12/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #367 - Nycolle Benevides


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Caucaia (Ceará). Nycolle Benevides tem 18 anos, é estudante de letras inglês da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e escreve no @umolharcinefilo sobre filmes por descontração.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em relação a programação, com certeza é o Cinema do Dragão. Confesso que, por motivos de mobilidade, só pude ir lá uma vez, que foi para a Mostra Percursos, da Universidade Federal do Ceará, que é uma mostra de curtas produzida pelos estudantes de cinema, foi muito bacana, uma experiência bem legal. Por conta da pandemia, não houve uma segunda visita ao Cinema do Dragão, mas eu sempre acompanhei as programações pela internet, e adoro o fato deles abrirem o espaço para festivais, mostras, etc. O que me chama a atenção também é o fato dos filmes que ficam em cartaz serem os mais deixados de lado pela grande massa, contudo são espetaculares, e muitos desses são brasileiros. 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Pensei bastante antes de responder essa pergunta, e vou ter que fugir um pouco do proposto haha Na verdade, não foi um filme, foi um vídeo, uma propaganda para ser mais exata, chama-se "Cadeiras" da Flix Media. Sempre que eu assisto esse vídeo, lembro porque eu amo o cinema!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não me prendo muito a favoritismo de um só diretor, gosto de assistir filmes diversos de diretores diversos e tentar entender como eles expressam a sua individualidade em cada obra. Porém, vou citar Tim Burton, e o meu filme favorito dele é Edward mãos de tesoura.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Eu adoro "O Palhaço" do Selton Mello, porque mostra a dificuldade de viver no circo ao mesmo tempo que fala sobre sonhos, e como, mesmo apesar deles serem pequenos, eles ainda são nossos. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim, é amar a sétima arte sem nunca se cansar ou achar entediante, é ter curiosidade pelo novo, mas também se sentir atraído pelo velho, é poder ser teletransportado para histórias com culturas, línguas e traços diferentes através de adaptações cinematográficas. Eu pude ver estrelas em decadência em "Nasce uma estrela", pude perceber a diferença de classes em "Parasita" e em "Que horas ela volta?" também, eu acredito que isso é ser cinéfilo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Gostaria de dizer que sim, mas eu mesma não conheço muitos cinemas que fazem nem mesmo essas programações em si. Como eu havia dito antes, em Fortaleza, tem o Cinema do Dragão, mas a sua grande maioria se encontram em shoppings, os quais não fazem esse tipo de programações. Infelizmente, no Ceará, o cinema, nesse sentido, sofre uma desvalorização, mas eu acredito que, com o investimento correto, pode haver uma melhora.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho muito improvável, a sensação de estar em um cinema é muito marcante e incomparável. Acredito sim que os streaming vieram para ficar, mas não acho de maneira nenhuma que isso signifique que vamos dar adeus aos cinemas. Esse ano, após a abertura dos cinemas na China, por exemplo, "Avatar", um filme que já havia sido lançado há anos, retomou ao posto de maior bilheteria da história, provando que as pessoas estavam com muita saudade desse espaço.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

"Eu, Tonya" do Craig Gillespie.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sinceramente, acho que deveriam esperar mais um pouco. Em nosso país, tivemos muitas mortes e ainda estamos tendo e, muito disso, por conta da própria população, então por mais que os cinemas se adaptem, é necessário que a população coopere também. Entrar em uma sala fechada, com ar condicionado e com pessoas que estão desrespeitando aquelas restrições pode piorar o atual cenário.

 

10) Como voce enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 

Sobrevivendo de forma grandiosa em meio a desvalorização.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

 

Gosto bastante dos filmes com o Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"A arte de se encaixar em histórias que não são suas"

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu não tenho tantas histórias inusitadas, mas houve um dia em que eu decidi comer sushi enquanto estava assistindo um filme  (Acredito que era Aves de Rapina), o que foi uma péssima ideia porque, obviamente, uma sala de cinema escura não é o melhor lugar para segurar um hashi em uma mão e, na outra, um potinho de shoyu. O problema foi que eu estava cheia de coisas e havia mais de um sachê de shoyu, procurei e não encontrei, e todas as luzes já estavam apagadas. Resultado: Passei o filme inteiro achando que tinha sentado em cima do sachê de shoyu e fiquei com muita vergonha de verificar e ter sujado minha calça, mas no final eu o encontrei e ficou tudo bem hahaha Não levem sushi para o cinema!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Olha, ainda não assisti. Quem sabe um dia né? haha

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu acho que para você ser cinéfilo é necessário amar cinema. Fazer algo sem amar pode dificultar o processo, mas não o torna impossível. Acredito que, na produção de um longa, por exemplo, existe uma equipe extensa por trás daquilo, não é apenas o diretor. Então, acho totalmente possível desde que ele esteja inserido na equipe correta.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa! Essa pergunta é muito difícil, talvez "Cada um tem a gêmea que merece" do Dennis Dugan.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Difícil escolher, citaria fácil mais de um, mas vou ficar com "Democracia em Vertigem" da Petra Costa, me tirou muitas lágrimas.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Com certeza, o último filme que me vem à mente em que isso ocorreu foi em "Coringa" do Todd Phillips.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Hahaha Vou dizer "Motoqueiro Fantasma" porque quando o filme saiu eu achei muito legal. Se eu assistir novamente, não sei se eu vou ter a mesma visão.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acompanho o AdoroCinema, gosto bastante das críticas deles. No instagram, eu leio o @dicasdebonsfilmes @letismovie e o @arte7_cinema.

