14/08/2012

Minha crítica do filme: 'O Ditador'


O inglês Sacha Baron Cohen volta a aprontar no mundo do cinema. Dessa vez ele estrela “O Ditador” filme onde tenta repetir a fórmula que o levou ao estrelato, com “Borat”. Porém, a grande quantidade de ‘mais do mesmo’ contido nesse novo trabalho praticamente destrói qualquer tentativa de originalidade que antes costumava ser a marca desse ator/comediante bastante polêmico.

Na trama, somos apresentados a um governante, ditador, que adora viver do caos, mandado matar todos ao seu redor.  Até que um certo dia, após uma viagem, é traído pelos seus aliados e abandonado sem recursos (e sem barba) em uma cidade americana. Entrando em oposição ao modo americano de viver a vida e se apaixonando de surpresa, apronta muitas situações inusitadas interagindo com todos ao seu redor sempre de maneira desagradável e autoritária que faz parte de sua essência. O longa faz um contraponto à democracia e pode ser interpretado como uma crítica ao sistema mesmo que muitas bobeiras vistas em cenas queiram você pensar que o filme é desnecessário. É um típico caso cinéfilo do ‘ame’ ou ‘odeie’. Tem momentos cômicos mas as besteiras ultrapassam limites do razoável virando um trem de absurdos descontrolado.

O longa, que é dirigido pelo americano Larry Charles (que também dirigiu o horroroso “Bruno”), é uma grande decepção. Brinca quando não tem que brincar e fala sério de maneira debochada o que atrapalha no elo com espectador (por mais que essa seja a intenção). Sacha Baron Cohen deveria se preocupar menos com a necessidade de chocar e focar na profundidade dos personagens. Esses elementos e trejeitos que fogem do normal fazem parte de uma fórmula que não se renova, perdeu a graça.

Para você que curtiu “Borat” e detestou “Bruno” tire a prova real. Em vez de história, bobagens no fim do túnel. Pô, sempre mais do mesmo! 
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13/08/2012

Crítica do filme: 'A Delicadeza do Amor'


A culpa de um beijo transforma sofrimento em amor, modelado por uma das formas mais peculiares que seria possível. 

Dirigido pela dupla David Foenkinos, Stéphane FoenkinosA Delicadeza do Amor” chegou aos nossos cinemas no final de maio com o compromisso de manter a tradição de filmes água com açúcar que a França exporta aos montes durante todo o ano. Delicado como seu título, o filme consegue agradar todo tipo de público, por meio de canções, por rodadas de câmeras em 360 graus e diálogos muito bem construídos. O entrosamento em cena de François Damiens e Audrey Tautou é um ponto fundamental para que o carisma transborde na tela.

Na trama, conhecemos Nathalie uma mulher bonita no auge de sua vida que vive apaixonada por seu marido François. Um dia, após ir dar uma corrida na rua, François é ferido gravemente e um tempo depois falece, deixando Nathalie desesperada e sem rumo. Após 3 anos de luto, se dedicando fielmente ao novo emprego a protagonista é envolvida em um relacionamento com um sueco que trabalha na mesma empresa que ela. O amor em sua forma mais delicada e o sofrimento em sua forma mais profunda são elementos que se misturam nesse romance. Para embarcar e ser feliz nesse novo amor Markus precisará ter paciência e conhecer todo o sofrimento da bela jovem.

A personagem passa por todas as fases de indignação após o ocorrido. Rotinas são quebradas, objetos jogados fora, um sofrimento extremo toma conta desses momentos. Um recomeço? Sim, lá no fundo daquelas duas almas a busca é a mesma, de uma vida diferente agora um contando com o outro. A culpa de um beijo em delírio se transforma em uma relação amorosa cômica e deveras peculiar. O atrapalhado Markus, um sueco solteiro que se apaixona perdidamente por sua chefe. Tem cenas impagáveis ao lado de sua paixão: o envio de um ‘smile’ errado, uma procura por uma noite romântica perfeita pela internet são alguns exemplos do que esse simpático personagem apronta ao longo da história. Nathalie é bem diferente de seu par. Mulher forte, determinada, vive basicamente para trabalhar e aproveita pouco os prazeres da vida. O relacionamento complicado e esquisito lembra muito um filme, também francês, chamado “Românticos Anônimos”.

