27/10/2018

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Crítica do filme: 'Dogman'


Como você enxerga as brutalidades da vida? Indicado da Itália ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro para a próxima grande festa do cinema, Dogman é um retrato social, brutal, passado em uma periferia italiana onde vários questionamentos são levantados a cada nova virada no roteiro. O longa é dirigido pelo cineasta italiano Matteo Garrone, do inesquecível e impactante Gomorra, e protagonizado pelo ator Marcello Fonte, vencedor da Palma de Ouro em Cannes de melhor ator esse ano por esse papel.

Na trama, passada em uma cidadezinha na Itália não identificada, conhecemos o carinhoso, peladeiro e boa praça Marcello (Marcello Fonte), um humilde e gentil dono de uma petshop localizada na região central dessa cidadezinha. Marcello vive tranquilo seus dias e adora passar o tempo com sua única filha. Mas Marcello acaba envolvido em várias situações com Simoncino (Edoardo Pesce) um perturbador, baderneiro que incomoda todos na cidade, sempre arrumando confusão. Após uma dessas situações terminar em consequências terríveis para Marcello, o protagonista busca sua vingança da maneira mais radical que poderia.

O bom roteiro é aquele que sabe flexionar sua trama para chegar ao clímax de maneira certa, sem pressa, levando ao público um estrondoso ar de surpresa. É exatamente isso que Dogman faz! De drama, vira thriller em frações de segundos, levando o espectador a ser o juiz das ações de Marcello na segunda parte do filme. A ação e consequência que sofre o dono da pet shop, por ter a reputação abalada e o desespero de não saber o que fazer para acabar com aquela dor são parte desse quebra cabeça psicológico instaurado e muito bem dirigido por Garrone.

Coisas ruins vão acontecer com pessoas boas. É praticamente um versículo vital. Os coadjuvantes dão ótimo tom a todo o liquidificador de pensamentos que chegam até o protagonista quando está em crise existencial, sozinho, tendo que combater o vilão de todos e que fora muito mais para ele. Somos testemunhas de uma desconstrução total do personagem e nos levam a pensar à margem da sociedade, como se vivessem em áreas sem regras, nem leis, onde os homens caminham pelos seus próprios e nublados pensamentos. Um soco no estômago esse belo trabalho.

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Crítica do filme: 'A Pé ele não vai longe'


A sabedoria para fazer a diferença, a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que posso. O novo trabalho do grande cineasta Gus Van Sant é uma junção do talento dos artistas envolvidos, o excelente roteiro baseado no livro de memórias de John Callahan: Don't Worry, He Won't Get Far on Foot, em uma história de superação e como a arte de alguma forma pode salvar uma vida. Joaquin Phoenix, responsável pelo papel principal, inspirado como quase sempre em sua brilhante carreira, é um ator como poucos, um verdadeiro colírio aos cinéfilos podermos ser contemporâneo de tamanha genialidade e entrega aos seus personagens. Ao longo de quase duas horas de projeção, somos testemunhas de uma grande história com a cereja do bolo vinda do que ouvimos, bastam 25 minutos de filme para a trilha do craque Danny Elfman te conquistar. Van Sant tentava filmar essa história desde os anos 90 e sua ideia na época era ter o ator Robin Williams como protagonista.

Na trama, exibida no Festival de Berlim desse ano e que será exibido no Festival do Rio 2018, conhecemos parte da vida e trajetória de redenção do famoso cartunista norte americano John Callahan (Joaquin Phoenix) que sofrera um grave acidente quando tinha 21 anos, que o deixou paraplégico. Entre as idas e vindas do roteiro, acompanhamos John e as mudanças que sua nova condição transformam sua vida, desde a batalha contra o alcoolismo até o foco nas artes quando resolve se tornar cartunista, sempre com um humor ácido e polêmico.

Calahan aparece em muitas fases de sua vida perto do presente que vivenciamos. Um faz de conta como pintor, compositor, não levar a vida a sério esperando algum milagre de mudança de rota ao seu destino. A bordo de seu ex-fusquinha azul, todos seus dramas chegam ao extremo em um acidente, a confusão de um poste ou uma saída, culminando em uma batida grave, a 145 km/ h. Agora dependente de muitos ao seu redor, até para necessidades básicas, John se envolve em um grupo contra o alcoolismo, conhecendo uma espécie de guru chamado Donny (Jonah Hill, em excelente atuação) que o faz repensar sobre toda sua trajetória.

