É bem difícil escrever sobre uma obra onde olhamos para todos os lados e não nos desprendemos de um vazio. O longa-metragem espanhol Má Influência, que chegou essa semana na Netflix, apresenta sua ingênua trama a partir de um discurso repleto de incongruências. De drama teen convencional, avança para um suspense sem pé nem cabeça culminando em um desfecho forçado tendo um nada agradável desfile de personagens sem um pingo de carisma.
Reese (Eléa Rochera)
é uma jovem estudante do ensino médio que ultimamente vem recebendo uma série
de ameaças de um stalker misterioso. Preocupado, seu pai Bruce (Enrique Arce, o Arturo de La Casa de Papel) contrata Eros (Alberto Olmo), que está preso em final
de pena, para ser uma espécie de guarda-costas da filha. Aos poucos, Reese e
Eros vão se aproximando e uma paixão intensa vai nascendo.
Dirigido por Chloé
Wallace o filme passa que nem uma flecha por assuntos que encostam na realidade
não avançando além da superfície, entre outros fatores, pelo péssimo
desenvolvimento de personagens que veem seus conflitos cair na mesmice e de
forma redundante. Debates rasos sobre conflitos de classes sociais, buscar
algum sentido para as amizades nocivas e um romance insosso são alguns dos
pontos que nos fazem querer contar os minutos para o filme acabar.
Os dois lados de uma juventude perdida com o poder da
informação, com constantes embates nos laços familiares, se tornam pontos que
ficam distantes, não conseguindo elos para entendermos melhor o que o discurso
propõe. Quando a narrativa busca uma imersão no sensual, um clímax previsível
desde o primeiro minuto, é a constatação que essa obra usa e abusa de um
paraíso infinito de clichês.
Sonolento drama existencial? Suspense sem tensão? Romance
água com açúcar? As definições são inúmeras. É um verdadeiro teste de paciência
chegar até o final desse projeto. Se tivesse um prêmio framboesa de ouro dos
lançamentos direto nos streamings, esse filme seria um forte candidato a ser
indicado.