus shows mas que para o grande público nunca foi conhecido. Mas após assistirmos a esse, agora sabemos! Antes dos Dzi Croquettes, Ney Matogrosso, Secos e Molhados, existia Edy Star.



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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #343 - Lília Lustosa


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é brasileira mas que mora na Cidade do México (México). Lilia Lustosa tem 46 anos, Taurina, brasileira, nascida em Fortaleza, criada em Brasília, morando atualmente no México, depois de ter passado 7 anos na Suíça e 5 na Argentina. Casada, mãe de João Pedro e Nina, e tia de muitos sobrinhos. Formada em Publicidade, especialista em Marketing, mestre em História e Estética do Cinema pela Universidade de Lausanne e agora prestes a terminar um doutorado nesta mesma Universidade. Dá aulas de história do cinema, escreve críticas e dá dicas de filmes em seu blog  www.lilialustosa.com e no Instagram @cine.meuolhar. Escreve sobre cinema (desde setembro de 2019) também na revista Política Democrática, da Fundação Astrojildo Pereira.


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Difícil responder a essa pergunta agora, porque mudei pra Cidade do México em agosto do ano passado, em plena pandemia, com as salas de cinema todas fechadas. No fim do ano, tive a sorte de ir a uma sessão para assistir Tenet, logo que as salas reabriram. Em pouquíssimo tempo, as salas fecharam de novo e só reabriram na semana passada. Assim, ainda não tenho minha sala preferida aqui, mas estou super animada porque nunca morei tão perto de tantas salas de cinema. Acho que tem uns 4 complexos aqui por perto! Fora a Cineteca, que fica longe de onde moro, mas que é maravilhosa!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Minhas primeiras lembranças de cinema têm gosto de férias em Fortaleza. Sempre ia passar férias lá quando pequena e ia ao Cine São Luiz ou ao Cine Diogo com minha tia ver os lançamentos do verão. Me marcaram muito ET, Os Goonies, Ghostbusters e De Volta ao Futuro. Eu amava aquela experiência da sala escura, da música super alta tomando conta de todos os cantos da sala e da minha alma! E a gente ali, mastigando Mentex e viajando naqueles mundos diferentes e inusitados!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Juro que não sei responder a essa pergunta. Gosto de muitos diretores e de muitos filmes. Adoro Hitchcock (Psicose, Vertigo, Janela Indiscreta), Chaplin (Tempos Modernos, O Grande Ditador), Fritz Lang (Metropolis), Vittorio de Sica (Ladrões de Bicicleta, Umberto D), Scorsese (Ilha do Medo), Kubrick (O Iluminado), Spielberg (ET), Tarantino (Bastardos Inglórios), Iñarritu (Babel)

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha. Porque foi um filme que quebrou todos os paradigmas do cinema brasileiro, instaurando uma liberdade criativa que antes não se imaginava em nosso país culturalmente colonizado. Glauber trouxe o cordel, a seca e a história do cangaço para a tela, ao contar uma fábula ao mesmo tempo de desespero e de esperança. Foi com esse filme e com Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, que o mundo entendeu que em terras tupiniquins também se sabia fazer bom cinema! Foi o auge do Cinema Novo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É sentir um imenso prazer em esquecer a própria vida por algumas horas e experimentar outras sensações, proporcionadas por histórias advindas de mentes criativas e transportadas até nós por telas de todos os modelos e tamanhos.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu espero que sim, mas não tenho certeza que isso aconteça! Eu adoraria que fossem pessoas que entendessem não só do “business” cinema, mas também da arte envolvida.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito que acabem tão cedo… se é que um dia vão acabar! Claro que vão diminuir  muito de quantidade, talvez até tornando-se um programa de luxo, mas o prazer de assistir a um filme em uma sala escura ainda vai resistir e seduzir por um bom tempo!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Lagosta (2015), do grego Yorgos Lanthimos. Adoro!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se respeitarem todos protocolos de segurança, sim. Mas não agora, na atual conjuntura do Brasil. Agora, mais que nunca, é fundamental ficar em casa! A coisa está feia demais por aí. Infelizmente!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu gosto do que tenho visto. Temos excelentes diretores e a nossa qualidade técnica evoluiu bastante. O que falta ainda (velha história) é um bom sistema de distribuição. Muitos filmes brasileiros não chegam às salas de cinema. E quando chegam, ficam por poucos dias em cartaz. Assim o brasileiro acaba acreditando que não fazemos cinema de qualidade no nosso país, o que é uma inverdade! Tem muita coisa boa sendo feita! Viva o cinema brasileiro!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro. Tem Fernanda, é bom!!!!!

