12/07/2019

Crítica do filme: 'John Wick 3: Parabellum'


O herói ou anti-herói que empolga as poltronas de todo o mundo. Com um faturamento até agora de cerca de 250 milhões de bilheteria ao longo de toda sua franquia, mais um capítulo eletrizante da saga do carismático personagem John Wick voltou aos cinemas de todo mundo pouco tempo atrás para desbancar outros champions de bilheteria. Dirigido pelo mesmo cineasta dos outros filmes da franquia, Chad Stahelski, John Wick 3, segue a mesma fórmula e consegue ser ainda melhor que os outros filmes da franquia. Um projeto explosivo para amantes dos filmes de ação.

Na trama, acompanhamos a correria na vida do assassino John Wick (Keanu Reeves) que está em luta, desde o fim do filme anterior, para sair de Nova York quando um baita contrato de 14 milhões de dólares faz dele o principal alvo do mundo dos assassinos. Para tentar uma chance nessa loteria mortal, Wick precisará restabelecer contatos de seu passado e contar com muito gás e explosão para seguir vivo.

John Wick 3 chegou aos cinemas brasileiros semanas atrás e para, pasmem, surpresas de muita gente, virou líder de bilheteria em pouco tempo no circuito durante um certo período mesmo com altas concorrências. Mas porquê? Simples, é uma franquia adorada por muitos cinéfilos e também pelo público que vai pouco ao cinema; tem no seu protagonista, interpretado com maestria e dedicação pelo astro Keanu Reeves, o retorno do heróis ou anti-heróis dos anos 90; as cenas de ação são espetaculares e o roteiro com muito ritmo e com altas tiradas de humor sangrento. Conseguiram encaixar uma fórmula fantástica, sempre com finais abertos para o próximo filme.

Continue lendo... Crítica do filme: 'John Wick 3: Parabellum'

10/07/2019

Crítica do filme: 'Atentado ao Hotel Taj Mahal'

Os horrores do fanatismo e as guerras onde sofrem coadjuvantes. Recriando fatos reais que aconteceram no ano de 2008 na Índia e que causaram dor e sofrimento para centenas de pessoas, o cineasta Anthony Maras chega aos cinemas essa semana com o tenso e angustiante Atentado ao Hotel Taj Mahal. A modelagem do roteiro segue o padrão de filmes com várias pontos de vistas, subtramas, histórias que se preenchem com o assunto tema de background.  Alguns arcos não se definem por completo mas o clima de tensão funciona, envolvido em uma ótima trilha sonora.

Na trama, conhecemos primeiramente o jovem, esforçado e pai de família Ariun, um homem humilde que trabalha como garçom no luxuoso restaurante do Hotel Taj Mahal. Certo dia, um grupo islâmico executa ataques mortais pela cidade de Mumbai e parte de seus elementos conseguem entrar no hotel Taj Mahal. Assim, Ariun e o conhecido chef Hermant Oberoi tomam a frente na liderança e proteção aos hóspedes, junto a eles se encontra um casal que se arrisca ao máximo para chegar ao seu filho recém nascido que está no quarto com a babá.

O clima de tensão, envolvida em uma ótima trilha, é o ponto alto da trama. As cenas são muito bem feitas e há ótimas atuações do vasto elenco. Recriar realidades é sempre complicado, taí a maior dificuldade desse projeto, não conseguir arcos bem estruturados, se perde em alguns momentos por conta das diversas linhas de acontecimentos instantâneos. Mesmo com essa observação, curiosamente, a evolução do filme anda no tom certo criando o elogiado clima em forma de vários momentos de climax.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Atentado ao Hotel Taj Mahal'

05/07/2019

Crítica do filme: 'A Espiã Vermelha'


A vida é uma caixinha de surpresas. Dirigido pelo cineasta britânico Trevor Nunn (Noite de Reis), A Espiã Vermelha é uma história de idas e voltas, repleta de paixões e principalmente escolhas. Com a grande atriz Judi Dench no papel da protagonista mais velha, o filme cresce nas poucas cenas em que aparece mas o grande ping pong de informações, as entrelinhas de espionagem não funcionam de modo objetivo confundindo muito o tempo todo. De qualquer forma, quem curte filmes de espionagem pode ser que achem mais pontos positivos.

