23/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #287 - Paulo Rodrigues


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Paulo Rodrigues nasceu em 31 de março de 1980 na cidade de Santos. Cresceu entre o Litoral Paulista e a Grande Capital. Fez de seus trabalhos uma referência à linguagem, aos modos e costumes da gente como a gente. Quem espera um Paulo de textos e linguagem ultrapassada, esqueça! Ele é essencialmente contemporâneo e dialoga com intervenções onde o verdadeiro sincretismo está ali. O sonho de ser cineasta concretizou-se em 2005 na Universidade Metodista de São Paulo. Valoriza as pequenas obras assim como as grandes, os graves e os baixos, tipo o jeito elástico de escandir os versos, com ironia, humor em roteiros e interpretações bem instigados e intimistas. Hoje tem como responsabilidade o cargo de diretor criativo na página Cine.RG (@cine.rg no instagram), dedicada ao universo do cinema, séries, livros e música. Um espaço aberto para o que há de melhor no entretenimento. Desde então o cineasta segue sua trajetória de olho em tudo e deixando a vida protagonizar os capítulos de sua história.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação?

Detalhe o porquê da escolha. O Cinesala é um dos últimos cinemas de rua de São Paulo. Ele funciona na Rua Fradique Coutinho há quase sessenta anos. Sua sala de projeção conta com sofás e revela o chão de taco. Eles possuem um bar bem bacana para quem está esperando o filme começar. Sua identidade visual faz referência aos antigos letreiros de cinema e aos jornais dos anos 60 e 70. É um excelente espaço que mantém viva a magia do cinema de rua. Um lugar pra lá de legal, com uma curadoria de filmes impecáveis, e um bar muito charmoso (lá você pode assistir ao filme bebendo um vinho). Para um amante do cinema como eu, a Cinesala representa história. Cinema de rua desde 1962, e o mesmo destaca-se por sua programação de boa qualidade, filmes tradicionais e também fora do convencional - sou apaixonado!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lua de Cristal (risos), um dos maiores clássicos de Xuxa, chegou aos cinemas brasileiros há 30 anos. O longa de Tizuka Yamasaki trazia a eterna Rainha ao lado de Sérgio Mallandro e todas as crianças da década de 1980 e 1990 se cansaram de assistir a esse filme. Nessa época eu nem sabia do namoro com Pelé, fotos em revista masculina, filme com menor de idade, nada disso. No máximo uma ou outra acusação de pacto com o demônio que volta e meia aparecia na capa das revistas. É engraçado e triste acreditar que tem gente que ainda acha isso.

 

De todos os filmes fofinhos que você já viu na sua vida, nada pode ser mais romântico que ser atropelada por um entregador de pizzas que corta caminho pelo meio da calçada. E pra ficar perfeito mesmo, só sendo o Sérgio Mallandro! Que ainda vai pegar, como um verdadeiro cavalheiro, o tênis que ela esqueceu no chão e depois dar uma cheiradinha apaixonado.

 

Lua de Cristal está longe de ser o melhor filme da vida, e eu nem digo isso por apego sentimental e sim pelo fato de ter sido o primeiro filme que eu vi no cinema, no qual pela primeira vez um roteiro até fazia algum sentido.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ang Lee se reinventa a cada trabalho, é muito habilidoso e gosta de experimentar novas tecnologias. Meus filmes preferidos se chamam: O Banquete de Casamento e As Aventuras de Pi, que lhe deu o segundo Oscar de direção, todo o cenário e os animais eram digitais, coisa que pra época ainda era um pouco ousado.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O filme Central do Brasil! Essa obra de Walter Salles é um marco do cinema brasileiro. Eu classifico e aclamo a obra cinematográfica como um retrato fiel da situação social do país. Além de entretenimento de excelente qualidade, oferece subsídios para analisarmos diversos campos de atuação na sociedade brasileira, inclusive o campo social e econômico. Sabe aquelas histórias de crianças que além de buscar um pai que nunca conheceram, sonham com um país onde a paz, o amor e a compaixão sejam possíveis. Isso sim é retratar o cinema de forma honrosa!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu me lembro do primeiro filme que vi no cinema. Lua de Cristal, lá em Santos, eu tinha entre 9 e 10 anos de idade. Muitas das sensações que temos quando somos crianças mudam, enfraquecem ou simplesmente desaparecem quando crescemos, mas a mistura de batimentos acelerados, coração preenchido e frio na barriga que senti nesse dia nunca mudou e se repete até hoje. Um bom filme continua a fazer o meu coração disparar. Ainda desperta todos os meus sentidos e me faz sentir completo. Entrar numa sala de cinema sempre vai ser como pisar em um mundo de possibilidades onde, no melhor dos cenários, viajarei por universos paralelos e realidades distantes e, no pior deles, terei uma experiência diferente.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Minha resposta será bem sucinta (risos) Não! Nosso circuito de cinema é extremamente comercial! Não que os outros países não sejam. Porém, nossa memória afetiva é apagada facilmente pelas novidades e os números de bilheteria! Hoje em dia acredito que para ser um curador de cinema, não basta somente entender de cinema, mas sim entender de números. Triste realidade.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

O cinema não vai acabar, porém não será mais o mesmo. Quando essa turbulência passar as pessoas irão rever seus hábitos e passarão a exigir mais comodidade pelo fato de não saírem de casa. Até para grandes lançamentos. É triste isso, pois com essas medidas de redução o circuito cinematográfico perderá sua popularidade e não conseguirá levar cultura, entretenimento e informação a todos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

