04/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #498 - Isabela Regagnan


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Guaraçaí (São Paulo). Isabela Regagnan tem 21 anos. Falta um semestre para ela se graduar em História-Licenciatura pela UFMS/CPTL. É apaixonada por literatura e cinema e a interdisciplinaridade do seu curso lhe permitiu trabalhar História e Cinema. Tem o Instagram @isabelarrrr e escreve artigos científicos sobre História e Cinema; Gênero e Cinema; Ensino de História e Cinema, entre outras temáticas.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Como moro bem no interior, o cinema que frequento fica na cidade ao lado, entretanto, ele é um cinema digamos que “comercial”, os filmes que entram em cartaz são os que estão sendo lançados, então eu não tenho uma sala preferida em relação a programação.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu sempre amei assistir filmes mas ainda me lembro a primeira vez que fui ao cinema. Foi com a escola e assistimos o filme: Pooh e o Elefante, naquele momento que eu pude perceber que o cinema era diferente, era um lugar mágico.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick e o filme é Laranja Mecânica. Me permita também pontuar que a diretora favorita é a Céline Sciamma com o longa: Retrato de uma Jovem em Chamas.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O meu filme nacional favorito é Bicho de 7 cabeças da Laís Bodanzky que tem uma atuação incrível do Rodrigo Santoro. Eu gosto muito de filmes que envolvem questões psicológicas e quando eu assisti esse pela primeira vez eu fiquei “UAAAAAAAAL”, ele me tocou muito e me toca todas as vezes que assisto ele. Por eu ter lido o livro ao qual o filme se baseia, consigo compreender a crítica ácida que a Laís faz e como ela faz sem pudor algum, com garra, com verdade. Esse é meu filme favorito por tudo que ele traz, mas pela maneira gigante que ele me toca.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Hoje em dia é ser zoada (risos), brincadeira. É ter essa paixão tão voraz pelo cinema que nós temos. É reconhece-lo para além do entretenimento, é a sétima arte. Ser cinéfilo é assistir um leque de filmes, de tudo um pouco, de cada canto do mundo. É amar e enobrecer o cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Todos que conheço são “cinemas comerciais”, não são escolhidos por pessoas que entendem, curadoria ou coisa do tipo, é de alguma forma para vender mesmo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Aaaaaaah, por favor! Não, aposto que não. Mesmo com o avanço dos streamings os cinemas permanecerão intactos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Solidão dos números primos do italiano Saverio Costanzo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Essa pergunta é complicada quando visamos o setor empregatício, mas pensando no contexto pandêmico, sem a população vacinada não deve reabrir.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema nacional há muito tempo vem crescendo e produzindo filmes de qualidade. Hoje, com as plataformas de streaming ele recebe um pouco mais de investimento e notoriedade.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“O cinema existe porque a vida não basta”.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nem uma inusitada além do clichê de ver todas as pessoas ao meu redor chorando com Como eu era antes de você.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não tenho palavras (risos).

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu acho que ele tem que ter uma relação com o cinema e com a arte. Estudar, estudar muito sobre o cinema e os filmes, o que acaba sendo um tanto cinéfilo, não?

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

50 tons de Cinza.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Lute como uma menina.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim! Ao final de Star Wars O retorno Jedi que foi o primeiro filme da franquia que assisti no cinema. Foram palmas e lágrimas.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O senhor das armas do Andrew Niccol.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

“Mulher no Cinema” https://mulhernocinema.com/

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

MUBI.

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03/08/2021

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Crítica do filme: 'Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador'


Fechar os olhos e sonhar pode ser o início da saída de algum lugar que anda em círculos. No ano em que a seleção brasileira de futebol ganhou a Copa do Mundo nos Estados Unidos, chegava aos cinemas de lá e de todo o mundo Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador, dirigido pelo cineasta Lasse Hallström. O longa fala sobre conflitos de um protagonista no epicentro de problemas sem saber direito o que fazer com seu futuro. O roteiro busca a ternura na melancolia buscando objetivar razões e emoções dentro da premissa que há muitas formas bonitas de enxergar o amor. Esse emocionante trabalho, rendeu a primeira indicação ao Oscar de Leonardo DiCaprio.


Na trama, acompanhamos Gilbert Grape (Johnny Depp). Um jovem que trabalha em uma pequena mercearia que não tem muito público desde a chegada de um enorme supermercado na cidade. Ele vive com a família, o irmão Arnie (Leonardo DiCaprio) que tem autismo, suas outras duas irmãs Amy (Laura Harrington) e Ellen (Mary Kate Schellhardt) e sua mãe (Darlene Cates) que não sai de casa faz sete anos em uma cidade chamada Endora, no interior dos Estados Unidos. Cidade da qual nunca saiu e onde nasceu e foi criado. Sem saber muito o que é realizar sonhos, ou mesmo sonhar, ele vive seus dias para ajudar sua família nas dificuldades diárias. A chegada de uma jovem que mora em um trailer, Becky (Juliette Lewis) uma nômade que viaja de cidade em cidade ao lado de sua avó, mudará um pouco o modo de pensar o mundo do protagonista.