Na trama, conhecemos a senhora Joan Stanley (Judi Dench), de cerca de 80 anos, que é formada em física pela faculdade de Cambridge e acaba sendo presa inesperadamente no meio de uma tarde acusada de ser convocada pelos comunistas de Stalin para ser uma espiã. O filme vai e volta em sua linha temporal tentando explicar os porquês e as escolhas de Joan ao longo do tempo.

O roteiro, assinado por Lindsay Shapero baseado no livro Jennie Rooney, é bastante confuso (o livro é bem melhor e você encontra pelas livrarias brasileiras se interessar). As escolhas provocadas pelas emoções e principalmente pelos amorosos casos que teve se tornam um grande enigma até a hora que o filme desabrocha e começa uma nova visão sobre os fatos. Se nos apegarmos à ótica das surpresas que o filho de Joan, e seu advogado, transparece com as revelações de sua mãe, algumas premissas do filme se tornam mais aceitáveis e compreensíveis.

Fazendo um pequeno mas importante sucesso no circuito brasileiro, muito por conta de nesse filme estar uma das atrozes veteranas mais fantásticas do cinema, A Espiã Vermelha deve ser encontrado em breve nas plataformas de streaming e canais de tv.

Continue lendo... Crítica do filme: 'A Espiã Vermelha'

Crítica do filme: 'Espírito Jovem'


Sonhos só são realizados quando corremos atrás. Com uma passagem meteórica pelo circuito exibidor brasileiro desse ano, Espírito Jovem, filme de estreia na direção do ator Max Minghella (filho do ganhador do Oscar Anthony Minghella), é uma jornada rumo a novas oportunidades através do sonho de uma jovem descendente de poloneses que vive em uma pequena ilha britânica. Muito parecido com alguns filmes que falam sobre o tema do estrelato/mudança radical de vida, Teen Spirit, no original, consegue avançar nas profundidades que todo o contexto pessoal e emocional da protagonista. É um filme bastante objetivo, com apenas 90 minutos de projeção.

Na trama conhecemos a tímida e introvertida Violet (Elle Fanning), uma jovem que vive seus dias ajudando a mãe nas finanças da casa e possui um sonho quase secreto em se tornar uma cantora profissional. Certo dia, vê um anúncio sobre uma seleção a um famoso programa que encontra talentos musicais pela Inglaterra. Destemida e vendo que essa pode ser sua última chance de conseguir viver do que ama, Violet, por ações do destino, encontra um mentor, o ex-tenor Vlad (Zlatko Buric) que a orienta e a encoraja a acreditar em seu maior sonho.

O roteiro, também assinado por Minghella, usa recortes do dia a dia da protagonista para contextualizar seus sofrimentos, suas angústias, sua solidão evidente, fatos que refletem nas letras de músicas que compõe. O leque de artistas é ótimo, com destaque para a participação especial da excelente atriz polonesa Agnieszka Grochowska, além da boa atuação de Elle Fanning no papel de Violet.

Espírito Livre saiu dos cinemas rapidamente e poucos tiveram a chances de conferir o filme, mas em breve já deve estar em plataformas de streaming. É um projeto sem muita ambição e que marca com pé direito de Max Minghella na função que consagrou seu pai.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Espírito Jovem'

04/07/2019

Crítica do filme: 'Democracia em Vertigem'


As verdades só se tornam realmente verdades quando nós mesmos sentimos o que vivemos. Um dos documentários que mais trouxeram discussões nos últimos tempos, Democracia em Vertigem, que está disponível na plataforma de streaming Netflix, é uma saga sobre os rumos políticos do Brasil nos últimos anos e a troca do poder da esquerda para a direita. Abordando relatos pessoais em paralelo com a cronologia de queda da ex-presidente Dilma Rousseff, a competente cineasta Petra Costa narra essa trajetória de sua vida que se torna um espelho do que acontece nos bastidores do poder ao seu redor.