Gosta de rir e curte pitadas de emoção? Dê uma chance a esse filme francês que é água com açúcar mas agrada pelas situações e seus ótimos personagens. 
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12/08/2012

Crítica do filme: 'À Beira do Caminho'


Até onde o destino te dá uma segunda chance para apagar o passado e criar um novo futuro, a partir dos seus atos no presente? O novo longa nacional, “À Beira do Caminho”, lançado estrategicamente no fim de semana do Dia dos Pais, é um trabalho com emoção à flor da pele embutida na trajetória de um homem em busca de redenção e um menino à procura de seu pai. O filme faz questão de ser comovente, onde muitos dos méritos são oriundos da boa condução da fita pelo diretor Breno Silveira. Mesmo sendo muito longo e com algumas cenas desnecessárias, esconder a verdadeira história, por trás do passado do personagem principal, é uma sacada brilhante desse belo filme nacional.

Na trama, somos guiados pelas estradas da vida e lá conhecemos João, um homem pouco simpático que esconde dentro de si muitos erros, no seu passado triste. Um dia, após ouvir um barulho na traseira de seu caminhão, descobre um menino escondido. Menino esse que tem um único objetivo na vida: encontrar o pai que mora em São Paulo. No começo tudo é muito difícil na relação desses dois, porém, com o passar do tempo uma relação paternal de amizade vai nascendo, levando o experiente caminhoneiro a também busca um novo rumo para sua própria história.

O elenco consegue passar ao público muita verdade, emoção e comove em muitas sequências. João Miguel é um dos melhores atores que temos em nosso cinema. Isso, mais uma vez, fica claro nesse longa. Com um personagem amargurado pelo passado, rabugento por si só, totalmente sem rumo, consegue transbordar emoção ao público a cada nova cena. Seu personagem, também João, é emotivo quando tem que ser e rabugento pela essência. Difícil e excelente trabalho desse artista maravilhoso. Dira Paes ilumina quando em cena. Impressiona com a qualidade de veracidade que saem dos diálogos e expressões dessa linda paraense. Tem um papel complicado, porque muitas vezes não se encaixa com a trama, uma amante que faz parte de muitos momentos importantes da vida do personagem de João Miguel. Mas com um jeitinho que não sabemos explicar, Dira quase vira protagonista e dá mais um show em um filme nacional.

A idéia de usar pára-choques de caminhões para compor partes da trama, como se fossem uma espécie de divisão/partes, é simples e ao mesmo tempo se encaixou muito bem com o contexto. O roteiro (escrito por Patricia Andrade), que parece ser inspirado em letras e canções do rei Roberto Carlos, é objetivo e guarda muitas surpresas o que ajuda muito a ligação com espectador que não consegue desgrudar os olhos da telona, principalmente nos momentos mais profundos em emoção.

Quer se emocionar? Dê uma chance ao nosso cinema, filmes como esse você deve assistir.



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09/08/2012

Minha crítica do filme: 'Lola'

(Reprodução)

Corra Lola Corra, acaba logo esse filme por favor!

O que esperar de um filme que já aconteceu, só que em outra língua? Alguns diretores realmente conseguem algumas proezas que até o mais sensato cinéfilo duvida. A cineasta francesa Lisa Azuelos, em 2008, dirigiu o “Rindo à Toa” que tinha Sophie Marceau como grande destaque. O filme fez bastante sucesso, elogios de crítica e público, tudo o que um artista gosta de ouvir. Pois bem, quatro anos mais tarde, a mesma diretora resolve americanizar a historinha e o resultado? Clichês, personagens longe de terem carisma e uma trajetória de muito sono que os cinéfilos são convidados a caminhar a partir dessa sexta-feira (10/08) nos cinemas brasileiros.

