20/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #383 - Yasmin Gomes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Juazeiro do Norte (Ceará). Yasmin Gomes tem 27 anos, é atriz e realizadora cearense. Autodidata no audiovisual, produziu seu primeiro curta-metragem "Não te amo mais", onde mostra sua relação com a cidade a partir de depoimentos de imigrantes nordestinos. Suas produções independentes já foram exibidas em mais de dez festivais, entre eles o Festival Mix Brasil(SP), Cine Ceará(CE) , 3 Margens Festival Latino Americano del Cine (Argentina/Uruguai/Brasil) e Ce L'ho Corto Festival (Itália) Vencedora do prêmio de melhor curta-metragem do Festival Ibero Americano de Cinema Cine Ceará 2020.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Juazeiro do Norte não há outra opção de cinema, além da do shopping, que tem uma programação bastante comercial. O que percebo quando estou aqui é que a maioria da programação é pautada em filmes da indústria americana, ou comédias da Globo filmes... Isso é uma pena, porque não estimula a formação de um público que dê valor às produções mais independentes e nacionais. Em São Paulo tenho algumas salas preferidas. Mas tenho um carinho especial pelo Belas Artes. Antes da pandemia, costumava estar lá às segundas-feiras, dia de promoção! A programação sempre contava com filmes independentes, muitos brasileiros. Foi lá que assisti Bacurau e tantos outros filmes que guardo com carinho na memória.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que assisti no cinema foi Harry Potter e a pedra filosofal. Já não me lembro tão bem dos detalhes do filme, mas justamente por ter sido o primeiro, sempre ficou marcada em mim a sensação de um lugar que tinha um tempo diferente da vida normal. Era como se eu estivesse em outra dimensão do mundo, sabe? Talvez o cinema tenha esse poder mesmo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tenho dificuldade em escolher só um. No Brasil, Kleber Mendonça Filho. Meu filme preferido dele, não me julguem, é Aquarius. Mas não posso deixar de fora o Karin, que é uma grande inspiração. “Viajo porque preciso, volto porque te amo” e “O céu de Suely” são filmes especiais. Das gringas, Greta Gerwig, sou apaixonada por Frances Ha.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Marcelo Gomes e Karin Ainouz. Porque é tão simples, mas tão potente e poético, sabe? A prova de que filme bom, não precisa necessariamente de uma grande produção. Foi um filme que me influenciou muito no meu curta- metragem, Não te amo mais. Sem contar que amo a trilha sonora!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Se interessar e ter paixão em ver filmes, além de ser curioso por esse universo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece, possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim. Mas acho que o mecanismo do capitalismo faz os filmes de super-heróis dos Estados Unidos serem muito mais circulados, por exemplo; o que ao meu ver é uma pena.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Por mais que hoje, tenhamos vários streamings e uma tecnologia que nos permite ter uma excelente qualidade para ver um filme em casa, o cinema ainda é um lugar dos encontros. Ver um filme numa sala de cinema é uma experiência catártica e sinestésica que a televisão em casa não substitui.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Inferninho, de Pedro Diógenes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que estamos num momento bem crítico e que todos deveriam ficar em casa. Mas confesso que me dá uma raiva quando vejo bares entupidos de gente, sem protocolo nenhum, e cinemas (que respeitam protocolos) fechados.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Altíssima. Acho que o cinema brasileiro opera milagres com a pouca verba que tem, se comparada às indústrias estrangeiras que contam com orçamentos milionários. Pa77ra mim, não ficam atrás da grande indústria e sinceramente, me tocam muito mais.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Marcélia Cartaxo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“Cinema é a fraude mais bonita do mundo.” A frase não é minha, é do Godard. E eu concordo com ela.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma vez, trabalhando na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tive a oportunidade de receber Fernanda Montenegro na sala de cinema do Itaú Cultural. Era a celebração dos 20 anos de Central do Brasil. O Walter Salles também estava lá. Foi um momento bonito.

 

14) Defina “Cinderela Baiana” em poucas palavras...

Kkkk precisei dar um google. Nunca assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que ter referências é importante para se fazer um filme, ter um aprimoramento no olhar e nas ideias. Mas não acho que para se dirigir um filme precisa ser cinéfilo. Não deve ser à toa que também existem tantos filmes ruins.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Ih, já vi tantos... o último foi aquele da Netflix: Eu me importo. Detestei. Kkk

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim! Em 2018 na reexibição de Central do Brasil junto com o elenco :)

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não vi todos, mas o que me lembro mais é Cidade dos anjos.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Letterbox!

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #382 - Neilton Lima


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belém (Pará). Neilton Lima tem 31 anos, é formado em Cinema e Audiovisual, pela Universidade Federal do Pará, e professor de Química, formado pela Universidade do Estado do Pará. Atualmente trabalho de forma independente como diretor, editor e roteirista de filmes. Estou em um início bem modesto. Tenho um canal no Youtube, Isto é Arte Filmes, com algumas produções próprias, e os perfis @isto.e.artes.filmes, no instagram, e Neilton Lima/Isto é arte filmes, no Facebook, pra divulgação dos projetos e com comentários/análises de filmes diversos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Atualmente frequento só o Moviecom, é um espaço bacana e ir com os amigos, desfrutar juntos da experiência cinematográfica, com o máximo de pessoas possível em uma sala (isso falando antes da pandemia, lógico), e ter aquela experiência coletiva é o que eu mais gosto. Gosto de pensar cinema de uma maneira bem tradicional, tela grande, com pipoca e tudo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu venho de uma família em que não se pensava nesse tipo de programa, ir ao cinema, como opção de divertimento. Então a primeira vez que entrei em uma sala de cinema foi com 17 anos, pra ver “Os Simpsons”. Dei uma escapadinha do cursinho pra ir ver com os colegas e foi uma experiência muito boa. Ainda não tinha muito a cultura cinematográfica. Mas as coisas mais transformadoras da vida acontecem assim, sem percebemos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Christopher Nolan. É difícil dizer o meu preferido dele, pois amo toda a filmografia dele. Creio ser mais fácil dizer meu top 3 dele: “A origem”, “Interestelar” e “Batman: O cavaleiro das trevas”. Se tem algum filme que me influencia, não só no âmbito artístico, mas em toda minha vida, são esses três.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tropa de Elite, 1 e 2. Porque são filmes que, na minha opinião, equilibram bem a veia artística/autoral do seu diretor, com o apelo comercial de chamar o público pro cinema. Eles têm substancia e não são “cabeça” demais.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser meio estranho (rsrsrs). Eu imagino que seja aquela pessoa que ama tanto o cinema que não precisa de uma cena pós-crédito pra ficar, até a última linha dos créditos passar, na sala. É alguém que ama pensar, falar, “bater cabeça”, teorizando sobre os filmes. É sentir que isso faz parte do mais profundo do seu ser. Pra mim é algo que vem de Deus. Minha vocação (falei sobre isso no meu TCC).