Com imagens e alguns relatos de muitas figuras políticas brasileiras, Petra vai da ascensão à queda do PT, e nas entrelinhas, expõe sua visão pessoal sobre toda essa situação. A vida da cineasta é aberta, como nos seus relatos sobre ser parente de um dos criadores de uma das maiores construtoras do país e os momentos que seus pais viveram lutando contra a ditadura.

Considerado um dos melhores documentários do ano pelo 'New York Times', Democracia em Vertigem, assim como o Brasil se encontra ultimamente, vai ter gente que não vai querer assistir por ser de direita e poderá ser louvado por muitos do outro extremo. De qualquer forma, torcemos para todo mundo assistir e tirarem suas próprias conclusões. Pra mim, é um belo trabalho dessa grande cineasta brasileira.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Democracia em Vertigem'

02/07/2019

Crítica do filme: 'Free Solo'


Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. Contando a impressionante saga, e o grande desafio, de um dos mais habilidosos escaladores solo do mundo, Free Solo, o documentário vencedor do último Oscar é uma jornada eletrizante por dentro das emoções de um homem e seu desejo peculiar. Tudo é muito bem feito nesse filme, as imagens são de tirar o fôlego, você se emociona, se diverte e não consegue tirar os olhos para saber como termina essa impressionante aventura. Um dos melhores documentários dos últimos tempos, vencedor de 23 prêmios internacionais.  

O enredo desse Doc. é simples, somos apresentados a Alex Honnold, um escalador norte americano que pratica a escalagem sem cordas por meio de diversas paisagens enormes do chão ao topo. O sonho desse corajoso jovem é escalar ‘solo’, sem qualquer outro equipamento de segurança, as falésias de granito do El Capitan, no Parque Nacional de Yosemite que fica nas montanhas da Serra Nevada, na Califórnia, EUA. Mas a missão não será nada fácil, acompanhando o preparo mental e físico de Alex ao longo de um grande período, além do seu recente relacionamento que modifica demais o pensar do protagonista, o filme vai nos guiando em uma aventura inesquecível.

Os componentes que envolvem essa saga são de, seus amigos, sua família e sua namorada vão preenchendo as lacunas que ficam soltas, já que Alex é uma pessoa muito tímida e que pouco se abre. A partir do novo relacionamento com sua namorada, parece que há uma mudança no modo de pensar, medos inexistentes começam a surgir bem claramente a sua frente e por um triz todo o projeto de realizar essa escalada não tem um desfecho mais triste.

Produzido pela National Geographic, Free Solo, é antes de mais nada uma grande experiência, não só marcante na vida de Alex mas também para aqueles que tiverem a oportunidade de assistir a essa história marcante.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Free Solo'

16/06/2019

Crítica do filme: 'Dumbo'


A amizade está contida em qualquer lugar onde tenha boas almas que busquem o sonhar. Baseado no livro de Helen Aberson, que foi imortalizado pelo famoso desenho de décadas atrás que conquistou plateias de todo o mundo, Dumbo, agora dirigido pelo genial Tim Burton, consegue manter a mesma atmosfera emocionante adicionando um tom equilibrado entre as alegrias e a tristeza que o pequeno elefantinho e seus amigos vivem ao longo de toda a aventura. Burton consegue novamente criar um filme empolgante e com mensagens tão lindas para todas as gerações.