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte de viajar no tempo e no espaço sem precisar sair do lugar.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Tem uma história que não sei se poderia dizer que “presenciei”, mas vivenciei… e morri de medo! Fui assistir ao filme Twixt (2012), do Coppola – que é de terror – em uma pequena sala de cinema em Genebra, perto da estação de trem. A sala ficava no subterrâneo, o celular não pegava e só estávamos na sala eu e mais uma pessoa! Passei o filme inteiro tensa, imaginando que se fosse atacada por aquela pessoa que eu não conseguia ver quem era, já que entrou quando a sala estava escura, ninguém ia poder me ajudar, presa naquela sala-calabouço. Foi tenso! E o filme não ajudou!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Não tenho a menor ideia do que seja. Tenho que googlear?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que seja uma necessidade. Imagino que ajude, já que quanto mais filmes a gente vê, mais ideias a gente tem. Mas isso também vale para viagens, livros, experiências, etc. O que conta mesmo é o talento e a sensibilidade.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Outra pergunta difícil de responder! Já vi vários que detestei. Inclusive de diretores aclamados pela crítica. Um que me marcou foi Holy Motors (2012), de Leos Carax, considerado um dos top 10 do Cahiers du cinéma. Passei o filme inteiro achando que ia melhorar… e nada. O final então, socorro!!!!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vários. Amo documentários! Sou apaixonada pelos filmes do Eduardo Coutinho!!!! Acho que vi todos! Gosto bastante também do Carlos Nader. Ele tem uma sensibilidade no olhar que me encanta. Recentemente assisti a dois documentários brasileiros que gostei muito, o Babenco, da Bárbara Paz; e o AmarElo - é tudo pra ontem, de Fred Ouro Preto. Bem diferentes um do outro, mas ambos muito bons!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, e foi justamente um documentário, o Tropicália (2012), de Marcelo Machado. Eu estava morando na Suíça na época e ver todas aquelas imagens da nossa cultura e da nossa gente na telona, embaladas por nossa música, me emocionaram loucamente! Não resisti e bati palmas!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não tenho nenhum site preferido. Talvez o meu (www.lilialustosa.com)… Brincadeira! Recentemente descobri o canal do Youtube do Dalenogare e estou seguindo. Gosto bastante dos comentários dele! Vou começar a me envolver mais agora com a crítica. Estou terminando meu doutorado (só falta defender a tese) em estética e história do cinema e depois disso vou mergulhar de vez na cinefilia!!!!!! Me aguardem!!!! Hahahaha.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #342 - Heloisa Machado


