29/09/2020

Crítica do filme: 'Take Me Somewhere Nice'


Quando a interpretação de um filme não consegue sair da cabeça de seu criador. Qual a entrelinha de uma laranja no topo de uma pilha de garrafinhas de água mineral? Escrito e dirigido pela estreante em longas-metragens, a cineasta bósnia Ena Sendijarević de apenas 33 anos, Take me Somewhere Nice, produção Holandesa/bósnia, Busca apresentar seus detalhes e sentidos em um ritmo deveras lento, pouco explicativo, que busca provocar pelas ações e inconsequências dos personagens algum rumo para esse sonolento roteiro. Um fato curioso: há uma busca constante por enquadramentos bastante peculiares.

Na trama, conhecemos uma jovem holandesa chamada Alma (Sara Luna Zoric), que se despede da mãe e viaja da Holanda para a Bósnia para encontrar seu pai que se encontra em um hospital. Chegando no novo país, é recebida pelo carrancudo primo Emir (Ernad Prnjavorac) e acaba conhecendo o melhor amigo dele, Denis (Lazar Dragojevic). Cheia de reviravoltas e com rumos para lá de loucos, vamos acompanhando essa verdadeira saga e as descobertas da protagonista em quanto busca seu sentido na vida.


Imaturidade, descobertas sobre situações da vida, rebeldia da incerteza, o projeto tem bons tópicos para ser analisado. A protagonista sem rumo nenhum, se mete em diversas situações que acabam camuflando suas emoções que só aparecem quando surge o sentido de inconsequência como lugar comum. A maneira como é transmitida esses temas para o espectador acaba afastando a atenção dos mesmos. Não que ser peculiar seja algo que não encaixe, o problema é que nesse filme o que fora pensado para ser mostrado acaba não conseguindo encontrar sentido a não ser na cabeça de quem o pensou. Uma louca viagem rumo ao quebra cabeça do sem sentido.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #109 - João Ricardo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é petropolitano; advogado; pai solteiro do Bernardo e da Manoela - razões da sua vida; amante do cinema e da literatura; que viaja menos do que gostaria;  vascaíno; velho; gente fina, elegante e sincero. É o criador do instagram Filmelista (https://www.instagram.com/filmelista/).

 


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Itaipava, pois a programação é diversificada. Passam filmes comerciais americanos e também produções europeias e asiáticas, mais cult.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que foi Tom e Jerry, que passava no domingo de manhã no então principal cinema da minha cidade. Eu tinha uns 5 anos!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Woody Allen - Crimes e Pecados.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil. Ah, porque mesmo sendo universal, só um brasileiro raiz consegue captar toda aquela atmosfera do Nordeste, ao som do Quinteto Armorial. E ainda tem a Fernanda Montenegro no melhor da sua forma. Imperdível.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter verdadeira adoração pelo cinema. Fazer analogias entre os filmes e a vida.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

 

Não!

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Partida - Filme japonês que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2008.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Claro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Virou uma sucursal dos programas ruins de humor da Globo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Filme Rocky III. Todos os garotos na frente da sala, de pé, torcendo pelo Rocky. Quando o Ivan Drago foi nocauteado, a sala explodiu de emoção. Todos batendo palmas e cantando, em uníssono embromation, Eyes of the Tiger.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Clássico do cinema trash brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Um Filme Sérvio.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra Marcado para Morrer - Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Várias vezes!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

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28/09/2020

Crítica do filme: 'De Volta à Itália'


Querer ser como o pai é também uma maneira de tentar se comunicar com ele. Paisagens lindas, Idílio romântico italiano, uma passagem linda com uma sessão de cinema a céu aberto no meio de uma praça linda, poucos personagens, um forte dilema e uma tentativa de acerto de contas entre pai e filho. Podemos detalhar muitas coisas de Made In Italy, Infelizmente, já no primeiro arco percebemos como os clichês tomarão conta do filme. A emoção da arte as vezes não consegue ser totalmente transmitida mas alguns conseguem interpretá-la. Na dupla de protagonistas temos Liam Neeson que estrela ao lado de seu filho na vida real Micheál Richardson. Debutando em longas-metragens, o agora cineasta mas também ator James D’Arcy assina a direção e também o roteiro do projeto.