Na trama, acompanhamos o retorno ao Circo, após a guerra, de Holt Farrier (Colin Farrell) onde vive com os filhos após o falecimento da esposa. O circo está passando por grandes dificuldades e Farrier acaba sendo designado para cuidar de um elefante recém-nascido com orelhas enormes. Sem saber direito como ajudar, junto com seus filhos, descobrem que o pequeno e carismático animal pode voar, se tornando em pouco tempo uma grande sensação do circo.

Um dos fatos inusitados desse belo trabalho é quem assina o roteiro, Ehren Kruger, conhecido pelos roteiros de O Chamado e outros filmes e seriados do universo do terror/suspense. Todas as linhas de suas escritas viram mágica nas mãos do inspirado Burton. Os atores também conseguem cumprir, cada um à sua maneira, para que a história mantenha um ótimo ritmo, indo e voltando em temas importantes como o maus tratos aos animais, a ganância, a amizade, a força da família e muitos outros.  

Com um orçamento de 180 milhões de dólares, Dumbo foi um sensação nos cinemas de todo o mundo e deve ficar pra sempre na memória dos que já o conheciam e dos que foram ao cinema conhecê-lo.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Dumbo'

15/06/2019

Crítica do filme: 'Stan & Ollie - O Gordo e o Magro'


O objetivo mais alto do artista consiste em exprimir na fisionomia e nos movimentos do corpo as paixões da alma. No ano de 2018, quase desapercebido, um grande retrato íntimo e muito carinhoso de dois grandes atores do cinema ganharam as telonas de alguns lugares do mundo. Stan & Ollie - O Gordo e o Magro além de um roteiro primoroso baseado na obra de 'A.J.' Marriot ('Laurel & Hardy - The British Tours'), conta com duas inspiradas atuações dos ótimos atores Steve Coogan, John C. Reilly. Esse último, inclusive, indicado ao Globo de Ouro desse ano por esse grande papel. Quando a comédia em forma de arte se introduz em paralelo aos dramas da vida, o projeto consegue criar uma fórmula mágica de emoção não deixando o espectador tirar os olhos da tela.

Na trama, começamos essa jornada nos anos dourados da dupla ‘O Gordo e o Magro’ quando após anos de sucesso nos Estados Unidos, embarcam em sua turnê pelo Reino Unido em 1953, buscando colocar suas carreiras novamente nos holofotes apesar dos efeitos da Segunda Guerra Mundial. O sonho deles, além de continuarem brilhando no teatro, é cada vez mais estarem fazendo filmes, grande prazer da dupla. Mas a jornada acaba sendo uma grande despedida pois Babe, como Laurel carinhosamente chamava Hardy, começa a ter a saúde bastante debilitada.

Para quem não conhece, Laurel e Hardy foi uma famosa dupla de comediantes e dois dos rostos da comédia mais populares do cinema dos Estados Unidos, em atividade desde o cinema mudo até meados da Era de Ouro de Hollywood. Geniais e empolgantes, lotaram enormes teatros e salas de cinema durante muito tempo e em muitos lugares do mundo. Stan & Ollie - O Gordo e o Magro busca um recorte da intimidade atrás das cortinas desses dois ícones do cinema mundial, e consegue com louvor emocionar, nos fazer rir muito por conta da dedicação e brilhante interpretação dos dois atores principais em cena.

Você ri, se emociona e ainda recebe bons argumentos para críticas importantes sobre a indústria do cinema que desde os primórdios privilegiava mais que produzia do que os próprios donos e executores magistrais das lindas cenas que guardamos em nossas memórias para sempre.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Stan & Ollie - O Gordo e o Magro'

14/06/2019

Crítica do filme: 'Jak Pies Z Kotem'


Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos. Dirigido pelo cineasta nascido no Cazaquistão Janusz Kondratiuk, Jak Pies Z Kotem (sem tradução para o português) é um projeto que fala sobre as fábulas da vida em paralelo a uma realidade cheias de razões para não mais se acreditar. Uma relação conflituosa entre irmãos se transforma em uma jornada de descobertas, onde o brilho dos personagens está contido em cada cena.