Alabama Monroe. Com apenas dois minutos de projeção, ao ver a pequena filha daquele casal recebendo uma injeção como parte de seu tratamento contra a leucemia, eu já sabia que o filme iria doer. E doeu. Aliás, este trabalho do diretor belga Felix van Groeningen é uma daquelas obras que jamais sairá da minha cabeça.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que mais do que estar pronto ou não para voltar aos cinemas, a pergunta mais válida seria: Está valendo a pena ir aos cinemas? Minha resposta seria: não, afinal protocolo de segurança não é vacina!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro cresceu no mercado mundial e concorre lado a lado com produções estrangeiras. Atualmente, o Brasil produz inúmeros filmes por ano que estão no mesmo nível dos internacionais. Apesar de às vezes parecer que temos um orçamento baixo, é preciso levar em conta que fora do país a produção é bem mais cara. Por isso, hoje pode-se dizer que nossos filmes têm um nível de qualidade tão bom quanto o internacional. Carlota Joaquina, a princesa do Brasil da diretora Carla Camurati é considerada a primeira grande produção da fase de retomada do cinema brasileiro. O longa-metragem levou 1,2 milhões de espectadores para as salas de exibição, isso foi um marco para a história cinematográfica nacional. Já Central do Brasil, feito em parceria com a França e dirigido por Walter Salles, foi o grande sucesso dos primeiros anos dessa retomada. O longa-metragem ganhou o Urso de Ouro de Melhor Filme, o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e foi candidato ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Não acredito em premiações, mas é claro que, quando um filme nacional é indicado a prêmios internacionais, o mesmo ganha uma perspectiva que não teria por outros meios. A visibilidade alcançada por Central do Brasil foi um dos grandes responsáveis pelo aumento no número de produções e de investimentos no cinema nacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Quando se fala em carreira internacional, sem dúvida alguma, a atriz Sônia Braga é referência e sinônimo de sucesso pra mim. Ela coleciona atuações importantes em produções cinematográficas, por exemplo: Aquarius e Bacurau. A mesma desde os anos 80 conquista grandes indicações e espaço.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O amor pelo Cinema nasce quando você atravessa a porta de saída da sala, e mesmo assim continua acreditando em tudo aquilo.

- Paulo Rodrigues.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Não existiram muitas histórias inusitadas que eu me lembre! Mas no lançamento do documentário Bixa Travesty, ter a presença do corpo político de Linn da Quebrada, cantora transexual negra, pra mim foi muito forte e importante presenciar, sentir sua luta pela desconstrução de estereótipos.

 

14) Defina “Cinderela Baiana” em poucas palavras...

Uma obra mal compreendida que entrou para o hall do porque que existe.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim! Só que essa regra infelizmente não se aplica em nosso país!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Sem dúvidas o filme O Fantasma do Louvre, do diretor Jean Paul Salomé de 2001. Já assisti vários filmes horríveis, mas nenhum se compara com esse.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Saving the Amazon, para explicar a importância da vasta região, foi criado este documentário por Sophie McNeil. A obra pode ser assistida na Amazon Prime Video.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já! E nem me importei com o que iam achar (risos). Foi no cinema do shopping Frei Caneca, no ano de 2002, assistindo ao filme As Horas. Eu amo muito esse filme e tinha que me expressar de alguma forma.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O filme Adaptação, do espetacular diretor Spike Jonze. É genial e inesperado como tudo se apresenta ali. Sua originalidade é impressionante!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acompanho várias na verdade! Gosta muito de conhecer e dar oportunidade a novas páginas e novos olhares. Hoje eu citaria 3 canais de cinema: Casa do Cinema Brasileiro (@casadocinemabrasileiro no Instagram), Guia do Cinéfilo (Não é média! Sua página é maravilhosa! Parabéns! - @guiadocinefilo no Instagram), Filmes 77 (@filmes77 no Instagram).

 


Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #287 - Paulo Rodrigues

22/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #286 - Barbara Meinicke


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é suíça, de Basel. Barbara Meinicke tem 39 anos e mora em uma pequena vila perto de Basileia na Suíça. Começou a aprender português no ano passado durante a quarentena. Seu marido e ela compartilham a paixão por filmes e já acumulam uma grande coleção. Junto com o melhor amigo deles, produziram um formato sobre filmes chamado “MovieCops” para o YouTube e para uma estação de TV local por alguns anos. Tem preferência por filmes de terror, mas gosta de quase todos os gêneros. Prefere celebrar filmes que adora em vez de criticar aqueles de que não gosta.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Pathé Küchlin.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme no cinema de que me lembro foi da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Timur Bekmambetov, Wanted. Mesmo que seus filmes não estejam no meu topo absoluto em geral, eu absolutamente admiro sua maneira única de criar filmes.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Espero que meu português logo seja bom o suficiente para começar a descobrir filmes brasileiros ;)

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Celebrar e compartilhar a paixão e o amor por filmes com outras pessoas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, aqui na Suíça, existem apenas alguns que não mostram apenas mainstream para as massas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não espero e não acredito. Espero que sempre haja a possibilidade de curtir a 7ª arte dessa forma!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Gun Woman de Kurando Mitsutake. Até pra filme de exploração, maluco pra caramba!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Creio que ter uma vacina que iniba o surto não seja suficiente para arriscar mais infecções. Mesmo que eu deseje aos operadores de cinema que esse tempo difícil acabe logo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu não tenho ideia, mas espero ótima! ;)

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Infelizmente ainda não conheço muitos mas admiro a Morena Baccarin.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte de criar sentimentos com imagens e cenas que podem nos deixar escapar da realidade por um pouco tempo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando vimos “O Cavaleiro das Trevas”, todos começaram a torcer e aplaudir espontaneamente após o truque do Coringa com o lápis. Um momento tão épico quanto agridoce porque todos nós sabíamos que Heath Ledger não está mais entre nós.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Ainda é um mistério completo para mim ;)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

É uma boa premissa com certeza, mas acho que contanto que você crie um filme com seu coração e paixão, não importa como o que você seja definido.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não consigo pensar em nenhum que realmente mereça esse título. Tento tirar algo de bom de cada filme e felizmente alguns deles são tão ruins que já são cult.

 

17) Qual seu documentário preferido?

The Besieged Fortress - O documentário de natureza que mais me impressionou.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, depois de O Cavaleiro das Trevas.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Kick-Ass.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

www.deadline-magazine.de - Porque meu marido escreve para a revista Deadline.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #286 - Barbara Meinicke

21/02/2021

,

Pausa para uma série - Tribes of Europa


Um grupo sempre vai se sobrepor a individualidade. Imaginando um universo modificado por guerras tecnológicas que transformaram países em tribos espalhadas pelo planeta, Tribes of Europa é uma imaginativa distopia que mistura um pouco de Jogos Vorazes com alguns filmes de sci-fi resultando em uma saga dividida por três vertentes (no caso, três irmãos) onde a cada episódio vamos entendendo melhor os mistérios (e são muitos!) desse mundo tão diferente dos dias atuais. Criado pelo showrunner alemão Philip Koch, a série empolga em alguns momentos mesmo sendo ainda muito confusa nessa primeira temporada de apenas seis episódios.


