No primeiro trabalho do diretor Michael Morrissey no mundo do cinema, ‘Boy Wonder’, relata o estrago que um trauma no passado pode fazer na mente de uma pessoa. O filme, que fala sobre a busca de vingança e atos heróicos, lembra em alguns aspectos ‘Defensor’ e ‘Kick-Ass’, só que não tem um pingo de comédia, é bem puxado para o lado do drama e do caos psicológico de seu protagonista.
O papel principal foi dado ao ator Caleb Steinmeyer, que entre os poucos trabalhos que fez, interpretou John Locke (aos 16 anos) no seriado ‘Lost’, em um dos mais famosos episódios da série, ‘Cabin Fever’. Sua atuação é muito segura e consegue passar a atmosfera perturbadora que o adolescente aflora, principalmente no desfecho da trama. É o primeiro trabalho de Steinmeyer nos cinemas, começou com o pé direito.
Na trama, acompanhamos a trajetória de vida de Sean Donavan. À primeira vista, um menino muito bom, que é um aluno exemplar e querido por todos. Porém, por trás desse ‘modelo de adolescente’ existe um ser humano amargurado e obcecado por vingança. Quando era pequeno, viu sua mãe ser brutalmente assassinada dentro de um carro e essa imagem nunca sairia de sua cabeça. Consegue a amizade de um policial, que foi o encarregado das investigações sobre o ocorrido com sua mãe, e passa a frequentar a delegacia atrás de pistas sobre o assassino dela. À noite, quando todos dormem, ele faz justiça com as próprias mãos utilizando apenas um casaco com capuz e algumas noções de artes marciais. Com a desconfiança de uma nova policial, transferida de outro distrito, o plano de Sean fica prestes a ser descoberto.
A relação com seu pai é conturbada, há uma desconfiança evidente em suas ações, mesmo com as inúmeras tentativas de aproximação do pai. Aos poucos vamos descobrindo que por conta de problemas no passado (principalmente com a mãe Sean) o relacionamento entre os dois chegou a esse ponto. O desfecho chega a surpreender e vemos toda uma descarga emocional ser despejada de maneira fria e calculista pelo personagem principal. A obsessão pela vingança é o principal sentimento que nutre na mente do protagonista.
O longa, que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor, peca na composição dos personagens. Tinha tudo para ser um filme no estilo ‘Thriller Psicológico’ mas acaba caindo nos clichês, principalmente pela falta carisma e função em muitas peças do elenco, principalmente na policial Teresa Ames, interpretada pela colombiana Zulay Henao.
É um filme que possui uma trama pouco envolvente e com alguns personagens que pouco somam à história, porém, retrata muito bem o lado psicológico e as conseqüências avassaladoras na vida de uma mente perturbada. Recomendo!