O roteiro no paralelo entre as escolhas e as perspectivas. Tem um ritmo lento mas consegue sua força nas ótimas interpretações e quando o espectador consegue entender tamanha profundidade nos conflitos que passa o complicado personagem principal, esse último que se cobra demais, que só acena para um egoísmo distante mas que faria parte de suas melhores escolhas, quem sabe. Fechar os olhos e sonhar pode ser o início da saída de algum lugar de quem anda em círculos.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #497 - João Schlaepfer


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. João Schlaepfer tem 26 anos. Formado em Letras pela PUC-Rio, publicou em coletâneas e revistas, como Revista Philos Neolatina #28, #29 e edição especial em homenagem a Chico Buarque, 164-Circular (org. Claudia Chigres, Editora TextoTerritório), além de um livro autoral: Escrito na Marra (Editora Kazuá). Roteirista, escreveu, webseries, esquetes e diversos curtas, adquiridos pelas produtoras Mãe Joana Produções, Janela 55 e Vicine Filmes. Foi semifinalista do concurso de roteiros de curta do ROTA Festival 2018. É coautor do longa Luisa Não Vem (Mãe Joana Produções). Ganhou o Edital Talentos do Brasil II (TêmDendê Produções) com um longa hoje adaptado para série. Ganhou em 2020 o edital para desenvolvimento de projetos audiovisuais da Secretaria Estadual de Cultura com uma animação infantil em parceira com a BlackBird Produções. Trabalha na Play9 como Analista de Branded & Digital Content.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

​Gosto das salas do Estação Net e do Espaço Itaú. Costumam ter uma variedade de filmes mais instigante.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

​Eita!! Acho que foi A marcha dos Pinguins.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

​Não tenho. Gosto do tema e modo de construir do Nolan: Interestelar, Amnésia, Dunkirk. Gosto da ousadia do Aronofsky com Cisne negro, Mãe.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e por quê?

​Hoje, Que horas ela volta?. Amanhã pode ser outro. Achei tudo neste filme muito bem colocado, as crises, as críticas, as nuances, os diálogos. É real; e é belo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

​Passear. Conhecer. Buscar. Experimentar. Não tem certo e errado, vê, pensa, muda de ideia, vê de novo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

​O que é entender de cinema?

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

​Acho muito difícil. As coisas se transformam. O rádio não acabou. A TV não acabou. Até o pergaminho voltou com o scroll infinito. As coisas mudam, mas acabar, acho que só a vida. E os recursos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

​Minha vida de abobrinha.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

​Já fui mais fechado, mas restaurante pode, escola pode, boteco pode, futebol pode, shopping pode. Por que cultura não poderia?

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

​Acho excelente e caminhando. A cada ano tentemos a nos superar, a inovar mais. Agora, estamos enfrentando tempos bastante sombrios contra o cinema, mas é contra a arte e a cultura em geral. Não sou daqueles que defende que na crise produzimos melhor. Seria ótimo termos liberdade para pensarmos e desenvolvermos mais e melhor. Agora, diante das ameaças, somos quase que coagidos a lutar contra isso. O mais surpreendente é que, ainda assim, conseguimos alguma diversidade na luta.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

​Qualquer resposta que eu der vai ser mentirosa porque vou ter deixado de ver alguma coisa ou vou ter esquecido de mencionar alguém. Já perdi muitos filmes, hoje tento correr atrás.

 

12) Defina cinema com uma frase:

​Você revisou o roteiro?

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

​Já entrei na sala errada e só reparei depois de quase meia hora de filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

​Viu!? To correndo atrás...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. As referências estão em vários lugares.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Acho que eu já nem me lembro mais. Foram tantos. Parei filme no meio, fui embora da sala de cinema uma vez no meio do filme.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Sou humanamente incapaz de escolher um só.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Com certeza. Agora, quando isso rola, tem sido na tela de casa, mas já, mais de uma vez.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

​Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

​Vixe! Não fico em um site, vou trocando figurinhas com amigos e passeando entre links. IMBD, Adoro cinema, Nexo Jornal, Letterbox. Tem site aí que nem é de crítica ou coisa do tipo, e é por isso mesmo. Eu prefiro pensar sozinho, só depois que vejo outras leituras, aí geralmente é uma troca com outros amigos, parceiros e colegas de trabalho, não necessariamente um site.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

​Quanto eu vou receber pela propaganda? Hahaha. Bem, AppleTV, Globoplay, Prime Video e Netflix, não necessariamente nessa ordem. Vejo alguns outros também, mas acho que os principais são esses.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #496 - Tay Lopez