As idas e vindas pontuais no roteiro dão certo ritmo a trama, o alcoolismo de anos comandam o temperamento do protagonista e nos ajudam a entender melhor essa excêntrica personalidade. Nos emocionamos com tudo que vemos, é uma explosão calorosa de sentimentos que são jogadas na tela. Absorver o lado positivo de tudo que é desconstruído ao longo de todo o processo de ‘cura’ , nos faz enxergar com uma lupa para as simples coisas da vida.

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Crítica do filme: 'Entrevista com Deus'


Não há como começar o texto desse filme sem perguntar o lógico: o que você faria se pudesse perguntar qualquer coisa em um encontro com quem criou a tudo e a todos? Entrevista com Deus, com estreia prevista para o circuito brasileiro no dia 15 de novembro, explora o poder da fé e as inúmeras dúvidas que temos sobre os obstáculos que enfrentamos não só em nosso presente mas com as marcas incuráveis do passado. De roteiro simples, buscando força nos diálogos e principalmente nas resposta do todo poderoso, o filme cria uma elo de simpatia com todo o positivismo das palavras que vem dele.

Na trama, inteiramente rodada em Nova York, conhecemos o perturbado jornalista Paul (Brenton Thwaites, o Robin/Dick Grayson da nova série Titãs) que após voltar do Afeganistão, onde fora como correspondente de guerra (jornalista), tem uma crise enorme em seu casamento e vive buscando ultrapassar seus obstáculos sempre com muita dificuldade de entender a si mesmo. Um certo dia, é colocado a ele uma pauta, onde o inusitado acontece: seu entrevistado alega ser Deus (David Strathairn). Tentando entender tudo que acontecer a seguir de suas inicias conversas com esse misterioso homem, Paul acaba embarcando em uma jornada de curar feridas de sua própria vida.

Diferente de outros filmes onde somente no final sabemos se o ser inusitado que aparece é ou não é realmente que diz ser (K-Pax, por exemplo), em Entrevista com Deus as resoluções e provas de afirmações são bastante rápidas, transformando tudo que vemos a seguir em uma história de superação do personagem Paul. Um filme com teores bíblicos e feito com bastante mensagens positivas, além disso, o lucro da produção foi destinado à entidades de crianças carentes, fato que é sempre muito legal.  O personagem de Deus, interpretado pelo indicado ao Oscar David Strathairn não passa a mão na cabeça de Paul, praticamente o desafia a melhorar para ser uma pessoa mais feliz.

O projeto marca o retorno do cineasta californiano Perry Lang na direção de longas metragens, seu último filme fora Homem de Guerra, estrelado em 1994 pelo hoje conhecido Dolph Lundgren. Entrevista com Deus é um filme simpático, repleto de positividade. Pode dar sono em alguns momentos mas se prestarmos bem a atenção, muitos ensinamentos conquistaremos.


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28/09/2018

Crítica do filme: 'Mandy'

Quando o sinistro se une ao esquisito. Exibido no Festival de Sundance desse ano, Mandy, novo trabalho do diretor italiano Panos Cosmatos, é uma caótica narrativa inventiva com pitadas fervorosas de tendências à psicodelia. Sim, é uma doideira danada. Esteticamente, o projeto ganha muitos pontos, visualmente embarca na loucura de seus excêntricos personagens fazendo ligações o tempo todo com os sentimentos que afloram frame a frame.

Na trama, ambientada no início da década de 80, conhecemos Red (Nicolas Cage) e Mandy (Andrea Riseborough), um casal que mora em um lugar no interior dos Estados Unidos, muito isolado dos grandes centros, praticamente dentro de uma floresta. Nesse mesmo lugar isolado, um culto repleto de pessoas loucas resolve implicar com Mandy e decidem sequestrá-la. Pensamento somente em vingança e munido de uma motossera, uma espada medieval (ou algo parecido) e muita sede de sangue, Red embarca em uma jornada infernal em busca de paz interior.

Violento, polêmico, sanguinário. Mandy se encaixa em vários gêneros mas não foge de vestir a camisa do terror. Elementos quase sobrenaturais e conceitos para lá de malucos compõe as razões e emoções de tudo que vimos ao longo dos intensos 121 minutos de projeção. Muito vão dizer que Red e seu embarque à loucura combina com Cage e outros personagens excêntricos de sua contestada carreira, mas o sobrinho de Coppola tem atuação apenas aceitável (por mais que não venha na cabeça outro ator a não ser ele para desempenhar esse papel).

Cosmatos e sua estética quase delirante jogam em sintonia com as bizarras cenas de violência que acompanham o longa. Mandy, filme que deve chegar ao Brasil em outras janelas exceto cinema, é uma experiência cinematográfica para poucos, ou você chega até o fim ou abandona em poucos minutos.

