É muito bom rever personagens que, de muitas formas, preencheram a história das séries nas últimas décadas. Nesta nova temporada - de uma franquia que se reinventa sem perder a essência - voltamos a encontrar o anti-herói favorito dos amantes das séries, Dexter, agora num novo habitat. Mais solto e confuso em relação a seus códigos, revela uma faceta interessante e imprevisível de seu lado emocional, que acaba guiando a estrutura base dos dez episódios - intensos, divertidos, tensos, e como não podia deixar de ser: sangrentos.
Marcos Siega e Monica Raymund - a dupla responsável
pela direção dos episódios - entregam um trabalho bastante competente,
conduzindo o público a um espaço cheio de possibilidades e referências ao
passado do protagonista, onde a narrativa afiada fisga nossos olhos a todo
momento. Pra onde quer que olhemos, encontramos pistas para futuros desdobramentos,
preenchido também com personagens complementares certeiros, que também ganham
seus minutos valiosos de protagonismo. As participações especiais - um brinde
para todos que conhecem esse universo - são a cereja do bolo.
Depois de sobreviver milagrosamente a um tiro dado pelo
próprio filho na jornada anterior, Dexter (Michael
C.Hall) parte rumo a uma nova Iorque que ele não conhece em busca de
reestabelecer os laços com seu único herdeiro, Harrison (Jack Alcott). Nesse lugar, cheio de caminhos e reflexões, acaba
batendo de frente com um clube de serial killers - um prato cheio pra quem
gosta de fazer justiça com as próprias mãos.
Havia uma grande expectativa para saber como a equipe
criativa iria tirar os coelhos da cartola para dar sentido para mais um round
na trajetória repleta de altos e baixos do seriado em questão. Entre finais de
temporadas frustrantes e episódios brilhantes, Dexter vem, desde 2005, ganhando
a atenção de milhares de pessoas trazendo para o centro do palco um serial
killer impiedoso que busca suas vítimas a partir da maldade alheia, tornando-se
um anti-herói nada comum.
Caminhando a pinceladas de sangue pelo lado emocional do
marcante personagem - que aqui revela seus novos dilemas e maneiras de enxergar
o mundo ao seu redor, colocando a paternidade à frente de qualquer ato
meticulosamente planejado - vamos encontrando novas possibilidades, apoiadas
por ótimos coadjuvantes (com destaque para as incríveis atuações de Peter
Dinklage e Ntare Guma Mbaho Mwine),
que somam demais a esse suco de sangue e linhas tênues sobre a moral.
De pontos negativos, podemos apontar a velha e cansativa
fórmula de encontrar soluções simplistas e mirabolantes para fechamentos de
cercos. Transformar Dexter em uma espécie de mistura entre Chuck Norris e MacGyver distancia
do alicerce que construiu a força desse personagem. A eficácia no roteiro, no
sentido de prender a atenção, encontra outras valências - não essa. Outro
aspecto que merece um olhar mais crítico é a falta de habilidade em explorar
com mais camadas a intrigante personagem Charley, interpretada por Uma Thurman, constantemente escanteada
sempre que parece prestes a brilhar. Um desperdício.
Mesmo com questões que tiram a nota 10 desta temporada,
podemos afirmar que Dexter: Ressurreição
traz novo fôlego para a franquia, que deve continuar por mais tempo nos
enchendo de possibilidades. Michael
C.Hall nasceu pra interpretar Dexter
- impressiona o domínio sobre esse complexo e carismático personagem. Que
venham mais temporadas.