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, nascida em Brasília. Heloisa Machado tem 27 anos é formada em Cinema e Audiovisual pela UFF, é integrante do DAFB, Coletivo de mulheres e pessoas transgênero do departamento de fotografia do Brasil e trabalha há 8 anos na ANCINE. Dirigiu e fotografou alguns curtas-metragens e está finalizando seu primeiro longa de ficção como roteirista e diretora, o Cartografia das Ondas.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Brasília, minha cidade natal, sou apaixonada pelo Cine Brasília, por ser um templo arquitetônico maravilhoso e por ter visto grandes mostras e festivais por lá. No Rio, gosto muito do Estação Botafogo. A programação é sempre muito boa e diversa, mas tem que dar sorte pro seu filme preferido estar em uma das salas boas, porque tem umas que a tela mexe quando abre a porta rs.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Me lembro muito de ter visto Gran Torino na sala de cinema do CCBB de Brasília, em uma mostra do Clint Eastwood. Lembro de ser uma experiência marcante depois de uma infância de cinema de shopping e VHS de locadora. Na mesma época vi Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas, no cineclube da faculdade. Mesmo me sentindo meio perdida nos meus 17, soube ali que o cinema era o meu lugar.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Andrei Tarkovsky é um eterno mestre. Apesar de achar O sacrifício o melhor filme dele, tenho uma relação muito afetiva com o Stalker, que foi o primeiro filme que vi dele. Aquilo foi algo que mudou minha relação com o cinema.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Bandido da Luz Vermelha é um clássico muito marcante. Mesmo tendo dezenas de outros filmes mais recentes que eu amo, o Bandido é muito especial pela potência anárquica e ao mesmo tempo popular que ele conseguiu construir. É um fenômeno absolutamente único na história do cinema brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo para mim é amar a experiência de ver filmes, simples assim. Pra mim não há uma meritocracia em conhecer mais ou menos filmes, ou de se gostar de determinado estilo de filmes em detrimento de outros, ou de conhecer mais ou menos diretores. Acho que tudo isso varia de acordo com a vida de cada um, sua classe social, o meio em que está inserido. Então pra mim ser cinéfilo é estar aberto para a experiência que um filme pode te provocar, seja ela boa ou ruim, seja riso ou choro, seja agonia ou reflexão. Ser cinéfilo é estar aberto e disposto a se afetar por um universo que acontece em uma tela à sua frente.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que entender de cinema é relativo. A programação geralmente é feita por pessoas que entendem de ganhar dinheiro com cinema e isso nem sempre depende do filme ser bom rs.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. As novas tecnologias irão surgir, mas a sala de cinema sempre terá o seu lugar. O rádio está aí até hoje, não é?

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Arábia, do Affonso Uchôa. Ganhou o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2017.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu acho que não, pois é um risco muito grande estar em um local fechado com dezenas de pessoas enquanto duas mil pessoas morrem por dia no país. Apesar de amar ir ao cinema, eu não vou voltar a uma sala até que haja vacina para 70% da população. Mas acho também que várias medidas deveriam ser tomadas e não só limitar os espaços de lazer das pessoas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Há coisas brilhantes sendo feitas e uma variedade muito grande de estilos e temáticas, o que vejo como fruto de uma política pública consistente que começou em 2001 com a ANCINE e ganhou força durante os 13 anos de governos que se importavam com a cultura. Há quem diga que o cinema brasileiro é ruim porque se prende aos grandes lançamentos, geralmente comédias com um apelo mais popular. Eu acho isso uma bobagem. As comédias tem seu público e há uma variedade de outros gêneros sendo explorados por uma diversidade de diretoras e diretores incríveis, desde o drama, até o suspense, terror, romance... Pra mim o grande gargalo é a distribuição, pois vários filmes ficam pouco tempo em cartaz por não ter um apelo comercial mais óbvio. A solução acaba sendo acompanhar os festivais e ficar ligado naquele cinema mais alternativo da sua cidade.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

A Juliana Rojas é uma que tenho acompanhado assiduamente e sempre amo os trabalhos dela.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é um mosaico de sons e imagens com infinitas possibilidades.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando minha filha tinha uns seis meses, viajei com ela para o Festival Olhar de Cinema em Curitiba. Eu e o pai dela assistimos uma média de 3 filmes por dia, sempre com ela a tira colo. Ela virou o mascote do festival. Às vezes ela assistia um pouquinho, depois mamava e dormia. O único filme que ela chorou até abandonarmos a sessão foi o único filme do festival que a gente não gostou. Até hoje a gente fala que ela chorou porque o filme era ruim.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

O fenômeno mais brilhantemente engraçado do cinema brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não. Diferentes tipos de filmes exigem diferentes tipos de experiências. Às vezes para um filme em especial vai contar mais a experiência do diretor do que quantos filmes ele viu, e tudo bem.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Fim dos Tempos, do Shyamalan.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu amo Exit Through the gift Shop, mas como é um falso documentário, vou ficar com Chão, da Camila Freitas, que é o último que me arrepiou todinha.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, mas acho que só faz sentido quando algum dos realizadores está presente.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Revista Cinética.

