Em um exercício satisfatório – não diria inventivo – que alcança ritmo e prende a atenção, o curta-metragem Jacu, dirigido por Ramon Batista, nos convida a conhecer mais sobre a história de um fenômeno social e cultural por meio de um representante marcante de um nordeste profundo. Selecionado para a mostra competitiva ‘Sob o Céu Nordestino’ do Fest Aruanda 2025, esse é um trabalho que foge da narrativa tradicional priorizando uma experiência imersiva, construída a partir de imagens evocativas.
Com a câmera ligada em lugares que mostram marcas do passado
- muitas vezes de forma estática, mas ainda assim encontrando movimento - e
criando simbolismos e tensões através do sensorial, o projeto costura a maneira
de contar sua história através de uma cirúrgica narração que acompanha toda a projeção.
Assim, percebemos uma criatividade evidente na forma como o filme se comunica
com o espectador, com elementos técnicos e estéticos em destaque.
Partindo de uma casa histórica envelhecida pelo tempo como
cenário, construindo um paralelo entre o antes e depois, chegamos à figura
controversa do cangaceiro paraibano Chico Pereira, que colaborou com o grupo
liderado por Lampião e viveu na fazenda Jacu – que dá nome ao filme.
Não se prendendo a essa figura emblemática para toda uma
região, a obra abre seus leques de contextualização, permitindo reflexões sobre
questões sociais e políticas, que ganham espaço nas entrelinhas, se tornando, ao
longo dos seus 12 minutos, um importante registro sobre o sertão nordestino.