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Tay Lopez tem 41 anos. É ator. Pernambucano, iniciou sua carreira em 1991. Em seu currículo constam mais de 50 espetáculos. Atuou sob a direção de Antônio Abujamra, Antonio Guedes, Tiche Vianna, Sérgio Ferrara, Marco Antônio Rodrigues, Luciana Lyra, Márcio Araújo, Carlos Carvalho, José Pimentel, Roberto Costa e há 19 anos é integrante do Grupo XPTO, uma das companhias mais premiadas do Teatro Paulistano, sob a direção de Osvaldo Gabrieli. Realizou atividades formativas com expressivos diretores e grupos de teatro. Estreou no audiovisual na série da TV Globo, "A PEDRA DO REINO", sendo dirigido por Luiz Fernando Carvalho. No filme "ÚLTIMA PARADA 174", de Bruno Barreto, deu vida ao pastor Jaziel. Atuou no telefilme "A MUSA IMPASSÍVEL", sendo dirigido por Marcela Lordy. Trabalhou ainda com Vinícius Coimbra no filme "A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA". Em 2018, esteve na segunda temporada da série "CARCEREIROS". Protagonizou o especial de fim de ano, "A PRESEPADA", exibido pela TV Globo e dirigido por Rodrigo César, que também assina a direção de "LUCICREIDE VAI PRA MARTE", longa em que interpreta o físico da NASA Edgard. No seu currículo constam ainda críticas relevantes, prêmios e temporadas em festivais no exterior e em todo o Brasil.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Minha sala preferida é o Cine Marquise, do Conjunto Nacional que já mudou de nome várias vezes. Acho muito charmoso o fato de ter a abertura da cortina antes de cada sessão, gosto bastante do Café e o espaço entre as poltronas é digno das antigas salas de rua. Porém, com relação à programação, o espaço Itaú Augusta é o meu preferido. Dá pra ir sem consultar a programação, escolher o filme enquanto está na fila da bilheteria e ser surpreendido com uma ótima sessão. Além de ser um ponto de encontro entre os trabalhadores da cultura.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me fez chorar e entrar em contato com uma emoção nova foi o Em Algum Lugar do Passado. Assisti na TV e foi um marco pra mim aquela sensação. Um menino tentando entender o que uma obra de arte podia fazer com nosso imaginário. No cinema, o primeiro filme que me inquietou bastante foi o Dança com Lobos. Criança ainda, Lembro que saí cheio de questões, querendo entender melhor aquelas metáforas. Mas claro que todas as aventuras dos Trapalhões, fizeram parte da minha diversão aos domingos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Poxa... muito difícil pedir pra alguém que gosta tanto de cinema pra escolher apenas um representante de seu gosto pessoal. Admiro bastante a filmografia de Lars von Trier, Lynch, Bergman, Woody Allen, Tarantino, Almodóvar... dos fora da curva: Jodorowsky, Apichatpong...dos italianos: Fellini, Pasolini, Bertolucci... Gosto bastante também dos brasileiros, sobretudo os nordestinos: Kléber Mendonça Filho, Cláudio Assis, Marcelo Gomes, Karim Aïnouz, Lírio Ferreira, Gabriel Mascaro... Dos cineastas do cinema novo: Glauber,  Cacá Diegues... dos que flertaram com uma carreira internacional: Babenco, Fernando Meirelles, José Padilha... Realmente são muitos... E como um quebra-cabeças,  todos eles me formaram e habitam meu imaginário.  Mas vamos lá... tem que escolher um. Então escolho um filme: Dogville! Pelo impacto experimental que ele proporcionou à época.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Vou ficar devendo uma resposta sucinta pra esse quesito também. Sendo assim, escolho: Lavoura Arcaica, do Luiz Fernando Carvalho e Central do Brasil, do Walter Salles.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É entender que a experiência cinematográfica é mais importante que tudo. Seja num curta alternativo, num longa do mainstream ou num achado especial de um festival internacional o que vale é mergulhar na tela e ser atravessado por essa arte que nos faz pensar e que nos enche os sentidos de luz. É tentar enxergar no invisível, entre a tela e o meu olhar, que língua é aquela que estão nos falando... é ser flechado por uma ação inesquecível de determinado personagem....  é ser embalado por uma trilha que nos sussurra nos ouvidos, o segredo das musas... pra mim, ser cinéfilo é estar disponível para ser mais um integrante do filme que você assiste.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim, acredito que nos cinemas que frequento existe uma curadoria. Mas dependendo de que sala estamos falando, tem toda uma questão relacionada às distribuidoras, aos realizadores e à bilheteria.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que a experiência cinematográfica numa sala escura faz parte da necessidade de transcendência... Acho que com o tempo elas podem se adequar aos costumes de uma época. Mas não creio que elas acabarão não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A trilogia da vingança:  Mr. Vingança, Oldboy e Lady Vingança, dirigidos por Park Chan-wook.  Principalmente o OldBoy.