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Creio que sim. Se você está se referindo a quem é profissional da área, teoricamente todas são, pois quem entende de cinema precisa ver todo tipo de filme, até os de pouca qualidade. Isso é algo a se pensar.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Imagino que seria preciso uma readaptação. Todos temos que nos adaptar as mudanças, o cinema não é diferente. Vai sobreviver.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu não sou muito chegado em terror, mas um que vi e acho muito bom é “Enigma do Horizonte”.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Por que não? Há vários protocolos e depois que os cinemas reabriram aqui, vi o cuidado das salas e dos profissionais pra cuidar do público. Agora vai do público seguir as orientações pra evitar o contagio. Aí sim é outra coisa.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Bom, tem muita coisa a dizer sobre isso, mas vou me limitar a dizer que não estamos atrás dos grandes produtores de cinema do mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

José Padilha.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Multiverso.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando “Interestelar” foi lançado, foi assistir no dia da estreia. Sentei do lado de um cara que parecia bem mal-encarado, acho até que ele tava sozinho vendo o filme. Ele mexia no lanche dele, fazendo barulho e tava com a cara “tô nem aí brother!”; na minha cabeça eu pensei “se esse cara atrapalhar meu filme vai dar ruim”. Lá pelas tantas, cena emocionante, eu comecei a chorar (e sempre choro na mesma cena até hoje), olhei pro lado, o cara tava se debulhando em lagrimas tanto quanto eu. É a magia do cinema promovendo a paz.

 

14) Defina “Cinderela Baiana” em poucas palavras...

Vergonha alheia.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Amor ao que se faz é essencial. Se ser cinéfilo é amar o cinema, então...

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Exterminador do Futuro: destino sombrio.

 

17) Qual seu documentário preferido?

1964 – O Brasil entre armas e livros” e “Munique, 1972: um dia em setembro”.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Já. Batman: O cavaleiro das trevas ressurge. LINDO!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Que pergunta especifica... rsrsrs “A outra face” e “Homem-aranha no aranhaverso”.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não acompanho um site especifico na hora de ler, mas acompanho alguns canais no youtube que falam comentam sobre cinema. O meu favorito hoje é o “Elegante”. Ele faz analises muito profundas e maravilhosas!

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #381 - Larissa Melo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Larissa Melo tem 24 anos, é formada em Realização e Produção Audiovisual na Escola de Cinema Darcy Ribeiro; Integrante em "Elviras" Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e também do Coletivo Noéli - Mulheres na Filosofia UERJ. Graduada em Filosofia pela UERJ. Pesquisadora em Cinema e Feminismos. Cinema Queer. Dá aulas de cinema há 4 anos. Foi professora de Cinema no Ateliê Oriente e Curadora do Cine Oriente. Foi professora de Cinema, Videoarte e Performance no espaço Despina de Residênciais artísticas. Diretora do curta-metragem "The Ephemeral", exibido na Mostra Internacional "Wicklow Screendance Laboratory" (Irlanda) 2018.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Estação Net Botafogo de Cinema. A programação costumava ser um charme antes da pandemia. Com mostras incríveis, festivais e filmes clássicos também Era o point cinéfilo dos cariocas. As salas não são modernas, mas não era o que realmente importava e sim a mágica do lugar, sentar no café que eles tem e ficar conversando pós filme, trocando experiências. Só em escrever já me vem uma nostalgia gigante, boas histórias e bons filmes, tudo num só lugar com as pessoas que a gente ama.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Fallen Angels” (Anjos Caídos” de Wong Kar Wai). Foi um filme que assisti aos 16 anos, sozinha em casa. Tudo na narrativa me levava para um lugar incomum, seja as ruas iluminadas da Hong-Kong dos anos 90, bem como os ângulos inusitados feitos com lentes fish-eye, justamente no close dos personagens. A solidão e os encontros ocasionais que acontecem no filme, por sua vez, eram bem familiares, independente do lugar ao qual nos encontramos, alguns sentimentos podem ser sim universais e o cinema nos aproxima disso. Wong Kar Wai executa isso muito bem com suas histórias de amor e solidão.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Minha diretora favorita é a Agnès Varda e meu filme favorito dela se chama “As Praias de Agnès” onde ela conta a história da sua carreira como cineasta, mesclada com a própria história da nouvelle vague. Ela e seu filme são cheios de um humor doce e seu jeito de atravessar o outro e à nós espectadoras e espectadores é diferente. Sua mistura