Na trama, conhecemos os Orígenes, uma pequena tribo de cerca de 50 pessoas, que vivem na floresta após uma guerra que poucos sabem o motivo que determinou novas dinâmicas no planeta. Países viraram tribos e a luta pela sobrevivência é constante e sangrenta. Nesse contexto, três irmãos Liv (Henriette Confurius), Kiano (Emilio Sakraya) e Elja (David Ali Rashed) acabam tomando rumos diferentes após um integrante de uma tribo chamada Atlantis cai próximo ao território Orígenes portando um cubo mágico ainda indecifrável. Só que esse acidente acaba levando os poderosos, implacáveis e cruéis da tribo dos Corvos, liderados na missão por Varvara (Melika Foroutan em destacada atuação), a uma busca implacável por esse piloto. Assim, durante uma sangrenta batalha, os três irmãos tomarão rumos completamente diferentes e precisarão de muita valentia e sabedoria, pitadas de sorte também, para se reencontrarem algum dia.


Bastante violento para uma série que a princípio parecia de rápidas resoluções de curtos desfechos acaba se tornando complexa quando entendemos a importância dos porquês e a luta constante por preenchimento de lacunas, principalmente das que aparecem na direção de Elja e do comerciante de sucatas Moses (Oliver Masucci em ótima atuação). Puxando para o lado da aventura em alguns capítulos, somos testemunhas de cenas de tirar o fôlego, além de estratégias e habilidades. Praticamente nos sentimos olhando de cima um jogo de RPG onde escolhemos nossos personagens e acreditamos que ele possa nos trazer as respostas que queremos.


Podemos fazer paralelos sobre tribos e países, do tipo: qual tribo seria qual país? A força do roteiro está nas relações humanas, quase um confronto entre o poder de um grupo e o individualismo. Há tribos completamente diferentes umas das outras, com escolhas desiguais e pensamentos completamente antagônicos. A própria caminhada dos irmãos, cada um na sua missão pessoal, tem contornos completamente longe de se encontrarem. Para uma análise mais profunda, precisamos saber mais. Nesses seis primeiros episódios que fecham a primeira temporada, acabamos com muitas dúvidas e com bem menos respostas que queríamos mas não deixa de ser empolgante em alguns momentos.

Continue lendo... Pausa para uma série - Tribes of Europa
, ,

Pausa para uma série: 'Challenger: Voo Final'


A arrogância é uma das maiores razões dos erros humanos. Contando com muitos detalhes os entornos de uma das maiores tragédias em solo norte-americano da história desse planeta, a explosão, cerca de um minuto após a decolagem do ônibus espacial Challenger que levava à bordo sete tripulantes, seis astronautas e uma professora em 28 de janeiro de 1986. Nessa minissérie em bem divididos quatro episódios com cerca de 40 minutos de duração, vamos conhecendo melhor o contexto que cercava as viagens espaciais naquela época, escutamos depoimentos emocionados de amigos, familiares dos tripulantes e materiais de áudio e vídeo dos próprios astronautas feitos nas vésperas do acontecimento catastrófico que fora televisionado, ao vivo, para milhões de pessoas. Conhecemos também, fatos (alguns até documentados), dentro de uma exposição bastante objetiva sobre o que aconteceu naquele dia e os prováveis culpados pela tragédia. Produção executiva assinada por J.J. Abrams e disponível na Netflix.


Os primeiros episódios são muito bem fundamentados e detalhados como um todo o início do programa espacial na forma de Ônibus Espaciais com a seleção de cerca de 30 integrantes para treinamentos de dois anos e logo após encaixes em viagens nas novas naves desse programa. Muitos dos selecionados para aquela viagem da Challenge vieram desse treinamento. Porém, a figura mais representativa desse lançamento foi a civil, professora de ensino médio e fundamental, Christa McAuliffe.   


Logo avançamos para um paralelo fundamental para entendermos todas as razões e consequências do que veríamos mais pra frente. Tudo parte do desejo da NASA (que possuía desconfiados exorbitantes orçamentos aprovados pelo Governo) de transformar em marketing a ideia de que um ‘ônibus espacial’ é um lugar seguro quanto tanto uma aeronave comercial. Na verdade, não era. O projeto mostra alguns depoimentos que chegam nessa vertente, inclusive de um dos tripulantes, o astronauta Dick Scobee comandante da missão.


O primeiro voo da NASA com uma civil à bordo deixou um enorme trauma no coração esperançoso dos norte-americanos acostumados com sucessos. Mas obviamente, culpados seriam encontrados. Nos arcos finais, entendemos melhor as horas que sucederam a tragédia, com direito até a descoberta de uma reunião emergencial para saber se tinham realmente condições de decolarem por conta das baixas temperaturas do dia marcado para o lançamento do sexto voo do programa que teve também Columbia e Atlantis. Percebemos grande arrogância pelos corredores da famosa agência espacial norte-americana, principalmente pelo sucesso de um período das viagens para o lado de fora do planeta, viagens à lua e lançamentos de satélites. Mesmo sabendo o final catastrófico, é angustiante acompanhar a sequência de fatos que levaram ao trágico ocorrido. Excelente e esclarecedora minissérie.



