Você sabe quando a profundidade se encontra com a solidão? Em
“A Vida Secreta das Palavras” embarcamos
na plataforma das emoções, guiados por personagens ricos em ‘sofrer com a vida’
nos sentimos próximos a eles por conta de uma verdade absurda quando estão com
a palavra. A diretora e roteirista Isabel
Coixet consegue reunir pequenos elementos que transformam essa obra em uma
obrigação na estante de cada cinéfilo.
Na trama, conhecemos Hanna uma mulher muito contida, que se
expressa muito pouco. Empregada exemplar que tira férias de um mês, meio sem
saber o que fazer nesse tempo vago. Certo dia, ouvindo um papo de um
desconhecido ao telefone, se oferece para ser enfermeira de um homem que sofrera
um acidente a poucos dias. Levando nuggets, arroz e meia maçã (sua refeição
diária) mais a sua mania bem peculiar por sabonetes, Hanna embarca em uma
plataforma de petróleo, habitada somente por homens e desativada por conta de
um acidente. Lá cuida de Josef, um homem cego temporariamente e com a alma
presa em um passado de desilusões e dor. No começo, o diálogo não existe,
parece um clássico monólogo.
Aos poucos, com a armadura do sofrimento caindo
delicadamente, os diálogos começam a ter um poder, gerando um impacto dentro da
trama. Confissões de ambas as partes levam o longa a uma profundidade inacabável
de lembranças e sofrimentos. Um mundo de surpresas, dor e esperança começa a
brotar levando a um desfecho emblemático.
A grande sorte do roteiro escrito pela diretora é que os
atores chamados para o filme tem atuações maravilhosas, elevando o nível de toda
a história. A personagem principal, interpretada pela musa do drama Sarah Polley, parece viver em um mundo
particular a um alcance do botão de seu aparelho de surdez. Em meio a solidão
daqueles homens, Hanna começa a se sentir confortável, cada dia que passa vai
se abrindo pouco a pouco. O público
percebe logo de início que há muita profundidade com essa não expressão que
carrega. Tim Robbins interpreta Josef,
a face contrária, a alma gêmea da bela protagonista. Seu personagem é carregado
de mágoa, remorso que encontra em Hanna um porto seguro, uma pessoa pra quem
pode desabafar toda aquela aflição que guarda dentro do seu coração.
O público é exposto a uma emoção diferente a cada corte seco
de câmera. É o amor surgindo? É a fuga de sua monótona vida? O filme deixa
algumas lacunas soltas para todos nós interpretarmos. Não deixem de conferir
esse ótimo drama que comprova mais uma vez que a dor e o amor podem viver sim
lado a lado.