de ficção com realidade nos aproxima de um mundo belo, poético e preocupado com o coletivo, uma preocupação em estar sempre surfando na beleza da vida, nas pequenas coisas. Eu amo quem consegue fazer “inventários das coisas miúdas” que acabam sendo gigantes em nós.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Atualmente é “Bacurau” do Kleber Mendonça. Este filme resgatou um sentimento muito forte em nós cinéfilas e cinéfilos brasileiros. Em um só filme ele discute problemas que enfrentamos dentro do Brasil e também a ameaça externa de um certo imperialismo cultural que continua forte. Um filme que expõe as heranças da colonização que ainda vive nas engrenagens do nosso modo de pensar. A força mostrada na união do povo que habita Bacurau, nos mostra a potência do coletivo. É também uma mensagem de amor e homenagem aos nordestinos e sua história.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acredito que não se trata apenas de uma relação de amor com os filmes, mas ter uma relação íntima com as imagens-movimento, que chamamos frames. Acreditar nas múltiplas transformações que elas causam em nós e no mundo, desde seu nascimento até os dias atuais. Sabemos que os filmes por vezes também podem ser perigosos, no sentido de que todos eles chegam para nós como uma perspectiva de mundo e temos que tomar cuidado na seleção de qual iremos abraçar. Mas são também os filmes essas máquinas atemporais de viagem no tempo ao passado e a um futuro que ainda não existe. Os filmes estão ligados ao imaginário de outros mundos, e isso é muito forte pois é nossa maneira de “ensaiar” como podemos melhorar este mesmo mundo em que estamos atualmente. Ser cinéfila ou cinéfilo é estar ligado com uma experiência de um novo radical. Assistir a um filme é sair do mundo, mesmo estando dentro dele, mesmo que por 2 horas. É um tempo de atenção crucial para uma pausa nessa vida. E é nas pausas que encontramos imensidão.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente não. Os cinemas de grande público são dedicados a produções maiores que irão trazer um retorno alto financeiro e geralmente escolhidos por pessoas que pensam mais por esta ótica. Sabemos que não há problemas em amar os filmes de herói ou outros blockbusters. O problema se encontra quando só encontramos este tipo de entretenimento nas salas de cinema. O espaço para filmes brasileiros e também independentes ainda é muito pequeno em grandes salas de cinema e isso é um dos sintomas que causam o afastamento do público de uma conexão maior com o cinema nacional, por exemplo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que a sala de cinema apenas mudou suas configurações. Agora em momentos de pandemia estamos enfrentando uma morte abrupta destas salas presenciais. Mas estamos tentando resistir a isso de maneiras criativas. Logo no começo da pandemia, em abril do ano passado, criei o Cineclube Online Varda, gratuito e voltado para sessões online de filmes com debates. Assistimos todos juntos e conversamos online via chamada de vídeo logo depois. Esta experiência tem resgatado essa potência bonita que surge quando assistimos filmes em grupo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Ghost Story” ou no Brasil “Sombras da vida” foi uma boa surpresa para mim quando assisti em 2017. É um filme pouco conhecido mas que traz questões envolvendo vida, morte e tempo. O filme investiga de uma forma muito particular a natureza do tempo e das coisas e como nos transformamos diante deste processo. O filme começa com uma premissa muito simples e no final acaba levantando um debate acerca da história da humanidade como um todo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Como respondi em uma das perguntas acima, acredito que é o momento de pensar em maneiras criativas de fazer isso online e para aqueles que não tem acesso à uma rede de internet, trabalhar em projetos que possibilitem isso para todos. Desde o início estamos falando que estamos “juntos” neste sofrimento com a pandemia, mas a verdade é que este sofrimento é muito diferente para uma grande maioria. Muitos não têm o conforto de poder estar em casa, com acesso aos streamings ou mesmo à internet, como mencionei. A pandemia apareceu para gritar a desigualdade social que o Brasil já enfrenta há muitos e muitos anos. A preocupação que temos agora extrapola um pouco a questão das salas de cinema, mas sabemos que a arte e o acesso aos filmes é algo importante para a formação de qualquer pessoa, principalmente dos jovens. Portanto o foco é auxiliar como pudermos ongs que já fazem um trabalho similar ou nos inspirar a criar novos projetos que substituam as salas de cinema e tragam os filmes à essas pessoas de uma outra forma.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Apesar do desmonte da indústria cinematográfica e dos ataques políticos constantes que o setor passa, os filmes brasileiros têm conquistado o mundo através de festivais e de prêmios importantes. As cineastas e os cineastas brasileiros continuam com um fôlego implacável e tem produzido belos filmes.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Karim Ainouz é um diretor que sou mega fã. Acho seus trabalhos sempre muito sensíveis e cheios de nuances. Dá gosto de acompanhar a evolução e o reconhecimento merecido de seu trabalho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema nos faz habitar o impossível e isso nos traz a chance de viver muitas vidas em uma.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Sempre há muitas histórias loucas dentro do Cinema. Presenciei um pedido de casamento uma vez. Não sabemos até hoje se foi brincadeira ou real mesmo. De qualquer maneira, todos ficaram radiantes na sala.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti até hoje! Guardo a resposta para uma próxima entrevista :)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acredito que precise ser cinéfilo não, apesar de ajustar bastante. Acho que pra ser diretora ou diretor tem que ser apaixonado pela vida. Não necessariamente por contar histórias, tem que ser apaixonado mesmo pelo que vê no dia a dia, pelo ato de observar. Quem observa bem o mundo ao seu redor tem potencial para fazer belos filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

“Cara, cadê meu carro”? E ainda sim talvez assistiria novamente haha. Sessão da tarde feelings.

 

17) Qual seu documentário preferido?

“Os catadores e eu” de Agnès Varda.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim! Para Bacurau e Aquarius!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Acho que nenhum. Mas gostaria de assistir “Coração Selvagem” do David Lynch, que tem ele no elenco.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não leio muitos sites de cinema, apesar de trabalhar com isso! Mas vou puxar sardinha para o site Guia do Cinéfilo e convidar você leitor ou leitora a ler e a divulgar o conteúdo que rola aqui para todos :)

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19/04/2021

Mostras Competitivas do Festival Digital Curta Campos do Jordão tem exibição a partir de 21/4


Idealizado e produzido pelo Cineclube Araucária, o Festival Digital Curta Campos do Jordão - FDCCJ acontece entre os dias 21 e 28 de abril em formato virtual com acesso gratuito pelo site www.festivaldigitalcurtacj.com.br.


As Mostras Competitivas de curtas-metragens ficam disponíveis para apreciação do público, entre os dias 21 e 28, porém o acesso para voto do Júri Popular somente até dia 27. A live de Abertura (21/4, às 15h) conta com exibição do longa convidado M8 - Quando a Morte Socorre a Vida, de Jeferson De. E a Cerimônia de Premiação ocorre no dia 28, às 19h, com homenagem à Helena Ignez como Personalidade do Cinema Brasileiro em 2021.


Além das Mostras Competitivas e exibição do longa-metragem M8 - Quando a Morte Socorre a Vida, a programação traz oficinas de formação em audiovisual, ministradas por Jeferson De & Cris Arenas e Ralph Friedericks, live com a cineasta Naná Prudêncio e Sessão Especial (26/4) para as pessoas atendidas pela APAE de Campos do Jordão e Região, entre outras ações.


São 89 curtas-metragens concorrendo ao Prêmio Araucária de Cinema do Festival Digital Curta Campos do Jordão, selecionados entre os 564 inscritos de todo o Brasil. 23 curtas disputam a categoria Ficção; 19 estão na Experimental; 18 filmes em Animação; 15 em Documentário; 10 na Regional; e 4 na categoria na Infantil. Os vencedores em cada categoria recebem, além do troféu, prêmio em dinheiro da ordem de R$ 3.000,00.


O Prêmio Regional é um dos destaques do FDCCJ, premiando o Melhor Curta produzido na Mantiqueira, Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo. O Júri Popular vai escolher o Melhor Curta Nacional e o Melhor Curta Regional. O Júri Oficial também vai eleger o Melhor Curta Regional e será responsável pela premiação dos melhores nas demais categorias, além de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original.


O Festival Digital Curta Campos do Jordão – FDCCJ conta com apoio da Secretaria Municipal de Valorização da Cultura e do Convention Bureau de Campos e Região. Este projeto, contemplado no Edital ProAC Expresso LAB 40/2020, é realizado com recursos disponibilizados pela Lei Federal 14.017/2020, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo.



PROGRAMAÇÃO - Festival Digital Curta Campos do Jordão


Até 29/4. Acesso livre


Oficinas de Cinema com Ralph Friedericks


As oficinas, ministradas pelo cineasta e fotógrafo Ralph Friedericks, estão abertas aos interessados no site do FDCCJ: Efeitos Especiais - De Méliès ao Chroma Key, Refilmando a Cena Famosa, Criação de Personagem e Foley - Fabricando os Sons dos Filmes.