Continue lendo... Pausa para uma série: 'Challenger: Voo Final'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #285 - Breno Matos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Brasília. Breno Matos tem 24 anos. Nasceu e cresceu no interior do Pará até mudar -se para a capital do país em 2017. Desde cedo assistindo a muitos filmes e fascinado pelo terror depois de se apavorar vendo O Exorcista. Apaixonado pela literatura, é autor de dois romances: POR TRÁS DE UM SOL e SOBRE PÁSSAROS E CARACÓIS. Tem um leve crush até hoje pela Amélie Poulain, se arrisca no violão, e adora umas partidas de xadrez. Sempre buscando aprender cada vez mais sobre essa arte maravilhosa que é o cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto muito do Cine Brasília. Não só pela qualidade sonora e um excelente e espaçoso ambiente, mas pelos filmes selecionados; vários projetos independentes, filmes de arte e nacionais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando eu assisti O Fabuloso Destino de Amélie Poulain pela primeira vez, tudo o que eu achava que sabia sobre filmes caiu por terra, não só porque eu só assistia filmes americanos geralmente de ação ou comédia filtrados por meu pai, mas porque o trabalho de Jean-Pierre Jeunet é fabuloso, desde a narrativa e o visual, até a trilha sonora e atuações. Foi o filme que me fez querer entender o que é cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu acredito que passear entre os diretores consagrados seria mais do mesmo. Poderia citar Scorsese, Kubrick, Hitchcock, Fincher que gosto muito, mas vou dizer Pawel Pawlikowski, um polonês que possui um talento incrível. Vou roubar aqui e citar duas grandes obras dele: Ida (2014) e Guerra Fria (2018).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

A resposta óbvia seria responder Cidade de Deus (2002), mas novamente para fugir do óbvio, vou dizer Como Nossos Pais (2017) porque é um filme muito sensível e incrivelmente bem dirigido pela maravilhosa Laís Bodanzky, que trata de muitos assuntos importantes com uma suavidade dilacerante. Texto muito bem escrito e atuações excelentes.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que eu não conseguiria descrever em palavras. É algo que eu consigo sentir com muita intensidade, mas que faltam argumentos para explicar. Mas de uma forma rasa: ser cinéfilo é amar o cinema, e amar o cinema é amar a arte, e amar a arte é amar as formas que as pessoas encontram de expressar suas dores, desejos e sonhos, e apreciar isso é uma das atitudes mais simplórias de demonstrar compaixão pelo outro.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

 Gostaria de dizer que sim, mas algo tão lucrativo como o cinema jamais teria controle apenas por pessoas apaixonadas no assunto. Com exceção de um estabelecimento ou outro, a grande maioria está mais preocupada com as massas consumindo sem se importar com o conteúdo distribuído.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

 Até existir algum tipo de apocalipse ou destruição em escala global, acredito que não. O cinema é uma experiência única que nunca será substituída por duas horas em frente uma TV em casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A lista é gigante, mas vou ficar com o espetacular Era Uma Vez em Tóquio (1953). Um clássico absoluto sensível e tocante de Yasujirô Ozu, que é pra mim, um dos 10 melhores filmes de todos os tempos.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que é um assunto extenso, mas não; acho que não deveria mesmo com todos os cuidados, porém eu entendo a reabertura precoce, e não critico. É uma faca de dois gumes.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acredito que a cada dia o cinema nacional melhora. A cada ano que se passa mais projetos bons vão surgindo num período curto de espaço entre eles. Mesmo com uma péssima administração para as campanhas de premiações, o cinema nacional é rico e merecia ser mais valorizado, principalmente pelos próprios brasileiros.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não poderia citar outro se não o Wagner Moura. Sei que é um nome batido, mas sou muito fã do ator, e acho que ele ainda pode chegar muito mais longe e conquistar muito mais coisas do que já conseguiu.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A externalização dos demônios internos de forma simbólica e disfarçada de tragédias e humor em tela.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Gosto bastante das obras de Denis Villenueve, então, como um bom fã, fui muito empolgado para a sessão de Blade Runner 2049 (2017), mas para o meu azar, do lado esquerdo algum tiozão pegou no sono durante o filme e roncava muito alto, e do lado direito um casal de adolescentes que só pensavam em se agarrar loucamente. Tive de abandonar a sala pois a minha experiência já estava destruída. Comprei outro ingresso num horário pela madrugada e só então, com apenas cinco pessoas na sala, consegui ver o filme tranquilo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma atrocidade sem precedentes que põe em xeque a todo momento a inteligência e a paciência de seu público!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Com total e absoluta certeza. Um dom não trabalhado e estudado nunca sairá da mediocridade.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Crepúsculo (2008). Começar a argumentar porque essa obra nem deveria ser considerada cinema é um gatilho para o estresse.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Confesso que vi poucos documentários na vida, mas sem dúvidas o que mais me impactou e mexeu comigo foi O.J. Made in America (2016). Acompanhar todas aquelas quase 8 horas de julgamento foram as mais tensas e enervantes que tive em frente um documentário.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Em várias. Haha. Mas poucos me fizeram aplaudir de pé com lágrimas nos olhos; Ela (2013) e La La Land (2016).

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação (2002) de Spike Jonze disparado. É um dos meus filmes favoritos, e o diretor conseguiu extrair do ator uma atuação digna de Oscar.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

A que eu mais ando lendo ultimamente é a Cahiers du Cinéma. Um site que dispensa comentários. Sempre aprendo algo novo quando leio um artigo.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #285 - Breno Matos

20/02/2021

Crítica do filme: 'Kamchatka'


A vida é feita de momentos mas uma família sempre vai ser uma família. Lançado no ano de 2002 o longa-metragem, escrito e dirigido pelo cineasta argentino Marcelo Piñeyro (o roteiro teve contribuição de Marcelo Figueras que também lançou o livro homônimo ao filme), Kamchatka é um olhar repleto de sentimentos e variantes de emoção sobre uma família, mais precisamente sob a ótica de uma criança de 10 anos, que vivem dentro de um caótico recorte temporal, em outono de 1976 dias depois do golpe militar na Argentina. O que produzem suas forças produtivas? Somos testemunhas de fortes contextos, pensamentos, reflexões do pai e da mãe envolvidos em dúvidas e estradas de escolhas por não saberem encontrar o caminho para fugir daquela situação com dois filhos pequenos. Protagonizado pelos excelentes Ricardo Darín e Cecilia Roth.


Na trama, conhecemos um pai (Ricardo Darín) advogado e uma mãe trabalhadora (Cecilia Roth) que do dia pra noite se veem em incertezas e decepções após os militares darem o golpe pelo poder na Argentina em meados da década de 70. Tendo que fugir do lar onde moram, por conta de estarem em uma lista que são contrários ao regime que agora domina o país, vão enfrentar muitas dificuldades para contar aos filhos pequenos sobre o porquê precisam ir morar em outro lugar e viverem longe dos amigos. Assim, tentam seguir em frente, com novas identidades, à bordo de um carro amarelo, olhando as estrelas cadentes e vivendo momentos que podem ser último como família unida.