Na trama, conhecemos o universo imaturo de Lola (Miley Cyrus) que vive no clímax de sua adolescência cercada de amigas e amigos. Indefinições amorosas, invejas estudantis, traições, amizades duvidosas, depilação brasileira (não entendeu? veja o filme), amizades coloridas, vício pela tecnologia de nossa era, tudo isso e mais um pouco é o que passa no dia a dia dessa jovem que só consegue buscar um conforto para suas indecisões no colo de sua mãe (interpretada por Demi Moore). Essa última, por sua vez, também vive uma vida complicada em suas idas e vindas com o ex-marido e o surgimento de um novo amor.

Sem entrar em uma profunda análise sobre o filme, principalmente pelo sono que atravessa aos olhos cinéfilos durante a projeção, podemos dizer que “Lola” (2012) é um forte candidato ao ‘Framboesa de Ouro’ do ano que vem.  Diálogos que beiram a nulidade, personagens que sumiram com o carisma que transbordavam nos artistas franceses quatro anos atrás, o ritmo acelerado completamente confuso que a trama segue, além de cenas desnecessárias deixam essa fita quase insuportável.

Em certos momentos parece que não estamos vendo um longa metragem e sim uma vitrine de shopping, mega merchandising, principalmente no começo do filme. Não que isso não ocorra em outras produções mas o exagero dessa ativação atrapalha a interação do público com o universo do filme.

Quando chegamos ao desfecho, as pernas se mexem nas cadeiras, loucas para irem embora dessa viagem aterrorizante. O imaginário cinéfilo não é fácil, logo pensa: Corra Lola Corra, acaba logo esse filme por favor!





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07/08/2012

Minha crítica do filme: 'E Aí... Comeu?'

(reprodução)

"...nessa mesa de bar só faltava o Nicolas Cage!"

Com um roteiro de Marcelo Rubens Paiva e Lusa Silvestre, “E Aí... Comeu?” é a mais nova comédia nacional em nosso circuito de cinema. Comédia sim mas com um pezinho no drama o que chega até certo ponto a surpreender, porém, a mesmice toma conta da fita, deixando-a entediante, juntamente com o desespero dos minutos da projeção, que não acabam! Felipe Joffily (diretor do tenebroso “Muita Calma Nessa Hora”) mostra uma evolução atrás da câmeras mas ainda não disse ao que veio.

Na trama, somos guiados a um pequeno resumo sobre as vidas de cada um dos três amigos (personagens principais): um escritor rico, tarado, que pensa em suruba e sexo virtual quase que o tempo todo, adora mulheres casadas e possui diversas ‘namoradas’, uma dessas mulher da vida por quem desenvolve grande paixão, um outro acabou de se divorciar e vive no filme com um tom amargurado, tem uma vez que chega a sonhar acordado por conta de uma ninfeta ruim de roda que mora em seu prédio, e um último, jornalista revoltado com sua vida de casado e seu emprego entediante, vive à beira do divórcio. À noite, essas três almas se reúnem no bar onde jogam conversa fiada sobre, basicamente, um único assunto (99%, sexo).

O longa não se define no quesito gênero, o que poderia melhorar muito a fita. Às vezes é dramalhão, outras comédia, outras vezes nem uma coisa nem outra. Nos momentos dramáticos o filme tem boas cenas mas derrapa nos clichês parecendo ser vários filmes em um só. Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira e Emílio Orciollo Neto sustentam seus personagens em partes do filme, em outras parecem perdidos e acabam afundando junto com a história. Chega a ser desagradável em muitos momentos (mas longe de ter semelhanças com o terrível “Cilada.com”), incomodam a mesa ao lado, muitos dos que assistem e ficamos com medo de uma continuação algum dia.

Contrariando muito do que foi lido por esse jovem cinéfilo, o filme não é horroroso, é apenas ruim. Com um vai e vem em bate papos sexuais, conversas bem puxadas para o imaginário masculino, a fita cai em uma espécie de buraco de onde não consegue forças, principalmente pelos fracos diálogos quando o assunto não é sexo, para se livrar e atrair definitivamente a atenção do público.

