02/08/2015

Crítica do filme: 'Longe Deste Insensato Mundo'

O coração da mulher, como muitos instrumentos depende de quem o toca. Um dos criadores do famoso movimento cinematográfico dinamarquês Dogma 95, Thomas Vinterberg, volta às telonas dessa vez em uma história de época, baseada na obra de Thomas Hardy. Longe Deste Insensato Mundo é uma acanhada trama sobre uma mulher e suas fortes decisões tanto para sobreviver, quanto para o amor. No roteiro adaptado assinado por David Nicholls (Um Dia) há um contexto amplo na parte introdutória que deixa a trama um pouco difícil de se tornar atraente por mais que a protagonista, interpretada pela sempre ótima Carey Mulligan, tenha muitas qualidades ao longo das quase duas horas de projeção.

Em uma época onde não existia o Tinder, conhecemos a indecisa e corajosa Bathsheba Everdene (Carey Mulligan), uma jovem que após o destino a premiar com a herança total de um tio bem de vida, se vê em dúvida entre o amor, a paixão, o desejo, e suas convicções, por três homens completamente distintos. Ao longo das semanas, vários acontecimentos vão se moldando a partir das escolhas, muitas delas equivocadas, da personagem principal. Às vezes profunda, as vezes rasa, a história é premiada apenas pela força da protagonista.

A trama, que já teve um projeto anterior em 1967, com Julie Christie no papel principal, vai se moldando de forma lenta, sempre guiado por uma forte e preponderante trilha sonora, assinada pelo escocês Craig Armstrong (O Grande Gatsby). Carey Mulligan interpreta uma mulher a frente de seu tempo que luta diariamente pela liberdade de suas ações. Mais uma interpretação poderosa dessa baita atriz britânica. Uma das cenas mais bonitas do filme, Milligan usa e abusa de sua habilidade no canto, exatamente como fez em Shame.


Longe Deste Insensato Mundo é o tipo de filme que a crítica gosta mas o espectador nem tanto. Quem curte filmes de época, esse pode ser um prato cheio com tudo que tem direito, além da belíssima fotografia, direção de arte e figurino.  Mas infelizmente fica bem abaixo de um filme que o grande Vinterberg pode realizar.
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Crítica do filme: 'Virando a Página'

Depois de dois anos afastado do mundo mágico do cinema, o famoso ator britânico Hugh Grant volta às telonas da melhor maneira possível interpretando um papel bem a sua cara que vai tirar diversas risadas do público. Dirigido pelo cineasta nova-iorquino Marc Lawrence (do ótimo Letra e Música e do péssimo Cadê os Morgan?), Virando a Página é uma comédia bem água com açúcar mas que cresce bastante com o entrosamento e a força cênica que o elenco possui. Os ótimos J.K Simmons (atual vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo espetacular Whiplash) e a sempre bela Marisa Tomei são coadjuvantes de luxo nesse bom trabalho.

Na trama, acompanhamos a trajetória do roteirista, vencedor do Oscar, Keith Michaels (Hugh Grant), um trabalhador do mundo do cinema que após um grande sucesso, sua carreira nunca mais foi a mesma e ele foi esquecido por estúdios em toda Hollywood. Sem dinheiro nem para pagar a conta de luz de sua casa, resolve aceitar uma oferta inusitada: dar aula de roteiros em uma faculdade no interior dos Estados Unidos. Chegando na desconhecida cidadezinha começa a tentar reconstruir sua vida. Para isso, ele vai contar com a ajuda da Holly Carpenter (Marisa Tomei) um estudante do curso de roteiro.

O mérito deste projeto, a princípio, é do roteiro, que consegue demonstrar uma inteligente forma de apresentação da situação principal e dos personagens, sempre com uma leveza que gera de cara uma empatia do público. A direção de Lawrence é bastante competente e obviamente abriu em muitas cenas, a opção do improviso que é uma das boas características do seu protagonista britânico.


