Com uma espécie de crítica ao que ficaria em torno de uma possível epidemia de escala global, principalmente, no modo como os governos lidariam com esse pânico da população é o argumento principal dessa boa trama que promete lotar as salas de cinema no mundo todo. O diretor Steven Soderbergh, dá um ritmo dinâmico à sua fita que é completado por uma trilha sonora freneticamente bem produzida (créditos para Cliff Martinez).
No longa, um vírus que é transmitido pelo ar chega rapidamente ao conhecimento da nação transformando especialistas e homens da ciência na única fonte de possibilidade para encontrar uma cura. Um caos domina o mundo e pessoas de todas as nacionalidades lutam pela sobrevivência.
O filme relata também a exposição da comunicação, na era da tecnologia e das comunidades virtuais. O quão grande e rápido seria o vazamento da notícia e suas conseqüências. Passa nas mãos do personagem de Jude Law e seu carregado sotaque londrino (que na fita faz um blogueiro famoso) muito desse tema. A contextualização do poder das redes sociais e o poder de opinião de algumas pessoas trás a história para o nosso tempo.
Em muitas cidades um verdadeiro caos é instaurado. As ladeiras de São Francisco (cidade americana) nunca estiveram tão bagunçadas. Imagino como Adrien Monk, morador ilustre da cidade, estaria em meio a um caos dessa proporção (referência ao personagem de Tony Shalhoub , do seriado Monk, que possui problemas sérios de Transtorno Obsessivo Compulsivo).
A paranóia em volta da doença é mostrada com atitudes anti-sociais e pânico, gerado pela possibilidade de infecção. Matt Damon (que está muito competente no papel) e seu personagem são os encarregados de nos passar isso, são os que mais sofrem na história. Com falecimentos na família, faz de tudo para proteger a única filha que lhe restou.
Classes trabalhistas, como as enfermeiras, através de greves e medo de contágio atrapalham a logística das soluções. Obstinados, homens e mulheres da ciência vão atrás da cura. Uma dessas pessoas é a Dra. Erin Mears, interpretada pela sempre sensacional Kate Winslet. Impressionante como essa talentosa atriz fica bem em qualquer papel.
Ao mesmo tempo à busca pelo paciente zero (que deu origem a epidemia) é feita muito pela personagem de Marion Cotillard. Um destino interessante é dado à mesma. Sequestrada, vira professora de um vilarejo (que também é uma espécie de refúgio) e moeda de troca para recebimento de vacina.
Conflitos éticos são muito bem abordados durante todo o decorrer da história. Laurence Fishburne interpreta o Dr. Ellis Cheever, responsável por expor esses conflitos e chegar à uma redenção perto dos créditos finais.
A dor de não poder enterrar seus entes queridos (por conta do medo de contágio), cobaias de origem animais usadas desesperadamente por especialistas em busca de mais informações sobre a doença, o desespero por comida (questão básica de sobrevivência), atendimento de serviços de segurança à população(o famoso 911) com opções para quem quer remover um corpo, são amostras do que é passado ao longo dos 100 minutos da produção.
Já vimos o Passageiro 57 em outros verões. Esse número volta ao imaginário cinéfilo dando o nome à vacina com possibilidades de cura.
Imaginando uma versão brasileira dos fatos, se tivesse um filme nacional com essa temática, a música A Cura do Lulu Santos, cairia como uma luva.
O filme estréia por aqui no dia 28 de outubro. Lave bem as mãos e vá ao cinema!