21/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #187 - Dominick Abreu


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevista de hoje é cinéfila, de Belo Horizonte. Dominik Abreu é formada em Cinema pela Escola Livre de Cinema- ELC (2011-2012), especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas (2017-2020) pela Escola de Belas Artes- EBA/ UFMG; Pós Graduada em Psicologia em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG (2015-2016) e Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Educação-FaE/UEMG (2010-2014). Realizadora independente em Minas Gerais, além de idealizadora do coletivo de cinema independente Claquete de Giz fundado em 2016, o qual reúne artistas e demais profissionais do cinema independente com o intuito de realizar produções de qualidade que dêem visibilidade aos talentos do audiovisual mineiro.

 

 Seu primeiro trabalho como diretora foi o curta-metragem Erre H (2016) que narra a história de um jovem mineiro à procura de seu primeiro emprego. Realizou ainda o documentário Maletta: Sebos & Prosas (2019), uma compilação de entrevistas com livreiros de sebos do tradicional edifício mineiro Arcângelo Maletta. A realizadora ainda em 2019-2020 produziu e dirigiu os mini-curtas Sombras Lúdicas, Vento, Lácteo,Céu de pipa e Chama selecionados na categoria Tema Livre do Festival do Minuto.

 

Atualmente contribui com seus textos reflexivos e críticos sobre o universo da sétima arte para a página do Cenário B!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Humberto Mauro, por manter a tradição do Cineclubismo e possuir uma programação diversificada que abrange desde o cinema clássico ao independente, além de valorizar a produção audiovisual mineira.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park (1993) de Steven Spielberg, ainda era uma criança e desde aquele dia o cinema passou a ser um lugar de fascínio para mim.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Alfred Hitchcock, O Homem que Sabia Demais (1956).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Vidas Secas (1963) do genial Nelson Pereira dos Santos, devido a sua excelência artística ao retratar de modo tocante a face cruel da desigualdade social e a resistência do homem sertanejo brasileiro que mesmo explorado ainda renova sua esperança na luta diária por uma existência digna.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo para mim é ter além de conhecimento um certo devotamento e respeito por essa arte completa e maravilhosa. É comprometer-se ao debate e propagação da sétima arte respeitando a subjetividade de cada espectador, é compreender o ato de assistir um filme não como mero entretenimento, mas como um momento de entrega, de deixar-se levar pela obra fílmica e suas histórias maravilhosas enquanto, como diz Woody Allen, “[...] a cortina feia da realidade não se levanta”.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim, os que freqüento sim.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Infelizmente no cenário atual isto é algo inevitável, devido ao domínio dos Streamings que trouxeram comodidade e praticidade aos espectadores e um novo modo de relaciona-se com o cinema. Soma-se a isso o fechamento cada vez mais crescente de salas de cinema acentuado recentemente pela pandemia do COVID-19,em Belo Horizonte algumas salas estão fechando ou fazendo um apelo para doações para não sucumbirem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aquiles e a Tartaruga (2008) de Takeshi Kitano.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Creio que sim, seguindo todos os protocolos corretamente e disponibilizando um número menor de ingressos para evitar aglomeração acredito que gradualmente é possível retomar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Boa, o cinema nacional melhorou bastante e tem gente competente produzindo filmes de qualidade (com exceção dos filões) , mas ainda vemos o predomínio das saturadas comédias besteirol no circuito comercial e algumas produções de péssimo gosto nos Streamings, contudo nosso cinema atualmente já provou que não deixa a desejar para produções estrangeiras.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Walter Salles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Deslumbramento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Certa vez em uma mostra de cinema uma senhora, frequentadora assídua da sala, dormiu durante toda a mostra a ponto de quem estava próximo, como eu , podia ouví-la roncando e até babando (ugh!).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Grotesco.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim. Obviamente o fato de ser um ótimo cineasta não está condicionado a cinefilia, mas no meu ponto de vista é extremamente positivo e necessário um cineasta-cinéfilo, pois o conhecimento mais abrangente da arte cinematográfica enriquecerá suas histórias sendo notável ao espectador cinéfilo a diferença entre filmes dirigidos por diretores ‘comuns’ e os que possuem além de um conhecimento amplo acerca da sétima arte uma relação afetiva com o cinema, nota-se uma identidade destes cineastas em suas escolhas estéticas e técnicas presente em cada filme, diferenciando-os dos demais.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Mapa para as Estrelas (2014) de David Cronenberg.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Boca de Lixo (1992) do maravilhoso e saudoso Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais (1987) de Ethan Coen e Joel Coen.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico.

 

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