28/09/2015

Crítica do filme: 'Beira-Mar'

A vida é a soma das suas escolhas. Dirigido pela dupla Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, uma das produções mais aguardadas do cinema brasileiro este ano é o tipo de filme que se você assistir antes de ler a sinopse, fica com sérias dificuldades de entender sobre o que é a história. Aquele famoso lema cinéfilo que você precisa se convencer da história nos primeiros 15 minutos, nesse filme ocorre diferente. Beira-Mar é uma história sobre amizade, revelações e escolhas. Muito bem dirigido, possui diálogos abertos, diretos, honestos, mas que acabam não sendo tão objetivos por conta dos dois primeiros atos, mesmo que nesse caminho chegue a um brilhante terceiro ato.

Na trama, acompanhamos o jovem Martin (Mateus Almada) que faz uma viagem ao litoral do Rio Grande do Sul para visitar parentes que não conhecia e leva com ele o seu melhor amigo Tomaz (Maurício José Barcellos). Após resolverem questões relacionadas a família do primeiro, os dois personagens isolam-se em uma linda e bela casa na beira da praia.

Beira-Mar é um pequeno retrato da juventude, seus prazeres, suas escolhas. Nada além do que já não foi dito, ou explorado em outras produções. O filme possui boas atuações com grande dedicação e descoberta dos personagens, principalmente por sua dupla de protagonistas. Mas a história parece que congela na mesmice e sem conseguir encontrar o ritmo de interação certeiro com o espectador.


Quando nossa ótica se prende às questões das descobertas e finalmente entendemos melhor os personagens, o longa-metragem selecionado para o prestigiado Festival de Berlim cresce muito na tela. No ato final, como já mencionado na introdução, o filme parece que se encontra, seus últimos minutos são dedicados delicadamente a um grande conflito de emoções que transbordam na telona. Pena que esse belo clímax chegue muito tarde no sempre velho mas valioso objetivo em segurar a atenção do público.
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19/09/2015

Crítica do filme: 'Ruth & Alex' (5 Flights Up)

Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira. Dirigido pelo cineasta britânico Richard Loncraine chega ao Brasil em novembro o novo trabalho dos veteranos Morgan Freeman e Diane Keaton, Ruth & Alex. O roteiro, assinado por Charlie Peters (Três Solteirões e uma Pequena Dama), baseado em uma obra de Jill Ciment, é uma delícia, se desenvolve em sua essência a partir dos diálogos maravilhosos que levam a uma rápida empatia do público. Com ligeira lembrança com o clássico argentino Elsa e Fred, alem de alguns outros bons filmes que falam sobre os encontros e desencontros da maneira madura do pensar, Ruth & Alex tem tudo para conquistar milhares de fãs.

Na trama, conhecemos o artista Alex (Morgan Freeman), casado há cerca de 40 anos com Ruth (Diane Keaton) e que moram no mesmo edifício, sem elevadores, durante todo esse tempo.  Assim, de uma hora para outra, resolvem vender o apartamento e descobrir novos horizontes para viveram a parte final de suas vidas. Ao longo do filme, vamos conhecendo melhor o passado desses simpáticos velhinhos, como se conheceram, importantes decisões que tiveram que tomar e assim vamos entendemos melhor toda a personalidade que rege esse casamento vitorioso e recheado de amor.

O clímax da trama tinha tudo para ser tedioso: mercado imobiliário, sem muitas saídas para tramas paralelas... é mais um menos parecido com um time de futebol que mudara totalmente seu esquema tático mas que confia na qualidade dos seus jogadores. É exatamente aí onde o filme ganha força, a qualidade em cena é absurdamente poderosa além de uma direção muito correta de Loncraine.  