Os jogos de war, as conversas sobre o cotidiano antes de dormir, os passeios pelas ruas, as brincadeiras e os ensinamentos. São tantos pensamentos profundos e reflexivos que chegamos ao final dessa emocionante jornada. O poder, a força, do relacionamento entre pais e filhos é o grande centro de reflexões desse trabalho, um profundo drama que muitas famílias viveram, aqui contado pelo olhar de uma criança aos horrores de uma ditadura implacável que não ocorreu só na Argentina mas em muitos países pelo mundo. Belo filme.



Continue lendo... Crítica do filme: 'Kamchatka'
,

Crítica do filme: 'Never Gonna Snow Again'


Como posso sentir o desconforto de terras estrangeiras se nem sequer lembro da minha? Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza do ano passado, o longa-metragem polonês Never Gonna Snow Again (Sniegu juz nigdy nie bedzie, no original) é um drama envolvente onde sabemos mais pelo buraco da fechadura de algumas famílias, histórias, traumas e conflitos, através de um curioso personagem nascido sete anos antes mas em uma das cidades atingidas pelo terrível acidente nuclear em Chernobyl. Passando de casa em casa, em um condomínio de classe média alta na Polônia, percebe os dramas daqueles lugares parecidos por fora mas por dentro muito diferentes. Suas massagens viram quase uma sessão de desabafos ou até mesmo uma curiosa terapia que acaba servindo para quem desabafa e para o ouvinte. Dirigido pela cineasta Malgorzata Szumowska, tendo Michal Englert como co-diretor.


Na trama, conhecemos Zenia (Alec Utgoff), um jovem ucraniano que está na Polônia (não sabemos de maneira ilegal ou não) oferecendo seus serviços de massagem para um leque de famílias de um condomínio na Polônia. O personagem, bastante introspectivo e com dons no piano acaba virando um grande conselheiro e bastante querido por todos pelas suas ótimas sessões de massagens e energia que é levada de casa em casa. Por meio de lembranças curtas e noites mal dormidas, vemos conhecendo pouco a pouco esse intrigante personagem de poucas falas.


As emoções perdidas e enraizadas à ação da hipnose. As habilidades de Zenia são apenas um pequeno detalhe desse roteiro repleto de mistério mas que não nos instigam a conhecê-los por completo, o que é um fato bastante interessante. O foco acaba sendo mesmo os dramas das famílias, somos olhos e ouvido do protagonista refletindo bastante sobre tudo o que percebemos atrás daquelas mesmas portas mas que por dentro possuem cada qual suas histórias: Uma mãe egoísta pela rotina e que não sabe que está sendo traída; uma mulher que dedica sua vida a seus cachorros; um doente com câncer avançado e sua esposa perdida na solidão; uma senhora amargurada pelo luto mãe de filho único; um ex-alta patente do exército e seus traumas.


O enigmático final é bastante inesperado mas chega para preencher as lacunas das incertezas, nem tudo precisa de respostas claras e objetivas quando as ações já dizem muito por si só.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Never Gonna Snow Again'

Crítica do filme: 'Eu me Importo'


A linha reta e obsessiva do inescrupuloso egoísmo em uma sociedade cheia de brechas. Caminhando na tênue linha do non-sense, Eu me Importo é profundo em uma crítica social constante sobre os valores do ser humano e as brechas da lei dentro das ações de uma sociopatia escancarada de uma mulher malévola. Acoplado a isso, subtramas desinteressantes e personagens distantes deixam na superfície os porquês, fatores importantes para entendermos fatos e ações. Em seu terceiro longa-metragem como diretor, o cineasta J Blakeson (que também assina o roteiro) busca na sua forte personagem o pilar para contar sua história. O filme, disponível na Netflix, foi indicado ao Globo de Ouro 2021 na categoria Melhor Atriz em filme Musical ou Comédia pela interpretação da ótima atriz britânica Rosamund Pike


Na trama, conhecemos Marla Grayson (Rosamund Pike), uma mulher de forte personalidade que achou uma mina de ouro em um negócio (nada ético) bastante rentável de guardiã de legal de pessoas idosas que não conseguem mais tomar atitudes. Com esquemas com uma médica, casas de saúde para idosos e enrolando juízes, ao lado de sua parceira de vida e sócia Fran (Eiza González) estão sempre planejando o próximo golpe. Um dia aparece a ficha de Jennifer Peterson (Dianne Wiest) e assim Marla rapidamente vira sua guardiã legal. Só que dessa vez, o alvo tem muito mais segredos do que aparenta e trará graves problemas para Marla e seus integrantes do esquema.


Podemos dividir o projeto em duas avenidas: a das críticas em relação a tudo que envolve esse esquema desleal e a da vida pessoal e com pouca relevância de alguns dos personagens. O longa-metragem tem ritmo por mais que pareça sempre como faltando alguma peça do quebra-cabeça. A inversão dos valores sociais (ou algo parecido com isso) é um contraponto interessante e faz refletir, nessa terra sem lei onde tudo é egoísmo, Marla é mais vilã do que um gângster que mexe com tráfico de pessoas? 


A sociopatia da personagem é muito bem definida e constante, fruto de um bom trabalho da ótima Rosamund Pike. Pena que o relacionamento com Fran é pouco explorado, a coadjuvante vira uma peça inconstante dentro de um roteiro que possui falhas mas busca na sua protagonista o brilhantismo do todo. Dianne Wiest, por exemplo, passa quase desapercebida, uma pena. Mas é você leitor quem precisa tirar suas próprias conclusões, o filme está disponível no mais famoso serviço de streaming disponível no Brasil. 


