As inconsequências sobre os limites da ética. Milagres de natal ou irresponsabilidades médica? Passado praticamente durante uma noite bastante alucinante, O Bom Doutor, longa-metragem francês, nos mostra dois mundos completamente diferentes que se encontram de maneira inusitada, um médico rabugento e já com preguiça da profissão que atende à domicílio e um ingênuo jovem entregador de encomendas que quase nunca pensa sobre seu futuro. A partir desse encontro, várias linhas reflexivas são geradas, dentro do ponto de vista do não médico e das irresponsabilidades do que possui a licença para medicar. Os contrapontos dos absurdos se mesclam entre o improvável e o aceitável nessa comédia feita pra rir que tem no elenco o comediante e Youtuber Hakim Jemili e o veterano ator Michel Blanc . Quem assina a direção é Tristan Séguéla.
Na trama, conhecemos o médico Serge Mamou-Mani (Michel Blanc), um homem que vive com o
luto da perda do filho presente em seu cotidiano. Ele é médico, com muita
experiência, que hoje em dia atende à emergências na casa dos próprios
pacientes. Certo dia, após seu destino cruzar com o de Malek (Hakim Jemili), um simpático entregador,
ele resolve pedir ajuda dele para cuidar do restante dos pacientes que faltam
no turno pois Serge está com uma dor aguda na coluna e não consegue mais se
movimentar. Assim, Malek se faz passar por médico e por meio de uma
escuta/headphone/telefone executa o que Serge lhe diz pelo ponto no ouvido. Febre,
diarreia, dor de garganta, prisão de ventre, dos mais simples aos mais
complexos casos aparecem durante essas intensas horas desse dia natalino.
Os limites da ética viram quase um background que envolve
todas as ações e inconsequência que testemunhamos, sem medir os riscos
possíveis a dupla vira cúmplice dos absurdos diagnósticos à distância feita
presencialmente por aquele que nunca exerceu a medicina. Há um ritmo acoplado
na comédia, deixando a história com leveza mesmo tendo um ponto de objetivo
cenários eminentes de caos em busca das consequências. Os artistas possuem uma
harmonia muito visível, ótimas cenas dentro do absurdo todo proposto.