Em seu desfecho, “E Aí...Comeu?” deixa uma questão no ar: nessa mesa de bar só faltava o Nicolas Cage!


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02/08/2012

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Crítica do filme: 'A Tentação'


Um filme surpreendente que fala sobre o amor de maneira não tão poética quanto vemos no mundo da sétima arte. A beleza do espetáculo cinematográfico passa pela boa atuação do triângulo amoroso que atrai o público com essa história envolvente que tem em sua linha temporal a grande chave para seu desfecho que promete arrasar corações. O roteiro de Matthew Chapman (ele também assina a direção do longa) é muito bem construído e faz com que o espectador não desgrude os olhos da telona. A tensão toma conta a cada minuto que passa e já não sabemos realmente o quê pode acontecer. O desfecho é interessante e surpreende, tentando fugir de qualquer clichê.

Na trama, um homem chamado Gavin Nichols está à beira do suicídio quando chega um policial (com muitos problemas também, na família) para tentar convencê-lo a não pular. Aos poucos, vamos ouvindo cada passo da história daquele homem e acontecimentos inesperados, sobre um triângulo amoroso conflituoso, envolvendo uma linda mulher e um fanático religioso que contornam aquele episódio.

Quando o fanatismo religioso toma conta do ambiente, todos os três personagens principais crescem. Tudo parece ficar muito bem alinhado, só tendo como suporte a história do policial (interpretado pelo ator Terrence Howard) que tenta convencer o suicida a não cometer o delito. A adrenalina aumenta de maneira inteligente deixando o público com os olhos fixados tentando deduzir o desfecho do drama.

O elenco ajuda muito para que o filme seja bom. Não é de hoje que Patrick Wilson vem sendo elogiado por suas atuações. O ator americano de filmes como: “Watchmen”, “Meninama.com”, “Pecados Íntimos” (e que mais recentemente virou protagonista de um seriado americano chamado ‘The Gift Men’) tem um papel importante na trama, conseguindo fazer com que o público entre na camada da tensão a cada ato de seu personagem, um religioso muito devoto que sempre entra em contraponto com a essência no seu relacionamento com a mulher, causando uma bifurcação de personalidades. Liv Tyler encontra o tom certo para sua personagem, Shana Harris, tem ótimos diálogos com os outros lados do triângulo. Charlie Hunnam, ator pouco conhecido do grande público, é o protagonista da trama e consegue realizar um trabalho bem interessante na construção do mesmo.

 “A Tentação” é um daqueles trabalhos que vale a pena o espectador dar uma chance, principalmente para quem já viu “Batman: O Cavalheiro das Trevas Ressurge” mais de uma vez. Ótima pedida!

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31/07/2012

Entrevista com Carlos Gerbase, diretor do filme 'Menos que Nada'


Em seu sexto longa metragem, Carlos Gerbase mistura drama psicológico com suspense e erotismo na trama de “Menos que Nada”, estrelado por Felipe kannenberg, Rosane Mulholland e Branca Messina. De forma não-dogmática, o diretor e roteirista apresenta uma discussão sobre o sistema manicomial brasileiro e a relação médico e paciente, além de abordar temas como a arqueologia e a psicanálise.


O filme foi exibido no Marché du Film, no último Festival de Cannes, e teve lançamento nacional transmídia (cinema, internet, DVD e TV). “Menos que Nada” é a primeira obra produzida pela Prana Filmes e pode ser visto até o dia 2 de setembro no SundayTV ( ).  Em entrevista exclusiva por e-mail, Gerbase conta um pouco mais sobre a produção do longa e a sua visão do mercado cinematográfico no Brasil.