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11/04/2021

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Crítica do filme: 'Gorbachev.Céu'


Selecionado para a Competição Internacional de Longas do Festival É Tudo Verdade 2021, Gorbachev.Céu mostra opiniões e lembranças do oitavo e último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, gestor de uma grande reforma em sua parte comandada do mundo e que podemos dizer que deu um nó no planeta, responsável pela Perestroika e Glasnost em meados da década de 80. Vamos sendo testemunhas oculares de sua rotina, agora já mostrando diversas fragilidades que chegam com a idade avançada, além de termos uma grande aula sobre história mundial através desse hábil contador de histórias, uma figura histórica, mundialmente conhecida que ainda se vê como socialista tendo Lênin (Organizador do Partido Comunista Russo) como seu Deus. Dirigido pelo cineasta ucraniano Vitaly Mansky.


A modelagem do documentário é bastante ágil e dinâmica, uma entrevista cheia de caminhos e momentos de grande reflexão, praticamente a história da Rússia das últimas décadas passando na frente de nossos olhos através da opinião sempre firme desse ex-chefe de sua nação, filho de pai ucraniano e mãe russa. Mesmo demasiadamente curioso nos detalhes do apartamento do entrevistado, o documentário consegue preencher lacunas importantes sobre muitas das figuras políticas mencionadas por Gorbachev, o que acaba virando um ótimo complemento dos contextos detalhados de maneira bem simples e didática.   


Alguns assuntos ficam com suas respostas jogadas pelas inúmeras entrelinhas, mesmo quando o entrevistador faz perguntas bem incisivas, como por exemplo a ampla questão sobre a democratização dos contornos após o fim da União Soviética e os detalhes de seu encontro com o ex-presidente norte-americano Ronald Reagan. Mesmo com a Rússia voltando a não-liberdade como sua forma natural de existência, vemos a todo instante seu brilho no olhar desse ex-advogado que governou a União Soviética de 1985 até 1991, deixando o poder depois de traições e manobras políticas de figuras conhecidas do enorme país que tem em Moscou como sua capital.


Esse projeto deveria ser complemento escolar para todas as gerações que estão estudando as décadas recém passadas e todos os rumos, seus porquês, que o mundo tomou. Tem fatos que o cinema ensina em um ritmo fluente de narrativa objetiva que muitas vezes gera a sensação de estarmos folheando livros e mais livros.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #366 - Bruna Linhares


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Morada Nova (Ceará). Bruna Linhares tem 38 anos, bancária formada em administração e economia, cinéfila de coração, tem a página @cinemaporbruna no instagram onde divide suas experiências com o cinema dando dicas de filmes e séries.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Moro no interior e a minha cidade não possui salas de cinema. O cinema mais próximo fica numa cidade vizinha e é bastante limitado. Desde que me mudei para o interior meu consumo é essencialmente VOD e Streaming.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Minha mãe já levava meu irmão e eu para o cinema desde pequenos, íamos assistir os filmes dos Trapalhões, da Xuxa, era o melhor dia de todos quando fazíamos esse passeio. Mas o filme que me marcou foi Uma Linda Mulher, o primeiro filme que assisti em casa no primeiro aparelho de vídeo cassete que meu pai comprou. Lembro da excitação, ele chegando em casa com o aparelho e já tinha passado na locadora e alugado Uma Linda Mulher, não sei o porque da escolha desse filme, mas foi um máximo, nós amamos. A partir dai minha vida mudou, porque minha maior diversão sempre era assistir filmes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Pedro Almodóvar, e meu filme favorito dele é Tudo sobre Minha Mãe.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Com certeza é O Auto da Compadecida. Adoro aquele retrato do interior do nordeste, as sotaques, é muito minha realidade, gosto demais.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

É ser uma admiradora e amante do cinema, de filmes, da arte de representar, de retratar diversas realidades, da criatividade de retratar a vida e o mundo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não, os cinemas tem uma importante função cultural, mas para quem administra a questão financeira deve ser mais importante do que ter uma pessoa que entende do assunto para organizar a programação.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Vejo as pessoas terem essa discussão a tempos, mas sou cética quanto a isso. Os streamings e VODs facilitam o acesso aos conteúdos, mas nada como uma sala de cinema com todos os recursos para a pessoa aproveitar ao máximo a experiência do filme.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Les Innocentes, filme de 2016 dirigido por Anne Fontaine.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

De forma alguma. Tem que ter paciência e aguardar que haja controle da pandemia.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Apesar das dificuldades e falta de incentivo, a qualidade é altíssima, nos últimos anos apresentamos filmes incríveis, com roteiro originais, muito bons.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é a arte que transcende os limites da realidade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Não tenho nenhuma experiência inusitada, não que me lembre.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras.

Nunca vi. Deveria???

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Ele terá o processo criativo dele, que é algo extremamente pessoal, sem necessariamente ser cinéfilo.

 

6) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, já vi muito filme ruim nessa vida. Quando começo a vê um filme tenho a prática de que mesmo ele sendo ruim, vejo até o final, mas tem uns que não dá, não aguento. O último que me lembro que é tão ruim que não consegui nem terminar foi Paciente Zero, filme de 2020 dirigido por Russel Owen.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Os Capacetes Brancos de 2016, Orlando von Einsiedel.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, com certeza. Uma das melhores experiências de ir à sala de cinema é essa, assistir uma obra tão boa e ao final compartilhar com quem está lá o entusiasmo de ter sido um momento especial.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face filme de 1997.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O site que mais leio é o Filmow, mas sou muito de ir no Google e sair lendo de forma aleatória.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #365 - Pedro Amaral


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Santa Maria (Rio Grande do Sul). Pedro Amaral tem 23 anos, graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda e pós-graduando em Produção Audiovisual para a Web. Atua como roteirista, diretor e produtor audiovisual freelancer. Já trabalhou na realização de curtas-metragens, videoclipes, vídeos institucionais, webséries, entre outros.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Santa Maria, temos duas redes de cinema em operação, a Cinépolis e a Arcoplex, e a programação das duas é bastante semelhante. Porém, a Cinépolis já experimentou trazer festivais temáticos para a cidade, como o Festival de Terror Japonês, o que proporciona uma programação mais diversificada. Por isso, fico com a Cinépolis :)