Continue lendo... Crítica do filme: 'Eu me Importo'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #284 - Felipe Agustini


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Felipe Agustini é formado em Engenharia da Computação. A paixão pelo cinema começou desde criança, iniciada pelos seus pais que sempre gostaram de cinema também. É criador do canal Crítica Geek no YouTube (youtube.com/criticageek) e no Instagram (@cg.criticageek). É apaixonado por filmes, séries, livros e rock'n roll.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

De todas as redes, a que eu mais gosto é a Cinépolis. Não só pela programação (que sabe balancear as exibições dubladas/legendadas), mas por toda a estrutura e conforto que ela proporciona.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu vou no cinema desde que eu era criança, então eu cresci com o cinema já enraizado dentro de mim. Mas respondendo a primeira parte da pergunta, o primeiro filme que eu me recordo nos cinemas foi (por incrível que pareça rs) Os Trapalhões na Terra dos Monstros.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta difícil, pois atualmente me divido entre Christopher Nolan e Steven Spielberg. Pra mim, ambos fazem filmes que te sugam pra dentro da história, os filmes deles são uma "jornada" do começo ao fim. Mas se tivesse que escolher, diria Spielberg por conta de toda sua trajetória cinematográfica. O filme que mais gosto dele é (atualmente) Jogador Número 1.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida. Confesso que não sou muito fã do cinema nacional, mas gosto desse filme. Ele me marcou não só por ser muito engraçado (as atuações de Selton Mello e Matheus Nachtergaele são ótimas), mas porque foi um filme que assisti com meu irmão e primos na praia, e rimos muito com o filme (que na época era uma série).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho interessante o termo "cinéfilo"...

Muita gente acha que cinéfilo é aquele que só gosta de filme "cult", que adora assistir os filmes que ganham prêmios como 'O Urso de Ouro' (do Festival de Berlin) e a 'Palma de Ouro' (do Festival de Cannes). Claro que estes podem sim ser cinéfilos, mas não é essa a métrica.

 

Não é questão de conhecimento... de saber o nome de diretor, produtor, roteirista, elenco de todos os filmes.

 

Na minha opinião, cinéfilo é todo aquele que quando assiste um filme, não encara como um simples "filme", mas sim como uma experiência de ser transportado para outro mundo. É um feeling difícil de colocar em palavras, mas colocando de forma prática... quando um cinéfilo assiste um filme como O Senhor dos Anéis ou Vingadores Ultimato no cinema, ele sai extasiado da sessão.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não necessariamente, mas certamente que entendem de retorno financeiro.

 

Tive que assistir Vingadores Ultimato dublado (porque não tinha sessão legendada no horário), mas entendo que existem mais variáveis comerciais na equação do que o cinema propriamente falando.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho extremamente difícil, mas é fato que a receita das bilheterias irá cair cada vez mais. Além do streaming estar cada vez mais forte, a situação econômica do país faz com que as pessoas sejam cada vez mais criteriosas na hora de decidir "qual filme vale a pena ver no cinema".

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu citei esses dias no canal do Instagram o Alta Fidelidade, que é um filmaço com o John Cusack que pouquíssimas pessoas conhecem.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que até pode reabrir (afinal existem pessoas que dependem disso para sobreviver). Tomando todas as precauções necessárias, fica a critério do consumidor se arriscar ou não.

Eu particularmente não vou ao cinema desde o início da pandemia, e só voltarei quando a situação estiver 100% normalizada, pois acho um risco desnecessário ir ao cinema em plena pandemia.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Como disse antes, não sou fã do cinema brasileiro (por motivos que eu mesmo não sei elencar). Mas acho que tecnicamente a qualidade tem evoluído bastante.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não existe rs.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou definir com uma palavra... "mágico".

 

É uma experiência única que permite nos tirar da nossa realidade e levar para outra, mesmo que por algumas horas.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não é nada tão inusitado, mas... teve uma sessão de pré-estréia secreta que eu fui, que logo que cheguei ao cinema um segurança de terno e óculos escuros (ao melhor estilo MIB) pediu meu celular, olhou, passou para a moça ao lado que colocou num saquinho, lacrou, o guardou, e me deu um canhoto falando que só seria devolvido ao término do filme. Até então não fazia ideia de que filme seria, mas era tanto mistério que me surpreendi. No canhoto tinha o logo da Paramount Pictures, mas não foi o suficiente pra adivinhar. Quando o filme começou... era Star Trek (do JJ Abrams), um mês antes da estreia do filme nos cinemas!!! O cinema inteiro aplaudiu, foi uma sessão muito top.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Prefiro não opinar nessa rsrs.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Depende. Um diretor que não seja cinéfilo, mas que conheça bem a parte técnica, pode fazer um bom filme. Porém os grandes filmes, aqueles que marcam gerações, só podem ser dirigidos por alguém que realmente sinta a magia do cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Olha, normalmente eu costumo apagar da minha cabeça os filmes ruins... mas o mais recente (aquele tipo de filme que te dá a sensação de ter jogado seu tempo no lixo) foi Vidro, do M. Night Shyamalan.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não sou fã de documentários, mas adoro 'Behind the Scenes' de filmes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, mais de uma vez. A mais "recente" foi com Vingadores Ultimato. O cinema inteiro aplaudiu em pé... foi algo lindo de se ver.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eita, essa pergunta eu não esperava rs. A carreira do Nicolas Cage é bizarra, de ator de grandes filmes... ganhador do Oscar, à uma série de filmes B. Isso ainda não entra na minha cabeça. Mas meu filme favorito dele é A Lenda do Tesouro Perdido, ficando A Rocha em segundo lugar.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Atualmente acompanho mais os sites de fora, como IGN e Screen Rant.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #284 - Felipe Agustini

19/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #283 - Áurea Francisco


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Áurea Francisco tem 44 anos, é mulher, negra, casada, mãe de 3 filhos adolescentes, criadora de conteúdo digital e apaixonada por filmes africanos e afro americanos. Conheça mais sobre nossa entrevistada em @cine.afro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto muito do Kinoplex e do Cinemark.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Preço de um Resgate, depois disso fiquei viciada em cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu gosto de dois que ultimamente tem sido minhas paixões: Ava DuVernay: filme Selma e série Scandal. Spike Lee: filmes Infiltrado na Klan, Malcom X e O Plano Perfeito.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Viciada como eu em filme não importa o gênero!!!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acho que quando foi criado o cinema pensaram apenas nas pessoas em assistir a um filme qualquer sendo um entretenimento para a família. Mas se tivessem criado para nós cinéfilos muita coisa iria mudar no cinema como por exemplo todas as cadeiras se adaptarem ao som e ação dos filmes veja bem sei que alguns cinemas já existem, mas teria que ser todos inclusos com o valor absurdo que cobram nos ingressos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Negativo, existe gosto para tudo e todos o cinema sempre será uma forma de unir os amigos e família a saidinha de alguém e os streamings nem sempre dá para todos se reunirem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Acrimônia.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, sinceramente deveria primeiro todos se vacinarem que até que está bem rápido e assim reabriria todos os cinemas, mas temos que pensar também nas pessoas que trabalham lá dentro e dependem dos cinemas abertos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Tem melhorado financeiramente mas ainda falta ser mais divulgado e investirem muito mais!!!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro e Leandro Hassum.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O universo de mundos diferentes.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Por enquanto ainda não presenciei nada inusitado kkkk.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Naquela época não havia necessidade do filme sair naquele momento.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Olha eu acho que não precisa ser cinéfilo mas precisa entender de dirigir um filme entender e ler a história e saber o que está fazendo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Carmem, da Beyoncé.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Libertem Angela Davis.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Kkkk sim me empolguei no cinema e bati muita palma kkkkk.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não tenho costume de ver páginas de cinema gosto mais das páginas de filmes no insta.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #283 - Áurea Francisco

