09/02/2016

Crítica do filme: 'O Clube'

Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes. Indicado ao Oscar pelo Chile, a brilhante fita O Clube, dirigida pelo cineasta Pablo Larraín é sem dúvidas um dos melhores filmes do último ano. Não perdendo nem um segundo da atmosfera pesada, fruto dos passados dos personagens, o corajoso filme é um soco no estômago para quem ainda tinha qualquer dúvida sobre alguns absurdos que a Igreja Católica escondeu, esconde e esconderá do planeta.

Grande vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim em 2015, O Clube conta a história de alguns homens ligados à Igreja Católica que se escondem de seus passados em uma casa no interior, ajudados por uma freira. Sem total ligação com o mundo e vivendo dia após dia enclausurados em seus pecados, certo dia recebem a visita de um padre que remexerá toda a angústia e aflição desses ex-padres.

 O roteiro, assinado pela dupla Daniel Villalobos e Guillermo Calderón é brilhante. O longa-metragem parece uma peça teatral, muito bem definida em seus atos. Impressionante as verdades ditas. Todos os atores estão inspirados. Mas o grande destaque é a direção. Com muita técnica e simplicidade, consegue captar toda a angústia dos personagens principalmente nos momentos chaves da trama, uma aula de direção de Larraín.


Mesmo falando abertamente as verdades sobre situações que ocorreram com pessoas ligadas à Igreja Católica e toda a polêmica que levanta, o longa-metragem foi aclamado em diversos festivais e quase conseguiu uma das cinco vagas finais para concorrer ao Oscar de Melhor filme estrangeiro neste ano. Não percam O Clube, um filme forte e uma grande aula de cinema.
Continue lendo... Crítica do filme: 'O Clube'

Crítica do filme: 'Moonwalkers'

Quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino. Em seu primeiro longa-metragem no currículo, o cineasta Antoine Bardou-Jacquet resolve aceitar um projeto inusitado escrito pelo roteirista do excelente Morte no Funeral (as duas versões), Dean Craig. Dessa vez, Craig não consegue ajeitar o tom da comédia e tudo para muito exagerado, além da falta de força cênica, carisma mesmo, dos protagonistas em cena. Jacquet se perde do início ao fim, talvez fruto de sua inexperiência, não consegue realizar um bom trabalho.  

Na trama, no final da década de 60, acompanhamos o perturbado agente da CIA Kidman (Ron Perlman) que se mete em uma missão deveras peculiar: encontrar com o diretor Stanley Kubrick e propôr que o mesmo grave uma espécie de filme, do homem pisando na lua, caso a aventura norte-americana no espaço não desse certo. Mas tudo vai por água abaixo quando Kidman se confunde e acaba entregando a ideia sobre o filme para Jonny (Rupert Grint), um trambiqueiro que no final acabará ajudando Kidman a tentar conquistar seu objetivo, só que sem Kubrick.

A ideia inicial era boa: mexia com Kubrick, uma fake viagem à lua, personagens excêntricos em uma Londres de outros tempos, muito louca. A aplicação disso tudo foi um desastre. Deram margem ao extremo da loucura que o roteiro deixava de alcance e esqueceram que o filme poderia ser bem mais que isso. Personagens perdidos em cena, um roteiro que não consegue se ajustar, uma direção confusa. A decepção é tamanha que vira quase um pecado cinéfilo usar o nome do grande Stanley Kubrick numa bobagem desse tamanho.


O filme tem boas cenas de ação e uma abertura criativa mas somente isso. Muito pouco para ser apenas um filme regular, imagina um filme bom. Moonwalkers é uma grande decepção, não há como negar. Ainda bem que o homem foi à lua. Ou será que não foi?
Continue lendo... Crítica do filme: 'Moonwalkers'

Crítica do filme: 'Amor ao Primeiro Filho' (Ange et Gabrielle)

Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. Escrito e dirigido por Anne Giafferi Amor ao Primeiro Filho é mais um daqueles filmes água com açúcar que os franceses adoram produzir ao longo dos anos. Variando entre bons e arrastados momentos, o longa-metragem estrelado pela dupla Isabelle Carré e Patrick Bruel é um daqueles projetos que muitas vezes passam desapercebidos pelo público cinéfilo.