Na trama, conhecemos Jack (Micheál Richardson), um jovem administrador de uma galeria de arte que vê sua vida mudar quando o local onde trabalha, que pertence à família da quase ex-esposa, vai ser vendido. Tentando ser um provável comprador, embarca em uma jornada de redescobertas com o pai, o pintor Robert (Liam Neeson) para venderem uma casa que pertencia a família da mãe de Jack, na Itália. Com tantas variáveis acontecendo ao mesmo tempo na vida do jovem administrador da galeria, ele precisa lidar principalmente em tentar se entender com seu pai novamente.


Um relacionamento complicado entre pai e filho, que ficou mais distante após a morte trágica da mãe. 15 anos de amargura e solidões distantes, eles viveram suas vidas mais separados do que deviam. Tendo esse ponto como plano de fundo, está sempre presente, o desenvolvimento dos personagens é lento e não apresenta muitos argumentos cativantes/carismáticos. A trilha sonora não convence com a superficialidade do entendimento da situação e embates entre pai x filho. Essa relação é mal explicada durante boa parte dos arcos, deixando para o desfecho elementos que poderiam ser apresentados pelo caminho para um conhecimento do público, criaria mais empatia. Há alguns diálogos interessantes, como dentro do restaurante italiano num debate sobre formas de encontrar um novo amor, um duelo estabelecido, curtinho, entre passado e presente, quando pensamos em argumentações e visões diferentes.


Dá a impressão, às vezes, que já vimos esse filme antes. Ou vários filmes parecidos que se juntam e viram um só. Infelizmente dá essa impressão.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #108 - Josivânia Santos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, pernambucana (de Limoeiro), estudante e autora de contos de terror. Josivânia Santos mostrou interesse pelo cinema desde muito cedo e uma grande influência foram seus tios. Adora tudo relacionado aos anos 80, acredita que foi uma época mágica. Assistindo a muitos filmes e séries, veio a vontade de escrever. Criou o @pipocaemusicaa (endereço do instagram) para poder compartilhar os seus gostos, opiniões e debater com outros cinéfilos, tudo o que há de bom na sétima arte! Segundo ela:  “O cinema é uma experiência única e que todos deveriam apreciá-lo cada vez mais!”

 