 


21/4. Quarta, às 15h


Cerimônia de Abertura | Longa Convidado


Evento com participação dos realizadores, curadores, cineastas competidores e demais envolvidos no Festival.


Sessão do novo longa-metragem convidado M8 - Quando a Morte Socorre a Vida, de Jeferson De, que ficará disponível no site até o final do FDCCJ.


 


21 a 28/4. Quarta a terça. Acesso livre


Exibição dos Curtas | Votação Popular


Período destinado à exibição das Mostras Competitivas de curtas-metragens para o público.


A votação pelo Júri Popular é aberta nas categorias Nacional e Regional, até 27/4.


 


22/4 a 24/4. Quinta a sábado, às 19h


Oficina de Curta-Metragem com Jeferson De & Cris Arenas


A oficina Iniciação à Linguagem de Curta-Metragem é uma atividade ao vivo, ministrada pelo cineasta Jeferson De e pela produtora e cineasta Cris Arenas.


Inscrições pelo site do FDCCJ, até 21/4.


 


26/4. Segunda, às 19h


Live com Ralph Friedericks


Bate-papo aberto aos participantes das quatro oficinas e demais interessados para discutir os temas, tirar dúvidas e mostrar experiências de alunos, a partir das técnicas apresentadas pelo cineasta e fotógrafo.


 


26/4. Segunda, às 14h


Sessão Especial para APAE


A sessão, destinada às pessoas atendidas pela APAE de Campos do Jordão e Região, traz uma seleção de curtas exibidos em edições do Festival Curta Campos do Jordão.


 


27/4. Terça, às 19h


Live com Naná Prudêncio


Encontro da cineasta Naná Prudêncio com os realizadores dos curtas concorrentes. Naná é uma das fundadoras da Zalika Produções que atua no segmento audiovisual com foco no cotidiano da população preta e periférica no Brasil.


 


28/4. Quarta, às 19h


Encerramento | Homenagem à Helena Ignez


Cerimônia de encerramento e premiação aos vencedores das Mostras Competitivas (Júri Oficial e Júri Popular).


Homenagem à atriz e cineasta Helena Ignez como Personalidade do Cinema Brasileiro em 2021. Há mais de 60 anos atuando no teatro e cinema, ela realizou mais de 40 filmes como atriz e diretora. Seu longa recente é Fakir (Melhor Filme pelo Júri Popular do CineFantasy 2019 e Melhor Longa-metragem pelo Júri Oficial do festival As Amazonas do Cinema 2020).


 


SERVIÇO


 


Festival Digital Curta Campos do Jordão – FDCCJ


21 a 28 de abril de 2021


Grátis (acesso online a todos os eventos e todas as atividades)


Onde assistir / participar:


www.festivaldigitalcurtacj.com.br | YouTube/CineclubeAraucaria


Nas redes / acompanhe a programação:


Instagram - @cineclubearaucaria


Facebook - @araucariacineclube


 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #380 - Tiago Quintes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Campos dos Goycatazes (Rio de Janeiro). Tiago Quintes tem 32 anos, é produtor e diretor de documentários. Com o "Sufoco da Vida" ganhou dois prêmios na 17a Edição do Gramado Cine Vídeo 2009. Graduado em Cinema pela Estácio de Sá, especialista em Artes Visuais pelo SENAC RJ, mestrando em Cinema e Audiovisual pela UFF Niterói.  Servidor Federal no cargo de Técnico em Audiovisual no Instituto Federal Fluminense, lotado na reitoria, em Campos dos Goytacazes RJ.  No IFF realizou o projeto Cinema: Arte e Tecnologia, ministrando cursos livres na área do cinema e audiovisual para os estudantes do ensino médio-técnico.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade atualmente tem duas empresas de cinemas dentro de shopping centers diferentes e mais uma empresa que estava a ponto de inaugurar, também dentro de um shopping. Entre esses dois cinemas que estavam abertos antes da pandemia o meu preferido é o Kinoplex Avenida, principalmente porque costumava passar mais filmes brasileiros em relação a outra rede que atua na cidade de Campos.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A memória mais antiga que eu tenho de uma sala de cinema foi numa sala de rua na cidade de Araruama, onde nasci. Fui levado pelos meus pais, juntamente com minha irmã mais velha, para assistir a animação O Rei Leão (1994). Lembro que a sala estava lotada e que o filme era legendado. Provavelmente meus pais só conseguiram ingresso para a sessão legendada. Eu ainda não sabia ler, e minha mãe passou a sessão inteira cochichando no meu ouvido as falas! Eu lembro que me encantei com aquele lugar e com o tamanho da tela, dos personagens, que pra uma criança de cinco anos era proporcionalmente enorme, mas me incomodei com o fato de não entender o que os personagens falavam. rs

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Bem difícil citar somente um nome e somente um título. Pra mim funciona como uma coisa de momento. Tem diretoras e diretores e também filmes que gosto muito, mas que dependendo do "mood" da vida naquele momento não é o tipo de filme ou direção que me toca. Não sei dá para entender. Mas já que é pra falar somente uma pessoa, vamos lá: Alfred Hitchcock, A sombra de uma dúvida / Shadow of a Doubt (1943).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Um que tenho como emblemático é o Mar de Rosas (1977), da diretora Ana Carolina. Me agrada ao mesmo tempo a brasilidade do filme, os devaneios, o surrealismo, as cores, o argumento e a direção feita pelo olhar feminino da Ana.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É se interessar por tudo o que está relacionado com o cinema. Se interessar pela captura do movimento, pela óptica, pela arte da projeção, pela linguagem visual não verbal e também verbal e pela forma de expressão artística que as imagens e sons montados proporcionam.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Primeiramente, o que é uma pessoa entender de cinema? É entender sobre filmes considerados mais artísticos? É ser crítico? É ser um pesquisador com diploma? É entender e estar dentro das lógicas do mercado capitalista cinematográfico? Falando somente sobre Campos, acho que a programação da cidade é feita por pessoas que trabalham analisando as questões de público como um consumidor e cliente (consumidor dentro de um shopping, diga-se de passagem) e muitas vezes guiados pelo que o mercado distribuidor supõe sobre o público consumidor, mas estas suposições podem errar.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso. E estou apostando em um boom na ida a salas de cinema quando (e se) essa pandemia der uma trégua. Muito provavelmente após todos nós estarmos vacinados, lembrando que temos que continuar a tomar todos os cuidados possíveis, nada de aloprar na sala de cinema. Mas entendo que a situação das salas deve estar ficando cada vez mais difícil, sem recursos por estarem sem público e sem nenhuma ajuda do governo neste sentido.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Não é tão desconhecido, mas vai: Barravento (1962), Glauber Rocha.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Na situação atual, neste abril de 2021, onde as coisas estão ainda piores, acredito que não. Eu não tive coragem de ir em uma sala que reabriu durante a pandemia. Mas penso que as salas de cinema, principalmente as de pequeno porte e pequenas redes, precisam de ajuda neste momento para se manterem até uma possível situação de pós-pandemia.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito da atriz, diretora, curadora e dramaturga Grace Passô.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou usar a do diretor brasileiro Humberto Mauro, que pra mim é a melhor definição: "Cinema é cachoeira".

