A ganância e o foco são duas vertentes distantes mas que se
aproximadas a incerteza é algo mais provável. Ouro, Gold no original, novo trabalho do bom diretor Stephen Gaghan
(do ótimo Syriana, que deu o Oscar
para George Clooney pela atuação) é baseado em fatos reais e mostra um
obstinado protagonista em busca de um objetivo complexo, uma nova reviravolta
na vida, que parte para a Indonésia arriscado tudo que possui, até o amor de
sua vida. No papel principal, o ator Matthew McConaughey, famoso pela doação em
seus personagens, que faz de tudo para receber mais uma indicação ao Oscar mas
acaba caindo em um terreno complicado de paralelos com outros personagens da
carreira.
Na trama, conhecemos uma espécie de Indiana Jones dos novos
tempos, o empresário/aventureiro/bêbado Kenny Wells (Matthew McConaughey) um
homem que passou grande parte da vida na empresa caçadora de ouro do pai.
Quando há mudanças drásticas na empresa onde trabalha, provocada pelo
falecimento de seu pai, Kenny resolve se arriscar atrás de um sonho, conseguir
ter sucesso em um ramo complicado (onde precisa ter muita sorte). Assim, parte
para indonésia com uns trocados no bolso e vendendo um presente valioso que
tinha dado para sua namorada Kay (Bryce Dallas Howard) para encontrar Michael
Acosta (Edgar Ramírez) um geólogo renomado que descobriu um lugar em uma selva
inexplorada onde há a probabilidade de encontrarem muito ouro. Só que após
encontrarem o tão sonhado Ouro surpresas
acontecem logo quando Kenny estava na crista da onda.
O longa é baseado em fatos reais mas com poucas referencias
de que se tudo o que vemos ao longo dos 120 minutos de filme realmente é
verdade. Houve de fato algo na década de 90 onde uma fraude foi descoberta mas
os detalhes viraram teorias diversas. Os primeiros arcos são bem construídos,
mostram toda a decadência inicial e desacreditada de Wells e sua incansável
busca por um objetivo que sonhou. O filme chega em seu clímax quando o objetivo
do protagonista é alcançado e magnatas do mercado financeiro avançam sobre seu
negócio, uma óbvia tentativa de tornar Ouro
um filme com pontas que se assemelham a O
Lobo de Wall Street e outros títulos parecidos. O desfecho não agrada, tem
peças bem soltas no quebra cabeça instaurado. Muitas dessas peças vem do
personagem de Acosta que, pouco explorado, acaba se tornando o grande vilão da
história mas sem muitas explicações razoáveis.
O que parece quando terminamos de assistir essa aventura
capitalista é que vimos flashes de outros filmes, algo como se fosse um grande
trailer com cenas de outras histórias, até mesmo atuações na linha excêntrica. Faltam
elementos para deixar o público mais envolvido, talvez explicações mais
convincentes sobre a fraude encontrada, o roteiro acelera demais no seu arco
final. Ouro ainda não tem data
definida para estrear no Brasil.