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Bom... Eu moro em cidade pequena, então aqui não temos cinema, para termos acesso à cinema, nos deslocamos para outras cidades vizinhas.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que foi X-Men: Primeira Classe (2011). Foi maravilhoso, uma experiência única e muito prazerosa, completamente diferente do que é ver o filme em casa.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Nossa! Tenho tantos! Mas os mais preferidos são John Carpenter e Quentin Tarantino, eles são maravilhosos! Meu filme preferido do Carpenter é Halloween: A Noite do Terror (1978) e do Tarantino é Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho vários! Acho o cinema nacional muito competente, mas entre todos O Auto da Compadecida (2000) pra mim sempre vai ser o melhor! O filme fez parte da minha infância, via várias vezes na escola, e é aquele tipo de filme que eu posso ter visto cem vezes, se estiver passando, eu vou ver de novo. Gosto dele também porque é ambientado no meu Nordeste, os personagens são muito marcantes, é um filme bem abrasileirado, e tudo isso contribui para que a obra seja um clássico do cinema nacional.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Uma pessoa que seja amante de cinema, sétima arte, cultura pop e afins... que saiba tirar maior proveito de todos os gêneros, passar a admirar todo esse universo maravilhoso com outros olhos... Aposto que todos nós temos um grande cinéfilo dentro de si.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acredito que grande maioria não! Algumas empresas estão preocupadas na questão do lucro, e deixam de fora produções que realmente valem a pena serem vistas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. Mas com os avanços das tecnologias, até os hábitos de ver um filme estão se tornando remotos, com várias plataformas de streamings, o cinema está decaindo um pouco em comparação há épocas atrás. Mas tomara que isso não venha a acontece, porque nada é comparado a gostosa sensação que é ver um filme no cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vi muitos filmes legais recentemente, o que vou indicar não é desconhecido, mas acredito que muitos ainda não viram que é O Farol (2019). Acho esse filme espetacular, Robert Eggers é um ótimo diretor, cara que eu sou muito fã também, Robert Pattinson está ganhando bastante destaque nos últimos anos e nesse filme ele está sensacional, uma das melhores atuações dele, e também temos o maravilhoso Willem Dafoe, o cara tá absurdo! O filme foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia, mas infelizmente não venceu... Contudo é um filmaço! Nota 10! Recomendo que todos vejam.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Para segurança e bem estar de todos, melhor não reabrir. Embora que algumas pessoas não respeitem a quarentena, mas cada um tem que fazer sua parte, e se isso fosse cumprido com êxito, tudo já haveria passado. Por mais que eu adore cinema, ainda não está na hora.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que o cinema brasileiro tem muito potencial, muito mesmo, mas acaba se remetendo a espelhar-se bastante em produções de Hollywood, sem criar um selo próprio, por isso que muitas vezes algumas produções não chamam atenção nem dos próprios brasileiros. Temos muitas obras boas, de verdade, Bacurau está aí pra provar isso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Ele é brasileiro, mas ultimamente está com muitos projetos em Hollywood, que é o Rodrigo Santoro. Acho ele um excelente ator, um orgulho para nosso país.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“Todos deveriam apreciar”.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando fui ver IT: Capítulo 2 (2019) no cinema, entrei com um copão de refri, e nem tinha ido ao banheiro antes de começar. Até aí tudo bem... quando passou uns 40 minutos, fiquei com vontade de ir ao banheiro, mas ao mesmo tempo não queria para não perder nenhuma parte do filme. Resumindo... o filme era quase três horas, saí da sessão quase fazendo xixi hahaha, corri direto para o banheiro, pra no fim o filme não ser tão bom, era pra eu ter ido ao banheiro mesmo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não tenha palavras que definam essa pérola do cinema nacional! Hahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

No meu ponto de vista sim! Mas dá sim para dirigir um filme por conhecimentos gerais sobre o tema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Como sou muito fã de terror, vejo muitos filmes do gênero e encontro muitas bombas por aí. Mas acho que o pior que já vi até agora foi Pânico na Floresta 6 (2014). Eita que filme horrível, péssimo com todas as letras, nada nele se salva! A franquia Pânico na Floresta já não é lá essas coisas, só o primeiro que é o melhor, as continuações foram ruins, mas esse abusou da ruindade! Passe longe!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Meu documentário preferido é Pronto-Socorro: Histórias de Emergência que acompanha os médicos e enfermeiros que trabalham no pronto-socorro e junto com eles presenciamos os mais bizarros e aleatórios casos que aparecem no hospital.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim! Costumo muito fazer isso, principalmente quando vi Bohemian Rhapsody, aplaudindo e chorando.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Quando criança eu adorava Motoqueiro Fantasma haha, mas o melhor filme com o Cage pra mim é o A Outra Face (1997), gostei bastante de vê-lo com o John Travolta.

 

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27/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #107 - Marden Machado




O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Curitiba. Jornalista desde o início da década de 80, Marden Machado é comentarista de cinema do programa Light News, da Transamérica Light FM, bem como das rádios CBN Curitiba e CBN Londrina. É um dos curadores do Cine Passeio, em Curitiba, e é autor de quatro livros Cinemarden - Um Guia (Possível) de Filmes, lançados pela Editora Arte e Letra. Comenta um filme por dia em seu site: www.cinemarden.com.br e tem um canal no YouTube: http://www.youtube.com/cinemarden.

 


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Passeio. E não é pelo fato de eu ser um dos curadores da programação. O Cine Passeio é um espaço totalmente voltado para o cinema oferecendo cursos, oficinas, masterclasses e sessões de formação de plateia.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi o Fabuloso Doutor Dolittle, a versão original de 1967. Este filme me fez acreditar que existia um outro mundo além da tela.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é Alfred Hitchcock e meu filme favorito dele é Um Corpo Que Cai.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e por quê?

Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho. Além do verdadeiro desafio que foi finalizar o filme, sua história é um retrato preciso do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É amar o cinema com todas as forças.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nem todas. Infelizmente, boa parte das salas segue a dinâmica dos lançamentos e não possui uma curadoria que pense a programação de maneira orgânica.

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. Acredito que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cafarnaum, da diretora libanesa Nadine Labaki.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Estou na torcida para que sim.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cada vez melhor.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

São tantos: Aly Muritiba, Anna Muylaert, Fernando Meirelles, Gabriel Mascaro, Jorge Furtado, Karim Aïnouz, Kleber Mendonça Filho, Marcelo Gomes, Petra Costa, Sandra Kogut.

 

12) Defina cinema com uma frase.

Cinema torna nossa vida suportável.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Numa sessão de O Som ao Redor, antes de o filme começar alguém estava tirando um som na sala. Era o músico Hermeto Pascoal.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Estrelando... Carla Perez.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Mas se for, ajuda bastante.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Highlander II – A Ressurreição.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra Marcado Para Morrer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Muitas vezes. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Meu filme favorito com Nicolas Cage é A Outra Face (Face Off), de John Woo.

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Crítica do filme: 'The Day After i’m Gone'


O que fazer quando se deparar com a idade da ingratidão? Existe mesmo essa questão? As desgraças da distância na comunicação entre pais e filhos é o tema central do longa-metragem de Israel The Day After i’m Gone. Selecionado para o Festival de Berlim em 2019, usa com eficácia as pausas reflexivas do protagonista para dizer muito sobre relacionamentos. Direto e reto, o filme desde seu primeiro arco se torna uma batalha difícil de um pai em busca de entender melhor sua filha. É uma desconstrução (e depois construção) bastante comovente. Belo trabalho do cineasta israelense Nimrod Eldar (debutante em longas-metragens), que dirige e assina o roteiro desse filme.

Na trama, conhecemos o cirurgião veterinário Yoram (Menashe Noy), um homem de meia idade, sério e comprometido com seu trabalho. Quando sua filha Roni (Zohar Meidan) tenta o suicídio, ele precisa buscar ajuda aonde pode para voltar a ter diálogos com ela. Tentando ouvir todos que giram ao seu redor, Yoram embarca em uma viagem de autoconhecimento, quebrando paradigmas existentes em suas geladas e magoadas emoções.


Nada melhor define (com direito a cena inicial e perto do desfecho) esse trabalho como uma investigação, sobe a tal da roda gigante das emoções. Diálogos profundos sobre a vida, emoções, mostrando um recorte na relação de pai x filha. Há uma grande busca pela interseção, algum ponto onde os dois se encontram para poderem desenvolver. É emocionante de uma maneira bem profunda e quieta a busca desse atormentado pai. Mesmo oscilando em um ritmo muito estático, quase dizendo ao espectador onde são seus momentos para reflexão, The Day After i’m Gone é um filme que todo o psicólogo e psiquiatra deveria assistir para até mesmo debater sobre esse importante tema. Um bom primeiro filme do debutante Nimrod Eldar.

 

 

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26/09/2020

Crítica do filme: 'I See You'




A solidão e os sentimentos. Eu sempre digo que curtas e médias metragens precisam ser rápidos no gatilho quando pensamos em atenção em prender o espectador. O curta-metragem japonês I See You, dirigido pelo trio de cineastas Ryo Sato, Ayana Tashiro e Masafumi Uemur, que utiliza técnicas de animação, acaba caindo nesse problema. Demora pra ganhar ritmo, com cortes muito secos, como se não conseguisse deixar o espectador processar o raciocínio sobre o que viu. Outro fator que incomoda é que há um uso não tão bem feito do conceito das cores para abordar o imaginável dentro da trama. Um fato positivo, é uma curta sequência onde vemos uma referência ao clássico Poltergeist.

Na trama, conhecemos uma faxineira que é enviada por um comprador até uma casa supostamente mal-assombrada para limpá-la já que a casa ficou um longo tempo sem ninguém morando nela. Mas logo nos primeiros dias, a protagonista percebe que há alguém de outro mundo por ali.