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu lembro que em 2004 estava muito afim de ver o filme Cazuza - O tempo não para, do Walter Carvalho. Mas a classificação indicativa era 16 anos, e eu tinha 15. Eu chamei um amigo, que já tinha 16, e falsifiquei no "paintbrush" minha carteirinha do colégio (a mesma que dava direito a meia entrada), fingindo que eu tinha 16 anos. Passei batido! Acabei de entregar aqui minha contravenção de adolescente (haha) mas valeu muito a pena! Achei o filme incrível e fiquei emocionado com a história desse grande poeta.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Merece um parabéns quem conseguiu fazer filme no Brasil em 1998.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Se ser cinéfilo é apreciar o cinema, todos os diretores e diretoras são um pouco, não? Mas o termo acaba carregando uma característica de "vício", de alguém que somente pensa em cinema.Se tratamos das obras, algumas deixam claro o traço de cinefilia de seus autores e outras não. Resumindo: Não precisa. Acho os filmes do Eduardo Coutinho ótimos, e não vejo grandes traços de cinefilia em suas obras. Por outro lado acho o trabalho do Kleber Mendonça Filho fantástico, e me agrada muito todas as referências e o modo como isso é colocado em suas obras.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Era uma vez em Hollywood... / Once upon a time in Hollywood... (2019), de Quentin Tarantino.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Babilônia 2000 (1999), Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Várias vezes, em festivais de cinema. Principalmente no Festival do Rio.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gosto do Senhor das Armas / Lord of War (2005), de Andrew Niccol. Mas tem muito tempo que não assisto.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O portal da SOCINE - Sociedade de Estudos de Cinema e Audiovisual, da qual faço parte. Eu me graduei em Cinema e atualmente atuo como pesquisador e mestrando em Cinema e Audiovisual na UFF (Universidade Federal Fluminense).

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #380 - Tiago Quintes

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #379 - Arthur Gadelha


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Arthur Gadelha tem 24 anos, é produtor audiovisual do Jornal O Povo e presidente da Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine), foi um dos autores da Revista Movimento, curador da última edição do Festival de Jericoacoara e integrou júris da crítica em festivais como Cine Ceará, For Rainbow e Noia. Ministrou palestras, cursos e oficinas na área crítica, e dirigiu três curtas-metragens: Distante (2015), Como Chegamos Aqui (2016) e Capitais (2018), codirigido com Kamilla Medeiros e vencedor de Melhor Filme Universitário do 51º Festival de Brasília.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não há dúvidas de que a Sala 2 do Cinema do Dragão é minha favorita. A começar pelo formato: por não ser nem grande, nem pequena, há um aspecto bastante acolhedor, um local que antes da pandemia era minha segunda casa. Não à toa o maior evento cinéfilo do ano acontece neste cinema, que é a Mostra Retroexpectativa, programação que acontece sempre em janeiro exibindo filmes do ano anterior e filmes que ainda serão lançados. Há um cuidado de curadoria muito bonito. 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Num sábado à tarde, minha mãe me levou ao centro da cidade para assistir Harry Potter e o Cálice de Fogo (2004) no cinema mais antigo da cidade (e que existe até hoje), o Cineteatro São Luiz Fortaleza, local onde hoje acontece o Cine Ceará. Um clássico cinema de rua com direito a letreiro físico da programação e tudo. Percebi ali que o cinema era um acontecimento, um evento a ser respeitado como tal, quase um culto. A imperiosa sala do São Luiz dava essa sensação que, somada à minha ansiedade em ver o filme, concretizou a paixão em mim.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa pergunta muda todo mês de resposta. Já foi Terrence Malick, Lucrécia Martel, Leon Hirszman, André Novais de Oliveira, mas hoje, nesse momento tão suspenso que ainda estamos atravessando, te responderia que é o Béla Tarr. Com ares de Tarkovski, o cinema dele, porém, não é transcendental, espiritual ou metafísico. Não fala de Deus, da angústia íntima, nem do passado ou do futuro. São filmes que desafiam o tempo enquanto traçam um vazio supremo na realidade, na vida, é um cinema tão melancólico quanto contraditoriamente esperançoso. Meu filme favorito dele ainda é As Harmonias de Werckmeister (2000), principalmente pelo personagem do Janós, andarilho de uma cidade sitiada e acanhada, testemunha de uma repressão da qual não faz parte. Um filme nada óbvio que me desconcerta sempre.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Eles Não Usam Black Tie (1981), do Leon Hirszman. Adaptação de uma peça, esse filme é um assombro de roteiro e interpretação e, de fato, me assusta muito o quanto sempre é um filme contemporâneo. Na história, há um conflito entre pai e filho operários que discordam quanto a influência de uma greve para exigir respeito trabalhista. É um conflito dramático por si só que já renderia se fosse apenas um monólogo. Mas Leon recria uma dramatização desconcertante, sabe usar o máximo da potência do elenco: Fernanda Montenegro, Bete Mendes, Carlos Alberto Riccelli, Gianfrancesco Guarnieri... Indico sempre. Reassisto sempre. Acho que é um filme assustadoramente brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Na real, eu acho que ser cinéfilo é viver a angústia de uma linguagem infinita. Se eu não fosse cinéfilo, eu não perderia o sono ao perceber que morrerei ser ter visto 2% dos filmes produzidos, sem ter conhecido o contexto cultural dos vários cinemas em construção em cada um dos países que existem. Sabe? Isso é angustiante de verdade. Todo canto tem gente experimentando um novo tipo de cinema, contando histórias particulares, e acho que ser cinéfilo é ter a consciência dessa imensidão e ter vontade de ir mergulhando por aí, entender que o "cinema" não é só o que chega, não é uma ferramenta que atende a poucas perspectivas. Ser cinéfilo é entender a ignorância indissociável ao fato de ter os filmes como memórias de seus tempos, manifestações de pesos culturais tão grandiosos quanto aos quadros, as esculturas. É claro que esse processo é divertido ao se converter em entretenimento, mas o cinéfilo está sempre buscando entendê-lo para além disso.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