Como nasceu a ideia de fazer o filme "Menos que Nada"?
O roteiro nasceu da leitura, em 2004, do conto "O diário de Redegonda", de Artur Schnitzler, que é um escritor austríaco contemporâneo de Freud. Gostei do drama do protagonista, que enlouquece (ou pelo menos começa a ter uma vida paralela que só existe em sua imaginação) depois de se apaixonar por uma mulher impossível. Essa relação entre amor e vida mental sempre me interessou. O projeto se tornou realidade graças à seleção no edital de Mídias Digitais do Programa Petrobrás Cultural, edição 2009.

Por que optaram pelo lançamento transmídia?
O lançamento trasmídia é resultado dos bons resultados obtidos com o "3 Efes", também dirigido por mim, em 2007. Foram os mesmos veículos e a mesma lógica de circulação.

Como foi a escolha do elenco? Houve algum teste específico ou os nomes surgiram de indicações?
Nem testes, nem indicações. Eu já conhecia e tinha trabalhado com três dos atores gaúchos (Carla Cassapo, Alexandre Vargas e Artur Pinto em "3 Efes") e conhecia o Roberto Oliveira de alguns curtas e de sua participação em "Cão sem dono". A Rosanne Mulholland, a Maria Manoella e a Branca Messina, a quem eu não conhecia pessoalmente, despertaram minha atenção nos seguintes trabalhos: Rosanne no filme "A concepção"; Maria Manoella na série "Mandrake"; Branca Messina no filme "Não por acaso". Entrei em contato, mandei o roteiro, e elas toparam. Já o Felipe Kannenberg era uma ideia antiga aproveitá-lo, já que é gaúcho e tinha experiência com cinema no centro do país. Além disso, tinha um tipo físico perfeito para o papel.

Como surgiu seu amor pelo cinema?
Não amo o cinema. Não mais do que a literatura, ou a música. Às vezes me sinto como o personagem Cordélia, a filha mais jovem do Rei Lear. As suas irmãs mais velhas dizem que amam seu pai acima de todas as coisas, mas elas estão só fingindo para ficar com uma boa herança. A linguagem do cinema é muito legal, mas eu a uso para contar histórias e fazer filmes, assim como eu uso a linguagem da literatura para escrever contos e romances. Ou como usava a música quando estava nos Replicantes. Cinema às vezes cansa. É difícil depender tanto de dinheiro e de burocracia. Talvez em outros países a vida de cineasta seja mais tranquila. Aqui no Brasil, em que cada filme parece ser o primeiro da carreira, tem muita angústia no processo de financiamento e de distribuição. Escrever roteiro e filmar é muito legal, mas o processo todo é desgastante.

Quais são os seus filmes e artistas favoritos?
É claro que tenho meus filmes e artistas favoritos. Citarei apenas dois filmes e seus diretores, bem contrastantes: "Vidas secas", de Nelson Pereira dos Santos, e "De olhos bem fechados", de Stanley Kubrick.

Ainda é muito difícil conseguir dinheiro (incentivo/patrocínio) para rodar um longa metragem no Brasil?
Sim. É muito difícil. Hoje, o cinema independente depende de editais do governo. Basta ver a quantidade de projetos inscritos no último concurso do MINC. Fazer um filme é mais difícil que passar no vestibular de Medicina numa boa universidade pública. São menos vagas, e a concorrência é dura. Além disso, o vestibular tem critérios mais objetivos para selecionar.

O que é cinema para você?
Um veículo para contar histórias. O Umberto Eco tem uma definição que eu gosto muito: o cinema é a mais poderosa máquina de contar mentiras que a humanidade já inventou. É claro que contar mentiras é a única maneira de falar sobre as verdades do mundo através da ficção.

Quais são os seus próximos projetos?  
Quero fazer uma série de TV baseada nos personagens de meu romance “Todos morrem no fim". Tudo gira em torno de um inspetor de polícia gordo, sujo e meio amoral, mas que sabe botar na cadeia os bandidos de verdade. Tenho visto algumas séries de TV norte-americanas que são muito melhores que a maioria dos filmes de Hollywood. Só para citar algumas: "Roma", "Mad men" e "Breaking bad".