O maior cuidado que qualquer pessoa que vá escrever sobre esse filme precisa tomar é evitar muitas comparações com filmes que a princípio parecem ser semelhantes em sua essência. Por mais que algumas semelhanças surjam, como fora lembrando no parágrafo introdutório deste humilde texto,  5 Flights Up, no original, possui personalidade própria, além de possuir uma bela e conjunta atuação de dois gigantes do cinema mundial. Há um exalar de simpatia, típico dos filmes que chegam mais rápido em nossos corações, em cada parte deste belo trabalho. 
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06/09/2015

Crítica do filme: 'A Festa de Despedida'

A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem. Dirigido pela dupla Tal Granit, Sharon Maymon, o longa-metragem israelense A Festa de Despedida vem conquistando um grande sucesso por todos os festivais em que passa. Talvez pela forma mais suave que apresenta um assunto discutível. O filme fala com delicadeza sobre um assunto bem polêmico, a eutanásia. Ao longo dos curtos 95 minutos de projeção vamos acompanhando situações, algumas um tanto quanto engraçadas, sobre um grupo de amigos que inventam um dispositivo para morte fácil.

Em um asilo de Jerusalém, existe um grupo de amigos que está cansado de ver o sofrimento alheio e resolve criar uma máquina de morte instantânea. Essa ideia, criticada por muitos, acaba se tornando um sucesso quando outras pessoas em situações delicadas procuram o grupo de amigos para usarem a máquina. Ao mesmo tempo, todos os personagens se encontram em um grande vendaval emocional, seja por questões ligadas ao coração, seja por escolhas difíceis que precisarão ser tomadas.

Mesmo falando sobre um dos temas mais polêmicos do planeta, o desenvolvimento da trama é bem objetivo, se torna leve por conta dos ótimos diálogos que navegam o roteiro (assinado também pela dupla de diretores) mas sem deixar de apresentar uma análise peculiar, porém, bastante profunda sobre o tema principal. Há uma certa harmonia entre todos os atos e os personagens são muito bem definidos, cada um com um objetivo dentro da trama.


O público vai rir, se emocionar e conectar-se rapidamente com a história. Tudo é muito trivial e bastante honesto quando diz respeito a apresentar argumentos pós e contra a eutanásia. A Festa de Despedida nada mais é do que mais uma maneira de discutirmos sobre as escolhas que podemos ter quando não temos mais escolha. Belo filme. 
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Crítica do filme: 'Papéis ao Vento' (Papeles en el Viento)

Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade. Baseado na obra homônima criado por Eduardo Sacheri, o longa-metragem argentino Papeles en el Viento, dirigido pelo cineasta Juan Taratuto, é um drama com pitadas milimetricamente cômicas tendo o futebol como fundo de fundo para os conflitos, conseqüências e ações dos personagens, esses últimos, cada um de sua forma, esbanjam categoria na sempre decisiva interação com o público. Há muita simpatia e empatia em cena, isso transborda no espectador que aos poucos vão se deliciando com essa curiosa história.

Na trama, conhecemos um grupo de amigos muito unidos que passam por um momento de tristeza quando um deles falece precocemente por conta de uma doença. A única herança que ele deixara para sua única filha foi o dinheiro investido em um passe de um jogador de futebol perna de pau. Para tentar recuperar o dinheiro em questão, os amigos farão de tudo para tornar o perna de pau em pelo menos um jogador negociável/rentável e assim conseguirem recuperar o dinheiro investido e dar uma boa vida para a filha do amigo.

O roteiro é muito interessante, possui seus atos muito bem definidos e consegue fisgar o espectador na maneira como é montado a história dos personagens, por meio de flashbacks da união dos amigos antes do falecimento de um deles. É como se o grupo que mantém a amizade há anos, fosse um ator só, tão bem definido é a importância da amizade nessa história. Todos os atores em cena possuem um belo entrosamento e os ótimos diálogos do roteiro, assinado também pelo diretor, dão uma leveza e simpatia ao drama que volta e meia chega a ser bem profundo.

A questão de fundo, o futebol, é bem encaixada durante o contexto de cada ato. Fora o óbvio amor pelos argentinos por esse esporte, também muito apreciado em nosso país, chegamos até a ver uma crítica sobre uma parte da indústria do futebol, exatamente nos bastidores, onde o dinheiro rola solto e os empresários mandam e desmandam o destino dos protagonistas (os jogadores) e como um comentário positivo sobre um jogador aquece as negociações instantaneamente.