Um pontapé que fica óbvio ao assistir o filme é que a não é bem feita a construção da protagonista. Um oásis no meio do sonolento roteiro, onde há uma trilha sonora importante para a narrativa encontrada pelo trio de cineastas, é quando encontra a questão das memórias para entender o contexto, mas já é tarde demais, já perdeu a atenção de muitos espectadores. Fora que de assombração é mesmo somente a falta de criatividade, já que o projeto é muito mais um drama do que terror/suspense.

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Crítica do filme: '1996'


Reviver os misteriosos OVNIS de varginha. Selecionado para o ótimo festival Rock Horror Film Festival de 2020, o média/curta-metragem brasileiro, 1996, roteirizado e dirigido pelo cineasta mineiro Rodrigo Brandão é um filme que navega em um Found Footage bastante criativo para dar luz ao seu recorte aterrorizante sobre duas amigas que resolvem cortar caminho pela cidade de varginha e veem suas vidas tomarem rumos inesperados. Em 15 minutos, Brandão consegue prender a atenção do público dessa trajetória toda filmada, ótimo uso da linguagem.

Na rápida história, acompanhamos Bia (Léa Nogueira) e Luisa (Yuly Amaral), duas inseparáveis amigas da faculdade que resolvem ir se divertir longe da cidade delas. A bordo de um Volkswagen antigo com placa de São Lorenço, Luisa resolve filmar a viagem toda com uma câmera que acabara de ganhar de presente. Quando Bia resolve pegar um desvio para fugir do trânsito, acaba indo parar na cidade de varginha onde o pneu do carro onde elas estão fura. Depois de algumas horas sem ver uma alma, encontram um homem que as ajuda mas logo um enorme barulho de coisa caindo gera curiosidade e os três vão lá ver o que é.

O uso do Found Footage (que é uma técnica de filmagem encontrada no rentável filme A Bruxa de Blair e outros sucessos de bilheteria) é bastante acertada, o filme ganha um ritmo importante e prende o espectador. Sem muitos efeitos especiais, o uso da criatividade nessas horas é a melhor ferramenta, inclusive, muito bem utilizada nesse filme. O Brasil precisa produzir mais filmes de terror, temos talento de sobra.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #106 - Vitor Stefano


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Vitor Stefano é pai do Caetano e da Lorena. Eclético como os filmes de Kubrick, dramático como Almodóvar e confuso como Lynch. Um grande apaixonado por cinema criador do blog (https://sessoesdecinema.blogspot.com/) e Instagram Sessões de Cinema (https://www.instagram.com/sessoesdecinema/). Busca em seus textos e pensamentos cinéfilos uma análise crítica, ácida e filosófica sobre a 7ª arte, do contemporâneo ao clássico.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

As programações que mais gosto são as salas do Belas Artes e a programação do Itaú Cinemas. É onde consigo encontrar filmes do chamado circuito alternativo e numa região central da cidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A graça do cinema me faz relembrar o antigo Geraldão no bairro da Penha. Ele era daqueles cinemas gigantescos, em salas pomposas. Não consigo me recordar o primeiro, mas um dos primeiros foi Street Fighter com meus 9 anos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Vou responder Almodóvar por ele ter feito meu filme preferido, Fale com Ela.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Escolher um é covardia. Meu favorito talvez seja Cidade de Deus, mas vou citar o último que me marcou e pra mim é o melhor da última década: O Lobo Atrás da Porta. Tem todos os elementos que me deixam presos e imersos. Atuações brilhantes, uma história forte e marcante, conexão com a vida cotidiana, deixa pontas e dúvidas para buscarmos nosso julgamento pelos retratados. É um filmaço!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Não se furtar a ver tudo, sem filtros, sem limites e gostar disso, fazer disso um hobbie.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Os cinemas são negócios e eles conhecem de ganhar dinheiro. Acredito que mais do que entender o cinema é que o público entende de cinema. O cinema é uma arte e quando falamos das salas falamos de empregos, investimento e lucro.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que acabar não vão. Acredito que vão passar a ser em certo momento mais escassas principalmente pelo acesso fácil por streaming. Eles ocupam lugares gigantes em shoppings que tem aluguéis caros. Pensando como negócio não vejo em longo prazo como viáveis exceto para os grandes lançamentos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Seu público é cinéfilo e é difícil indicar algo assim, mas vou citar um dos primeiros filmes que vi no cinema e me fez abrir minha mente além do que via antes que foi O Escafandro e a Borboleta.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que não. Na verdade, entendo que somente as atividades essências deveriam abrir. Mas como tudo já abriu, entendo que possam abrir seguindo as regras de distanciamento.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é dos melhores do mundo. Sem dúvida alguma. Desde a retomada temos uma diversidade tão grande quanto o próprio Brasil. De Central do Brasil a A Vida Invisível há uma centena de filmes de qualidade genial entre documentários, das animações que vem crescendo, do cinema pernambucano, de roteiros engenhosos. Sou suspeito. Amo o cinema nacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sou fã de Caio Blat.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Duas horas pra entrar num outro mundo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ao final de A Pele que Habito um homem vestido como um eremita subiu na poltrona e gritou: isso é uma comédia e deu risadas macabras por um tempão. As pessoas ao redor de entreolhavam entre o riso e a vergonha alheia.

