No primeiro dia de exibições das mostras competitivas da 8ª edição da Mostra de Cinema de Fama nos deparamos com um filme que navega pelo encontro de duas gerações e as formas de enxergar o mundo. Tendo a imensidade do mar e seus mistérios como plano de fundo, o curta-metragem carioca Bijupirá busca ampliar seus horizontes de reflexões ao duelar pelos contrastes das relações que vão da agonia à aflição, da curiosidade ao medo, tendo dois personagens num ping pong de emoções.
Um jovem navega pelas águas com seu companheiro de
travessia, um experiente pescador. Ao se jogar em uma intensa curiosidade
acerca de uma mutualidade ocorrida na vida de animais marítimos, o jovem acaba
se desprendendo do barco - rumando às incertezas e inconsequências. Do outro
lado, seu parceiro de jornada entra numa espiral de dúvidas.
No horizonte do oceano, as aflições correntes de duas
pessoas de faixa etária diferentes são logo apresentados através de um intenso
diálogo que valida o real entendimento sobre relações. Não sabemos qual o elo
entre os dois personagens, algo que justifica toda a narrativa alegórica com
paralelos que miram a mutualidade. Mesmo com as peças embaralhadas é possível
encontrar um norte para compreensões e reflexões.
Muito bem filmado, com ritmo dosado e que prende a atenção,
esse projeto dirigido por Eduardo
Boccaletti também se apoia em uma fotografia que amplifica elementos que
representam a natureza. Esse, que é mais um elo numa corrente que joga suas
fichas num desenvolvimento nada evidente dos protagonistas, é um dos pontos
altos de uma trama que na sua simplicidade cria caminhos interessantes para
intrigantes raciocínios - mesmo dando a impressão que com mais peças a harmonia
do discurso chegaria com mais força.