Na trama, conhecemos o arquiteto de sucesso e hipocondríaco Ange (Patrick Bruel) um mulherengo que no passado não quis assumir uma suposta criança que seria seu filho. Como a vida dá voltas, certo dia, uma farmacêutica de meia idade invade seu escritório e pede uma curiosa ajuda de Ange, para ajudá-la a convencer seu suposto filho a assumir a paternidade de uma criança fruto do relacionamento desse suposto filho com a filha da farmacêutica em questão. Confusão criada, agora Ange precisará passar um apressado processo de amadurecimento para poder resolver todas as questões não resolvidas tanto do seu passado, quanto de seu presente.

Ange et Gabrielle, no original, é um típico filme sessão da tarde. O roteiro é raso, apesar de bons diálogos que acompanham a corrida história. A falta de profundidade afasta um pouco o público dos personagens e automaticamente da trama em si. Há bons momentos, principalmente quando o filme ganha uma virada, e o relacionamento entre os protagonistas fica mais próximo. A melhor cena do filme é quando pai e filho precisam cuidar de um bebê e acabam se atrapalhando bastante. Situação já vista em outros filmes e de maneira bem parecida, nada original.


Sem previsão de estreia no circuito brasileiro, com boas possibilidades de ir direto para as locadoras, Amor ao Primeiro Filho não é um filme ruim mas um projeto muito parecido com outros filmes do gênero. Nada mais de especial. 
Continue lendo... Crítica do filme: 'Amor ao Primeiro Filho' (Ange et Gabrielle)

08/02/2016

Crítica do filme: 'Learning to Drive'

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito. A experiente e mais que competente cineasta espanhola Isabel Coixet (Vida Secreta das Palavras) volta às telonas com uma simpática fita protagonizada por dois grandes atores, adorados por nós cinéfilos, Patricia Clarkson e Ben Kingsley. Ao longo dos 90 minutos de projeção somos privilegiados de ver tamanha harmonia em uma história muito airosa sobre novas descobertas numa fase avançada da vida.

Na trama, conhecemos a crítica literária Wendy (Patricia Clarkson), uma mulher de elegante e realizada profissionalmente que vê sua vida virar de pernas para o ar quando seu marido Ted (Jake Weber) resolve divorcia-se dela e ir viver com uma mulher mais jovem. Tentando superar a depressão que bate diariamente após o ocorrido, Wendy resolve se dedicar a uma atividade que nunca pensara muito sobre, dirigir. Assim, acaba conhecendo Darwan (Ben Kingsley), um imigrante indiano que vive com o sobrinho em uma casa cheia de outros imigrantes.  Darwan trabalha em uma auto escola e acaba virando o professor de Wendy. Assim, uma grande amizade, até certo ponto colorida, começa a nascer.

A roteirista Sarah Kernochan (9 1/2 Semanas de Amor) acerta a mão em cheio, principalmente, na intensidade e a forma como é mostrada algumas curiosas situações da rotina da dupla de protagonistas. Todo o processo de separação de Wendy só aproxima cada vez mais o público da rica personagem, as interações e conversas com sua filha também exploram de maneira jeitosa todas as qualidades da protagonista.  Darwan e os seus problemas, ou não, com o casamento arranjado, além de toda a problemática sobre imigração (assunto quase que atemporal no nosso planeta)  não são deixados de lado e ao longo dos irretocáveis arcos vão sendo passados ao público com uma paciente sabedoria.


Nada no filme é apressado, tudo é bem explorado. Uma deliciosa fita que deixa um gostinho de quero mais, sobretudo por conta de seu desfecho quase poético e bastante verdadeiro. Não percam esse belo filme.  
Continue lendo... Crítica do filme: 'Learning to Drive'

06/02/2016

Crítica do filme: 'A War'

Em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos. Depois de dirigir o excelente Kapringen (A Hijacking), o cineasta dinamarquês Tobias Lindholm volta às telonas com um filme profundo que fala sobre ética, lealdade dos militares e uma justiça de um país desenvolvido e firme que vai atrás dos fatos. A War, indicado ao Oscar pela Dinamarca e um dos cinco selecionados na categoria melhor filme estrangeiro, é um drama impactante onde as ações do protagonista geram diversas discussões ao longo de toda a apresentação dos fatos.

Na trama, conhecemos Claus Michael Pedersen (Pilou Asbæk), um militar de alta patente que lidera tropas dinamarquesas em um ambiente hostil. Claus é acima de tudo leal e muito bem visto por seu pelotão, em sua casa, a mulher e os três filhos o aguardam ansiosamente. Certo dia, após um ataque em uma expedição de rotina, o líder precisa tomar uma decisão muito difícil que mexerá com a sua vida pessoal e a de todo seu pelotão.