Na trama, conhecemos os irmãos cineastas Andrzej (Olgierd Lukaszewicz) e Janusz (Robert Wieckiewicz) que ao longo do tempo nutriram uma relação repleta de altos e baixos. Agora já na etapa final de vida, Andrzej sobre um acidente que o impossibilita de ser sozinho e como não há mais ninguém para ajudar , seu irmão Janusz e sua esposa decidem cuidar dele.

A relação de entre os irmãos navega pela tristeza e nos conflitos emotivos. Janusz guiou sua vida através dos sonhos do irmão e sentiu demais uma longa distância entre os dois que acontece já na chegada do terço final da vida de ambos. Andrzej , mente muito criativa talvez pelo fato de trabalhar com arte, após seu derrame só lhe sobra o ato de sonhar e imaginar situações para tudo que está vivendo e o pouco caminho que ainda precisa percorrer antes de falecer.

Misturando um drama profundo com pitadas de comédia, esse longa polonês se destaca pela alma de seus personagens e pelo ótimo roteiro que nos faz navegar junto a tudo de emocional que aparece na trama. Sem previsão de estreia no Brasil, o filme é quase uma relíquia em torno de tantos lançamentos aos longos dos anos.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Jak Pies Z Kotem'

19/05/2019

Crítica do filme: 'O Bom Sam'


Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição. Um dos novos filmes na grade da Netflix, O Bom Sam traça o paralelo, mesmo que de maneira bem superficial, entre a ambição e o fazer o bem, nesse simpático filme que ao menos deixa uma mensagem importante para quem quiser ler nas entrelinhas. Baseado na obra de Dete Meserve, e com direção de Kate Melville (em sua segunda experiência em longas metragens), o projeto conta com um elenco competente e desconhecido do grande público brasileiro.

Na trama, conhecemos a corajosa e persistente repórter Kate (Tiya Sircar), que busca a todo dia a melhor matéria para subir na sua concorrida carreira. Filha de um senador norte americano, não desiste da luta em sair dos holofotes com matérias sobre tragédias que beiram ao sensacionalismo. Sua grande chance chega de maneira inusitada, quando fontes da emissora onde trabalha descobre um caso inicial de uma pessoa que recebeu 100 mil dólares e ninguém sabe o paradeiro de quem deu essa bolada de maneira gratuita. Assim, reunindo toda sua experiência e seu faro para notícia, Kate embarca em uma jornada de descobertas que vai além de uma matéria para a televisão.

Nada vem de graça, ou algumas coisas vem? A ambição toma conta da maioria dos caminhos que navega o roteiro, o contraponto chega já em seu clímax, buscando dar novos argumentos e em paralelos com ações simples do dia a dia. A questão básica do acreditar no ser humano é colocada em cheque a cada minuto, e as descobertas das verdades são feitas de maneira como vimos em outros filmes, optando pelo bom e velho ‘água com açúcar’, oriundo e marca preponderante de filmes da boa, velha e inesquecível sessão da tarde.

Fazer o bem é para poucos, investigar as verdades da vida é uma missão para todos nós. O Bom Sam pode ter altas análises ou ficar na pura e simples experiência de querer assistir a um filme e só.

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Bom Sam'

17/03/2019

,

Crítica do filme: 'Um Banho de Vida'


Nunca despreze as pessoas deprimidas. Dirigido pelo ator e também diretor francês Gilles Lellouche, o profundo drama camuflado de comédia Um Banho de Vida, fala sobre um grande mal dos últimos tempos de maneira leve e com uma mensagem muito bonita de como podemos resistir as dores que nos assolam. Usando uma modalidade esportiva como pano de fundo, uma ótima sacada da equipe de roteiristas, o filme reúne grandes nomes do cinema francês como: Mathieu Amalric, Guillaume Canet, Benoît Poelvoorde,Virginie Efira e Jean-Hugues Anglade.