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27/03/2021

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Crítica do filme: 'O Astronauta Tupy'


Cada ser tem sonhos à sua maneira. Um ser solo que esbarra com os coletivos. Cronista do seu tempo. Tijucano. Observador da cidade que nasceu, suas belezas e as diversas questões que assolam seu Rio principalmente a polarização das ideias que nesses tempos presente comandam o modo de pensar da maioria dos cariocas. Dirigido por Pedro Bronz, o documentário O Astronauta Tupy conta de maneira leve e agradável, através de arte de Pedro Luís, suas escolhas, momentos, seu mosaico de ritmos, através de relatos do mesmo, amigos, vídeos de gravações e de depoimentos de outras épocas. Do Humaitá à Lapa, Da Zona Norte à Zona Sul, somos testemunhas em poucos mais de 90 minutos de como esse músico alimenta seu coração louco como uma máquina de escrever.


Será que as inspirações ninguém realmente sabe de onde vem? O músico começa na música nos anos 80, em um coral, depois passa pelo Punk que conhecera nos tempos de São Paulo, pelos inusitados sons gerados com Pedro Luis e a Parede e suas batidas perplexas e chegando até o carnaval com a criação do Monobloco, um grupo que transformou o carnaval carioca abrindo espaços para outros grupos temáticos. Ao longo do meandro percebemos dezenas de inspirações compiladas em forma de música. Por exemplo, o cinema não deixa de ser uma fonte de inspiração, como vemos na abertura a menção e quando passa na frente de onde tinha uma avenida de cinemas espalhados pela tijuca lembrando de tempos que serão difíceis de voltar.


Amigos de longa data lembram de momentos, canções de um passado que é mantido vivo pela arte. As parcerias com Fernanda Abreu, Ney Matogrosso e até mesmo o tremendão Erasmo Carlos, outro tijucano musical, geram ótimos duetos acústicos modelados em fragmentos de canções atemporais na sua voz ou/e na voz dos outros, tendo o Rio de Janeiro como paisagem.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #341 - Bianca Zasso


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é de Santa Maria (Rio Grande do Sul). Bianca Zasso tem 34 anos, é jornalista e crítica de cinema afiliada da Associação de críticos de cinema do Rio Grande do Sul (Accirs) e da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). É editora do site Formiga Elétrica. Possui Especialização em Cinema e é mestranda em Ensino de Humanidades e Linguagens.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade só tem salas em shoppings. Mas, em Porto Alegre, minha sala favorita é a Cinemateca Capitólio. Além de ser um marco cinéfilo da cidade, é lá que acontecem as sessões do Projeto Raros, iniciativa do Carlos Thomaz Albornoz, Christian Verardi e Leonardo Bonfim Pedrosa, que exibe filmes raros e que fizeram parte da minha formação cinéfila.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que assisti no cinema foi O Rei Leão. Eu tinha 6 anos e estava em Recife visitando minha família quando uma prima me convidou pra irmos ao cinema. Desde aquele dia eu pensei que era num espaço daquele que eu queria poder ver todos os filmes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Akira Kurosawa! Os Sete Samurais.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cabra Marcado para morrer, do Eduardo Coutinho. É uma aula de documentário e ainda possui uma poesia agridoce.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ver o cinema para além do entretenimento. É perceber que filmes podem salvar o dia...e até existências inteiras.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Salas de rua quase sempre possuem curadores qualificados. Mas as comerciais estão ali pela pipoca cara e as grandes filas, né? É parte do jogo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, mas o que pode acontecer é esse tipo de empreendimento tornar-se mais caro e voltado para eventos específicos, como mostras, festivais ou retrospectivas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Noite de estreia, de John Cassavetes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Maravilhosa! Basta uma olhada nos últimos festivais de Brasília e da Mostra de Tiradentes para perceber o quão vasto e criativo é o cinema brasileiro contemporâneo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