Vezes com Von Trier, vezes com Vinterberg, muitas vezes com Bier, ao longo dos anos, vamos sendo apresentados a toda uma profunda intensidade dramática que o cinema dinamarquês consegue proporcionar. Tobias Lindholm chega de vez ao planeta cinema com uma pegada cada vez mais realista que usa a ação como forma de espremer as emoções mais figadais. Krigen, no original, começa na ação e aos poucos, quase cirurgicamente, entramos em um drama vigoroso, daqueles imperscrutáveis. Consegue conectar os olhos mais dispersos para dentro da tela.


Uma figura importante para a trama se consolidar como um dos melhores dramas deste ano é a personagem de Maria (Tuva Novotny em uma interpretação espetacular), esposa de Claus. A decisão da família pesa para Claus mesmo sendo ele um cara íntegro e que defende seus ideais. No arco final, ficamos totalmente rendidos à curiosidade sobre as escolhas que todos os envolvidos tomarão. O final é impactante e mostra que mesmo tendo um fim, para o protagonista pode não ser bem assim. Grande filme, grande direção, grande elenco. Não percam!
Continue lendo... Crítica do filme: 'A War'

05/02/2016

Crítica do filme: 'Goodnight Mommy (Boa Noite, Mamãe)'

Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror. Escolhido para representar a Áustria na competição do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016, Goodnight Mommy (Boa Noite, Mamãe) é um suspense, vestido de drama com pitadas impactantes de terror. Dirigido pela dupla de cineastas Severin Fiala e Veronika Franz, o longa-metragem, com lançamento confirmado no circuito nacional para o próximo dia 25 de fevereiro, possui uma benemerência simples, que é o de manter os olhos do público atentos aguardando ansiosamente os desfechos e algumas respostas desta curiosa história.

Na trama, conhecemos os gêmeos Lukas (Lukas Schwarz) e Elias (Elias Schwarz) que vivem em uma bela casa, isolada, no interior de uma cidade, ao lado de sua misteriosa mãe (Susanne Wuest). Essa última, é uma mulher cheia de amargura, rígida, que anda com uma faixa em volta do rosto. Dia após dia, os irmãos começam a desconfiar de que aquela mulher que vive com eles pode não ser a mãe deles. Assim, ao longo dos angustiantes 95 minutos de projeção, vamos sendo apresentados melhor a essa história que possui um desfecho para lá de apavorante.

A trama é bem trabalhada e os personagens vão ganhando força conforme as revelações são feitas. O primeiro e o segundo ato parece que são para encher um balão de festas e o terceiro ato chega com uma agulha para explodi-lo. Goodnight Mommy  é um projeto onde todos pensam que é um longa-metragem de terror mas na verdade é um suspense aterrorizante que vai ficando angustiante a cada nova cena. O roteiro tem muitos méritos em transformar a atmosfera do filme em algo meio enigmático, repleto de saídas para as resoluções da trama. O ato inicial é raso porém muito instigante, o segundo ato fortalece mais os personagens, e o ato final é o da transformação e virada da trama. Cada ponta é bem amarrada e por mais que algumas conclusões se cheguem antes do seu fim, não deixa de ter bastante criatividade essa história.


Para quem curte filmes de suspense e de terror, Goodnight Mommy (Boa Noite, Mamãe) é um prato cheio. Não percam!
Continue lendo... Crítica do filme: 'Goodnight Mommy (Boa Noite, Mamãe)'

Crítica do filme: 'O Novíssimo Testamento'

A confiança é ato de fé, e esta dispensa raciocínio. Com um elenco inspirado, um roteiro delicioso e uma direção primorosa, a comédia, indicada ao Oscar 2015 pela Bélgica, O Novíssimo Testamento é um daqueles filmes originais que abrem um grande e largo sorriso dos cinéfilos desde seu início até seu desfecho. Ao longo de inesquecíveis 112 minutos de projeção, vamos acompanhando a trajetória inusitada de ninguém mais, ninguém menos, que Deus e sua busca em consertar o inconsertável. A delicadeza com que o diretor Jaco Van Dormael (do impossível de esquecer Mr. Nobody) conduz esta jocosa trama é algo bem peculiar e que merece ser visto e revisto.