De forma abrangente, eu acredito que sim. Cinema é um evento cultural e o "conhecimento" não se atém apenas à linguagem como tal, mas também no pensamento de plateia, de contexto, então acho que numa visão geral claro que sim. Agora, se a discussão for sobre pessoas que põem em prática a curadoria na essência da palavra, de "curar", compreender os filmes como perspectivas de diálogos, reflexões e discussões, para além do critério financeiro, aí sim eu diria que são poucos. Os programadores de cinema de shopping entendem tanto os seus públicos quanto o programador da Sala 2 do Cinema do Dragão, por exemplo. São públicos e objetivos diferentes. É uma pena que a distância de atenção, dimensão e aporte seja absurdamente desigual.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Impossível. Agora assim: se há 50 anos as salas eram a única maneira de ver novos filmes e hoje, definitivamente, não estão sozinhas, é claro que estamos passando por uma mutação - e a pandemia veio escancarar isso. Mas todo mundo concorda que a experiência da sala de cinema, tanto artística quanto social, é insubstituível. Isso me parece inegociável. Se essa sensação vai perder espaço central (coisa que eu também não acho que vá acontecer no meu tempo de vida), aí é coisa que deixamos para o futuro responder.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Linz - Quando Todos os Acidentes Acontecem (2013). Um filme cearense belíssimo, que inclusive está no youtube. A história parece que já nasce na fábula e acho isso incrível: um homem que vai fazer uma entrega em Tatajuba, cidade praiana próxima a Jericoacoara que foi sumindo à medida que o vento mudava as dunas de lugar. Então ele vai desaparecendo aos poucos tal qual a cidade e as pessoas que existiam ali. É um trabalho incrível, e bastante modesto, sobre pertencimento, tempo, sentimento que me lembra muito a última aventura niilista do Béla Tarr.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. É um ambiente tão fechado e propício à circulação de ar...

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O Cinema Brasileiro é como um organismo vivo. Claro que se poderia falar isso de muitos cinemas, mas eu destaco esse pensamento para o que a gente produz porque eu amo perceber que não temos "uma cara". O nosso cinema não caminha pra ter uma identidade, não se importa com qualquer unicidade técnica ou narrativa, nossos filmes são muito particulares! Se já há um abismo entre os filmes sudestinos dos nordestinos, por exemplo, dentro das regiões é que as coisas se dividem ainda mais. Nosso cinema se preocupa em atualizar os conflitos étnicos da história dentro da contemporaneidade, nosso cinema sabe sonhar e viver fantasias, sabe construir horrores, sabe ficcionar e documentar as transformações políticas, sociais e urbanas. Tudo isso em formas particulares. Vale ressaltar, inclusive, que essa pluralidade pulsa muito mais nos curtas-metragens, filmes tão pouco difundidos para além dos festivais. Fazemos um trabalho invejável.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Nos últimos anos venho me impressionando bastante com o trabalho da atriz e diretora Grace Passô. Sinto que a fisicalidade dela é um elemento sem parâmetro na história do cinema brasileiro, então todo novo trabalho em que ela está envolvida já pisca um alerta aqui em mim. Ano passado, seu curta-metragem "República" balançou com toda a comunidade cinéfila - e é um filme de quarentena gravado no próprio quarto, atuado apenas por ela mesma. Daí você percebe o nível de performance que essa artista tem.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou deixar uma citação do Béla Tarr sobre a relação do cinema com o tempo:

"O tempo, de qualquer forma, faz parte da nossa vida. Tempo e espaço, e você não pode ignorá-lo. Eu sei que a maioria dos filmes está ignorando o tempo, porque eles estão apenas passando o enredo, estão apenas contando a história. Mas não sabemos o que está acontecendo no mundo, realmente. E eu estou interessado no mundo, não apenas em filmá-lo" — Béla Tarr

 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Inesquecível a experiência de assistir ao filme paraibano "Sol Alegria", de Tavinho e Mariah Teixeira, na Sessão da Crítica promovida pela Associação Cearense de Críticos de Cinema dentro do 28º Cine Ceará, no Cinema do Dragão. Ao contar a história de refugiados políticos num convento de freiras que vangloriam o prazer sexual e cultivam canabis... o filme encontra na comédia um riso de autojulgamento. Rir da destruição da moralidade faz parte do contexto. Durante esse tempo, a sessão foi um ótimo teste sobre a recepção porque pouca gente ali sabia qual o verdadeiro tom da obra, e ninguém se sentiu à vontade de rir, seja por vergonha ou constrangimento inesperado. Com esse julgamento imediato, a obra coloca a plateia mais próxima da repressão conservadora do que da liberdade; uma contradição curiosa de se testemunhar.

 

 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

O nosso Plano 9 do Espaço Sideral.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que precise impor qualquer obrigação sobre alguém que queira filmar. Quem quer filmar, e tem ferramentas para isso, filma, e tá tudo bem. Porque imagina só se uma pessoa sem acesso às bibliotecas oficiais ou clandestinas de cinema tiver a oportunidade de, mesmo assim, produzir um filme? Claro que, do lado de cá, talvez a plateia perceba quando um filme é desconectado da realidade cinematográfica que o precedeu - aí o julgamento ganha ares improváveis.

 

 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A Serbian Film. Odeio tanto a experiência traumática desse filme que nem vou me ater muito a falar sobre ele. Digo apenas que é um filme que se transforma em algo desonestamente pior do que aquilo que "acusa".

 

17) Qual seu documentário preferido?

Essa resposta é complicada para se dar assim de forma tão solitária. Então vou te responder com o último documentário impressionante que assisti: Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, da Bárbara Paz. Dando adeus às cabeças falantes e a rebuscada cronologia para retratar a relevância do diretor argentino-brasileiro, esse filme é como uma carta de amor que ganhou forma e, de repente, pareceu boa ideia compartilhá-la com o mundo. Quem conta a vida e morte de Babenco é ele mesmo, seus filmes e, em certo grau, este se torna um projeto dividido emocionalmente com quem o dirige. Sobre a lucidez do diretor diante do fim da própria vida e a necessidade de torná-la cinema, Bárbara constrói uma ficção desse sentimento atravessado pelas obras e, principalmente, pelo amor dos dois. Mesmo que seja sobre a morte do marido, essa história é muito mais sobre o que ficou vivo; sejam os filmes, as memórias ou até mesmo as ilusões.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Eu já bati palma até no meio do filme hahaha Eu nunca esperei fazer isso na vida, mas foi absolutamente inevitável. Foi na sessão de pré-estreia de Bacurau, aqui em Fortaleza, com a presença dos diretores Kléber e Juliano. A plateia reagiu de forma muito fervorosa durante todo o filme e eu não tive escolha. Ali o cinema se tornou um corpo só, vivo e bastante barulhento. Foi emocionante e único.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Presságio. Amo esse filme, apesar do desfecho pavoroso!

 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto de ser assíduo em sites cujas linguagens são amplamente distintas. Então a Revista Cinética, Cinema em Cena, Multiplot!, Cinema Escrito... São alguns desses sites.