Hugh Grant é conhecido pelas comédias que levemente tocam em dramas existenciais ou algo muito profundo. Tem gente que acha que o Sr.Grant interpreta sempre o mesmo papel nos filmes, mas Hugh, principalmente nesse trabalho, mostra que é um ator maduro e consegue adentrar ao drama sem esquecer de sua veia cômica. Virando a Página nada mais é que um grupo de pessoas que estão virando a página de suas vidas, a situação não se limita ao protagonista, e isso é bem legal, dá um certo ritmo à história. 
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Crítica do filme: 'Ted 2'

Novamente dirigido pelo ator, comediante e cineasta Seth MacFarlane, Ted 2 volta a apresentar a mesma proposta de um humor um tanto quanto ofensivo e sem muito bom senso. Estrelado pelo famoso ator Mark Wahlberg (que teve em Os Infiltrados seu auge) e com um característico ritmo ‘sem noção’ de acontecimentos, o longa-metragem deve conseguir uma boa bilheteria mundo a fora, repetindo o sucesso do primeiro filme. Mas, é um filme bom? Isso, Ted 2 passa longe de ser classificado.

Na trama, voltamos a conhecer as histórias do ursinho de pelúcia Ted (Seth MacFarlane) que emplacou um namoro com sua amiga de trabalho Tami (Jessica Barth) e o próximo passo desse quase extraterrestre bichinho de pelúcia é ter um filho. Assim, em uma série de situações para lá de constrangedoras, Ted e sua namorada querem ter o direito a realizar o procedimento de inseminação artificial, e para tal, precisarão provar na justiça que Ted é um ser humano.  Seu eterno e fiel escudeiro amigo John (Mark Wahlberg) o ajudará em todo esse processo.

As situações que se mete Ted nessa sequência são para lá de absurdas. É muito difícil entender a lógica de uma história que tem como protagonista um bichinho de pelúcia falante e maconheiro que busca viver normalmente como um ser humano. São os cúmulos dos absurdos jogados em linhas belicosas do roteiro que deixam o público meio sem reação para tanta bobagem em cena. Ted 2 passa longe de ser um filme para pensar ou mesmo de ser um filme que serve para se divertir. Há um exagero em quase todas as linhas do roteiro.


Com um orçamento na casa dos 80 milhões de dólares, o blockbuster estreia em 27 de agosto aqui no Brasil, quase dois meses após o lançamento do filme nos Estados Unidos. Será que o filme conseguirá repetir o sucesso do primeiro filme (que foi a nona maior bilheteria no ano de 2012)? Será que o público vai conseguir suportar as piadinhas e o ambiente totalmente sem noção que Seth MacFarlane criou nessa história? 
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Crítica do filme: 'Capital Humano'

Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição. Baseado na obra de Stephen Amidon, o surpreendente longa-metragem italiano dirigido pelo cineasta Paolo Virzì, Capital Humano, possui atuações acima da média, uma direção muito instigante que destaca a força cênica do ótimo elenco além de um roteiro muito inteligente que deixam o espectador com os olhos vidrados na telona. Dividido em capítulos, onde conhecemos versões diferentes de uma situação trágica em um certo período de tempo, o filme é um drama que de repente vira um suspense eletrizante.

Na trama, somos apresentados a um acidente numa estrada logo nos primeiros minutos iniciais e aos poucos vamos conhecendo personagens que de alguma forma, uns mais outros menos, estão diretamente envolvidos com o ocorrido. Dino Ossola (Fabrizio Bentivoglio) é um agente imobiliário que quer se dar bem na vida de alguma forma e resolve juntar seu único dinheiro em um fundo que parecia rentável, não se dá nada bem e tenta contornar a situação. Serena Ossola (Matilde Gioli) é uma jovem inteligente que namorava Massi Bernaschi (Guglielmo Pinelli) e acaba se apaixonando por Luca (Giovanni Anzaldo). Carla Bernaschi (interpretada pela belíssima Valeria Bruni Tedeschi) é uma mulher que vive as custas do marido milionário Giovani Bernaschi (Fabrizio Gifuni) e sonha em poder voltar a estar perto do que gostava no passado, o teatro.  

O roteiro é muito bom. Brinca de deliciar o espectador sempre com ótimas surpresas e ainda é bastante respeitado pelas ótimas captações do diretor. Todos os personagens são bem apresentados e caracterizados. Conhecemos a personalidade de cada um dos em cena de maneira objetiva e recheados de detalhes que ajudam o espectador a dominar as razões e os impulsos de alguns perante ao acidente em que a trama gira.

O paralelismo entre cotações, bolsa de valores, e as relações humanas é uma análise provocativa e com muito fundamento. O personagem que melhor representa esse jogo de valores é Dino, um atrapalhado e metido a malandro que trabalha no ramo imobiliário. O filme não deixa de ser uma crítica aos instintos dos seres humanos quando o assunto é a ambição.