 

9) Você acha que as salas de cinema devem abrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Elas já estão abrindo aos poucos seguindo os protocolos. Com lotação reduzida, uso de máscara e outras medidas protetivas. Acredito que essa retomada das atividades virá em ondas... podemos levar em consideração os estudos que estão sendo feitos em países com maioria da população já vacinada e, dependendo da evolução nesses países, seguimos os mesmos passos por aqui.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que temos um cinema maiúsculo. Conseguimos números impressionantes com os filmes mais comerciais, mesmo concorrendo com superproduções hollywoodianas e estamos cada vez mais fazendo bonito nos festivais internacionais com nosso cinema de "vanguarda". O cinema nacional está sendo apresentado com excelência técnica no mercado.  Com fotografia, sonorização e demais qualidades impecáveis... fico muito feliz em ver que, apesar de nem sempre termos tantos recursos disponíveis, conseguimos produzir obras memoráveis.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Por ser ator e por ter acompanhado de perto seu trabalho, quando estivemos juntos no elenco de A Pedra do Reino, não posso deixar de citar o Irandhir Santos. Pude observar as minúcias, nos bastidores, de sua construção. De fato, trata-se de uma Figura onipresente no audiovisual brasileiro e faço questão de acompanhar suas criações. E ele sempre me surpreende.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é silenciar ou dar voz ao barulho dentro da gente.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

A situação aconteceu comigo mesmo. Sou um pouco medroso pra filmes de terror realistas. Decidi assistir uma edição remasterizada do clássico, O Exorcista. Fui bastante receoso, pois durante muito tempo o filme foi considerado o mais assustador de sua geração. Era uma oportunidade única de ver aquela cópia numa sala de cinema. Como eu já tinha visto inúmeras matérias de making-of e sabia cada truque usado nas sequências apavorantes, e entendendo do pouco avanço técnico nos efeitos especiais, o filme só conseguiu me causar risadas. Tive que me segurar pra não atrapalhar a experiência fantasmagórica dos outros pagantes da sessão.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um clássico.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Repertório sensível é uma ajuda muito grande. Formação teórica e referências são importantes também. Mas nem sempre o diretor consegue transpor isso pro seu filme e colocar sua assinatura. Da mesma forma que existem artistas com ideias geniais e são apenas artistas populares. Acho que se o diretor tem uma boa equipe e se ele conseguir ser o maestro no set, não precisa ser um cinéfilo não. Basta saber trabalhar em equipe e ter uma escuta pra isso.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vou ficar te devendo essa resposta. Tendo a ser indulgente com a arte e com as pessoas, então me sinto incapacitado em citar o trabalho de toda uma equipe com o peso de ser a pior coisa que eu já tenha visto na vida. Claro que vi coisas pouco relevantes ou amadoras demais, mas pra ser sincero nem lembro o nome.

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Citarei quatro, de diferentes estilos. Terra deu, Terra come; Santiago; Sal da terra; José e Pilar.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não apenas eu, mas praticamente a sala inteira aplaudiu Bacurau na sessão que assisti.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gosto bastante de Cidade dos Anjos... 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineweb, Cinepop, Cinema com Rapadura...

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Globoplay e Netflix.

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02/08/2021

8 e 1/2 em 20 - Léo Francisco - Episódio #21


Esse é o '8 e 1/2 em 20', programa de entrevistas feitas por lives no Instagram do @guiadocinefilo, toda 4a, às 19:30​ hrs, com cinéfilos e profissionais que de alguma forma contribuem para o audiovisual.

Nesse episódio, recebemos o jornalista cultural e assessor de imprensa Léo Francisco.
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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #495 - Fernando Tiezzi


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Fernando Tiezzi tem 41 anos.  É formado em Cinema pela Faap e trabalha como Assistente de Direção. Trabalhou nos filmes: Ensaio sobre a Cegueira (Blindness) dirigido pelo Fernando Meirelles, A Grande Vitória, dirigido pelo Stefano Capuzzi Lapietra, Os 3, dirigido pelo Nando Olival. Já fez também séries para Tv como a quarta temporada do 3% da Netflix e também Pedro e Bianca, exibido pela Tv Cultura.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto muito do Espaço Itaú de Cinema. As salas de cinema dos shoppings dão foco no cinema mais comercial e a da Rua Augusta é voltada para filmes mais artísticos. Este equilíbrio é muito importante.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Assisti Os Intocáveis no cinema, apesar da idade não permitir. Foi muito impactante, é uma obra de arte que marcou muito.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ingmar Bergman / Persona.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

A Meia-Noite Levarei sua Alma. Foi o primeiro filme brasileiro a estabelecer o gênero terror por aqui. É um filme pulsante, com muitos momentos geniais e que criou um dos personagens mais icônicos do Cinema Nacional: o Zé do Caixão.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Se você ama ver filmes, independente do gênero ou da qualidade artística, você é um cinéfilo. O que basta é o Amor pela Sétima Arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