Le Tout Nouveau Testament no original, estreou no último dia 21 de janeiro e conta a história de Deus (Benoît Poelvoorde), que, no imaginário mundo dos roteiristas deste projeto, é casado e tem uma filha. Ele está entediado e sua única e peculiar diversão é definir as conseqüências das atitudes das pessoas, criando situações irritantes para elas. Chateada com essas atitudes do pai, a filha de Deus invade o computador dele envia uma mensagem para os celulares de todas as pessoas na Terra dizendo quando casa uma delas vai morrer. Além disso, ela, com a ajuda do irmão J.C, resolve montar um novo testamento e corre atrás de discípulos na Terra. Assim, por conta de tudo isso e mais um pouco, Deus será obrigado a descer e tentar resolver a situação.

Para quem se intitula como cético ou muito certinho pode ser que não consiga encontrar pontos de interações com essa fábula dos tempos modernos. O projeto é genial em muitos sentidos. Fala do amor em novíssimas circunstâncias, praticamente declama a normalidade entre sentimentos de uma mulher e um gorila, mostra uma face desconhecida do poder da aceitação do ser humano. Há uma metáfora expressiva em cada subtrama, as pinceladas de peculiaridade acopladas nas pancadas na normalidade são de longe o grande charme do filme que tem no seu elenco nomes como: Catherine Deneuve, Benoît Poelvoorde e François Damiens.


Em uma época onde encontrar a originalidade no cinema cada vez vem ficando mais difícil, ainda bem que existem cineastas como Van Dormael, que dão luz, brilho e renovam a magia no ato de assistir um filme. Bravo!
Continue lendo... Crítica do filme: 'O Novíssimo Testamento'

Crítica do filme: 'Tirando o Atraso'

Dirigido pelo cineasta britânico Dan Mazer, que apenas tinha tido uma experiência em longas-metragens com o filme Dou-lhes Um Ano (2013), Tirando o Atraso é uma comédia honesta que desde seu arco introdutório se coloca como apenas uma diversão sem pretensão aos olhos cinéfilos. Protagonizada pela dupla Robert de Niro e Zac Efron, o filme, que estreou na última quinta-feira (04) será fuzilado pela crítica especializada mas com certeza tirará muitos risos de quem for assistir.

Com parte das filmagens sendo realizada na cidade de Atlanta, Tirando o Atraso conta a história de um jovem advogado chamado Jack (Zac Efron), dedicado profissionalmente, que precisa dar uma carona para o avô, Dick, um aposentado do exército, que não vê a muito tempo. O jovem só não esperava embarcar em uma alucinante viagem cheia de mulheres, descobertas e surpresas.

O filme fala também sobre escolhas e nesses momentos, apenas a comédia salva com alguns bons diálogos. O roteiro é apenas raso em alguns quesitos. É bem forçado o contexto de romance que acontece entre Jack e uma colega da ex-escola, é mal aproveitada e praticamente sem explicação a relação entre o protagonista mais jovem e seu pai. A esposa de Jack, interpretada por Julianne Hough (Rock of Ages) apenas dar o ar de sua graça no final, com uma cena bem engraçada ao som de Celine Dion.


Robert de Niro é um ator versátil mas que nesse longa-metragem perde um pouco o personagem em alguns momentos. A química com Zac Efron até que funciona até certo ponto, a troca de idades e a mudança de senso comum da maturidade vir de alguém mais jovem para alguém mais velho. Ao fim do último ato, em um desfecho um pouco decepcionante que opta pela mesmice de outros filmes do gênero, percebemos que faltou um pouco mais de fé na química entre os protagonistas para que o filme tivesse mais méritos. 
Continue lendo... Crítica do filme: 'Tirando o Atraso'

30/01/2016

Crítica do filme: 'Um Suburbano Sortudo'



Seguindo fielmente a mesma fórmula de longas metragens como a trilogia Até que a Sorte nos Separe, o cineasta Roberto Santucci (do ótimo Alucinados) volta às telonas para contar a história de um camelô que descobre ser filho de um homem muito rico. Um Suburbano Sortudo tem um roteiro um pouco mais sólido que a maioria das comédias que já assistimos por aí e conta com a vantagem de ter, talvez, um dos melhores atores entre todos os protagonistas dos últimos sucessos de bilheteria no gênero comédia (talvez ao lado de Paulo Gustavo), Rodrigo Sant’anna. 