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Crítica do filme: 'O Orgulho'

A linha tênue entre o ensinar e o provocar. Dirigido pelo ator e cineasta israelense Yvan Attal, Le Brio, no original, é a saga de uma relação controversa entre um mestre e uma aluna, com pitadas jurídicas e diálogos que preenchem nosso campo emocional.  Ainda em exibição no circuito exibidor brasileiro, o filme é uma grande aula sobre a sociedade que vivemos e como enxergamos o próximo.

Indicado em algumas categorias ao César (o Oscar francês) desse ano, na trama, conhecemos a jovem, estudiosa e esforçada Neila (Camélia Jordana) que entra em uma prestigiada universidade para cursar direito. Logo no primeiro dia de aula, chega minutos atrasada e é repreendida na frente de todos pelo experiente e polêmico professor Pierre (Daniel Auteuil). Assim, começa a relação entre esses dois, completamente opostos que precisarão unir seus aprendizados quando Pierre é indicado para dar aulas preparatórias à Neila visando um importante concurso de oratória entre universidades francesas.

O roteiro é básico e eficiente. Mas quem comanda as ações são as belas atuações de Auteuil e Jordana, duas gerações distantes que brilham na tela. Essa relação mextre x aluno é o grande epicentro da história, deixando qualquer ida além da superfície em subtramas de lado. Há uma abiguidade no modo de se tratarem, na maneira como enxergam o mundo, durante todo o filme vemos uma luta de argumentos, muito deboche e ensinamentos que ambos levarão para o restante de suas vidas. É um filme que estudantes de direito de todo o mundo vão curtir, quem não curte muito essa vertente também tem outras brechas para se apaixonar por essa história.

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19/09/2018

Crítica do filme: 'Sicario: Dia de Soldado'


Fogo contra fogo, vamos falar do seu futuro. Tentando repetir o bom roteiro do primeiro filme da franquia, Sicario: Dia do Soldado apresenta uma história forte, que às vezes imita a realidade, na eterna guerra que o governo norte americano enfrenta contra os cartéis de drogas. O roteiro é do competente Taylor Sheridan (Terra Selvagem, Sicário: Terra de Ninguém, A Qualquer Custo) e a direção é assinada pelo cineasta italiano Stefano Sollima.

Dessa vez, o agente Matt Graver (Josh Brolin) convoca uma operação arriscada em território não norte americano que envolve o seqüestro da filha de um dos principais chefões de droga de todo o mundo. Quando a operação começa a ter problemas, Graver e Alejandro Gillick (Benicio Del Toro), que vimos no primeiro filme como um homem sem nada a perder e buscando a vingança pela morte de sua família, começam a entrar em conflito moral e ético e as escolhas de cada um deles define as conseqüências que vemos nesse forte e sangrento projeto.

Um dos pontos positivos do projeto é saber como lidar com o ritmo das subtramas. Repleto de ação e cenas fortes, buscando na linguagem nua e crua mostrar o terror que é essa guerra contra o mundo das drogas. Nossos olhos são Alejandro e todo seu passado trágico que o transformou em um homem sem regras. Dentro da ótima trama acaba tendo uma desconstrução do personagem ao lidar com as escolhas que a situação provocada pelo seqüestro planejado. Indo além da superfície no quesito moral e ético, o roteiro, adentra pouco sobre o papel do governo norte americano dentro das ações que se seguem, deixando margem para preenchimento com cenas muito bem elaboradas de ações e um certo suspense sobre como vão terminar os personagens.  

Nesse segundo filme, além de dar ótima brecha para um futuro terceiro projeto, mantém a consistência do primeiro filme, com ótimo desenvolvimento dos personagens, uma direção segura e um roteiro muito bem amarrado.

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17/09/2018

Crítica do filme: 'Gente de Bem'


É complicado retratar a depressão e a falta de sentido da vida com personagens tão diferentes e mesmo assim ser um filme interessante. Gente de Bem, filme que estreou no último Festival Internacional de Toronto e lançado após na rede de streaming Netflix, sem dúvidas não é um filme para qualquer um. Escancara a realidade modelando seu ritmo com pitadas de humor depressivo nos diálogos, situações constrangedoras e atitudes para lá de polêmicas. No papel principal, o excelente ator australiano Ben Mendelsohn (Reino Animal, Jogador Número 1) que mais uma vez mostra todo seu talento em um excêntrico e bastante peculiar personagem.