Papeles en el Viento chegará ao Brasil em breve e promete ter uma boa carreira no circuito, não por ter uma história que fala também sobre futebol mas por ser cinematograficamente um belo trabalho. Sem dúvidas, mantém o selo argentino de qualidade, quando falamos de cinema, vivo. 
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Crítica do filme: 'Corrente do Mal'

Mesmo a obviedade deve ter um ar de suspense. Escrito e dirigido pelo cineasta David Robert Mitchell, Corrente do Mal, é um daqueles filmes que possuem uma premissa que chama muito a atenção, e, aliado ao delirante clima de suspense, a uma trilha sonora que não deixa de fazer uma homenagem a grandes clássicos do gênero terror, geram uma equação tecnicamente e criativamente bem construída mas que faltou uma pitadinha de ritmo para a receita ser perfeita. Mas, de qualquer forma, Corrente do Mal é um dos mais interessantes filmes de suspense/terror do ano, não tenham dúvidas.

Na trama, conhecemos a Jay (Maika Monroe), uma jovem que vive tranquilamente sua saída de adolescência e que adora dar um mergulho em sua piscina. Jay está saindo com um rapaz há algum tempo e se encontra em um momento de vida bem feliz. Certo dia, após uma intensa relação sexual dentro de um carro em um lugar isolado da cidade, o rapaz com quem Jay está saindo simplesmente pira e a faz desmaiar. Quando acorda, Jay está em uma cadeira e acaba percebendo que está sendo amaldiçoada por uma força sobrenatural que é transmissível pelo ato sexual.

Um dos grandes baratos do filme é a troca de posição da câmera em determinadas situações tensas da trama. Você se sente dentro da história a todo instante, um grande clima de tensão é conduzido brilhantemente pelo ótimo roteiro mas principalmente por como todo esse criativo filme é rodado. Com um orçamento bem baixo (comparado a outras produções do gênero), Corrente do Mal é muito mais psicológico do que tenso em sua realidade.

Outro fator que chama a atenção é o ritmo. Muito bem seguro sobre qual seria a proposta do filme, o roteiro meio que pausa o filme em determinados momentos, utilizando como ponto de gatilho uma trilha sonora instigante que parecem sair de alguns filmes de suspense/terror dos anos 80 que deixavam os espectadores arrepiados. Talvez, esse fator ligado ao ritmo, incomode um pouco, e alguns espectadores achem o filme sem dinamismo e assim se desinteressem rapidamente pela história.


Com um lançamento muito a quem do que podia, o circuito feito pela distribuidora não conseguiu que o filme chegasse em muitas salas de cinema, Corrente do Mal é uma grata surpresa quando o assunto é filme de terror/suspense. Muito interessante. 
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01/09/2015

Crítica do filme: 'Nocaute'

O drama é uma vida da qual se eliminaram os momentos aborrecidos. Depois de diversos trabalhos na telona, sempre (ou quase sempre) buscando reproduzir histórias dramáticas profundas que focam exatamente na escolha dos protagonistas em seus destinos, o cineasta norte-americano Antoine Fuqua volta ao tema, desta vez para reproduzir uma história que muito se parece com o drama de Clint Eastwood, Menina de Ouro, mas que ao longo dos 124 minutos não consegue ter luz própria. Nocaute é um filme interessante se formos analisar a mais uma ótima atuação de Jake Gyllenhaal mas se torna logo desinteressante por ter momentos de clímax pouco satisfatórios e acabar entrando no terreno perigoso dos clichês. 

