Segredos e a rotina de não saber o que vai acontecer com o
seu futuro. Fita alemã/belga de dez anos atrás, que nunca chegou a ser exibida
no Brasil, Marieke, Marieke é uma
pequena jornada rumo ao recorte no passado de mãe e filha, onde segredos do
passado acabaram de alguma forma moldando as personalidades delas depois do
trauma vivido. Primeiro longa-metragem da cineasta Sophie Schoukens, que também escreve o roteiro, o projeto conta com uma
ótima atuação de sua protagonista, interpretada pela artista belga Hande Kodja.
Na trama, conhecemos a intrigante personagem principal,
Marieke (Hande Kodja), por muitas
vezes parece perdida em suas próprias atitudes, sempre munida de uma pequena
máquina fotográfica tirando fotos de corpos com quem se encontra, se relaciona
com homens mais velhos e trabalha em uma fábrica de doces artesanais na cidade
onde vive. Possui um relacionamento conturbado com sua mãe Jeanne (Barbara Sarafian), o que só gera mais
conflito quando chega um enigmático personagem chamado Jacoby (Jan Decleir) que diz ser o editor do
livro que seu pai escreveu anos atrás e promete contar a Marieke algumas
verdades de seu passado.
Espírito livre e completamente em desalinho sobre rumos e
focos do que fazer com sua rotina monótona e quase sem esperança em um mundo
que para ela se coloca como cheio de obstáculos, perdido, todas as respostas e
perguntas da história giram em torno da protagonista, praticamente não há outra
ótica. A sociologia por trás de toda a complicada personagem é colocada de
maneira sutil, passando de um feminismo que acompanha o seu tempo e ao mesmo
tempo toda a imaturidade de uma jovem que tenta entender a vida de maneira as
trancos e barrancos, sendo pouco compreensível aos olhos de quem a tem por perto.