As salas conhecem o próprio público então acredito que elas fazem uma programação coerente com o retorno esperado. As salas de shopping tendem a ser mais comerciais, as de "rua" mais diversificadas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca. A sala de cinema não se resume apenas a ver filmes.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Martyrs, filme francês indicado para quem ama o gênero terror.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Jamais. A saúde pública e a vida são prioridades.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sempre foi enorme, seja na qualidade dos filmes quanto na variedade de temas. Acredito que, atualmente, os filmes voltaram a ter mais espaço, portanto, o público naturalmente voltou a assistir mais filmes brasileiros.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Os filmes dirigidos pelo Rodrigo Aragão.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a certeza da nossa capacidade de continuar sonhando, contestando e inspirando.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Uma vez, assistindo a um filme do Freddy Krueger, um espectador dormiu na sala. Algumas pessoas começaram a comentar sobre isso, fazendo piadas do perigo que estávamos correndo caso o personagem percebesse isso. Outros sugeriram acordar o dorminhoco. Rolou uma catarse coletiva na sala.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não vi o filme mas o Cinema precisa abraçar todo tipo de história, público e gosto.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Tem muito cinema que é intuitivo. Filmes que são expressão pura de arte e sentimento.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Sou apaixonado por filmes de terror com carinho pelo subgênero trash, então, sou bem paciente com tudo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Crystal Lake Memories: The Complete History of Friday the 13th

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Vi Drácula de Bram Stoker quatro vezes no cinema, portanto.....

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Con Air.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDB.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Assino a Netflix e a Darkflix, streaming nacional dedicado exclusivamente a filmes de terror.

 

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01/08/2021

O que achei do filme: 'Três Estranhos Idênticos'


Nesse vídeo, Raphael Camacho analisa objetivamente o filme 'Três Estranhos Idênticos'.

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8 e 1/2 em 20 - Andrea Cursino - Episódio #20


Esse é o '8 e 1/2 em 20', programa de entrevistas feitas por lives no Instagram do @guiadocinefilo, toda 4a, às 19:30​ hrs, com cinéfilos e profissionais que de alguma forma contribuem para o audiovisual.

Nesse episódio, recebemos a crítica de cinema Andrea Cursino.
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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #494 - Mauricio Rocha


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Coelho Neto (Maranhão). Mauricio Rocha tem 27 anos.  É funcionário público, acadêmico de Pedagogia. É bem eclético quando se trata de filmes, adora o mundo da sétima arte, passa horas falando sobre filmes e séries, se possível. Seu filme preferido é Antes do Amanhecer, de Richard Linklater. Seu gênero preferido é drama. Criou uma conta para publicar as falas mais marcantes dos filmes e series que assiste @seriesemovies_, por meio desta conta, compartilha seus gostos e influencia pessoas a assistirem filmes que, talvez elas não conheçam, pois acredita que o cinema é um lugar de muitas descobertas.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não há cinema na minha cidade, o que é uma pena, mas na cidade vizinha tem o Multicine, a empresa sempre traz ótimas opções de filmes e oferece um bom serviço.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Difícil lembrar, eu assistia muitos filmes na infância, mas tem um que eu assistia sempre, pois reprisava muito no SBT, Fuga para a Montanha Enfeitiçada (Escape to Witch Mountain), a versão de 1995 que foi dirigido por Peter Rader.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu não tenho um cineasta favorito, mas tenho uma profunda admiração pelos trabalhos de Richard Linklater, talvez porque seus filmes são ricos em diálogos, em vez de ações e também porque meu filme preferido é fruto do trabalho dele que é Antes do Amanhecer - 1995 (Before Sunrise).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, de Walter Sales. Pela simplicidade que ele carrega e pela carga de emoções que ele transmite.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu não me considero um cinéfilo, mas a meu ver, o cinéfilo é aquele que assiste de tudo, sem preconceitos com gêneros, aquele que ousa e sai da zona de conforto ao assistir obras não americanas, filmes em preto e branco e até mesmo mudo. Ser cinéfilo não é apenas assistir muitos filmes ou clássicos, é estudar o diretor e conhecer pelo menos os conceitos básicos do

cinema. É explorar a sétima arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, eu acredito que há uma estratégia capitalista por trás das escolhas dos filmes. O cinema não deixa de ser um negócio, a meu ver não deveria ser pensado só desta forma.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. É um comércio bastante lucrativo para as empresas e o interesse da população ainda é grande.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A pele que Habito de Pedro Almodóvar.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Mesmo com todas as recomendações da OMS, eu acho que não deveria, o vírus é sorrateiro e todo cuidado é pouco.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente, o Brasil tem avançado muito em questões de qualidade em cinema, tanto é que a crítica tem dado respaldo às produções brasileiras.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é uma porta para outra realidade que o meu eu físico não pode estar.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Não lembro no momento de nada tão relevante, só de duas crianças sentadas ao meu lado que acredito eu, já tinham visto o filme e estavam fazendo comentários com spoilers.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

Não conheço, logo não sou capaz de opinar, como diria a atriz Gloria Pires.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Não, um cineasta pode muito bem fazer filmes ótimos e não ter visto tantos filmes. Acredito que um cineasta deve estar mais preocupado com outras questões mais técnicas para desenvolver um bom trabalho.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Foram tantos, mas arrisco a dizer que o pior filme foi um recente, Boneco do Mal, tão ruim que eu me levantei e fui embora. (E eu estava em casa).