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu soube que a minha relação com a sétima arte era especial logo na primeira vez que fui ao cinema, ocasião em que assisti ao filme Xuxa e os Duendes 2. Lembro-me de sentir uma ansiedade semelhante à quando estamos prestes a entrar numa montanha-russa no caminho até a sala de projeção. No entanto, acho que a minha primeira experiência marcante no cinema foi Piratas do Caribe: No Fim do Mundo, por ter sido o primeiro blockbuster que assisti em um cinema. Por mais modesta que fosse a sala de exibição, lembro de ter ficado assombrado com as imagens e com o som do filme, e maravilhado com o poder de imersão que uma sala de cinema possui.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu tenho uma grande dificuldade em trabalhar com extremos quando o assunto é cinema - eleger o melhor ou o pior de qualquer coisa me deixa bastante angustiado. Ainda assim, fico confortável em citar Peter Jackson como meu diretor favorito, pois a Trilogia do Anel são meus filmes preferidos da vida.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Não sei dizer se é meu favorito, mas sou apaixonado por As Boas Maneiras. A atmosfera de conto de fadas com elementos de terror caiu muito no meu gosto, e as atuações são formidáveis.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é muito mais do que apenas gostar de assistir a filmes. O cinéfilo é a pessoa que vai além, que contextualiza, que estuda, que quer ir além do filme. É a pessoa que busca entender os mecanismos por trás do filme e as razões para ele ser do jeito que é. Mas mais importante do que isso, o cinéfilo é a pessoa que respeita as diversas manifestações da sétima arte. Não quer dizer que ele tenha que gostar de assistir a todos os tipos de filmes, mas é preciso reconhecer que o seu gosto pessoal não é soberano. Há filmes para todos as preferências, e não cabe a ele julgar o que é melhor ou pior.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que é bastante aceitável supor que os profissionais que trabalham na criação das programações possuem um conhecimento básico de cinema. No entanto, sabemos que quem realmente dita as regras é o mercado.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

As salas de cinema vão continuar se desenvolvendo tecnologicamente e se adaptando às mudanças nas formas de consumo de audiovisual, como sempre aconteceu o longo de sua história. Portanto, creio que elas jamais deixarão de existir, mas certamente passarão por transformações.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Homem do Sputnik, uma comédia nacional dos anos 50. É lastimável que filmes como esse estejam tão fora do alcance do público em geral. Os brasileiros precisam conhecer mais nosso cinema e descobrir a grande diversidade de produções que já criamos.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Economicamente falando, sim. Sanitariamente, tenho minhas reservas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é, e sempre foi, maravilhoso. O que nos falta é maior incentivo à produção e circulação de nossos filmes.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Atualmente, estou muito interessado na filmografia da Gabriela Amaral Almeida. Pretendo assistir a todos os seus filmes.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é um modo divino de contar a vida (Frederico Fellini).

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não foi necessariamente uma cena inusitada, mas nunca esquecerei de um casal de idosos vibrando e aplaudindo Os Vingadores na mesma sessão que eu. Foi contagiante.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

É tão ruim que é bom.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Penso que um cineasta, assim como qualquer outro profissional da indústria criativa, precisa de referências para enriquecer e aprimorar seu trabalho. Um cineasta sem um bom repertório cultural, especialmente de filmes, certamente será muito limitado.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Como eu havia mencionado, não costumo trabalhar com extremos, mas Dollitle é uma das piores coisas que já aconteceram com o cinema.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu preciso reconhecer que meu conhecimento de documentários é bastante limitado (preciso assistir a mais filmes do gênero), mas Marina Abramovic - A Artista Está Presente me marcou muito.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já, mais de uma vez!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gosto muito de Feitiço da Lua, mas vou de Homem-Aranha no Aranhaverso.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acesso o Deadline e o The Hollywood Reporter diariamente..

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10/04/2021

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Crítica do filme: 'Glória à Rainha'


A imersão profunda onde o tempo desaparece. Selecionado para a Competição Internacional de Longas e Médias-Metragens do Festival É Tudo Verdade de 2021, Glória à Rainha, dirigido pelas cineastas Tatia Skhirtladze e Anna Khazaradze conta a história de quatro das maiores enxadristas da história desse esporte, todas elas Georgianas e contemporâneas. Concentração, silêncio, o click do relógio. As dificuldades de deixar suas famílias para viajarem pelo mundo, histórias do treinamento intenso (cada uma delas perdia cerca de meio quilo durante um único jogo de xadrez), somos ouvintes de relatos/lembranças dos tempos de seus respectivos momentos grandiosos como reconhecidas enxadristas profissionais, algumas delas até disputavam torneios masculinos contra grandes mestres da época. Uma interessante jornada com mais uma certeza sobre a força das mulheres pelo mundo.


Em Rhodes, Grécia em 2019, no campeonato europeu de xadrez sênior, que começa essa jornada sobre as memórias e realizações, além do impacto social e de nomes no país que nasceram (muitos bebês na época de suas conquistas foram batizados com seus nomes). Encontros em diversos torneios pelo mundo, no vai e vem de lembranças sobre as carreiras de sucesso, principalmente durante o período de Guerra Fria, e os impactos que possuíram sobre todo um país que durante muito tempo pertenceu a União Soviética. Na Geórgia é comum presentear com um jogo de xadrez à noiva como parte do dote, essa entre outras curiosidades vamos acompanhando ao longo dos quase 90 minutos de projeção, aprendemos muito sobre a cultura desse país considerado antigamente como a Califórnia soviética, destino de muitos nas férias dentro da Antiga União Soviética.