André Novais e Gabriela Amaral Almeida.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a vida em estado de graça.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Já presenciei um senhor com um travesseiro durante um evento chamado Madrugada Maldita, que ocorre na Mostra A Vingança dos Filmes B, em Porto Alegre.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Diverte e causa vergonha alheia em doses semelhantes.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Acho que ainda não vi e, se vi, esqueci!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Só em festivais, onde a equipe estava presente. É meio surreal aplaudir numa sessão comum. Eu acho, pelo menos. Mas já "aplaudi internamente" algumas obras.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Mandy.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto de ler os dossiês do site da Abraccine e o portal Cineweb.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #340 - Henrique Vasco


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Henrique Vasco tem 36 anos, é formado em Rádio e Televisão, estudou cinema e teve experiências trabalhando em produção de TV em uma emissora de São Paulo, além de ter também exercido a função de apresentador em uma produtora de TV On Line. Entre seus trabalhos de destaque, produziu o documentário "Dois Lados de um só Lugar" realizado na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru, duas semanas antes de sua demolição. Apaixonado pele sétima arte desde criança, é colecionador de mídia física e adora viajar, aproveitando as suas andanças por aí para conhecer locações de filmes. Atualmente modera o perfil "Vida Pós Créditos" (@vidaposcreditos) no Instagram e divide suas experiências e dicas produzindo conteúdo sobre cinema e séries para o Canal de mesmo nome no Youtube.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Para filmes alternativos e fora do grande circuito o Cinema Belas Artes (hoje Petra Belas Artes) sempre foi uma boa opção, para os demais, normalmente as salas das grandes redes em shoppings acabam atendendo. No fim, não tenho um cinema em que eu "bato cartão", o lugar que eu vou acaba dependendo do que estou buscando, e sempre priorizo sessões com áudio original, o que tem ficado mais limitado com o passar dos anos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park é minha primeira lembrança de um filme ter me transportado para um universo totalmente novo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Steven Spielberg, por mais que possa parecer clichê, é alguém que consegue transitar por diversos gêneros e apesar do destaque com as aventuras de fantasia tão nostálgicas, sabe tocar o coração das crianças e dos adultos, seja com mensagens de altruísmo ou reflexões sobre a humanidade. Como Jurassic Park marcou minha vida no cinema, vou com ele, um dos raros casos de um filme que agrada a todos os públicos. Mistura fantasia, terror, comédia, drama e aventura em um equilíbrio tão perfeito que merece o reconhecimento que tem.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tem vários muito bons e que eu gosto bastante, mas apesar de grandes obras de prestígio internacional que eu admiro muito como Cidade de Deus e Central do Brasil, vou destacar um filme menor e que eu acho que merece ser mais conhecido pelo grande público: Domésticas de Fernando Meirelles e Nando Olival. Um filme muito bem produzido, com ótimo elenco e que traz para as telas com muito bom humor a rotina real de muitas mulheres guerreiras do nosso país, uma rotina cheia de dificuldades, mas também de alegrias e sonhos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É estar disposto a enxergar com os olhos dos outros, a abrir a cabeça e se deixar ser surpreendido. O cinema consegue unir ou brincar com diversas artes ao mesmo tempo, como a fotografia, música, a atuação, a escrita.. além de brincar com emoções e trazer reflexões. É um mundo de possibilidades e experiências que se você deixar, irá transbordar para além das telas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, acredito que no geral as decisões são mais mercadológicas, acordos entre as empresas e o que vai vender mais ingressos, independente da qualidade.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Podem diminuir por diversos fatores, mas não acredito que vão acabar. Por mais que a tecnologia nos isole, eu acredito na busca do ser humano por experiências coletivas como o cinema e os eventos musicais. Enquanto houver coração, os cinemas existirão.