Na trama, conhecemos o simpático Denílson (Rodrigo Sant’anna), um camelô malandro que vive humildemente com sua excêntrica família no subúrbio do Rio de Janeiro. Certo dia, acaba descobrindo que é herdeiro de um famoso milionário, seu pai biológico, dono de uma grande rede de lojas e assim começa a mudar de vida. Mas nem tudo são flores, Denílson enfrentará a ira da outra parte da família de seu pai e ainda precisará enfrentar uma grande crise nas empresas que agora é dono.

Um dos pontos positivos do filme é a humildade de Sant’anna que mesmo sendo o protagonista e grande pilar da história, sabe ser coadjuvante nos complementos que o roteiro deixa como lacunas para subtramas. A história é bobinha, costurada de maneira bem simples, gera risos por conta da facilidade do protagonista em convencer o público com sua simpatia. Nem de longe é a melhor comédia já feita aqui no Brasil, nem de longe é um excelente trabalho mas a história como um todo gera uma curiosa simpatia se você consegue se prender a alguns detalhes, como por exemplo: nas pausas dramáticas (mesmo sendo bem poucas, verdade) o filme não exagera nas piadas e consegue passar bem, com boa criatividade. Não incomoda muito como nos filmes estrelados pelo comediante Hassum, por exemplo.

Com locações em Madureira e em alguns lugares do subúrbio do RJ, Um Suburbano Sortudo, deve ter uma boa carreira no circuito. Para quem quer se divertir, com um rostos familiares na telona , o filme pode agradar.
Continue lendo... Crítica do filme: 'Um Suburbano Sortudo'

24/01/2016

Crítica do filme: 'A Garota Dinamarquesa'

Os desejos da vida formam uma corrente cujos elos são as esperanças. Baseado em fatos reais, a partir do livro homônimo assinado por David Ebershoff, A Garota Dinamarquesa é o novo trabalho do premiado diretor britânico Tom Hooper (O Discurso do Rei). Eddie Redmayne faz o papel do protagonista mas quem domina o filme do  início ao fim é Alicia Vikander que dá um espetáculo em cena, merece muitos prêmios por seu impactante papel. Sua personagem é a força do filme, coloca a emoção até a última gota, uma mulher à frente de seu tempo, sem dúvidas.

Na trama, conhecemos o pintor dinamarquês Einar Wegener (Eddie Redmayne), um homem pacato, com senso cômico, que é casado com a bela artista Gerda (Alicia Vikander). Certo dia, resolve posar de mulher para sua esposa e instintos femininos escondidos começam a se manifestar ao longos dos dias seguintes, principalmente quando observa com admiração os gestos e trejeitos das almas femininas. Buscando uma maneira de entender sua situação, seus desejos e impulsos, procura médicos de todos os tipos. Chega até o absurdo da radiação. A explicação lógica da época para os atos de Einar era desequilíbrio químico, isso explicaria a dor, a confusão com a masculinidade e a infertilidade. Não havia nada de errado com o pintor, não havia necessidade de ser ‘curado’. Assim, encarando todo um preconceito da época, decide fazer uma cirurgia de mudança de sexo e passa a querer ser chamado de Lili.

Sua esposa entra em um verdadeiro colapso de emoções ao perceber que seu marido gosta e necessita se sentir uma mulher. Gerda acaba trazendo Lili de volta, quase sem querer, mas ela sempre esteve lá. Eddie usa e abusa da delicadeza e contrastes de emoções nesse difícil personagem.  O Einar do ganhador do último Oscar de melhor ator tenta manter um equilíbrio descontrolado em relação a parte emocional.  Era um papel muito difícil, ao longo da projeção parece que Eddie possa ter perdido um pouco o personagem ao longo das sequências. Quem segura as pontas e lacunas da história, é, sem dúvida, Alicia Vikander que acaba sendo os olhos do público para entender melhor essa curiosa trama.


Uma bela fotografia acompanha o longa-metragem ao longo dos seus 119 minutos de projeção. É um trabalho de arte bem bonito que deve ganhar um bom reconhecimento do público, principalmente pela dedicação com seus respectivos personagens dos artistas envolvidos. Lançado no Festival de Veneza 2014, A Garota Dinamarquesa não é, nem de longe, o melhor filme que consta na lista do Oscar deste ano mas é um longa-metragem que possui seus méritos e merece ser conferido.
Continue lendo... Crítica do filme: 'A Garota Dinamarquesa'