Na trama, conhecemos o famoso boxeador Billy Hope (Jake Gyllenhaal) um homem que vive intensamente sua fama mas sem nunca esquecer de ser um devoto por sua linda família. Explosivo e sem muito instrução, certo dia se envolve em uma briga tola com um provável futuro adversário e nas consequências desse ato acaba perdendo sua empresária, amiga, batalhadora e esposa Maurren (Rachel McAdams) tragicamente. A partir disso, começa a ver sua carreira ir por ralo abaixo até que vai parar em uma modesta academia em um subúrbio norte-americano e começa a tentar reconquistar sua carreira, a guarda da filha e acender uma luz no fim do túnel que ele mesmo cavou. 

Nocaute é uma história sobre superação, muito parecida com outros filmes, um já até citado acima. O roteiro é bem honesto e a construção do personagem principal muito bem feita por Gyllenhaal. O andamento da história que vai se tornando sonolenta por sempre criar expectativas e acabar não superando as mesmas. É um avião que não pista de pouso não consegue decolar. O foco principal é mal distribuído, as subtramas foram pouco exploradas. Quando entra na história o personagem de Forest Whitaker, Tick Wills, o longa-metragem volta a ter uma direção mas logo nos minutos seguintes se perde. Pode ter havido interferência, a sensação é que houve uma mexida em algumas partes para tornar a história mais com cara de filme comercial, um erro que nós cinéfilos não perdoamos e que muitos produtores adoram executar.   

Outro fator que chama a atenção negativamente são as cenas de luta de boxe. Longe de sermos especialista nessa arte que Éder Jofre e Popó dominam mas ao longo dessas sequências de ação percebemos uma falta de sintonia. Não passa verdade essas cenas. Um Rocky Balboa teria feito muito mais em menos minutos. Se Stallone assistir a esse filme, acho que terá essa impressão também. Mais o campeão em incômodo desse filme é a velha, chata, e quem sabe algum dia obsoleta arte dos clichês. Não é preciso nem enumerar, são claros e evidentes durante toda a projeção. Poxa, porque não podemos tentar inovar, ser mais criativos? A história, Jake e sua atuação, o espectador, mereciam bem mais. 


Mesmo com uma atuação de gala do excelente ator que faz o protagonista (ele vai ganhar o Oscar e muitos outros prêmios ao longo da carreira), nesse Menina de Ouro com um protagonista masculino, faltou talvez um pouco da força cênica de ‘Warriors’ (um filme que absurdamente nunca foi lançado nos cinemas brasileiros) e um pouco do tom dramático bem executado que encontramos perfeitamente em Hurricane.  
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30/08/2015

Crítica do filme: 'Entourage: Fama e Amizade '



A consciência tranquila ri-se das mentiras da fama. Dirigido pelo norte-americano Doug Ellin, Entourage: Fama e Amizade nada mais é do que mais um episódio do seriado de sucesso homônimo que teve longos anos na televisão norte-americana. Sem nenhum tipo de introdução sobre as origens dos personagens, roteiro escrito como se fosse um capítulo especial de ‘season finale’,  o aguardado longa-metragem é praticamente uma homenagem aos milhares de fãs da série, somente isso. Quem nunca viu o projeto feito para a Tv pouco vai entender e pode até achar sonolentas e bobinhas as histórias de fama e confusões dos quatro personagens principais dessa história.

Na trama, que praticamente começa um tempo depois de onde se encerrou o seriado, voltamos a acompanhar as aventuras e confusões de Vinny (Adrian Grenier), um conhecido astro mundial de filmes e de seus três braço direitos: Eric (Kevin Connolly), Turtle (Jerry Ferrara) e o impagável Johnny Drama (Kevin Dillon). Ao lado também do cômico Ari Gold (melhor papel da vida de Jeremy Piven, sempre com atuações inspiradas nos episódios da série), o filme se monta em cima de uma nova virada na vida de Vinny que dessa vez resolveu estrelar e também dirigir um longa-metragem e para isso vai precisar de toda a ajuda de seu staff. 