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Gosto muito do filme O Céu de Outubro com o Jake Gyllenhaal, a Laura Dern e o Chris Cooper. Hoje em dia a maioria das pessoas que comento sobre, não o conhecem. Acho que vale a pena ser conferido, não é nenhuma obra de arte, mas é bonito e inspirador.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não acho que eu tenha condições de opinar por não ser conhecedor do assunto, mas estando abertas, nós temos nas mãos a decisão de frequentar ou não, e isso vai do quão você se sente seguro e do quanto você considera ser essencial para manter a sua saúde mental. Acredito que seja qual for a decisão, para o bem de todos, o importante é se cuidar e ser responsável com suas atitudes, pois concordando ou não com os diversos lados que a pandemia traz, há acima de tudo que haver o respeito com as diferentes opiniões, afinal para um convívio saudável em sociedade é importante manter a empatia e a civilidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Depois de tantas fases diferentes que passamos, acho que de bons anos para cá temos visto uma maior variedade de gêneros e uma qualidade em geral satisfatória nas questões técnicas. Gosto também de ver filmes com roteiros menos "televisivos" e mais cara de cinema também no modo em que são filmados, quanto mais experimentar melhor e acho que isso vem acontecendo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Estou de olho nas produções do Diretor/Editor Daniel Rezende. Seu trabalho em Cidade de Deus, Bingo e nos filmes da Turma da Mônica têm me deixado com um sorriso no rosto.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte mais completa.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Dois momentos bem legais que tive foram: ao participar da pré-estréia mundial de O Espetacular Homem-Aranha tive a chance de, antes da exibição do filme, fazer uma pergunta ao vivo para a Emma Stone que estava em uma transmissão ao vivo de NY na tela da sala e também participar de um curso de cinema em que as aulas eram dadas dentro das salas do Cine Belas Artes em SP e numa dessas aulas o professor foi o Fernando Meirelles. Foram duas experiências que considero marcantes, inusitadas e especiais de se ter dentro de uma sala de cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti inteiro acredita? Mas adoro brincar com esse filme pela nostalgia e qualidade duvidosa. Eu definiria como "Uma pérola do cinema nacional que não deve ser esquecida" haha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que ele tem que ter uma visão e entender sobre como externar ela através do áudio visual, pode até não ser cinéfilo, não precisar de estudos e referências de grandes obras e nomes da sétima arte, mas ele tem que saber materializar suas emoções e pontos de vista através das questões técnicas que essa arte envolve. E pessoas com esse tipo de dom muitas vezes são raras, mas existem, então não acho que exista essa regra.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

É bem difícil eu achar algo muito ruim, porque mesmo filmes trash muitas vezes são feitos para aquele público, então eles não falharam, pode ser apenas uma questão de gosto e público alvo. Eu teria que rever minha vida toda pra tentar achar o pior, nada me marcou tão negativamente pra ser uma verdade absoluta pra mim, mas vou citar duas super produções mais recentes que eu acho que podiam ser muito boas mas falharam na sua execução: Uma Dobra no Tempo (2018) e O Quarteto Fantástico (2015).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Também tenho vários preferidos e de diversos assuntos, não especificamente um. Vou citar três estrangeiros bem interessantes ligados à esportes: Dogtown and Z-Boys, Step Into Liquid e Free Solo.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Raro acontecer, sei que já, mas não me lembro qual haha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Talvez seja A Outra Face do John Woo, que ele fez junto com o John Travolta. É um filme que entraria na minha lista de Melhores filmes de ação de todos os tempos.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não tenho dado muita atenção a um específico, acabo acessando links de matérias de diversos veículos pelas redes sociais e sempre que posso confiro vídeos no Youtube do Omelete, Meus Dois Centavos, Blog do Jotacê e de outros colegas criadores de conteúdo.

 

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