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18/04/2021

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Crítica do filme: 'Dois Estranhos'


Cortesia, profissionalismo e respeito. Será? Concorrente ao Oscar de melhor curta-metragem em 2021, Dois Estranhos explora o eterno giro de 360 graus constante onde os paralelos entre a autoridade e o preconceito parecem dois rios que acabam se unindo gerando dor e sofrimento. Dá um aperto no peito, são cenas fortes e infelizmente muitas dessas vistas por muitos olhos nas ruas pelo mundo todo o dia, tamanho o preconceito e intolerância dos olhares brancos contra os negros. É um filme arrebatador, conversa demais com muitos dos acontecimentos viralizados sobre preconceito e violência policial nos Estados Unidos que nos trazem muito tristeza. Dirigido por Travon Free e Martin Desmond Roe. Imperdível! Disponível na Netflix.


Na trama, conhecemos um jovem trabalhador chamado Carter (Joey Bada$$), em um dia de grande alegria por ter conhecido um provável futuro amor, Perri (Zaria). Ele está voltando para casa onde está seu cachorrinho fofo o qual ama muito e até mesmo aciona via wi-fi um lança biscoitinhos para ele enquanto não chega em casa. Ainda na calçada, em frente ao prédio onde estava é abordado de maneira abrupta e desleal pelo policial branco Merk (Andrew Howard) e assim, em fração de segundos, sua vida corre sérios riscos. Acontece que um loop infinito é ativado (volta sempre ao mesmo dia e momento da tragédia) e agora o protagonista precisa encontrar alguma maneira de ter um final diferente para essa história. Mas será que existe?


Um filme reflexivo, que coloca o dedo bem fundo na ferida de uma sociedade polarizada, ainda muito preconceituosa, em alguns momentos nada amistosa, onde a cor da pele vira questão de escolha de quem é bom ou mau. Two Distant Strangers, no original, usa da criatividade para mostrar diversas formas onde o preconceito se instaura tendo os mesmos personagens. Somos testemunhas oculares das várias abordagens policiais equivocadas, com o preconceito dentro da força desproporcional, na mira da metralhadora...


O desfecho é emblemático, lembra de diversos nomes de pessoas negras que tiveram suas vidas tiradas em questões muito parecidas das quais o filme aborda. Um projeto para todos nós, brancos e negros, refletirmos sobre o mundo em que vivemos e se de alguma forma podemos caminhar para uma melhora através do diálogo.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #378 - Fabíola Cordeiro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Fabíola Cordeiro tem 33 anos, é uma apaixonada por filmes desde criança, a primeira vez que foi ao cinema a marcou pra sempre. Hoje, junta a paixão pela sétima arte com a sua paixão por escrever e leva para os seus seguidores o seu ponto de vista dos filmes que recomenda pra ajudá-los na hora de escolher o que assistir.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Lar Center. Não é nem pela programação porque ela segue a programação padrão e eu geralmente gosto mesmo dos blockbusters rsrs... mas gosto muito da estrutura da sala com poltronas reclináveis... é um luxo que eu adorava me dar de vez em quando rsrs.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não me esqueço de quando vi Titanic no cinema. Foi num passeio de escola, mas por ter sido uma mega produção e ver daquela forma gigantesca me marcou muito.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Amo o Tim Burton e a forma fantasiosa dele representar as histórias. É tudo pensado nos mínimos detalhes e até histórias pitorescas se tornam clássicos. Pra mim o mais legal (apesar de amar todos) é o Edward Mãos de Tesoura.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Em termos de produção / atuação eu destaco Tropa de Elite. Eu lembro de assistir esse filme e ficar impressionada, com as cenas na minha cabeça... tremer vendo a cena dos pneus por exemplo. Por mexer tanto assim com a gente temos que destacar esse filme.

 

Outra produção que eu amo, apesar de ter conhecido como série, é O Auto da Compadecida. Acho simplesmente hilário.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

É conseguir tirar dos filmes lições e mensagens pra levar pra vida e ter um refúgio durante 2, 3 horas em um mundo paralelo em que a gente mergulha nas histórias e a gente se sente vivendo as mais diversas experiências através dos personagens.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho relativo, sabe? Porque tem os filmes mais cult, mais técnicos que agradam esse público e são salas muito específicas que exibem esses filmes, por isso não são a maior parte. Eu como brinco que sou uma cinéfila nutella rsrs que gosta das grandes produções, me sinto super atendida pelas programações. Mas acho que hoje o que manda nas programações é: bilheteria. Ex: em Vingadores Ultimato (que eu simplesmente amo não me entenda mal), todas as salas de todos os cinemas só exibiam esse filme, então não acho que teria como ter uma programação "mais inteligente" em casos como esse.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso (e nem quero, pelo amor de Deus rsrs). Por mais que a gente tenha acesso facilitado agora a grandes produções pelas plataformas de streaming o que diferencia o cinema não é o filme em si, mas toda a experiência que ele proporciona. Eu sinto falta hoje, daquela experiência de escolher o filme, o horário, ir comprar a pipoca, acompanhar os trailers dos filmes que serão lançados. Pra quem gosta disso, não vai deixar de procurar os cinemas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tem um filme que eu acho que não chegou nem a ser lançado no cinema aqui, mas eu tenho até o DVD é um filme que se chama "O Bravo" que foi estrelado e dirigido pelo Johnny Depp que eu acho bom, apesar de ser uma história bem surral (ele aceita um contrato para participar de uma gravação, onde ele aceita ser espancado até a morte por uma quantia bem grande dinheiro - sei que parece sangrento mas nada disso é mostrado, foca mais em como ele aceita o dinheiro para ajudar a família e como ele convive com essa decisão enquanto passa o tempo com a mulher e os filhos). Sem contar que tem a participação do Marlon Brando... achei um filme bom.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Apesar de estar sentindo muita falta, eu sou ainda muito receosa com toda essa questão da pandemia, por isso acho que não. Até porque falando particularmente dessa experiência, eu não acho que eu conseguiria ficar à vontade sem me preocupar com todas as normas de higiene e não conseguiria curtir... Comprar uma pipoca? Jamais rsrs.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 

Acho que está evoluindo e isso é fato. Antigamente era muito difícil termos produções nacionais. Hoje além de termos uma quantidade muito grande de produções a qualidade aumentou muito também. Acho inclusive que com os streamings as produções brasileiras vão ganhar espaço no mundo, porque expandimos as barreiras. Exemplo são as produções nacionais na Netflix que estão ficando em alta na visão mundial. Acho isso muito legal. Mas confesso que eu ainda acho que nossos melhores filmes são os de comédia, talvez ainda seja preciso evoluir mais nos outros gêneros.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Nossa... difícil né? Mas eu tenho uma grande admiração pelo Rodrigo Santoro... tanto pelas produções que ele fez internamente quanto na carreira internacional. Acho ele um mega ator e como pessoa, me passa uma sensação positiva.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um lugar para esquecer temporariamente dos problemas e se permitir viver coisas novas de forma imersiva.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Por incrível que pareça, acho que nunca peguei numa situação inusitada. Talvez um carinha vestido de Superman pra ver Vingadores Ultimato kkkkkk (nerd feelings rsrs).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

kkkkkkk bela pergunta. Mas vou dizer que não consigo definir pois não vi rsrs (sim, uma vergonha, eu sei rsrs)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Tendo paixão e visão técnica acho que dá pra fazer coisas bem legais.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Putz... que difícil rsrs.. não sei se é o pior mas um recente que simplesmente odiei foi "Jóias Brutas". Não curti.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Um que vi recentemente e gostei muito foi o da Anne Frank - Vidas Paralelas com a participação da sempre perfeita Helen Mirren.