Estimado em cerca de 6 milhões de euros, ótimos artistas, uma direção exemplar, um roteiro criativo e com uma trilha sonora bastante requintada (uma das faixas assinada por Antonio Vivaldi), Capital Humano estreia no Brasil em breve e deve agradar ao público.
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26/07/2015

Crítica do filme: 'Manglehorn'

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. Depois do ótimo Joe, melhor filme protagonizado por Nicolas Cage nos últimos dez anos, o jovem cineasta norte-americano David Gordon Green volta as telonas dessa vez para dirigir uma lenda do cinema, Al Pacino. Manglehorn é um filme que caminha lentamente rumo ao fundo do poço de uma alma em martírio por atitudes não tomadas em seu passado. O projeto beira ao inusitado, com algumas cenas estranhas e um protagonista que não consegue se desenvolver ao longo dos 97 minutos de projeção. O filme concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza 2014, além de ser exibido nos festivais de Toronto e do Rio em 2014.

Na trama, conhecemos o chaveiro Manglehorn (Al Pacino), um homem que vive em meio a tristeza de seu cotidiano tedioso. Seu relacionamento com o filho é quase inexistente, não consegue mais entender os sentidos das coisas, vive dentro de uma depressão profunda e desabafa para si mesmo os erros do passado. A única parte do dia que lhe dá algum tipo de satisfação é quando chega em casa e interage com seu gato de estimação. Assim, ao longo da trama, vamos acompanhando o cotidiano do personagem principal, esperando por alguma surpresa que possa transformar essa história.

Manglehorn é um filme muito difícil de se conectar. O uso de metáforas em forma de situações peculiares deixa o espectador confuso. O personagem principal tenta ser empático a todo instante, muito pela delicadeza de Pacino em sua interpretação. Porém, o roteiro, às vezes detalhista demais, às vezes com falhas, tornam a história quase insuportável. Os personagens coadjuvantes, que geralmente ajudam a contar uma história densa como essa, não conseguem provocar no espectador qualquer tipo de interessante.


Sem previsão para estrear no Brasil ainda, provavelmente deve chegar ao circuito neste ano ainda, esse novo trabalho de Al Pacino é bem abaixo dos últimos filmes deste espetacular ator (O Último Ato e Não Olhe para Trás). Este projeto prova que não adianta ter em seu elenco atores acima da média se a sua história não é bem construída para ser exibida na telona. 
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22/07/2015

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Crítica do filme: 'Pixels'

Será que a vida é um grande jogo de videogame? Voltando a décadas passadas, pura nostalgia para grande parte do público, chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 23.07, a nova aposta do humorista Adam Sandler, Pixels. Estimado em mais de 110 milhões de dólares e dirigido pelo experiente cineasta norte-americano Chris Columbus (Esqueceram de Mim), o longa-metragem é uma grande decepção do início ao fim. Personagens sem carisma, embalados ou não pelas piadas americanizadas de Sandler, um roteiro repleto de falhas, uma direção que beira somente ao razoável transforma Pixels em uma grande e intensa experiência sonolenta.

Na trama, conhecemos logo no início e ainda crianças, os nerds Brenner (Adam Sandler) e Cooper (Kevin James), o primeiro é um grande campeão dos jogos estilo arcade e o segundo seu fiel escudeiro. Os anos passam e Brenner se tornou um homem desiludido que trabalha em uma empresa de montagem de equipamento, já Cooper se tornou o todo poderoso presidente dos Estados Unidos. Durante uma invasão inusitada à Terra, Cooper precisará de todo o conhecimento de Brenner para combater um mal nunca antes visto.

Uma característica inusitada deste blockbuster é que principalmente em seu início, o filme já veste a camisa do impossível. Partindo desta ideia o roteiro deveria pelo menos mostrar uma certa direção para a história, coisa que não acontece. O filme tenta se sustentar em diálogos repleto de improvisos, atuações bem abaixo da média, até mesmo do ótimo Peter Dinklage (Game of Thrones). Brian Cox, outro baita ator parece uma marionetes dentro de um projeto que deixa muito a desejar. Fora as atuações, a direção parece em alguns momentos meio equivocada exagerando no uso da tecnologia e esquecendo da origem da história. Tudo é muito confuso neste projeto.