Na trama, conhecemos o desempregado Bertrand (Mathieu Amalric), um homem de idade já quase avançada que não trabalha faz dois anos e vive desiludido e sem rumo sendo sustentado por sua esposa. Certo dia, após ver um anúncio no quadro de avisos da piscina onde frequenta resolve se cadastrar na equipe de nado sincronizado masculina do local e lá acaba descobrindo outros homens desiludidos e perdidos na vida, cada um com sua história, mas aos poucos o protagonista percebe que aquela é uma chance de um certo recomeço não só para ele mas para todos seus novos amigos.

Falar sobre os conflitos internos não é tarefa fácil para nenhum roteiro. Como há várias portas para se abrirem, o projeto da seu jeito de falar um pouco na superfície (de maneira geral) mas focado mais a fundo no seu protagonista. Os diálogos são ótimos e aos poucos, mesmo com não muitas informações, vamos descobrindo os porquês dos personagens que são iluminados pelo carisma de tantos bons artistas franceses reunidos. Um dos recortes mais profundos mas que fica um pouco de lado na história, é o da treinadora dessa equipe de tristes almas, Delphina, interpretada pelo ótima Virginie Efira. Dentro desse 'consultório aquático', sem dúvidas, você vai rir em algumas cenas mas os momentos de reflexão são maiores, transformando esse singelo filme em uma pequena caixinhas de surpresas que fala sobre o poder que existe quando descobrimos novas razões para nosso viver.

O filme, que estreia no Brasil na próxima 5ª (21.03), foi um sucesso de bilheteria na França, ultrapassando a marca de 4 milhões de bilhetes vendidos, além de 10 indicações ao prêmio César (o Oscar Francês) e também participou do Festival de Cannes de 2018. É uma boa oportunidade para você leitor conferir uma constelação de talentos e um filme que possui uma mensagem bastante importante, principalmente para almas em conflito do lado de cá da telona.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Um Banho de Vida'

Crítica do filme: 'O Retorno de Ben'


Mãe é mãe em qualquer tipo de situação, extrema ou não. Chega aos cinemas brasileiros na próxima 5ª (21.03), o mais novo trabalho do cineasta Peter Hedges (A Estranha Vida de Timothy Green), O Retorno de Ben. Tendo a curiosidade de dirigir o próprio filho em um dos papéis principais e ao mesmo tempo uma das mais conhecidas e competentes atrizes do mundo, Julia Roberts, Hedges, que também assina o roteiro, faz um recorte muito doloroso de uma família que luta para encontrar as respostas certa para a volta para casa, após estar em reabilitação, de um dos seus membros, o filho mais velho, Ben.

Exibido no prestigiado festival de Toronto no ano passado, O Retorno de Ben conta a luta de uma mãe, Holly (Julia Roberts), que é surpreendida com a volta do filho Ben (Lucas Hedges) para casa antes do tempo que ele tinha para cumprir em uma clínica de reabilitação. A partir da chegada do jovem, uma série de situações caem como consequência, mudando completamente a rotina de toda a família. Holly então parte numa busca desesperada para fazer de tudo para que o filho tenha, de certa forma, uma segunda chance com todos que o rodeia.

O filme começa com aquele simbólico e nostálgico sorriso de Roberts (uma expressão marcante da atriz de 51 anos), mas parece que aquela fração de segundo é o único motivo de sorrir da sofrida personagem. O roteiro foca na relação mãe e filho, detalhando a fé que a personagem de Roberts possui, e os confrontos que ambos travam, entendemos que fora por experiências ruins anteriores de retornos de Ben que não deram certo. Um dos méritos desse poderoso longa é conseguir ir além da superfície na composição dos personagens, além do mais, Julia Roberts e Lucas Hedges possuem um entrosamento que fortalece tudo que é narrado. Ainda sobre a eterna linda mulher, é sem dúvidas uma de suas melhores atuações no cinema, nos sentimos conectados com sua personagem a todo instante.