O filme explora muito bem a força feminina da história desse país muito desconhecido por aqui. Exemplos não faltam, como: Santa Nino, que trouce o cristianismo para esse pequeno país antes do século V, o ‘Rei’ Tamar que na verdade era uma Rainha mas chamada de rei na Idade Média, e, no século XX as brilhantes enxadristas aqui mencionadas, famosas em todo o mundo pelo Xadrez. Além desses fatos, vamos acompanhando as consequências positivas dos feitos das esportistas não só para seu país e região mas também para esse esporte muito machista durante bom tempo.


Há 18 trilhões de movimentos em um jogo de xadrez, já imaginaram buscar controlar sua mente e seu corpo contra qualquer uma dessas variáveis? E os movimentos externos, guerra fria, união soviética, pressão, marketing unilateral feito pelo governo...? Glória à Rainha é um documentário atemporal que mostra muito através do olhar de corajosas e inteligentes mulheres.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #364 - Jéssica Rodrigues


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de João Pessoa (Paraíba). Jéssica Rodrigues tem 29 anos, tem graduação em Arte e Mídia pela UFCG, especialização em Artes e Tecnologia pela UFRPE e mestrado em Artes Visuais pela UFPB/UFPE. Atualmente, é professora substituta no Departamento de Comunicação da UFPB, atuando no curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual. Tem experiência com produções cinematográficas nas funções de pesquisadora para roteiros de ficção e documentário, roteirista, diretora e assistente de arte. No âmbito acadêmico, realiza pesquisas em torno do hibridismo entre elementos da ficção e do documentário, bem como a sua aplicação em produções de autoria feminina do Brasil. Dirigiu os curtas documentários “Mulheres de Assis” (2016) e “Dama da Noite” (2018), este último, um filme híbrido que foi vencedor dos prêmios de melhor roteiro e melhor atriz da Mostra Tropeiros da Borborema no Festival de Cinema Comunicurtas de 2018.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Bangüê, localizado no Espaço Cultural José Lins do Rego, João Pessoa- PB. Acho muito bacana porque lá são exibidos filmes paraibanos, brasileiros e estrangeiros, com foco nos filmes independentes, ao invés dos comerciais)

 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando eu penso em cinema como lugar diferente, eu penso em lugar de expressão que utiliza mecanismos audiovisuais para se concretizar. Nesse contexto, durante a minha infância eu sempre fui muito estimulada pela minha mãe a assistir filmes. Na época, a gente não ia muito aos cinemas, mas a gente tinha o costume de locar filmes, então o nosso final de semana era basicamente isso, assistir e comentar os filmes. Eu lembro de ter visto O Exorcista (William Friedkin, 1973) e The Fear of God: 25 Years of “The Exorcist” (Nick Freand Jones, 1998), num box VHS que fizeram em comemoração aos 25 anos do filme, nele, tinha uma fita que mostrava todo o processo de produção do filme e eu achei aquilo genial. Mas foi só com Closer (Mike Nichols, 2005) que eu despertei realmente para a possibilidade de realização do cinema em seu sentido técnico e estético. A partir dali, comecei a olhar o cinema enquanto uma possibilidade de contar algo, através dessa relação roteirista-diretor-ator, que claro, é permeada e nutrida por todas as outras funções desse processo mágico de produção de um filme.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Acredito que essa é uma resposta muito passível de mudanças, porque a gente vai acabar sempre conhecendo novos filmes e novos diretores, o que acaba dando um sentido mais rotativo para esse lugar de “favorito”. Mas por hora, e confesso que já por um tempo, tem me chamado muita atenção o cinema de Lúcia Murat, uma cineasta brasileira, carioca, de 71 anos, que conta com cerca de 12 longas-metragens em sua carreira. Por conta de sua experiência com a luta armada contra a ditadura militar e sua consequente passagem por centros de detenção e tortura, Lúcia acaba trazendo essas vivências para cinco de seus filmes. Além disso, a cineasta costumeiramente recorre ao hibridismo narrativo, aquele que brinca com características da ficção e documentário em uma única obra. Dentro desse contexto discursivo e estético, dois de seus filmes me chamam mais atenção, Que bom te ver viva (1989) e Ana, sem título (2020), o primeiro e o último filme realizados pela cineasta até então.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Lisbela e o prisioneiro (Guel Arraes, 2003). Acho um filme divertido de assistir e completo em seus diferentes setores da produção, com destaque para a equipe de arte, de fotografia, de som e o elenco, que é fabuloso.

 

Mas tem dois outros filmes que eu gosto e recomendo muito, Estômago (Marcos Jorge, 2007) e Que horas ela volta (Anna Muylaert, 2005).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim uma pessoa cinéfila é uma pessoa apaixonada por cinema. Contudo, cinéfilos não gostam só de assistir filmes, mas também de pesquisar sobre a história do cinema, de seus profissionais e de seus mecanismos de produção.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que as programações dos cinemas seguem a lógica do mercado. Existe sim um processo de curadoria dos filmes que serão exibidos e que é realizado por profissionais que entendem de cinema. No entanto, diferente do foco das galerias de exibição, que visam mais o conteúdo estético e discursivo das obras ou de um cinema com foco em  exibições independentes, as grandes salas comerciais de cinema realizam o processo curatorial visando exibir obras que irão trazer um número maior de público e que as farão lucrar mais, inclusive com a venda de produtos extras, como copos, camisas, etc. Por isso, é mais comum ver filmes de super-heróis do que filmes de produtoras independentes do Brasil nas grandes salas de exibição do país. Porém, acredito que as salas de exibição são gerenciadas por equipes que contam com um ou mais profissionais para realizar o processo curatorial das obras que serão exibidas.  