O maior pecado desta produção, que teve um orçamento na casa dos 30 milhões de dólares, é não preencher as lacunas completas para qualquer pessoa que nunca ouviu falar de Vinny e companhia entender quem são os personagens. O roteiro vai direto ao ponto das farras, luxo, confusões e deixa de se tornar mais interessante, principalmente nas subtramas dos outros três personagens que compõe o grupo de personagens principais. O drama de Eric por exemplo é contado de maneira bem rasa, a historinha de amor entre Turtle e Ronda Rousey (sim, ela mesma) é extremamente forçada e acaba dando a entender que o filme pega carona no sucesso da campeã mundial do UFC. Mais forçado ainda somente o globo de ouro dado a Johnny Drama, um personagem que sempre dependeu dos outros para ter um certo brilho. 

Resumindo, e não prolongando, o projeto merecia mais. Num mundo de hoje onde os seriados tomaram conta de uma parte do tempo que antes era dedicado aos filmes pela população mundial, porque não fazer um bom filme baseado num seriado de sucesso? Somente homenagem aos fãs é muito pouco.
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Crítica do filme: 'Homem-Formiga'

Depois de dirigir inúmeras comédias, algumas boas outras ruins, o cineasta norte-americano Peyton Reed ganhou a chance de dirigir o filme de um super-herói nem um pouco badalado (você leitor pode até nem nunca ter ouvido falar dele) mas que poderia ganhar o carinho dos cinéfilos nerds mundo à fora por conta da simpatia. O resultado final é exatamente esse. Homem-Formiga é um filme que muita gente não esperava muita coisa, talvez só a mesma historinha chata de super-herói, mas o longa-metragem que tem Michael Douglas e o eclético Paul Rudd como protagonista surpreende positivamente com muito ritmo em suas cenas de ação e uma construção muito divertida de toda a história do personagem título.

Na trama, conhecemos o recém saído da prisão Scott Lang (Paul Rudd), um engenheiro elétrico perito em roubos específicos e elaborados. Tentando recompor sua vida, tenta a todo custo voltar a poder visitar sua única filha Cassie. Certo dia, já no desespero de poder conseguir uma vida melhor, Scott rouba um traje de super-herói em uma casa. Mal sabia ele que tudo fazia parte de um plano organizado por Dr. Hank Pym (Michael Douglas), um homem com um passado de super-herói que agora precisa treinar um novo pupilo.

O filme é recheado de bons momentos que explicam bem objetivamente cada personagem e os porquês de suas ações. A personalidade bem descolada e amável de Scott Lang, ajudam de cara o personagem a ter uma explosão de empatia na telona. Até as piadinhas sem graça funcionam como uma luva nos ótimos diálogos que o longa-metragem possui. Talvez, o único personagem que não tenha sido bem definido ou pelo menos não conseguimos entender por completo é o vilão Darren Cross, interpretado pelo ator Corey Stoll. Mas mesmo com um vilão fraco, o Homem-Formiga consegue se superar.


Para quem curte o universo Marvel, o filme deve agradar bastante. Para quem nunca ouviu falar no personagem título, também. Homem-Formiga é um daqueles bons filmes de super-heróis que resgatam um personagem até então desconhecido para quem não conhece os quadrinhos a fundo, para torná-lo um dos personagens mais carismáticos. Em breve, Homem-Formiga em mais filmes da Marvel. Que bom!
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29/08/2015

Crítica do filme: 'Rick and the Flash - De Volta para Casa'

Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente. Depois de mais de 50 trabalhos no mundo do cinema como diretor, o ótimo cineasta nova iorquino Jonathan Demme chega às telonas do cinema com seu novo projeto, Rick and the Flash , estrelado por nada mais nada menos que uma das melhores atrizes do planeta, Meryl Streep, e com um roteiro da sempre badalada Diablo Cody (Juno). Pena que só de nome não se faz um belo filme. Com poucos altos e muitos baixos, o filme navega na linha sentimental cafona ofuscando todo e qualquer brilho que os personagens possam ter. Resumindo, pegaram a história e a transformaram em uma pipoquinha sessão da tarde, com poucos momentos impactantes.