Não adianta colocar o Pacman, disparado o melhor 'ator' do filme, e tentar fazer menções a clássicos do videogame das antigas se não há o mínimo de evolução na trama. É um tipo de entretenimento que até mesmo os amantes nerds podem não gostar do resultado final.
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Crítica do filme: 'Um Reencontro'

Encontrar você ou nunca mais ver você. Falando sobre o amor quântico e todas as possibilidades que podem haver em uma atração amorosa, a diretora francesa Lisa Azuelos utiliza de uma trilha sonora contemporânea para contar um quase poema sobre o amor. Uma das qualidades do filme é que a apresentação dos personagens é direita, simples e objetiva. Um Reencontro fala sobre a essência do amor, com uma visão e interpretação sobre o sentimento puro que vem espontaneamente quando um outro alguém desperta o diferente em você. O projeto deve incomodar a alguns, muito pelo fato dos eternos clichês do gênero que realmente são incorporados na trama mas de nada atrapalham a emoção que nasce das escolhas dos personagens.

Na trama, somos rapidamente apresentados ao advogado criminalista Pierre (François Cluzet) e a sensual escritora Elsa (Sophie Marceau). Os dois pombinhos se conhecem em uma festa e logo de início cativam a atenção mútua. O problema é que Pierre é casado e Elsa não gosta de senvolver com que já tem uma dona. Assim, entre idas e vindas que o destino sempre reserva, tanto nos filmes como na nossa própria realidade, os dois precisarão ter forças para combater esse forte e crescente sentimento.

Cluze e Marceau formam um dupla harmônica que navegam no rio da atração, deixando o espectador se identificar com a história que é contada com uma verdade escancarada (as vezes cutuca os clichês dos filmes românticos) sobre as nuncias e consequências da relação criada. Marceau usa e abusa de sua sensualidade. A simpatia e o astral de sua personagem, deixam o público grudados na telona.


Somos desafiados a encontrar as peças de um quebra-cabeça de acordo com o que pensamos ou sentimos sobre o amor. A diretora Lisa Azuelos, que também faz uma ponta no filme, coloca em prática um exercício arriscado mas sempre deixando claro o seu ponto de vista sobre as possibilidades dessa história de amor. Sem dúvidas, Um Reencontro é um filme para almas sensíveis que adoram o livre arbítrio do sonhar.
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19/07/2015

Crítica do filme: 'Que Mal Fiz a Deus?'

O segredo da felicidade é escolher a comédia e largar o drama. Dirigido pelo desconhecido francês Philippe de Chauveron, chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 06 de agosto uma das mais engraçadas comédias francesas dos últimos anos, Que Mal Fiz a Deus? Contando com uma atuação para lá de inspirada do veterano ator Christian Clavier, o filme se sustenta nas irritações hilárias do personagem principal que entra em total desespero quando sabe dos pretendentes das suas quatro filhas.

Na trama, conhecemos o tradicional Claude Verneuil (Christian Clavier), um homem com uma vida boa que vive seu final de vida ao lado da esposa com quem tem quatro filhas. A pacata vida deste orgulhoso cidadão francês é completamente abalada quando é apresentado aos pretendentes de suas filhas, cada um dos noivos tem uma religião diferente e o tradicional Claude entra em total loucura quando sabe desta informação. Sua esperança era a última filha que vai casar mas surpresas o aguardam.

O roteiro é simples, nada que não tenhamos já visto em outros filmes europeus, mas a qualidade na direção e atuações fazem a diferença para tornar esta fita diferente. Faz leves críticas a assuntos muitas vezes tratados com demasiado drama, isso é a forma inteligente do filme mostrar que o bom senso existe. A mensagem é passada e todos saem satisfeitos com o resultado. É o tipo de filme que o público ama mas os críticos as vezes não gostam, principalmente quando pensamos sobre os clichês que acabam sendo cerejas nesse bolo cinematográfico francês.