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que essa pergunta surge, principalmente, a partir da adesão das plataformas de streaming pelo público em geral. Também achavam que o cinema iria acabar quando a  televisão e o vídeo surgiram. Inclusive tem dois filmes bem bacanas que tratam sobre esse questionamento do fim do cinema, são eles: Quarto 666 (Wim Wender,1982) e De volta ao quarto 666 (Gustavo Spolidoro, 2009). São as chamadas crises do cinema, de tempos em tempos que questionam o seu fim.  Contudo, mostrando-se um “eterno mutante”, o cinema acaba se adaptando e nessa questão em específico, acredito que acaba por permitir várias possibilidades de exibição, onde uma não exclui a outra. São possibilidades diferentes que o público tem para se relacionar com o filme. Assim, por mais que as televisões tragam as tecnologias do óculos 3D, por exemplo, ir ao cinema e assistir ao filme naquela tela, com aqueles moldes arquitetônicos e todo o ritual que geralmente envolve o “ir ao cinema”, gera uma experiência totalmente diversa. Nem melhor, nem pior, apenas diversa. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ana, sem título (Lúcia Murat, 2020). Um filme híbrido que trata sobre a vida de Stela, uma jovem atriz brasileira, que viaja pela América Latina a fim de entender melhor a origem de algumas cartas trocadas entre artistas plásticas da região, durante os anos de 1970 e 1980. Além de desvendar a origem das cartas, Stela vai atrás da história de Ana, uma artista plástica brasileira daquela época, que desapareceu. 

 

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que embora o setor esteja sendo bastante prejudicado, não é a hora de abrir as salas de cinema. É aí que todo o processo de readequação tecnológica ao qual o cinema está tão acostumado entra, as novas possibilidades de exibição nos permitem ter o acesso às produções, embora sejam experiências espectatoriais totalmente diferentes.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acredito que embora o Brasil ainda careça de maior incentivo para o setor, as produções de um modo geral vêm se mostrando cada vez de maior qualidade técnica e estética. Acredito que o acesso a cursos de formação técnicos ou acadêmicos e o acesso a equipamentos de imagem e som, faz com que realizadores de grande potencial possam aparecer, quando antes os grandes custos de produção os escondiam.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Dira Paes e Irandhir Santos. Acredito que são atores muito completos, que já perpassaram pelos mais diversos tipos de personagens, não só no cinema. Eu sempre fico muito curiosa em assistir as produções que eles participam.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é uma maneira de representação das diversas instâncias e relações da vida e dos seres vivos, tanto no campo do real quanto com o imaginário.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Acredito que a coisa mais inusitada que já vi em uma sala de cinema foi ela vazia, só tinha o meu grupo assistindo ao filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Uma espécie de autoficção.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que não é obrigatório o diretor ser cinéfilo, mas acredito que a prática de estar constantemente vendo filmes e procurando sobre eles, acaba ajudando os diretores a construir um senso crítico e estético mais apurado. Afinal, no cinema nada é novo, tudo é uma reformulação e readaptação de algo que já existia.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Acredito que o filme que eu menos gostei de assistir foi Cura Fatal (Derrick Granado, 2020). Acho que o filme se perde no meio da narrativa.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Acho Lixo Extraordinário (Lucy Walker, 2010) um documentário muito bacana.

 

 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Um filme muito massa realizado por Jéssica Queiroga Magliano, que chama Nem tudo são flores (2016).

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Leaving Las Vegas (Mike Figgis, 1995).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Costumo ler as publicações do site da Revista brasileira de estudos de cinema e audiovisual (REBECA), do Omelete e Adoro Cinema. E acabo de 
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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #363 - Tarsila Araújo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de goiania e radicada em São Paulo. Tarsila Araújo é assistente de direção, diretora e roteirista. Dirigiu Procuro-me (2014), Tenho Saudade do que Não Vivi (2017), o clipe Muito Mais (2018) da cantora Lara Aufranc e o filme-manifesto Minha Carne (2019) da música da Preta Ferreira. Tem três projetos de longa-metragem documentário: Felicidade, Os Ruminantes e Minha Carne. Foi mediadora e palestrante de uma mesa sobre Minas no Audiovisual, no evento Crie como uma Garota no MIS em São Paulo, e em outra mesa sobre O Feminino no Cinema Brasileiro pela Secretaria de Cultura de São Bernardo do Campo. Ministra curso de Assistência de Direção na Escola Livre de Cinema de Santo André. Há 14 anos trabalha como assistente de direção para diretoras como Juliana Rojas, Eliane Caffé, Carla Caffé, Eliane Coster, Lina Chamie, Amina Jorge, Alice Andrade Drummond, Marco Dutra, Caetano Gotardo, Gustavo Vinagre, José Eduardo Belmonte, Fernando Honesko, Eduardo Kishimoto, Aimar Labaki, André Klotzel, Rafael Gomes, entre muitos outros.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinesesc. Lá a programação é sempre ótima, com filmes que passaram por importantes festivais ao redor do mundo, sempre com preços acessíveis e o melhor, ela é a sala oficial de diversos festivais como Mostra de Tiradentes em SP, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entre outros. Além disso, todo ano tem o Festival Sesc Melhores Filmes, que são os filmes que estiveram em cartaz na cidade, votado pelo público e também por um júri onde se selecionam os mais votados. E sempre tem uma programação incrível. Este ano foi online e gratuito. E não poderia citar esta sala sem dizer sobre sua tela enorme e a  sua qualidade de som e imagem. Além do café que fica atrás que dá pra assistir o filme tomando alguma coisa. Sei que alguns cinéfilos acham heresia, mas eu adoro variar com essa possibilidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A História Sem Fim (1984), dirigido por Wolfgang Petersen. Eu era criança e nem sabia ler ainda. Lembro de lerem as legendas pra mim a primeira vez que vi.

