Até que ponto podemos nos prender a um passado que não existe mais? O novo filme de Jason Reitman (que vem emplacando um bom trabalho atrás do outro) fala sobre depressão, inveja e desejo pela felicidade alheia com uma carga dramática forte associada à uma protagonista bastante original muito bem interpretada pela ganhadora do Oscar, Charlize Theron. Mas não é só a deusa da África do Sul que convence no papel, os coadjuvantes estão ótimos e preenchem todas as deixas do ótimo roteiro. O competente Rolfe Kent assina a simpática trilha.
Na história, conhecemos Mavis Gary uma escritora de livros infantis (que não são creditados à mesma) que após receber um e-mail do ex-namorado resolve retornar para sua casa, em uma pequena cidade de Minnesota, com um simples objetivo: reacender um romance com seu ex-namorado, que agora está casado e tem uma filha recém-nascida. Nessa volta à sua cidade natal reencontra antigos conhecidos que agora apresentam um significado diferente para ela.
Com a televisão ligada e a casa totalmente desarrumada, logo no início da trama, sentimos um pouco do clima depressivo no ar. Mavis Gary é uma adulta com uma mente de criança, totalmente imatura. Seu primeiro objetivo de vida foi fugir do lugar de onde nasceu, casar e ser uma escritora de sucesso, na capital de sua cidade natal. No filme, pegamos apenas a conclusão desse objetivo que não foi alcançado por completo. O despertar para uma nova meta de vida vem com a chegada de um e-mail que cria uma fantasia louca de um amor do passado que não existe mais. O longa, a partir daí, vira uma série de constrangimentos para a personagem que encontra um refúgio no ombro amigo de Matt Freehauf (interpretado pelo excelente Patton Oswalt), um rapaz que sofrera demais na época de escola e que sempre desenvolveu um carinho especial por Mavis. O desfecho vem com algumas revelações que tentam justificar um pouco daquelas atitudes que vemos em cena, deixando parte do público com pena da protagonista.
Mavis Gary é uma personagem extremamente complexa que conta com uma atuação de gala da Srta. Theron (poderia ter sido indicada ao Oscar desse ano facilmente), impressionante como Charlize está cada vez mais parecida com a Michelle Pfeiffer. A roteirista de “Juno” e do ótimo seriado “United States of Tara”, Diablo Cody, assina o excelente roteiro desse longa que promete fazer sucesso com o público cinéfilo.
Não deixe de conferir a rebeldia dessa personagem nas telonas. Dia 06 de abril nas salas de todo o Brasil.