Que Mal Fiz a Deus? É um dos filmes que você vai rir do início ao fim. O roteiro apresenta suas imperfeições principalmente nos arcos finais mas nada que atrapalhe tamanha simpatia dos atores em cena. É, sem dúvidas, uma das melhores comédias francesas dos últimos anos. O público, que já pode conferir o longa-metragem no último Festival Varilux de Cinema Francês, saiu das salas de cinema com o ânimo lá em cima. Vai ser um sucesso no circuito comercial brasileiro. Não percam!
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12/07/2015

Crítica do filme: 'Uma Nova Amiga'

O desejo é uma árvore com folhas. Já a esperança, uma árvore com flores. Já o prazer, árvore com frutos. Depois de inúmeros trabalhos marcantes, o excelente cineasta francês François Ozon volta ao cinema depois de um hiato de um ano para contar uma insólita história que mais uma vez, como em outros trabalhos dele, escancara para o público a intimidade dos personagens. Nesse belo drama de pouco mais de 100 minutos, um dos grandes pontos altos, o ator francês Romain Duris, dá um verdadeiro show em cena. Vale o ingresso.

Na trama, acompanhamos a trajetória sofrida de Claire (Anaïs Demoustier), uma mulher de meia idade que não se desgrudava da amiga Laura (Isild Le Besco). Ambas cresceram juntas e ao longo do tempo desenvolveram uma amizade muito forte. Tudo ia bem até Laura falecer precocemente. Claire, fica muito abalada e sem saber direito como seguir em frente sem a amiga. Até que um certo dia, em uma visita a casa da amiga, ela é surpreendida com a descoberta de um segredo de David (Romain Duris), marido de Claire.

Uma Nova Amiga é um filme muito difícil de escrever sem soltar algum spoiler importante. Pensando sempre no inusitado e colocando os olhos do público no buraco da fechadura, François Ozon é um mestre em decifrar as intimidades alheias. Nesse filme, como em outros, os personagens parecem que são lapidados para mostrar as verdades que acontecem entre quatro paredes. David, é fascinante do primeiro ao último minuto em cena, talvez pela forma impactante como esse nos é apresentado, talvez pela força cênica que possui Romain Duris, seu intérprete.

O desejo também é pauta importante para analisarmos esse trabalho. Longe de ser ofensivo para tratar do tema, o diretor busca de maneira inteligente alinhar o psicológico pós-trauma com sentimentos presos que despertam após determinadas situações. Claire é o exemplo disso, em todos os arcos ela que acaba ditando o ritmo da história e uma série de conflitos emocionais vão brotando em suas ações deixando-a sem saber entender direito os impulsos que seu corpo provoca.


Uma Nova Amiga é, antes de tudo, um filme muito honesto com o público. O fator originalidade também ganha força deixando essa história com um certo ar de suspense, principalmente em seu arco final. Com ótimas atuações e uma direção genial, não tem como vocês perderem né?
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11/07/2015

Crítica do filme: 'Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível '

O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência. Depois de dirigir o último filme da franquia Missão Impossível (Missão: Impossível - Protocolo Fantasma) o ótimo cineasta norte-americano Brad Bird embarca em um projeto arrojado que fala sobre as mil maravilhas, ou não, de um futuro com o uso de recursos de maneira mais inteligente do que fazemos em nossos tempos. Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível é protagonizado pelo astro George Clooney e pela novata que vai cada dia mais conseguindo fixar seu nome em grandes produções hollywoodianas, Britt Robertson.

Na trama, acompanhamos as aventuras da jovem Casey Newton (Britt Robertson),  uma adolescente com enorme curiosidade pela ciência que vive com o pai em uma cidade norte-americana. Certo dia, encontra personagens inusitados e consegue descobrir uma maneira de se transportar quase que automaticamente para uma realidade paralela, criada pelo cientista Frank Walker (George Clooney), um frustrado homem que agora vê uma chance de redesenhar seu futuro.

Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível é o tipo de filme que todo mundo quer assistir mas quando termina de ver, acaba gerando uma certa frustração com o roteiro apresentado (principalmente). O filme tem bons momentos, como as partes de desenvolvimento da protagonista no arco inicial, algumas cenas divertidas de ação e aventura mas alterna com péssimos momentos recheadas de historinhas bobinhas bobinhas, diálogos sonolentos e coadjuvantes que não conseguem entrar no ritmo da já fraca história.


Se você for pensar pelo lado da sustentabilidade e todas as menções que o longa-metragem deixa ao longo dos 130 minutos, sua experiência ao assistir ao filme pode até se tornar positiva. Se você se fixar a essência da trama, personagens e pensar do gigante potencial que o filme praticamente joga fora, sua experiência poderá ser bem sonolenta.
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