 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Por muitos anos foi Luis Buñuel, O Anjo Exterminador (1962). E continuo amando. Quem nunca viu este filme, veja. São muitos filmes dele que acho obra-prima. Mas de anos pra cá, tenho gostado muito do cinema da Agnès Varda e Eliane Caffé - não porque já trabalhei com ela, mas ambas fazem (faziam, no caso da Agnès) um cinema engajado, mas livre. E pensando, talvez o cinema do Buñuel fosse livre também.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São Paulo S/A (1965), dirigido por Luiz Sérgio Person. Eu fiquei muito impressionada com esse filme a primeira vez que assisti, talvez porque partilhava da sensação de desajuste que o personagem sente a partir de certo momento em relação à sociedade, no caso do filme, em São Paulo, com o crescimento da cidade e das indústrias, automatização e claro, uma crítica à classe média, ao consumismo e ao casamento.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim, ver um filme é como estar em outros lugares. Viver outras vidas, além da minha. Por 1h30 ou 2h sou transportada para a Europa na década de 60 ou para o México no início dos anos 2000, sou uma atendente de uma lanchonete ou uma atriz em crise numa peça de teatro. Visito lugares em que nunca estive e somos capazes de estar na pele de outras pessoas. Sentir o que outras pessoas sentem. Aprender coisas novas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na verdade, muito da programação das salas de cinema tem a ver com o mercado de cinema, e não com a qualidade dos filmes em si. Por isso gosto tanto do Cinesesc. A Cinemateca Brasileira era outro lugar em que se podia encontrar ótima programação, feita por pessoas que entendiam absolutamente de cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu acredito que não. A experiência de assistir filmes em uma sala escura, com bom som, imagem gigante, concentrados e coletivamente nunca vai deixar de existir.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Falei recentemente de Anche Libero Va Bene (2006), dirigido pelo Kim Rossi Stuart. Eu gosto bastante, assisti na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Mas falando de cinema nacional, eu diria Sinfonia da Necrópole (2014) dirigido pela Juliana Rojas. Tem humor, crítica social e música. Está no Netflix atualmente.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Bom, chegaram a reabrir, mas eu não fui nenhuma vez. Eu ouvi um colega que estava indo com frequência e dizia que estava sempre vazio e se sentia mais seguro que na padaria. Mas agora a pandemia está em um nível catastrófico, não acho que deveria reabrir até estar mais seguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que tem muitos filmes bons sendo feitos no Brasil. E algumas séries também. Mas mesmo com alguns editais que descentralizam o eixo Rio-SP, eu acho que os editais ainda estão concentrados em poucas mãos. E quando se pega dentro da cidade de São Paulo, ainda não há muita diversidade. Isto começou a mudar com algumas políticas da SPCine, mas ainda assim, acho discreto para a mudança que se deveria ter.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Marcelo Gomes. Mas foi difícil dizer apenas um nome.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema pra mim é a chance de viver diferentes vidas. Seja assistindo, seja fazendo cinema.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

 

 

Falando de novo do Sinfonia da Necrópole, foi muito legal a sessão que teve no Festival de Paulínia, a sessão estava cheia e era muito bom ver o público rindo muito do filme e acompanhar as reações, de um roteiro que eu conhecia bem. Essa experiência coletiva que o cinema traz é muito maravilhosa.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Confesso que tive que pesquisar pra saber o que era. E fiquei bem surpresa. Deu até uma leve vontade de assistir. E a nota do Imdb é 1.9. Acho que nunca tinha visto uma nota tão baixa.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu responderia com: defina cinéfilo. Eu não acho que um(a) diretor(a) precisa ser cinéfilo no sentido de conhecer toda a história do cinema, de vários países, clássicos, cults, etc. Mas acho que um(a) diretor(a) precisa conhecer um bocado de cinema, a linguagem e acho que quanto mais filmes assistir, com certeza mais bagagem se pode ter. Mas não acho que há regras.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A Centopéia Humana. Se eu tivesse um botão de desver, eu usaria. Sério, não assistam. Só é nojento, em todos os sentidos.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Crônica de um Verão (1960), Edgar Morin e Jean Rouch. E os filmes do Eduardo Coutinho, que pra mim é difícil escolher um.

 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já. Mas em pré-estreias. Não lembro se bati palmas em uma sessão comum, mas não duvido.

 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação (2002), Spike Jonze.

 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Olha, atualmente não tem um site específico. Eu vou lendo as notícias e críticas conforme vão surgindo em redes sociais ou outros.

 

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09/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #362 - Marcelo Lima