18/02/2021

Crítica do filme: 'O Elevador'


Quando uma repetição automática nos mostra as facetas escondidas em nosso inconsciente. Em seu primeiro longa-metragem como diretor, o cineasta Daniel Bernal tenta criar um universo de hipóteses dentro da fantasia de um looping temporal através de dois personagens imersos em um relacionamento cheio de arestas para se ajeitar. O Elevador, fita mexicana (com raízes na Espanha), curta, na fronteira entre média e longa-metragem, se pudéssemos definir em poucas palavras, seria: uma trigicômica ficção sobre o tempo e relacionamentos.  


Na trama, acompanhamos um casal, Ana (Marimar Vega) e Sito (Gorka Otxoa), moradores de um prédio de dez andares que após descerem juntos para jogar o lixo fora, percebem, cada um deles em seu momento, estarem presos em um looping (toda vez que o elevador chega ao térreo, eles voltam ao momentos que entram no elevador). Assim, eles precisarão tentar encontrar alguma solução, principalmente quando descobrem como estarem em um mesmo looping.

Dois personagens, praticamente um cenário, em repetições constantes. São variáveis complexas em serem transformadas em um projeto redondo, sem falhas. Quando há a inversão do looping (vocês vão entender se assistirem), o roteiro de alguma forma seu complemento, definindo assim a visão dos dois sobre o relacionamento e o ocorrido. O Elevador não é um filme fácil, abre muitos caminhos através de uma variável pouco explorada que é o tempo, decaindo para o tragicômico a todo instante não possui inflexões para o drama o que de fato acaba deixando o roteiro flexível às loucuras que vamos assistindo. São loucuras mas há um certo sentido se prestarmos a atenção.


Há uma grande lupa para refletirmos sobre o relacionamento dos personagens. Sito é desempregado, que vive do seguro desemprego faz quase um ano, mas usa esse dinheiro para apostas mirabolantes. Ana é amargurada por viver com Sito no apartamento dos pais dele e mesmo gostando muito dele, percebe que ele está sem futuro, completamente confuso em suas atitudes. Ambos jogam palavras e atitudes nas linhas temporais criadas como se fosse um grande divã camuflado de desabafos inconsequentes.  

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Elevador'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #282 - Anderson Marinho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Brasília. Anderson Marinho é engenheiro eletricista, escritor, esposo, pai, cinéfilo e crítico amador de filmes e séries. Faz críticas leves no Youtube e Instagram, tentando transmitir suas humildes impressões dessa arte tão impactante nas nossa vidas. Instagram: @criticofilmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinemark. Acho as salas mais limpas, organizadas e com maior variedade de filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que assisti no cinema foi O Casamento dos Trabalhões, filme nacional, de 1988. Eu era um garoto do interior, onde não havia cinema. Me lembro de visitar meus parentes na capital e ir com meus primos assistir a esse filme. Foi uma experiência transcendental assistir um filme pela primeira vez no cinema. Nunca me esqueço.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick é meu diretor favorito. O meu filme preferido dele é Nascido para Matar (Full Metal Jacket, de 1987). Mas esse não é meu filme preferido de todos. Meus filmes preferidos são O Poderoso Chefão (1972) e O Poderoso Chefão Parte II (1974), de Francis Ford Coppola.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São tantos filmes nacionais bons, tanto antigos como mais novos, como o recente Bacurau, Que Horas Ela Volta, Aquarius, e os mais velhinhos Central do Brasil, Tropa de Elite, Entre Vales. Mas o que mais me chocou pela estética totalmente diferente foi Cidade de Deus, que continua como meu favorito até hoje.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é sentir prazer ao ver uma obra boa, sentir raiva ao ver alguma que poderia ter sido mais do que é. Ser cinéfilo é propagar essa arte para todos que quiserem ouvir, como faço através do meu canal no Youtube e da minha página no Instagram (@criticofilmes), mesmo não ganhando nada para isso. Ser cinéfilo é rir, chorar, se emocionar com histórias bem contadas nas telas e levar aprendizado delas para a vida. Muitas dessas histórias moldaram meu caráter e tudo que sou hoje.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Os cinemas são um negócio, e como tal, tendem a exibir filmes que poderão arrecadar mais bilheteria, os “blockbusters” ou aqueles que tem uma boa crítica e previsão de angariarem premiações, como o Oscar. Tudo bem quanto a isso. Temos também salas em algumas cidades que exibem filmes mais profundos e diferentes, como as salas de cinema do Itaú. Em especial nas Capitais, tem espaço para todos.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não vejo isso acontecendo. Mesmo com o avanço dos serviços de streaming, com lançamentos simultâneos no cinema e nas plataformas, a magia de ver um filme no cinema nunca vai acabar. É uma experiência diferente, coletiva, uma energia totalmente única. Tanto que como eu disse anteriormente, me lembro com detalhes da primeira vez que vi um filme no cinema. Marca a alma.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Indicarei 2: Incêndios de Dennis Villeneuve (de 2011, disponível na Globoplay), uma obra de arte dramática, com um plot twist único. O segundo filme que indico é Biutiful (de disponível na Amazon Prime), do diretor duas vezes vencedor do Oscar Alejandro González Iñárritu, que trás um filme angustiante e cheio de camadas. Imperdível.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não posso dizer como uma empresa deve gerir seus negócios, mesmo tomando todos os cuidados. Mas falando por mim, não pretendo ir aos cinemas antes de estar vacinado.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito boa, filmes excelentes que já citei aqui, que não perdem em nada para produções estrangeiras.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito do Ângelo Antônio, principalmente por sua atuação em Entre Vales (2012), como também em Dois Filhos de Francisco (2005) e em À Beira do Caminho (2012), um ótimo filme também.