Um grande paralelo traçamos entre esse e um outro bom filme sobre o tema, Querido Menino onde o foco é mais na relação pai e filho mas com o mesmo problema em tema. São dois filmes que falam sobre o tema importante das drogas, e todo o sofrimento que os personagens passam por ver os filhos sofrerem e também por não saber direito como poder ajudá-los. O cinema tem esse poder de ser conscientizador , de trazer para debate temas importantes de toda nossa sociedade, que, na vida real ou na tela grande, nem sempre tem final feliz.

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Retorno de Ben'

04/03/2019

Crítica do filme: 'Seu Filho'


Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho. Com uma interpretação de tirar o fôlego do veterano e excelente ator espanhol Jose Coronado (do ótimo Não Haverá Paz Para os Malvados), está disponível no catálogo da Netflix Brasil o suspense Seu Filho, uma grata surpresa em meio a tantos títulos interessantes nesse streaming. Com um roteiro composto por um cirúrgico plot twist, vamos acompanhando a saga de um pai que pensa ter a família perfeita e sua busca sobre as verdades do seu único filho homem. A força dos personagens é um dos pontos fortes desse intenso filme.

Na trama, conhecemos o dedicado cirurgião Jaime (Jose Coronado), um homem já no terço final de sua vida que costuma ter uma relação muito amistosa com seu filho Marcos (Pol Monen) e um pouco distante com a filha Sara (Asia Ortega). Em uma certa noite, durante um de seus plantões, Jaime descobre que seu filho chegou de ambulância completamente ferido após uma briga em uma boate bastante frequentada no centro da cidade onde moram. O acontecimento mexe demais com o protagonista que começa uma investigação por conta própria o que o leva a limite mental e emocional que desdobrarão consequências para ele e o restante de sua família.

O thriller camuflado de drama vem com aquela pegada de todo bom filme espanhol dos últimos tempos. Intenso, impactante, sem previsões ou achismos de como termina as consequências em que se metem os personagens. Há um mistério correndo envolta de Jaime, isso o atormenta, entra em conflito com tudo e todos e busca de sua própria verdade, ou pelo menos a interpretação que deseja para o que aconteceu. Nem tudo é o que parece ao longo dos 103 minutos de fita. A atuação de Jose Coronado é o alicerce, um ponto cheio de clímax e repleto de intensidade, nossos olhos não conseguem desgrudar em descobrir pela ótica do protagonista o que realmente aconteceu naquela noite.

Os arcos são bem definidos, mesmo que aja um aceleramento descompassado no último, talvez fruto de uma história cheio de detalhes que precisa ser contada em menos de duas horas. O roteiro consegue extrair dos personagens toda a força que é preciso para nunca se perder o ritmo dessa reflexiva história que fala sobre o amor de pais e filhos e até onde é a linha tênue entre a razão e a emoção do argumentar ao favor de quem é próximo de nós.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Seu Filho'

Crítica do filme: 'Creed 2'


Uma vez Rocky, sempre emoção. Tentando dar seguimento a uma espécie de reboot à clássica história do saudoso e inesquecível garanhão italiano, personagem emblemático de Sylvester Stallone nas telonas, Creed 2 ainda com fios de laços com a história de Rocky, foca na família e nas escolhas do passado para entendermos melhor o protagonista, filho do eterno Apollo Creed. Reunindo um competente elenco, um ou outro vacilo no andamento do roteiro mas tentando manter a força dramática dos outros filmes do qual é oriundo, o cineasta Steven Caple Jr, que assina a direção (esse é apenas o segundo longa dirigido por ele) faz o básico e busca manter a força dos personagens mas sem o carisma de outrora.