Na trama, dirigido pela cineasta Nicole Holofcener (À Procura do Amor – 2013) e roteirizado pela mesma, a partir da obra The Land of Steady Habits de Ted Thompson, conhecemos o recém separado Anders (Ben Mendelsohn), um homem que largou o emprego e partiu para uma aposentadoria antecipada mudando os rumos de sua vida e de toda sua família já que pede divórcio da esposa Helene (Edie Falco) ao mesmo tempo. Certo tempo depois, encontramos Anders desolado, sem saber ao certo se as decisões que tomou foram as melhores, já que a ex-esposa encontrou um novo amor, seu único filho parece ser um recém graduado sem rumo na vida e a única pessoa que consegue dialogar com ele por muito tempo é o filho de um casal amigo de sua família que passa por um fase de drogas e sumiços. Tentando direcionar melhor seus rumos, Anders passará por situações inusitadas em busca de seu melhor entendimento sobre o que é viver.

Muito parecido com Beleza Americana, principalmente na hora de escancarar os problemas que acontecem na vida real da sociedade norte americana, Gente de Bem bate na tecla da família, seus segredos e todo o julgamento de terceiros sobre situações que acontecem em quatro paredes. Os personagens são muito bem escritos, além do complexo protagonista, enxergamos as óticas dos dois jovens que navegam na história, um sem futuro certo após a formatura e morando com a mãe próximo aos 30 anos e um outro completamente abandonado pelos pais, que não conseguem enxergam e encontrar soluções para um problema grave que afeta não só o seu filho mas todo um planeta.

Mas a luz principal cai toda para cima de Anders, um fator de interseção de todas as subtramas. Vamos entendendo melhor ao personagem a partir dos olhos de outros e toda a dor que acaba causando onde passa, fruto de todas as escolhas que fez nos últimos tempos. Escolhas, verdades, mentiras, são premissas que são jogadas no liquidificador desse belo trabalho que merecia ganhar as telonas.

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15/09/2018

Crítica do filme: 'Tio Drew'


Cinema Comercial ou Comercial Cinema? Há duas maneiras de sair da sala de cinema após assistir a esse filme. Uma, você que ama basquete e adorou ver as enterradas, as jogadas de efeito de ex-jogadores e alguns ainda em atividade ao longo da projeção. A segunda maneira é pensar  que você não viu um filme mas sim um comercial de um refrigerante sem carisma e com diversos exageros. Tio Drew, fora lançado no circuito brasileiro de exibição faz poucas semanas, e senão me engano já saiu bem rápido de cartaz. Mal lançado (a temporada de basquete nem começou!), o projeto baseado em seu protagonista, astro de uma série de comerciais da Pepsi , interpretado no filme pelo genial jogador do Boston Celtics Kyrie Irving, falha demais quando pensamos em cinema.

Na trama, conhecemos um fracassado técnico de basquete de rua chamado Dax (Lil Rel Howery). Um homem assombrado por um erro numa partida de basquete quando era adolescente que busca sua redenção como treinador em um torneio de grande divulgação. Só que as vésperas do torneio, ele perde seu melhor jogador para outra equipe, além de ser jogado para fora de casa pela namorada interesseira. Sem rumo, acaba indo parar de quadra em quadra da cidade até encontrar Tio Drew (Kyrie Irving), um famoso jogador do passado que está aposentado e bastante velho mas não perdeu as habilidades excepcionais do jogo. Assim Dax convence Drew a reunir uma equipe de velhinhos ex-jogadores e assim tentarem ganhar o torneio.

Estimado em 19 milhões de dólares (quanto filme bom daria para ser feito com esse dinheiro!) e dirigido pelo cineasta Charles Stone III, com Roteiro de Jay Longino (Fora do Rumo (2016)), Uncle Drew, no original, é um show de propaganda de uma gigante dos refrigerantes que tentaram transformar em filme. O roteiro é falho, sem profundidade, além dos absurdos clichês que navegam a história. É um quebra cabeça com as peças todas erradas no tabuleiro, só serve mesmo de diversão para os amantes do basquete rever gênios como o mais famoso dos defensores da história Shaq, Reggie Miller e suas bolas de três, e a força no garrafão de Chris Weber, além das habilidades de Nate Robinson e o único ainda em atividade, Kyrie Irving, que fora parceiro de Lebron James durante muitos anos em Cleveland.

Mais fácil ligar nos jogos da NBA, quando a temporada começar. Que saudade de Space Jam!

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Crítica do filme: 'Missão Impossível: Efeito Fallout'


Um filme de ação, relembrando bons anos do cinema hollywoodiano de anos atrás. Muito se fala do astro, Tom Cruise, principalmente no segmento pessoal. Mas uma coisa não há como negar, um dos atores mais conhecidos do mundo sabe como ninguém entrar em projetos grandiosos e muitas vezes com saldo bem positivo.  Em mais uma aventura do agente secreto Ethan Hunt, um dos papéis mais emblemáticos de Cruise no cinema, Missão Impossível: Efeito Fallout nem de longe é o fechamento de um ciclo mas com certeza atinge ao seu ápice com um roteiro afiado, cenas de ação de tirar o fôlego e um ritmo eletrizante.