Na trama, conhecemos a roqueira e caixa de supermercados de produtos orgânicos Rick (Meryl Streep), uma mulher que abandonou o marido e os três filhos, anos atrás, para continuar sua busca inconseqüente de fazer sucesso com suas músicas. Vivendo uma vida bem simples e sem muitas pretensões, certo dia recebe uma ligação de seu ex-marido, Pete (Kevin Kline), dizendo que precisa dela, pois, a filha deles está muito abalada pelo recente e traumático término do casamento. Assim, sabendo que irá enfrentar todo o trauma de seu passado, Rick embarca em uma jornada que vai mudar para sempre, novamente, sua vida.

Em um filme que tem Meryl Streep, a melhor coisa sempre é a Meryl Streep. Parece que essa escrita novamente foi mantida. A grande atriz em questão faz de tudo para o filme funcionar mas acaba não conseguindo. O filme se torna apenas mediano como um todo. A decepção porém, é maior por conta da expectativa gerada por conta da qualidade de todos envolvidos no projeto. É difícil saber por onde começamos a lista de decepções que cercam essa trama, mas dois pontos são bem nítidos ao longo da projeção. Primeiro, a direção, que deixa muito a desejar, do premiado ganhador do Oscar Jonathan Demme. Segundo, o roteiro sonolento e com poucos momentos de brilho, escrito por uma roteirista que sempre gera expectativas positivas.

O filme estreia no próximo dia 03 de setembro aqui no Brasil, e, provavelmente, irá levar uma boa quantidade de pessoas aos cinemas por conta do elenco conhecido que tem. Mas, Rick and The Flash, já pode muito bem ser considerado com uma das grandes decepções do ano. Os cinéfilos mereciam um trabalho com mais força, estamos cansados de ‘blockbusters sessões da tarde’, queremos filmes de qualidade cada vez mais.



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22/08/2015

Crítica do filme: 'O Último Cine Drive-In'

O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente. Um dos grandes destaques do último festival de cinema de Gramado, O Último Cine Drive-In marca a estréia do diretor Iberê Carvalho na direção e com muita delicadeza faz uma bela homenagem ao mundo perdido dos 35 mm e dos Drive-in, praticamente extintos no Brasil e que antes faziam parte do circuito cinematográfico brasileiro. Com uma poderosa atuação do experiente Othon Bastos e com as ótimas interpretações de Fernanda Rocha , Breno Nina , o filme cria um entrosado clima para desfrute dos cinéfilos de plantão.

Na trama, conhecemos o jovem  Marlombrando (Breno Nina), um rapaz de menos da meia idade que se vê perdido em um caos emocional enorme com a ida da mãe a um hospital, os conflitos do passado que precisa enfrentar e as lembranças lindas de uma vida antiga mas que ainda o traz boas lembranças. Seu pai, Almeida (Othon Bastos) é dono de um quase abandonado Drive-in em Brasília e lá o futuro de todos será decidido a partir das escolhas que são muito mais do coração do que da razão.

Em meio a 35 mms, uma crítica (não muito profunda) a indústria cinematográfica e aos governantes que muitas vezes preferem construir prédios em vez de investir na cultura, o longa-metragem de 100 minutos é um drama carregado de emoção que possui um primeiro ato praticamente perfeito que deixam o espectador com os olhos grudados nos acontecimentos. A carga emocional embutida em cada conflito de cada personagem ajudam e muito a história de tornar interessante a todos.  O Último Cine Drive-In , de uma maneira geral, é, sem dúvidas, um dos trabalhos mais consistentes do nosso cinema nos últimos anos.


O único fator que pode causar algum ponto negativo com o filme, é que a trama arma todo seu conteúdo para um grande final, ou alguma surpreendente ideia que a história possa apresentar, porém, as conclusões que se chega ao final são bem pés no chão e nem de longe há um clímax impactante. Mas, como já mencionado, a delicadeza com que os personagens são interpretados gera uma empatia instantânea com o público, que deve gostar bastante desse belo trabalho nacional.   
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