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Lembra que disse que eu sou cinéfila nutella né? Então eu confesso que como eu amo os blockbusters, o filme do Vingadores Ultimato me fez bater palmas por conta da forma que eles fecharam os ciclos dos personagens. Sei que existe uma grande discussão no meio artístico de como esses filmes da Marvel podem estar "acabando" com o cinema, mas eu particularmente acho que pelas histórias e pela forma como eles conectam cada filme ao longo de tantos anos é algo que deve ser exaltado.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Um só? rsrs Difícil porque acho ele um ator sensacional. Como eu gosto bastante de histórias lúdicas, gosto de "Aprendiz de Feiticeiro", mas tem dois clássicos dele que eu amo que são: "Cidade dos Anjos" e "A Outra Face".

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não faço o acompanhamento muito por sites. Acompanho muitas páginas no facebook (Adoro Cinema, c1nefilo, etc) e acompanho canais no Youtube como o Pipocando por exemplo.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #378 - Fabíola Cordeiro

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #377 - Fabio Carneiro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Fabio Carneiro tem 37 anos, é um premiado nacionalmente e internacionalmente Diretor de Som, Técnico de Som Direto, Sound Designer, Produtor Musical e Compositor de Trilhas Sonoras. Criado em São Paulo se formou em 2007 pelo curso de produção fonográfica da UESA no Rio de Janeiro.

 

É especializado em Pro Tools pela GROUND CONTROL/DIGIDESIGN, em Sound Design pela Escuela EAS e em áudio pelo IATEC. Se especializou também em música para imagem pelo Conservatório Brasileiro de Música, onde teve aulas com renomados produtores de trilha sonora, tais como: David Tygel, Tim Rescala, Remo Usai e Sérgio Saraceni. Colaborou com renomadas produtoras de cinema como a Matizar e estúdios de áudio como a Delart. No ano de 2012 fundou o estúdio LEITMOTIF, especializado em SOM DIRETO, SOUND DESIGN E TRILHA SONORA para CINEMA, T.V, e recentemente também para trabalhos voltados para vídeos 360° e linguagem V.R.

 

Atualmente o estúdio se localiza no tranquilo bairro do Horto na Zona Sul do Rio de Janeiro, equipado com sala de edição e mixagem 5.1 e sala de A.D.R. dublagem, locução e Foley operadas por uma equipe completa de profissionais de áudio. Trabalhou no som de filmes de grandes diretoras e diretores como Domingos de Oliveira, Petra Costa, Sandra Kogut, Neville D’almeida e Katia Lund e durante seus 15 anos como profissional assinou o som de cerca de 150 curta-metragens (muitos premiados em importantes festivais), 30 longa-metragens e documentários (nacionais e internacionais) além de diversos seriados para TV e incontáveis institucionais e publicidades, tem bastante experiência também com filmes infantis mais comerciais, tendo assinado o Som Direto dos últimos 9 longa-metragens do Luccas Neto e sua trupe que já despontaram algumas vezes como o 1° lugar no TOP 10 dos filmes mais assistidos no Brasil na NETFLIX. Ministrou oficinas e cursos de áudio na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, Escola de cinema IEMA de São Luís do Maranhão, estúdio Ipiranga e festivais de cinema no Rj e pelo Brasil, também assina como validador de conteúdo, o curso EAD de Design de som da SGS (Société Générale de Surveillance) - ACADEMY.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gostava muito do Cine Jóia, do também extinto Paissandu, hoje nos sobraram o Estação de Botafogo e Cine Odeon.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

E.T. o Extraterrestre” lembro que era muito novo (talvez uns 5/ 6 anos) quando vi pela primeira vez e nunca mais esqueci da sensação que tive com esse filme, eu acho esse filme perfeito até hoje, uma obra prima.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu filme predileto é “Cinema Paradiso” do Tornatore, mas meu diretor predileto talvez seja o Hithcock pela obra como todo e com algumas OBRAS DE ARTE como os “Pássaros”, “Vertigo” e “Intriga internacional” mas confesso que já tive minha fase Godard onde para mim ele tinha um certo toque de Midas e “Alphaville” virou referência de experimentação sonora para mim.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Alguns que me marcaram muito: “Como nascem os anjos”, “Um trem para as estrelas”, “Central do Brasil” e “Amarelo Manga”.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser apaixonado por uma linguagem.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

De fato não, pelo menos no RJ temos muito mais salas comerciais.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não, não foi com o advento da Tv que o cinema acabou, não será agora com o streaming...a experiência principalmente sonora no cinema é completamente diferente, a qualidade de exibição e a imersão fazem toda diferença na experiência fílmica.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

“A desconhecida” de Giuseppe Tornatore.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Por mais que ame o cinema, espero que apenas após um LOCKDOWN levado a sério, com vacinação e com a pandemia estabilizada possamos reabrir tudo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Maravilhosos/as diretores/as, maravilhosas produções, cinema brasileiro é riquíssimo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tenho acompanhado todos do Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Pergunta difícil, mas para mim cinema sempre foi a arte das palavras não ditas ou pelo menos a arte onde encontramos a linguagem para “dizer” as palavras não ditas.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

:x

 

14) Defina “Cinderela Baiana” em poucas palavras...

“pau que nasce torto nunca se endireita” ahahahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Com certeza, que nem para ser músico tem que gostar de música, cinema é linguagem e linguagem se aprende pesquisando, estudando, vivenciando.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Essa é uma pergunta com resposta perigosa (rsrsrssr).

 

17) Qual seu documentário preferido? 

“Janela da Alma” pode se destacar entre um deles.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Sempre que o filme é fantástico.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

COM CERTEZA é o “DESPEDIDA EM LAS VEGAS”.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

“Artesãos do som” Do Bernardo Marquez (http://www.artesaosdosom.org/).

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