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Não vejo muitos documentários, ainda não escolhi um preferido ainda.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Ainda não cheguei a tal ponto.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

AdoroCinema, sempre busco informações lá e leio as críticas.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #494 - Mauricio Rocha

31/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #493 - Jadilson Gomes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belém (Pará). Jadilson Gomes tem 47 anos. Negro, pai do Gabriel, professor de história, ama cinema e poesia. Antes da pandemia costumava ir ao cinema duas vezes por semana. Adora os filmes de Woody Allen, Fellini e Scorsese. Acompanha sites, canais e páginas sobre cinema. Tem amigos incríveis que estimulam os debates e as leituras sobre os filmes. O cinema o ajuda a viver com alegria, amizade e leveza.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinema Olympia. Motivos afetivos. Fez parte da minha formação de cinéfilo. Outro excelente motivo é o cinema mais antigo em atividade no Brasil.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O segredo do Abismo. Foi uma das primeiras experiências sozinho numa sala de cinema. Pude aproveitar o filme e compreender a importância do cinema como arte.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Woody Allen, Manhattan (1979).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Pra Frente Brasil Direção de Roberto Farias. Um filme impactante e corajoso que - mesmo na época de abertura – cumpriu um papel importante na denúncia e crítica ao regime militar. Este filme deveria ser relançado, especialmente no momento em que tentam negar a história.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar essa arte, buscar informações, ler bastante conversar e escrever sobre os filmes e seus respectivos contextos de produção.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte, não. O que predomina é o circuito comercial com seus blockbusters. Em minha cidade há dois cinemas que possuem uma programação para quem realmente gosta de cinema: Os cinemas Olympia e Líbero Luxardo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Espero que ações do poder público aconteçam de modo perene em outros locais do Brasil. Por exemplo, em Belém o cinema Olympia foi assumido pela Prefeitura e o Libero Luxardo é mantido pela Governo do Estado. Dessa maneira creio que haverá uma longevidade desses templos da cultura. Oxalá, ocorra o mesmo em outras cidades. .

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cópia Fiel. Direção de Abbas Kiarostami. Um filme belíssimo, profundo e conta com uma excelente atuação de Juliette Binoche.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que não, mas aos poucos os cinemas comerciais voltaram em Belém.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Avançamos muito do ponto de vista técnico. Sempre tivemos bons realizadores e ótimos atores e ótimas atrizes. Os roteiros melhoraram bastante. O que chama atenção é a diversidade de gêneros. Bom sair das produções voltadas para um público infantil ou comédias que muitas vezes são mais do mesmo. Somos inteligentes e criativos para realizar mais. Temos produzido um cinema que dialoga com o mundo sem perder nossa identidade, cultura, história e o olhar crítico.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Pode ser mais de um? Dira Paes e Irandhir Santos. Adoro a versatilidade deles. Talentosíssimos. Merecem mais reconhecimento.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte que realiza os sonhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Era um sábado em 2014 e meu filho e eu fomos assistir “Não pare na pista” e, simplesmente, havia somente 14 pessoas na sala. Ficamos tristes incialmente, mas antes de começar o filme meu filho passeou pela sala dizendo que o cinema era nosso. Foi uma experiência inesquecível.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

Não vi. Não tenho como opinar.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Fica uma direção muito técnica. No entanto, ser cinéfilo permite um olhar mais profundo e dialógico com as referências. Todos precisamos de inspiração até os gênios do cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vi muitos filmes ruins. Mas não me agrada a franquia “Velozes e Furiosos”.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Ilha das Flores (1989) Direção de Jorge Furtado. Muito impactante em minha formação. Além do texto e da direção inteligentes tem a narração de Paulo José.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, quando vi Blue Jasmine. Cate Blanchett me emocionou bastante.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto muito do Papo de cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #493 - Jadilson Gomes

30/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #492 - Madu Garcez


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Miami (Flórida). Madu Garcez tem 19 anos. É recém colunista no Instagram do Cinema Com Teoria (@cinema.com.teoria) e roteirista iniciante com alguns projetos em andamento. Ama cinema como se fosse uma parte dela e está sempre aberta para debater a sétima arte, indo desde os filmes surrealistas do David Lynch, até uma boa maratona de Star Wars ou Senhor dos Anéis. Seu Instagram é o @maducez.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu me mudei para Miami um pouco antes da pandemia começar, então eu só fui ao cinema uma vez, em junho de 2021 para ver A Quiet Place II. Mas admito que estava com tanta saudade que a sala que fui é meu atual lugar favorito no mundo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Her. É um dos meus filmes favoritos da vida. Já revi dezenas de vezes (sem exagero) e toda vez que assisto, me sinto extremamente impactada. Quero fazer isso. Causar esse impacto na vida das pessoas pela arte.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