 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Pau que nasce torto, nunca se endireita...

 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que seja uma premissa. Há muita gente que é apenas profissional. Mas é difícil essa constatação pois faz parte do estudo e de crescimento ver muitos filmes, estudar, analisar.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Caraca... difícil escolher um. Vou citar o pior desse ano: 365 DNI.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Tem tanta coisa nesse gênero que amo. Vou ficar com Santiago do João Moreira Salles. É de um lirismo quase ficcional acompanhar a história desse personagem tão peculiar.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Só em pré estreias. Mas mentalmente eu bato sempre...

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Fico entre Adaptação e O Sol de Cada Manhã.

 

 

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Crítica do filme: 'Seremos Ouvidas'


O cinema tem esse poder de fazer por exemplo a comunidade surda se sentir orgulhosa e representada com uma obra que rompe fronteiras das mais diversas que podemos imaginar. Segundo filme da cineasta Larissa Nepomuceno, Seremos Ouvidas mostra um pequeno recorte do movimento feminista surdo. Informativo e interessante para todos os públicos, o estudo da diretora foi amplo e bastante certeiro, assistiu muito filmes sobre surdez ou pessoas surdas e não perde o quadro, com as mãos e os troncos sempre visíveis para as pessoas surdas quando assistirem poderem entender o filme por completo.

Ao longo do filme, de 15 minutos, conhecemos três corajosas mulheres surdas. Conhecemos Gabriela, 28 anos, feminista, negra, mãe de dois filhos, trabalha com palestra sobre violências contra a mulher. Após estar sofrendo e amparada pela família, resolveu pesquisar sobre o machismo através de sessões de terapia e passou a entender melhor o tema e resolveu ajudar a outras mulheres que vivem ou viveram o mesmo drama. Também conhecemos Celma, psicológica, que atendeu vários pacientes surdos que explica de maneira bem simples que é preciso mostrar o sofrimento para se identificar. Tem também Klicia, de João Pessoa, professora de literatura surda. Cordelista, faz poesias sobe cultura nordestina. Ela já foi assediada duas vezes, e numa dessas perguntou como que iriam acreditar nela já que não existem meios de comunicação que façam o atendimento de maneira clara e detalhada de denúncias para pessoas surdas. Quando uma mulher que não é surda liga para denunciar um abuso ela consegue se comunicar facilmente e procurar proteção. E as mulheres surdas? Como vão agir se passarem por abusos? Klicia sugere um aplicativo para ajudar as mulheres surdas nessas horas.


Passando pelo movimento feminista de surdas e a violência que muitas mulheres sofrem, outra forte questão levantada e uma das conclusões que chegamos quando assistimos aos relatos é a de que há muita pouco informação sobre a comunidade surda. Falta acessibilidade, palestras e bom senso. Um filme importante, curto, mas que levanta ótimos debates.

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