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Marcelo Lima tem 40 anos. É consultor e conselheiro no setor audiovisual. Ele cresceu no mercado exibição, onde seu pai fundou uma rede de salas de cinema. Com formação na área de TI, em 2006 fundou a Tonks, empresa de soluções em gestão, banco de dados e marketing digital dedicada ao mercado cinematográfico, atendendo empresas como Disney, Sony, Paramount, Universal, Paris, Cinemark, Cinépolis entre outras. Como desdobramento dessa atividade, fundou em 2011 a revista e o portal Exibidor e, desde 2014, realiza a maior convenção latino americana de negócios do indústria do audiovisual: a Expocine, reunindo empresas de todos os países da região.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Qualquer cinema do circuito da Av. Paulista é um deleite para qualquer cinéfilo. Fica difícil escolher. Mas tenho certeza que o Cine Marquise terá a melhor programação de toda a região quando ele for aberto.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu nasci literalmente dentro de um cinema (Cine São Luiz em Poços de Caldas-MG, primeiro cinema do meu pai). Meu berço ficava na bilheteria. Tenho vagas lembranças das imensas filas de OS CAÇA-FANTASMAS, OS GREMILINS, GOONIES e OS TRAPALHÕES e meus pais trabalhando feito louco para atender o mundo de gente que chegava a um cinema de 1100 lugares. Jamais conseguiria lembrar qual foi o primeiro filme que eu assisti de ponta-a-ponta.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Cresci com Spielberg (Jurassic Park), aprendi com James Cameron (O Exterminador do Futuro 2) mas aprendi a entender como se conta uma boa história com Christopher Nolan (O Grande Truque).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Qualquer filme de OS TRAPALHÕES. O que aqueles caras fizeram nos anos 80 e tudo que vivenciei como "exibidor mirim" naquela época, jamais irá tirar da minha cabeça o potencial que o cinema nacional tem na mente das pessoas. Eram milhares e milhares de pessoas querendo assistir o mesmo filme. E era nacional. Era incrível!

 

Agora, do ponto de vista poético e artístico, O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (Cao Hamburger).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ter a façanha de ir ao cinema todos os dias e sozinho (hahha). Fiz muito isso na época de solteiro e sem filhos (anos luz atrás).

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Jamais.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O FEITIÇO DE ÁQUILA - um dos maiores fracassos da Fox e um filme grandioso.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Com número de leitos de UTI controlados e baixa taxa de contaminação na população, os cinemas podem voltar normalmente respeitando todos os protocolos vigentes. Cinemas são muito mais seguros que supermercados, bares e restaurantes. Ali não se fala, há espaçamento e ninguém toca em nada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito a melhorar. Temos muitos filmes bons (até excelentes). Mas na estatística, a maioria ainda insiste em ser de baixa qualidade técnica.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

O diretor Kléber Mendonça Filho me conquistou!

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é minha vida!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Pergunta para um cara que nasceu dentro de um cinema. Fica difícil escolher uma (hahaha).

Quando BATMAN (Tim Burton) estreou nos cinemas, foi no meio da crise dos cinemas no mundo. Muitas pessoas vieram da roça para ir ao cinema pela primeira vez no Cine São Luiz (Poços de Caldas). Havia sessões lotadas com poltronas (naquela época cadeiras) vazias e corredores abarrotados de pessoas. O povo da roça não sabia se podia sentar naquela cadeira ou não.

 

Até mesmo um Menàge em plena sessão verpertina em uma segunda-feira em um cinema da Zona Oeste de SP que era gerente.

 

Muitos causos!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Conheci o produtor. Ele jurava que qualquer filme com Carla Perez iria explodir de bilheteria. Apostou a vida dele neste filme e faliu com ele. Morreu sozinho, em uma cadeira de rodas e em um asilo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Hollywood é movido por dinheiro e não por cinefilia. Se você faz algo que enche os olhos de um espectador e o faz arrepiar, não precisa ser cinéfilo. Mas vai ser amado por cinéfilos!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Segurança Nacional. Até hoje tenho vergonha alheia do diretor Roberto Carminati e todo o elenco (Thiago Lacerda, Milton Gonçalves e cia). Que horror!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Senna.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Muitas vezes!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

8MM.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Hollywood Reporter, Variety, Indiewire e Empire.

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Crítica do filme: 'Fuga (Flee)'


A amizade como ajuda na cura de feridas do passado. Baseado em fatos reais, uma história muito próxima do diretor desse projeto, o cineasta dinamarquês Jonas Poher Rasmussen, consegue ser muito criativo usando a técnica de animação para criar um ambiente respeitoso e criativo para um homem pronto para contar sua história, esse que escrevia em um caderno velho suas verdades até aqui agora às vésperas de casar ele precisa enfrentar seu passado. Por meio de memórias e até algo parecido com um relaxamento, quase em ponto de hipnose, voltamos ao ano de 1984 em Cabul (Afeganistão), onde toda avalanche de situações dramáticas deram início na vida do protagonista. Descoberta de sua sexualidade, guerras civis, países saindo do comunismo, fugas e mais fugas. Somos testemunhas de uma incrível história que passa por muitas questões globais. Fuga, ou Flee no original, foi o filme de abertura do Festival É Tudo Verdade de 2021.


Não deixa de ser uma história contada por conta da amizade entre o diretor e seu protagonista, um velho amigo desde os tempos onde não muitos imigrantes chegavam na capital da Dinamarca, Copenhage. Amin, nosso protagonista, é um homem já pensando no pós-doutorado em Princeton (EUA) mas que ninguém perto dele sabe sobre seu passado, só que é afegão e chegou na Dinamarca e de lá nunca mais saiu. Decidido em enfrentar seu passado para poder oferecer seu amor em 100% ao seu namorado com quem pretende construir uma família e morar junto, ao amigo dos tempos de colégio resolve contar as suas verdades sobre como chegou até ali. Passamos a conhecer o Afeganistão e sua relação com a família, o misterioso sumiço do pai e uma fuga desesperada para fugir dos novos domínios da região onde vivia. Chega em Moscou, nessa fuga, enfrenta outro fato histórico mundial, na época que chega, um ano após o comunismo e testemunha de situações tristes: pessoas morrendo de fome, mercados sem nada, moeda desvalorizada, muitos crimes, polícia impiedosa. Nesse período até a chegada do Mc’Donalds à Rússia ele testemunha.


