Até aonde vai à redenção de alguém que pensara em não ter mais nada a perder? No início dos anos 2000, lançou-se na Dinamarca o longa-metragem Bænken que nunca pousou por aqui. O filme, escrito (Kim Leona também assina o roteiro) e dirigido pelo cineasta Per Fly conta a trajetória dura sobre um homem sem destino que achava que estava sozinho no mundo mas acaba indo buscar algum tipo de redenção quando encontra de maneira inesperada a filha que não via faz 19 anos. Tocando em muitos pontos polêmicos sobre alcoolismo, abandono e assistência social, o projeto se torna aos poucos reflexivo drama sobre escolhas da vida.
Na trama, conhecemos Kaj (Jesper Christensen), um rabugento alcóolatra na fase final de sua
vida que vive gastando seu dinheiro de trabalho com cerveja. Sem ter mais
ambições na vida e tratando mal a todos ao seu redor, acaba sendo surpreendido
pela chegada de Liv (Stine Holm Joensen)
e Jonas, mãe e filho que buscam abrigo no condomínio de apartamentos onde Kaj mora,
mas especificamente no apartamento de um frustrado e lunático escritor. Um
curto tempo depois, Kaj descobre que Liv é sua filha que não via a quase duas
décadas e assim embarca em uma tentativa de jornada de redenção,
principalmente, protegendo sua filha e neto do ex-companheiro de Liv e pai de
Jonas, um homem ciumento e violento.
As lacunas à preencher após a chegada da dor na consciência.
Completamente perdido em sua mesmice, o protagonista sofre com o alcoolismo,
uma fuga sempre que não consegue enfrentar o mundo que construiu ao seu redor.
As mudanças que chegam em sua vida acabam trazendo memórias perdidas/esquecidas
que acabam se reativando por conta dos erros do passado cometidos por ele. Não
sabendo lidar com a situação imposta pelo destino, busca se redescobrir como
ser humano de maneira simples e objetiva, contando inclusive com a ajuda de
alguns que pensas ser amigo. Tocando em assuntos delicados como a violência
contra a mulher, a falta de assistência dos governos para determinadas
situações emergenciais que muitos sofrem por aí, a trajetória do bom projeto se
encaixa em sua essência como um profundo drama sobre relacionamentos entre pais
e filhos.