 

Outro que não costumo perder é o Selton Mello. Nunca assisti um filme ruim com esse cara. Destaco aqui O Auto da Compadecida, Meu Nome Não É Johnny, Jean Charles, O Palhaço, Lavoura Arcaica e A Mulher Invisível.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é a Arte falar diretamente ao coração, de aflorar emoções que nem sabíamos que possuíamos, alegria, tristeza, raiva, amor e deslumbramento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Essa não foi dentro da sala. Mas depois dela. Meu irmão assistiu o filme O Sexto Sentido (1999) antes de mim, e quando eu estava indo assistir ele disse: “O Bruce Willis está morto”. E depois disse: “É brincadeira”. Vejam que uma das maiores reviravoltas da história do cinema eu já fui assistir com esse spoiler. Eu nunca o perdoei por isso.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Pau que nasce torto, nunca se endireita.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Pra dirigir um filme tem que ter inspiração, uma boa história e uma boa noção de fotografia e montagem. Não necessariamente precisa ser cinéfilo, mas um bom contador de histórias.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

 

Nossa, tem muitos. Dentre essa gama toda vou destacar um filme que vi quase um ano atrás, que me incentivou a criar meu canal no Youtube e meu Perfil no Instagram, para que outros não caíssem na mesma armadilha. Se checarem no meu perfil no Insta (@criticofilmes) essa foi minha primeira postagem. Trata-se do filme Sobreviver à Noite (Survive The Night, de 2020), disponível na Amazon Prime. Esse filme tem na capa Bruce Willis e estava com a expectativa de ser um bom filme de ação, mas é só um filme péssimo, do início ao fim. Não assistam!!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Lixo Extraordinário, documentário brasileiro chocante de 2011 e que acabou de entrar no catálogo da Netflix.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não me recordo de ter feito isso. Mas gritar foram muitas vezes. Me recordo de duas ocasiões. Em O Retorno do Rei (2003), o último filme da saga de O Senhor dos Anéis, toda a sala entrou em êxtase na batalha final, com o ápice na cena em quem Légolas é incrível derrotando oponentes e termina derrubando um daqueles elefantes gigantes. Foi muito marcante.

 

A outra vez que me recordo desse êxtase e gritaria foi em Matrix Reloaded (2003), na cena em que Neo luta contra muitos agentes Smith na quadra de basquete, após seu encontro com o Oráculo. Parece que 2003 foi um ano bom para ação, não é mesmo?!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Sem nenhuma ironia, o filme Um Homem de Família (The Family Man, de 2000) é muito bom e tocante. Uma comédia dramática que recomendo a todos, atualmente disponível na Amazon Prime.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não costumo ver muitos sites. Já fui seguidor ferrenho do Omelete, mas não acompanho há muitos anos. Atualmente vejo mesmo as críticas e recomendações dos colegas, críticos mais amadores como eu, no Youtube e principalmente no Instagram.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #282 - Anderson Marinho

17/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #281 - Ewerton Fagundes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Ewerton Fagundes tem 25 anos, é formado em Letras e atualmente faz Estudos de Mídia como sua segunda graduação. Na sua infância, queria ser o Pedrinho do "Sítio" (só que não era uma criança padrão), na pré-adolescência quis ser uma estrela da Disney (mas aí é brasileiro), depois cresceu mais um pouquinho e falava que queria ser VJ (mas aí a MTV Brasil faliu) e hoje quer ser uma mistura de Almodóvar, Ryan Murphy e Manoel Carlos artisticamente (algo desafiador, muito desafiador...). Consegue distinguir?

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Downtown, na Barra da Tijuca. Gosto de lá porque sempre tem promoções muito boas nos dias de semana.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Clube dos Cinco.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pedro Almodóvar, Fale com Ela.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Alguém que aprecie cinema de uma forma mais profunda, algo que vai além do espectador comum, que se interesse pela arte em si, por seus diversos gêneros, e não apenas de um filme ou uma franquia específica. Um cinéfilo se arrisca a sair da sua zona de conforto (seja do próprio gosto ou do padrão comum imposto pela mídia) pra assistir filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Na maioria dos cinemas da minha cidade só são exibidos os filmes blockbusters. Cinemas que exibem outros tipos de filmes são em lugares específicos, em especial na área nobre da cidade, onde esse tipo de filme gera uma demanda maior.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Há quem diga que vai acabar por conta dos streamings, mas eu acredito que não. Pode ser que o fluxo das pessoas possa diminuir, mas ela vai ainda permanecer. Nada substitui o escurinho do cinema. Acho que irá pelo mesmo caminho do teatro. Acho que ela pode deixar de ser um seu espaço popular, mas continuará sempre tendo o seu público apreciador: os cinéfilos. Eu adoraria assistir todos os meus filmes favoritos no cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Casamento de Muriel.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Bom, alguns lugares já reabriram, né....mas não concordo não. Só vou ao cinema depois da população estar vacinada. Além disso, felizmente tem poucos filmes interessantes nas telonas agora. Isso é bom porque não incentiva as pessoas a saírem de casa e assistir uma estreia boa numa plataforma de streaming.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vejo uma crescente, mas não sei se está sendo o suficiente pro potencial criativo que podemos ter.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sônia Braga.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a linguagem artística que mais conversa com o ser humano nos dias de hoje pela sua clareza e agilidade, talvez por sensibilizar mais de um sentido nosso, visão e audição.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Acho que nunca presenciei nenhuma história inusitada, talvez se presenciasse poderia atrapalhar meu filme. hahaha

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

A melhor definição do Brasil nos anos 90, mas ainda assim uma obra incompreendida.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que sim para poderem se inovar. Mas ao mesmo tempo me pergunto se eles tem tempo pra assistir um monte de filmes...

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Magic Mike (pode ter existido outros muito antes, mas esse eu lembro de ter assistido até o final - sem sono e com atenção - e ter achado podre).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Elena.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Acho que sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #281 - Ewerton Fagundes