Nesse sexto filme, da franquia que começou em 1996, o agente secreto Ethan Hunt (Tom Cruise), luta para proteger o seu passado após uma nova missão dar muito errado e um elemento destruidor cair em mãos inimigas. Contando com a ajuda de sua equipe da IMF (Impossible Mission Force), principalmente os amigos Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg), Hunt precisará controlar suas emoções principalmente quando sua ex-esposa Julia (Michelle Monaghan) acaba sendo envolvida nessa nova missão.

Com filmagens em Londres, Paris e na Nova Zelândia, Missão Impossível: Efeito Fallout talvez não dê o retorno em bilheteria de outros filmes da franquia, no Brasil com certeza não por conta dessa crise que demoraremos a passar. Mas é o melhor filme da franquia até agora, sem dúvidas. Dirigido pelo cineasta norte americano Christopher McQuarrie (Missão: Impossível - Nação Secreta, Jack Reacher: O Último Tiro), o projeto faz diversas menções a outras histórias da franquia, por isso é bom ver os outros filmes para conseguir ter uma total compreensão às referências.

Os arcos são muito bem definidos, e as quase duas horas e meia de projeção passam rapidamente, nessa mistura ótima de espionagem, tons cômicos em alguns diálogos e cenas de ação. As características dos personagens são mantidas, todos brilham um pouco. Observasse uma pequena mudança, uma certa transformação em Hunt, já sofrendo com delíros/premonições, sempre preocupado com o passado que fora obrigado a deixar no campo amoroso. Essas alterações em Hunt, justificam algumas escolhas importantes que vemos ao longo do filme.

Missão Impossível: Fallout ainda se encontra em cartaz em algumas salas de cinema no Brasil e no mundo. É um ingresso que vale a pena.

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31/08/2018

Crítica do filme: 'Ferrugem'


O caos da irresponsabilidade e as verdades que precisamos responder. Grande vencedor do prêmio de melhor filme brasileiro do Festival de Gramado desse ano, além de ter sido selecionado para o prestigiado Festival de Sundance, Ferrugem, dirigido por Aly Muritiba, traz a tona os problemas causados pela exposição de conteúdos pelas redes sociais, questão amplamente noticiada e cada vez mais sem controle, principalmente entre os jovens de todo o mundo. Ferrugem, é um retrato detalhista de nossa sociedade, com um primoroso desfecho, ótima direção e inspiradas atuações. Sem dúvida, um dos bons filmes nacionais lançados em circuito esse ano.

Na trama, acompanhamos Tati (Tifanny Dopke) uma jovem estudante do ensino médio que após terminar um namoro, começa a se interessar por Renet (Giovanni de Lorenzi). Durante uma viagem da escola, Tati acaba perdendo seu celular que continha um conteúdo comprometedor de seu antigo relacionamento. O vídeo acaba vazando em grupos de whatszapp de toda a escola, deixando a jovem desesperada e a beira de uma atitude que irá mexer com muitas vidas.

Dois pontos de vistas são muito marcantes nesse belo projeto. O olhar de Tati e todo o vendaval de exposição que acaba passando. Nessa ótica também observamos que nunca vemos os rostos de seus pais, deixando a ficção e a realidade se encontrarem através dos paralelos de histórias parecidas vistas em nossa sociedade o tempo todo. As conseqüências, são absorvidas por Renet e toda sua família, e nas frentes do pai Davi (Enrique Diaz) e da mãe distante Raquel (Clarissa Kiste). As opções de escolhas são determinadas ao jovem, ir de igual pensamento do pai que é mais presente (além de ser o professor da escola onde os jovens estudam), ou entender melhor a situação e buscar uma solução ao seu sofrimento, além de uma reaproximação com a mãe. O que comanda cada linha do roteiro são as escolhas.

Dividido em partes que se completam, o roteiro de Ferrugem é um dos melhores vistos nos últimos tempos quando pensamos em cinema nacional. Com ritmos bastante parecidos e deixando as atuações preencheram qualquer brecha, as partes contam sobre uma ação e as conseqüências dela, aos olhos de ótimos personagens que navegam na história em subtramas importantes para o total entendimento dos porquês do que vemos. Após os interessantes Para Minha Amada Morta (2015) e A Gente (2013), Muritiba volta inspirado à telona, desfilando técnica e criatividade bastante objetiva.

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