Paralelo as fugas que dominaram grande parte de sua vida, vamos conhecendo os pensamentos de Amin desde cedo. As histórias de aviação da irmã, mesmo que pudessem ser enormes invenções o deixava com as asas prontas para sonhar, sem nunca pensar que seus próximos dias, semanas, meses e anos seriam como se fossem um enredo de filme dramático, praticamente lutando para existir, fugindo de muitos males que encontra pelo caminho, buscando uma identidade mesmo que para isso a jornada tenha que ser feita sozinha, longe de todos que ama. Passa por dezenas de constrangimentos, se enche de vergonha sem saber ao certo como sobreviver em meio ao mundo que consegue enxergar até ali. Descobre sua sexualidade cedo, mesmo que até a adolescência ainda seja confuso para ele pois no Afeganistão os homossexuais ‘não existiam’, davam vergonha para a família, um lugar difícil de se aceitar ser gay.


Fuga (Flee) nos provoca reflexões que vão desde as políticas mundiais, os horrores de uma guerra civil descontrolada, sangrenta e impiedosa, o capitalismo, até os traumas que vivem dentro de nós e muitas vezes nos travam de seguir em frente. Contando suas verdades, Amin se liberta. É lindo ver isso diante de nossos olhos, como testemunhas de mais esse renascimento de um homem que merece demais que a paz e a felicidade nunca mais deixem de estar por perto.

 

 

 

 

 

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Crítica do filme: 'Good Night (Da Yie)'


Os horrores camuflados de bondade. Um dos 15 semifinalistas ao Oscar 2021 de Melhor Curta de Ficção, Good Night (Da Yie) , co-produção Gana/Bélgica, é um filme que escancara aos nossos olhos os horrores de uma realidade, um retrato chocante de uma parte do mundo que carece de atenção. Dirigido pelo cineasta Anthony Nti, em 20 minutos somos jogados a uma história que fala sobre sonhos, impunidade e os absurdos que a vida apresenta. Um filme forte, porém necessário, para reflexão.


Na trama, conhecemos Matilda e Prince, duas crianças muito amigas que possuem em comum um grande amor pelo futebol. Certo dia, no campinho onde jogam, um estranho mas conhecido por eles estaciona o carro e os chama para irem lanchar e passear pela cidade. Só que as verdadeiras intenções desse estranho aos poucos vão sendo reveladas.


Tenso, fala sobre memórias, traumas, conversas que vão colocando dúvidas no personagem que começa a sofrer de peso na consciência, levando a trama para um desfecho que chama a atenção. Os jovens falam sobre seus sonhos, visitam o mar, falam de momentos tristes da vida, fotografia, futebol, repletos da inocência da idade e falta de maturidade para enxergar os perigos que se apresentam. Good Night (Da Yie) foi o vencedor de Melhor Filme da Competição Internacional do prestigioso Festival de Curtas de Clermont-Ferrand 2020. Um filme importante que fala as verdades sobre um mundo ainda muito cruel que muitos vivem.

DA YIE by Anthony Nti - Trailer from Salaud Morisset on Vimeo.

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08/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #361 - Talita Gimenes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São José do Rio Preto (São Paulo). Talita Gimenes tem 35 anos, é a criadora de conteúdo no perfil @maladenerd - Notícias sobre Cultura Pop, dicas de Filmes e Séries.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade eu frequento os cinemas da rede Cinépolis. Todas as salas são incríveis mas, prefiro assistir o que estiver disponível na sala IMAX ou na sala VIP.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lembro de frequentar o cinema muito pequena em SP, que foi onde nasci. Minha primeira lembrança é de assistir Lua de Cristal da Xuxa.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gosto muito do Christopher Nolan. Meu preferido é Interestelar. Mas também gosto do trabalho de Denis Villeneuve e de Alfonso Cuarón.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil. Acho que ele tem uma beleza triste. Um filme muito delicado e tocante. Marcou muito.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim é ser apaixonado pela arte do cinema, e tudo que ela representa hoje e já representou para a humanidade ao longo dos séculos. É um caso de amor mesmo! rsrs

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Cinema também representa um comércio muito rentável. Infelizmente os grandes blockbusters tem a maior fatia do negócio, consequentemente, mais salas. Já procurei filmes menos “populares” pra assistir na semana de seu lançamento e simplesmente não estavam disponíveis em minha cidade.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu espero que ainda exista espaço para o cinema e o streaming. A experiência é completamente diferente. Eu defendo a ideia do filme ser lançado nos cinemas e algum tempo depois, ir para a TV. Como sempre foi. Acho que assim é possível manter os dois mercados equilibrados. Mas tratando-se de tempos de pandemia, podemos ter mudanças drásticas nesse panorama. Como já estamos presenciando.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Amor à Toda Prova. Meu filme conforto! rsrs

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Tivemos esse panorama durante alguns meses em 2020, em algumas cidades do estado de SP. Cadeiras isoladas, sem permissão pra vender alimentos ou entrar na sala com alimentos. Estava seguro e bem limitado. Acho possível sim.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro sempre foi incrível e de muita qualidade. Acho que o que acontece hoje é uma maior popularização. As pessoas estão perdendo o ‘receio’ de consumir o cinema Nacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello. Acho um baita artista e gosto da forma dele de comunicar arte.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um refúgio no caos!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Os momentos mais marcantes foram nas pré-estreias dos filmes Marvel. Muitas pessoas vestidas de cosplay, muitos gritos e palmas. Uma energia deliciosa.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Acho um filme conceito! rsrs

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho. Acho que tem que fazer bem aquilo que ele se propôs a fazer!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vou deixar um polêmico aqui (mas que não devo ser a única): Esquadrão Suicida.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Down to Earth – Com Zac Efron. Está disponível na Netflix. Assistam!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

No começo, no meio e no final! Sou dessas! Empolgadíssima.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos! Um dos filmes que mais tenho carinho. Diálogos poderosos. Uma linda história de amor.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

'Adoro Cinema' e 'Cinema em Cena' são onde geralmente faço minhas leituras semanais.

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