Mande uma mensagem aos cinéfilos leitores desse site.
Prestigiem o cinema brasileiro. Tanto filmes pequenos e independentes como grandes produções falam de nosso país e de nossa cultura.

Por Raphael Camacho e Letícia Alasse
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29/07/2012

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Crítica do filme: 'O Nevoeiro'


"4 balas para 5"

Uma janela sendo invadida por uma árvore seria o menor dos problemas enfrentados por um pai de família na luta pra sobreviver em um dia trágico na sua cidade. Dirigido pelo cineasta francês Frank Darabont, “O Nevoeiro” (por favor não confundam com “A Névoa”) é um retrato do fim do mundo com pitadas de ação, emoções e decisões erradas. Os acontecimentos bombásticos que preenchem a história (baseada em um livro de Stephen King) vão compondo o que vemos em cena, cada qual, pela personalidade de cada personagem somos guiados pelo medo, fé, coragem e desespero diante do fato inusitado daquele dia.

Na trama, somos rapidamente apresentados aos personagens principais que estão presos em um supermercado, por conta de uma estranha tempestade (que trás uma série de criaturas nada amistosas) que cobre a cidade. Rapidamente, a tensão toma conta do lugar. Embates acontecem, grupos são criados e a dúvida nas ações, fora as desconfianças pessoais levam todos ao extremo emocional. O poder religioso toma conta do ambiente levando pessoas comuns a virarem devotos em segundos. Vemos suicídios, pessoas longe dos corpos, gremlins gigantescos, tentáculos sobrenaturais que vão levando o supermercado ao caos, deixando a situação incontrolável. A questão que todos indagam: Como escapar daquela situação? 
O público é brindado com um desfecho aterrorizante e marcante.

Marcia Gay Harden e sua personagem pregadora, louca, fanática religiosa apresenta ao público uma face manipuladora e completamente insana daquela situação, causador fundamental do pânico e gritaria, já rumando ao final da história. Mais uma atuação marcante desta excelente atriz. Thomas Jane tem sua melhor atuação no mundo do cinema, David Drayton é um personagem que ele deve guardar com muito carinho em seu currículo, consegue passar pelo olhar todo o terror daqueles dias que não terminam.

Muitos rostos conhecidos dos fãs de “Walking Dead”. Essa crítica fora escrita após o início do famoso seriado de Zumbis, que fora produzido (e dirigido também, acha quem vos escreve) pelo diretor deste longa. Frank Darabont é, sem dúvidas, o diretor que mais entende o universo de Stephen King. Já não é o primeiro bom trabalho em uma adaptação do famoso escritor que dá certo, ao comando de Darabont, nas telas do cinema.

Com um dos finais mais arrepiantes, comoventes e chocantes de todos os tempos, “O Nevoeiro” deixa todos nós de ‘boca aberta’ na subida dos créditos. Veja esse filme, você não vai se arrepender!
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26/07/2012

Crítica do filme: 'A Vida Secreta das Palavras'


Você sabe quando a profundidade se encontra com a solidão? Em “A Vida Secreta das Palavras” embarcamos na plataforma das emoções, guiados por personagens ricos em ‘sofrer com a vida’ nos sentimos próximos a eles por conta de uma verdade absurda quando estão com a palavra. A diretora e roteirista Isabel Coixet consegue reunir pequenos elementos que transformam essa obra em uma obrigação na estante de cada cinéfilo.

Na trama, conhecemos Hanna uma mulher muito contida, que se expressa muito pouco. Empregada exemplar que tira férias de um mês, meio sem saber o que fazer nesse tempo vago. Certo dia, ouvindo um papo de um desconhecido ao telefone, se oferece para ser enfermeira de um homem que sofrera um acidente a poucos dias. Levando nuggets, arroz e meia maçã (sua refeição diária) mais a sua mania bem peculiar por sabonetes, Hanna embarca em uma plataforma de petróleo, habitada somente por homens e desativada por conta de um acidente. Lá cuida de Josef, um homem cego temporariamente e com a alma presa em um passado de desilusões e dor. No começo, o diálogo não existe, parece um clássico monólogo. 

