Uma das grandes surpresas do Festival de Cannes nesse ano, Take Shelter, é intrigante e deixa o espectador comprometido com os acontecimentos. Não sabemos se o que se sucede com o protagonista são fatos relevantes ou não, deixando sempre uma dúvida em torno das questões. Cada linha do roteiro, feito por Jeff Nichols (que também dirige o longa), é brilhantemente trabalhada e a execução é muito bem feita pelo elenco.
Na trama, um homem trabalhador vive com sua mulher e sua filhinha(que é surda) num pacata cidade americana. Em um certo momento passa a ser guiado por alucinações e fica a mercê da eminência de uma grande tempestade, gerando sérias conseqüências para ele e sua própria família.
Entre pesadelos e pensamentos assustadores a figura do pai, interpretado pelo ótimo Michael Shannon, consegue deixar o clima de suspense no ar. A busca de Curtis, seu personagem, para saber o que realmente está acontecendo com ele é o que, de fato, consegue atrair a atenção do público. Há uma certa negação por parte do mesmo em relação aos seus atos e a construção do abrigo, fora os atos inconseqüentes, vão levando-o para um limite físico e mental. O desespero e vontade de falar tudo que estava sentindo, fica claro, na cena do jantar na comunidade, que é a melhor cena do filme com uma baita atuação de Shannon.
Jessica Chastain (que vimos recentemente em ‘A Árvore da Vida’ como a mãe do Sean Pen)n, constrói Sam, sua personagem, de forma muito competente. As estranhas atitudes de seu marido na trama vão transformando sua personagem.
Aos poucos vamos nos perguntando: O que estamos vendo é um breve distúrbio psicótico? O que acontece com aquele bom homem pai de família?
O desfecho é emblemático e transforma essa fita numa das melhores produções do ano! Não deixem de conferir!