Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belo Horizonte (Minas
Gerais). Gabriel Cosendey, tem 23
anos. Pai de pet, mineiro, estudante de Direito e de Cinema. Leitor e pseudo
crítico nas horas vagas. Um cinéfilo nato que ama a sétima arte a ponto de acampar
dentro de uma sala de cinema. Criador da página Projetando (@projetando.cinema) e com novos
projetos em mente. Sua paixão é falar de cinema e tentar trazer essa arte ao
cotidiano de mais pessoas.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Até o começo da pandemia era uma das unidades do Cineart localizada em um shopping do
meu bairro. Eu era praticamente vizinho de um cinema, e eu achava isso
incrível. Além da programação havia a praticidade, o conforto, os funcionários
que já eram amigos, o ambiente... Mas, como você já deve estar imaginando, por
conta da pandemia, ele fechou.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
O primeiro com certeza foi o Poderoso Chefão do Coppola,
mas também não posso deixar de mencionar Lawrence
da Arabia, do David Lean, esse
filme mexeu comigo em todos os sentidos.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Sempre quando me fazem essa pergunta minhas lembranças
nostálgicas vêm à tona. É o Steven
Spielberg; fui fisgado pela magia dele quando era molecote e até hoje estou
nesse anzol. Já tentei, mas não consigo largar. Então, dentre os filmes dele, Jurassic Park continua de pé no meu
pódio.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
O Pagador de
Promessas – Anselmo Duarte. Lembro de quando assisti esse filme pela primeira
vez no colégio e que apenas 10 minutos dele tinham sido suficientes para me encantar.
Esse filme é um exemplo de que alto orçamento e enredos mirabolantes não é tudo
para contar uma boa história.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
O cinema está presente em minha vida em todos os sentidos,
principalmente em tempos como esse. A oportunidade de sentar no sofá e ser
abraçado por uma boa história para esquecer de todos os problemas do resto do
mundo, conversar sobre cinema, pesquisar sobre, fazer cursos, sempre foi o meu
melhor passa tempo; e agora, com o Projetando, minha página de cinema, está
sendo mais que um “passa tempo”, está sendo um trabalho, que estou amando
fazer. Ser cinéfilo para mim é isso, é ter essa paixão pelo cinema!
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Acredito que não, mas tenho que considerar que mesmo a
pessoa entendendo muito de cinema, ela pertence a um círculo comercial vicioso
que sempre vai predominar.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Definitivamente não. Mesmo que fique mais raro graças a
predominância do streaming, o conforto da nossa casa nunca vai substituir a experiência
coletiva do cinema. Pegar um balde de pipoca, entrar dentro daquela sala gelada
e ter os mesmos sentimentos que todas as pessoas ali presentes são momentos
insubstituíveis. A pandemia foi um tiro na culatra para o cinema, mas ele vai
sobreviver.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Lawrence da Arabia,
do David Lean. Mas vou trapacear um
pouquinho e citar também a animação do Isao
Takahata, Túmulo dos Vaga-Lumes.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Saúde em primeiro lugar.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Excelente. O incentivo é o maior problema do cinema
brasileiro, que necessita urgentemente da retomada das políticas públicas
voltadas à produção audiovisual. Mas felizmente as produções nacionais vêm
sendo celebradas ao redor do mundo nos principais festivais e mercados. Não
posso deixar de ressaltar também a posição dos streamings em relação às
produções nacionais que fazem nossas histórias chegarem a um número bem maior
de pessoas.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Fernando Meirelles.
12) Defina cinema com
uma frase:
O cinema é a arte coletiva que constrói, manipula e encanta.
13) Conte uma história
inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
Ver minha namorada tentando comer um pacote de Ruffles de
quase 300g numa sessão de Um Lugar
Silencioso foi terrivelmente engraçado. Confesso que não sabíamos que Um Lugar Silencioso era tão... silencioso.
14) Defina ‘Cinderela
Baiana’ em poucas palavras...
“Pau que nasce torto nunca se endireita(...)”. Acho que esse
trecho da música já define o filme por si só.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não necessariamente. Por exemplo, um cozinheiro não precisa
amar a cozinha para fazer uma boa comida; e as pessoas não podem parar de apreciar
o seu trabalho só porque ele não ama o que faz. Mas uma coisa é certa, quando colocamos
nossa paixão em nossos projetos, eles ultrapassam barreiras inimagináveis.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Com certeza foi A
Serbian Film, do Srdjan Spasojevic.
Filme nojento e doentio. Se você passar perto disso, só corre, sem olhar para
trás.
17) Qual seu
documentário preferido?
Five Came Back,
do Laurent Bouzereau.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim, várias vezes. A mais “recente” foi Vingadores:
Ultimato; assistir esse filme no cinema com mais de 100 pessoas ao meu lado foi
uma experiência incrível.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Essa pergunta está fácil para mim porque assisti o novo
filme dele recentemente. Pig, do Michael Sarnoski, com certeza é o
melhor filme do Cage que já assisti! Inclusive, não me surpreenderia se ele
aparecesse em algumas premiações futuras por conta desse longa.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Revista Cinética e Cinema Com Rapadura. Além disso assisto
a muitos vídeos no Youtube, visito
muitas páginas sobre cinema no Instagram e frequento muito o Letterboxd, que é uma rede social de
cinema que amo. Aaah, e não pode faltar o Guia
do Cinéfilo.
21) Qual streaming
disponível no Brasil você mais assiste filmes?
Eu tenho o privilégio de ser assinante da maioria dos
streaming disponíveis no Brasil, visito todos eles com muita frequência e, com
isso, posso dizer que o Telecine Play
está vencendo graças ao seu catálogo extremamente variado, principalmente
quando falamos de clássicos.