Aos poucos, com a armadura do sofrimento caindo delicadamente, os diálogos começam a ter um poder, gerando um impacto dentro da trama. Confissões de ambas as partes levam o longa a uma profundidade inacabável de lembranças e sofrimentos. Um mundo de surpresas, dor e esperança começa a brotar levando a um desfecho emblemático.

A grande sorte do roteiro escrito pela diretora é que os atores chamados para o filme tem atuações maravilhosas, elevando o nível de toda a história. A personagem principal, interpretada pela musa do drama Sarah Polley, parece viver em um mundo particular a um alcance do botão de seu aparelho de surdez. Em meio a solidão daqueles homens, Hanna começa a se sentir confortável, cada dia que passa vai se abrindo pouco a pouco.  O público percebe logo de início que há muita profundidade com essa não expressão que carrega. Tim Robbins interpreta Josef, a face contrária, a alma gêmea da bela protagonista. Seu personagem é carregado de mágoa, remorso que encontra em Hanna um porto seguro, uma pessoa pra quem pode desabafar toda aquela aflição que guarda dentro do seu coração.

O público é exposto a uma emoção diferente a cada corte seco de câmera. É o amor surgindo? É a fuga de sua monótona vida? O filme deixa algumas lacunas soltas para todos nós interpretarmos. Não deixem de conferir esse ótimo drama que comprova mais uma vez que a dor e o amor podem viver sim lado a lado. 
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24/07/2012

Critica do filme: 'Detachment'


Com uma citação de Albert Camus, “Detachment” começa dizendo a que veio: falar sobre um homem e seus conflitos profissionais e pessoais.  Dirigido por Tony Kaye (que foi o diretor do elogiado “A Outra História Americana”), o filme possui um enredo deveras complexo por sua mensagem forte e impactante contada através de um sofrido professor do ensino médio americano. O longa tenta ser poético mas muitas vezes acaba caindo no vale do nada. O ponto a se destacar é a ótima interpretação de Adrien Brody que encontra o nível certo de emoções nas facetas complicadas de seu difícil personagem.  

Na trama, um professor substituto chega até uma escola pública em um subúrbio americano e tenta a todo mundo criar uma espécie de conexão com os complicados alunos. Depois do espectador rumar para as agonias do personagem, vemos crescer uma amizade entre o professor e uma prostituta, fato que mudará um pouco o destino dos personagens. “Detachment” , basicamente, foca na vida do personagem Henry Barthes e em outros professores, ensinando problemáticos alunos.

O personagem principal parece viver um inferno astral a muito tempo. Sempre após as aulas (ou quase sempre) vai até o hospital visitar seu avô, por quem tem um carinho gigante. Incrivelmente vive calmo, passando a impressão de estar preparado para tudo isso, assim identificamos a sua presença quando está dentro de sala de aula. Porém, fora dela, vive em um mundo mais triste, se abalando fortemente com todos os pontos negativos que passa. O relacionamento do Sr.Barthes com uma jovem prostituta, mesmo ele não sabendo, é a tentativa de virada na vida desse acadêmico. A relação que se estabelece, a de pai e filha, é o direcionamento que o roteiro tem de se manter com algum propósito.

É um filme que poderia ser passado em muitas faculdades. O dia a dia do professor não é fácil, nem por isso se desiste de tentar ser um. Alunos problemáticos em todos os sentidos possíveis, até mesmo um que maltrata sem piedade um animal no meio de uma quadra de basquete. Mesmo com toda a correnteza contrária, o personagem tenta se identificar, criando um vínculo com a maioria dos alunos.

Os exageros vem com alguns movimentos de câmeras esquisitos, que deixam um pouco sem explicação, agregado à uma trilha que muitas vezes não se encaixa nos momentos, em algumas cenas. Falar da vida acadêmica não é nada original no mundo do cinema, a maneira como essa história é contada quase consegue ser original. Não é bom, nem é ruim, é a famosa fita mais ou menos.
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