No momento, Wong Kar-wai e definitivamente Amor à Flor da Pele.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Animal Cordial - Gabriela Amaral Almeida. Eu acho que esse filme é um estudo sobre a sociedade brasileira, representada por uma alegoria no microcosmo de um restaurante; e definitivamente não recebe a atenção que deveria.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acredito que seja ultrapassar a barreira de ter filmes, como apenas mais um entretenimento. É se intensificar na arte e tirar maior proveito dela.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Definitivamente não. A maior parte da minha vida foi morando em cidades pequenas, e eu sofria com a programação de sempre. Os blockbusters dominavam todas as salas e filmes de "menor público" quase nunca passavam. Claro que eu também amo um blockbuster, Star Wars é um dos meus maiores vícios, mas é extremamente injusto que fique em cartaz por meses, enquanto outros filmes nem tem a chance de ficar um dia sequer.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Duvido muito. Acredito que essa tradição seja pra sempre. Mesmo no momento em que as pessoas literalmente não deveriam sair de casa, algumas iam ao cinema no meio de uma pandemia.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Mulheres do Século 20 - Mike Mills. Eu já revi umas 10 vezes e nunca achei alguém para conversar sobre. Caso você que esteja lendo, já tenha visto o filme, por favor me contate.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Claro que quem mais sofre com isso é o trabalhador comum, mas isso é um problema sistemático de sociedades capitalizadas. Infelizmente.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro sempre foi excelente. Acho que depois do estouro de Bacurau, as pessoas se interessaram mais pelo cinema brasileiro. Não só em assisti-lo, mas em fazê-lo. Definitivamente essa nova leva de cineastas vai fazer um bem para o nosso cinema.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

 

Anna Muylaert. Essa mulher pode fazer até um comercial sobre golfe que eu assisto. E eu acho golfe extremamente chato.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Cinema é uma questão do que está no frame e do que está fora dele" - Martin Scorsese. Acho que essa frase diz muito sobre como o cinema transcende a tela.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

No final da sessão de Blade Runner - 2049, um cara pediu a namorada em casamento, na frente de todos assim que os créditos subiram. Brega e fofo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Reset cultural.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Resposta: Não necessariamente. Acredito que podemos separar uma coisa da outra, mas também acredito que quanto mais aprofundado você for em uma arte, mais referências terá, o que pode enriquecer seu processo criativo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

The Last Days of American Crime. Eu não costumo ver os filmes de ação da Netflix, mas esse eu fui ver com um parente. Absolutamente nada ali fazia sentido, sem falar da direção que me dava náuseas com zooms aleatórios e enquadramentos completamente incoerentes. Sem falar daquele roteiro que parecia ter sido montado num sorteio.

 

17) Qual seu documentário preferido?

George - Martin Scorsese. Já sou fã absurda do Scorsese, e mais ainda dos Beatles. Ver esse retrato tão lindo da vida do George Harrison foi extremamente emocionante.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim. Quando fui assistir Rogue One. Talvez tenha sido pega pelo sentimentalismo, mas eu fiquei completamente apaixonada pelo filme, que se tornou um dos meus prediletos da saga de Star Wars.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação - Spike Jonze. Sou defensora fiel de Nicolas Cage.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Jovem Nerd e Cinema Com Rapadura. Falhei em ser cult.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

HBO Max. O acervo de filmes clássicos é simplesmente incrível.

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29/07/2021

Crítica do filme: 'Pig'


E se você pudesse recriar momentos com sua arte? E se mesmo assim não fosse suficiente para se ter tudo na vida? Afinal, o que é ter tudo na vida? Em seu primeiro longa-metragem (dirigindo e escrevendo), após três curtas e co-dirigir dois seriados, o cineasta Michael Sarnoski consegue encontrar uma fórmula mágica, intimista, mostrando ao público dentro do inusitado universo de um homem atrás de um porco que lhe fora sequestrado. Aos poucos vamos percebendo que há toda uma impactante história por trás, mostrada na tela tecnicamente de forma sublime, dentro de uma fotografia maravilhosa. É a grande atuação da carreira de Nicolas Cage! É uma profundidade impressionante que alcança para seu complexo personagem. Somos testemunhas da ressurreição de sua carreira. Com trabalhos nos últimos anos, em sua maioria, bastante questionáveis, quando Cage acerta vira algo inesquecível.