Na trama, voltamos a encontrar o jovem lutador de boxe profissional Adonis Creed (Michael B. Jordan) que por anos se manteve distante da história de sua família para tentar trilhar uma carreira de sucesso sem comparações. Mas tudo isso fica em cheque quando um polêmico organizador de lutas vai até a mídia e faz pressão para Adonis lutar contra o filho do lutador que matou seu pai Apollo, o boxeador russo Ivan Drago (Dolph Lundgren). Assim, tentando driblar a força do destino e com a ajuda de seu mentor, treinador e amigo Rocky Balboa (Sylvester Stallone), o protagonista deverá enfrentar mais esse complicado desafio.

A vantagem de ter tido tantos filmes sobre Rocky se mostra claramente na elaboração de novas ideias e caminhos para que essa chama nunca se apague. Com uma veia dramática forte e diversas portas a se abrirem, Creed 2 cresce nas telas como um paralelo a nostalgia, tentando a cada linha de roteiro ter uma personalidade própria. Mas mesmo com todo esforço, assim que aparece Rocky e suas lembranças bem distantes é onde o filme cresce e milhões de espectadores aguardam ansiosamente pela música clássica dos outros longas. A narrativa é progressiva, as cenas de lutas são ótimas, os atores muito competentes. Os arcos familiares são bons e se tornam o novo pilar dessa grande antiga nova saga.

Estimado em cerca de 50 milhões de dólares, o filme deve arrecadar muito mais que o dobro nas bilheterias mundiais. Mesmo não conseguindo se desvincular de uma sessão nostalgia mesmo buscando novos arcos com os novos personagens, Creed 2 vale a pena. Uma vez Rocky, sempre emoção.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Creed 2'

17/02/2019

Crítica do filme: 'Vida Selvagem'


De repente do riso fez-se o pranto. Marcando a estreia do ator Paul Dano como roteirista e diretor, Vida Selvagem é um retrato meticuloso e detalhista sobre uma família que conhece o início, o meio e o fim de uma relação e de que forma o único filho de um casal reage a todas essas mudanças. Filme de abertura da Semana da Crítica do Festival de Cannes em 2018, o projeto é baseado no livro Wildlife, de Richard Ford.

Na trama conhecemos Jerry (Jake Gyllenhaal) e sua esposa Jeanette (Carey Mulligan), um casal de classe média baixa que mora em uma cidadezinha de Montana em meados dos anos 60. O Casal possui um único filho, Joe (Ed Oxenbould), e muito pela ótica desse personagem que vamos acompanhando o casamento dos pais ir do céu ao inferno, culminando em uma separação dolorosa onde mudanças acontecerão para marcar a vida de todos os envolvidos.

O raio-x do casal é a chave para entendermos tudo que se desenrola e as escolhas que são tomadas ao longo da projeção. Jerry é um ajudante em um campo de golf, deveras acomodado, que após ser demitido entra em uma espécie de depressão egoísta não lutando por um novo emprego e resolvendo se juntar a uma brigada de homens que estão tentando apagar um incêndio florestal, abandonando por um período sua família. Jeanette, interpretada pela ótima Carey Mulligan, é uma dona de casa amorosa que faz e tudo para entender as decisões de seu fracassado marido, quando desperta para a vida bate a decepção e tristeza, descobre tentações, e luta de todas as formas de conseguir se manter sem precisar de ninguém, mesmo que para isso tenha que abdicar de todos ao seu redor.

Vida Selvagem, participante também do Toronto International Film Festival em 2018 e do Festival do Rio do ano passado, é um filme reflexivo sobre o despertar para vida e sobre escolhas. As decisões que precisamos tomar para um bem coletivo as vezes fere nossos ‘quereres’ individuais. O filme, ainda sem previsão de estreia no Brasil, é um saga pelo caminho da melancolia, até um porto seguro de satisfação. Tudo isso ao olhos do filho que também luta para que seus dias sejam mais felizes. Belo trabalho, não percam!



Continue lendo... Crítica do filme: 'Vida Selvagem'