O mais importante na vida é que tudo depende de você. Lançado recentemente na mais famosa plataforma de streamings do mundo, a Netflix, o filme italiano O Divino Baggio, baseado em fatos reais, é um profundo drama que acerta em focar no lado pessoal (e apenas com pitada sobre os feitos futebolísticos) de um dos esportistas mais famosos europeus, Roberto Baggio. Dirigido pela cineasta Letizia Lamartire vamos conhecendo melhor o ídolo, o relacionamento conturbado com seu distante pai, seus dramas na profissão e seu curioso encontro com a fé budista.
Na trama, voltamos à década de 80 para conhecer a promessa,
o fenômeno jogador de futebol iniciante Roberto Baggio (Andrea Arcangeli). Introspectivo, desde jovem era um jogador
diferente e disputado por clubes famosos de seu país. Tendo que lidar com uma
contusão gravíssima no início de sua carreira, na qual inclusive levou o
assustador número de 220 pontos na articulação de um dos joelhos, seus dramas
pessoais e traumas na profissão que viriam pelo caminho, vamos tendo a
oportunidade de conhecer melhor esse gênio do futebol e sua importância para
seu povo.
O projeto gira em torno da relação do protagonista com seu
pai. Irmão de sete, queria mais atenção dele desde sempre, fato que raramente
consegue. Isso foi moldando suas ações e escolhas pela vida, aliado à traumas
com contusões e momentos de solidão profunda no início de sua jornada pelos
campos europeus. Encontrando forças para continuar em um trabalhar que requer
uma dedicação corporal gigantesca, mesmo com um perfil depressivo, quieto, e
até certo ponto com uma rebeldia que encosta em um egoísmo no seu ambiente de
trabalho, acaba descobrindo o budismo de maneira inusitada, através do dono de
uma loja de discos que vira seu amigo.
Essa questão da fé encontrando o rebelde prodígio da camisa
10 italiana é uma das passagens mais interessantes desse projeto que é muito
mais do que um simples filmes sobre uma figura icônica do mundo futebolístico,
é um entendimento do carma, sobre o seu sentido próprio, de um homem que levou
durante anos um peso emocional gigante em suas costas por ter perdido um pênalti
num jogo decisivo.