09/12/2025

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Crítica do filme: 'Outono em Gotham City' [Fest Aruanda 2025]


Quando olhei para o curioso título desse filme, logo pensei: o que será que me espera? Selecionado para a Mostra Competitiva Sob o Céu Nordestino, o longa-metragem paraibano Outono em Gotham City não tem nada de Batman; o título funciona como uma referência à cinefilia e – talvez – à maneira como se pode brincar com a linguagem cinematográfica, testando possibilidades e experimentando novas maneiras de enxergar os epicentros de uma história.

Eu já havia me deparado com o cinema do diretor dessa obra, o Tiago A. Neves no peculiar e interessante longa-metragem Maças no Escuro, mas, em Outono em Gotham City, o cineasta campinense avança em sua coragem de desbravar o que é pouco explorado. Só por conta disso ganha-se pontos. No entanto, ao embolar o que poderia ser simples, o filme acaba não encontrando um norte para sua narrativa confusa, além de apresentar personagens com pouca presença marcante e fraco impacto emocional.    

Em resumo, a história gira em torno de um jovem sonhador que ama cinema e busca aprender sobre o mundo da atuação com um ator veterano, frustrado por questões familiares em seu presente. Desse encontro, aprendizagens para os dois lados se tornam inevitáveis, em uma série de situações que mesclam o humor e o drama.

Explorando o processo criativo – na frente e atrás das câmeras – o pot-pourri proposto apresenta: um ‘oi’ às épocas das videolocadoras; um narrador-personagem buscando alcançar ritmo narrativo – incluindo inversões de narradores e perspectivas – além de optar por uma espécie de esquetes explorando situações tragicômicas, conectadas a um abismo emocional familiar que parece distante a todo momento.

Outono em Gotham City, pode ser enxergado de várias formas; pode ser que alguma dessas, ao menos, entretenha parte do público. O projeto não estaciona na premissa - ainda com a dificuldade de enxergar sobre o que é essa história -, mas circula de forma pouco atraente suas ideias, em uma narrativa confusa e arrastada, que se transforma em um mar de situações isoladas em busca de algum questionamento.