02/06/2021

Crítica do filme: 'Milagre Azul'


Quando a mensagem é linda mas o filme é chato. Abordando uma história real, emocionante, sobre um homem e sua boa vontade em dar uma família para quem não tem ninguém no mundo, Milagre Azul presta uma homenagem a essa história. Mas como analisamos cinema, a narrativa deixa muito a desejar, se enterra em clichês a todo instante, você pode se emocionar com a mensagem mas a direção (assina pelo cineasta Julio Quintana), atuações, roteiro estão abaixo dessa emoção. A leitura da sinopse emociona mais que o filme em si pois lá já tem o caminho de tudo que vamos ver. Talvez valha mais a pena o exercício de pesquisar sobre essa linda lição de vida em algum site ou jornal de anos passados.


Na trama, acompanhamos Omar (Jimmy Gonzales) o criador da Casa Hogar, um orfanato localizado no Cabo San Lucas no México, onde abriga crianças órfãos encontradas pela cidade. Esse trabalho é muito bonito mas com suas dificuldades só é possível vencer os obstáculos com o apoio de sua companheira Becca (Fernanda Urrejola). Após uma forte tempestade na cidade e a constante cobrança das dívidas pelo banco local, Omar precisa de um milagre para conseguir manter o lugar aberto. Sua chance acaba cruzando com o destino do capitão de navio Wade (Dennis Quaid). Assim, Omar e Wade são inscritos juntos para ganhar um prestigiado torneio de pesca na cidade.


Falta carisma e mais profundidade nas resoluções dos conflitos para fazer a rica história real virar um bom filme nas nossas telas. O roteiro é apenas na superfície dentro das partes dramáticas, nos conflitos, deixando em segundo plano toda uma explicação que poderia render uma trama mais forte com personagens se reconstruindo de maneira profunda, como por exemplo a situação mal resolvida do acidente que sofrera Omar com seu pai quando criança. Essa questão do trauma, inclusive, permeia a narrativa seja na ótica das crianças e seus respectivos passados repletos de sofrimentos, seja na ótica do Capitão Wade e sua distância da família. Mas nenhum dos conflitos, como já dito, conseguem ir à fundo em uma explicação que não seja uma mera menção em algum momento.