Com pouco se faz muito. Acontece uma situação peculiar com esse novo filme protagonizado por Dakota Fanning – muito bem no papel, por sinal. Limitado a uma premissa que não se expande tanto e fortemente ligado a uma possível maldição, esse longa se passa, em grande parte dentro de uma casa propícia para filmes que assustam, dentro do sentido de refúgio e uma prisão. Presente Maldito consegue, por meio da imersão na tensão constante desenvolver uma trama imprevisível, que sempre progride, não caindo em redundância – mesmo diante das limitações da história.
Polly (Dakota Fanning)
é uma jovem buscando se encontrar na vida e vive sozinha na casa que aluga da
irmã. Em uma noite, abre a porta da casa para uma senhora que lhe entrega uma
caixa misteriosa. A partir desse momento, suas próximas horas serão de total
medo e tensão, precisando executar algumas tarefas ingratas.
Nesse suspense psicológico que logo invade o terror, escrito
e dirigido pelo cineasta norte-americano Bryan
Bertino, usa-se bem os poucos elementos em cena, prendendo a atenção do
público através de dramas pessoais que se encontram com o sobrenatural – algo
que poderia ter sido melhor explorado no roteiro. Espelhos, efeitos na voz,
ligações aterrorizantes, a televisão que liga sozinha, mutilações - cada
elemento se torna parte importante para chegarmos na sensação de estar em um
labirinto, que nem a protagonista.
O que você ama? O que importa para você? Essas razões
existenciais que contornam qualquer tajetória vão direto na raiz da essência
humana e os dilemas que todos enfrentam pelo caminho. A questão era como
transformar esses pontos de reflexões existenciais em tensão. Com tons frios e
uma personagem buscando um vínculo com as emoções - sensações ampliadas no
espaço em que se desenvolve a narrativa -, outro ponto interessante e bastante
nítido aos nossos olhos é a fotografia, assinada por Tristan Nyby.
Da a impressão de que Presente
Maldito entrega tudo que pode em termos técnicos, além da Ótima atuação de
Fanning em um papel muito difícil - sempre em cena, cercada de variáveis e
ações que se desenrolam ao seu redor. A questão que pesa nessa obra é a
limitação de uma história tão simples que deixa a impressão de que, com maior
desenvolvimento nas camadas que se abrem, poderia alcançar voos mais altos.