Na trama, acompanhamos Rob (Nicolas Cage) um homem que encara sua solitude como algo normal na região de florestas no interior de Oregon, vivendo com seu porco que o ajuda a resgatar trufas e assim vender para um negociante desse produto, o jovem empreendedor Amir (Alex Wolff). Certo dia, em uma noite fria, sequestram seu porco, levando o protagonista a ter que encarar todo seu passado em busca do animal. Parece uma sinopse doida né? Mas saibam, é um filme surpreendente.


O ritmo é lento mas necessário. Refletir dentro da melancolia é algo muito difícil, anda-se em uma linha tênue onde qualquer desinteresse pode chegar na cena seguinte. Mas Sarnoski é um grande habilidoso na arte do surpreender, vai entregando ao público essa história aos poucos, partindo do absurdo até as camadas mais densas. A interseção são as perdas, um luto vestido de várias formas diferente por cada personagem, encabeçados por um protagonista que junta todas as pontas soltas mesmo que seu objetivo seja mesmo travar uma luta interna contra tudo que deixou longe de seu atual viver.


Como o foco é quase total no personagem principal, esse deixa migalhas de uma personalidade forte mas grande respeito de muitos dos que sempre lembram dele. Ele anda pelas ruas todo machucado, sujo, isso não parece importa aos olhos imperceptíveis do seu mundo ao redor. Vira um paralelo profundo de como se sente por dentro, a amargura que transborda. Faz o possível para que a página atual de sua vida seja virada mesmo que isso lhe traga a volta de lembranças adormecidas de um passado que de alguma forma ainda lhe traz muita tristeza.


Essas dores da perda, o emblemático instante do inesquecível chegam de encontro quando quase que poeticamente usa sua carta na manga, a arte de cozinhar, a questão do sentimento trazida à mesa. Um fechamento de um ciclo, uma jornada, de autodescoberta sobre os caminhos que ainda pode conhecer ou simplesmente deitar na sua cama aguardando tudo passar? Mas será que passa? Qual o próximo passo? Ele existe? Pig é um dos grandes filmes de 2021. Imperdível!

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Crítica do filme: 'O Mundo Segundo Garp'



O que aprendemos com a vida é o suficiente para nos tornarmos pessoas felizes? No início da década de 80, chegava aos cinemas de todo o mundo, dirigido por George Roy Hill e baseado na obra The World According to Garp de John Irving, O Mundo Segundo Garp. O longa-metragem de um pouco mais de duas horas de projeção nos conta a saga de homem que descobre o início da vida através dos olhos e atitudes da mãe, uma corajosa mulher, bem à frente do seu tempo, que o criou sem um pai, por opção. Atemporal, fala também sobre a sexualidade, dificuldades de um casamento, sobre o preconceito, sobre a força do feminismo. Um maravilhoso trabalho. Inesquecível.  Talvez, o melhor filme da carreira do grande Robin Williams e um dos melhores da carreira de Glenn Close.


Na trama, conhecemos Jenny Fields (Glenn Close) uma enfermeira que resolve ter um filho sem se casar, nem ter compromissos com o pai da criança. Seu filho, se chama Garp (Robin Williams, na fase adulta), um observador, romântico, que adora praticar Wrestling, e que vive sua rotina em meia a estudos para se tornar um escritor e criando histórias que aparecem de alguma forma em sua frente. Ao longo de sua vida, aprende muitas coisas e assim acompanhamos suas tristezas, alegrias, amores e reflexões sobre uma vida intensa e repleta de história para contar.


O filme tem vários pontos interessantes que geram pensamentos além da tela, alguns inclusive se tornando atemporais. Fala sobre o luto, sobre os altos e baixos de uma relação, sobre causas feministas na ótima figura e bastante representativa de Jenny, que no filme, inclusive, escreve um livro de sucesso a partir de experiências que viveu e sobre o que pensa sobre a vida. Esse papel de Glenn Close (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar) é complexo, emociona e gera pontos reflexivos a todo instante. Desde encarar, em certa etapa da vida, a síndrome do ninho vazio, até mesmo a gigante proteção que tinha com seu filho, chegando na questão da sexualidade e no ajudar outras mulheres e suas lutas.


Há um conflito bom para análise que é o duelo da maturidade vs a inconsequência. Buscando viver a própria vida, errar, levantar e aprender, Garp percebe que a perfeição não existe que no mundo há tristezas que chegarão mas também alegrias que devem ser vividas de maneira intensa. É uma baita atuação de Robin Williams! Outro que está muito bem é o excelente John Lithgow, sua personagem, a transexual Roberta Muldoon, preenche a tela com carisma e importantes pensamentos sobre solidariedade, amor e carinho ao próximo. A amizade de Garp e Roberta é linda de se ver.


O Mundo Segundo Garp não está disponível em nenhuma plataforma de streaming (pelo menos quando esse texto foi escrito) mas esperamos que algum chegue em alguma delas. Merece. É um filme maravilhoso com atuações emocionantes.

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