A
decadência emocional de um músico, a intensidade carnal entre dois corpos e o
silêncio entre uma nota e outra são partes exploradas no confuso filme Réquiem
para Laura Martin. Dirigido pela dupla de cineastas Luiz Rangel e Paulo
Duarte, o drama nacional tem seríssimos problemas em seu roteiro. O público se
sente perdido, bocejos serão frequentes. O filme tem vários falsos finais, o
que só prolonga o martírio que o espectador é contemplado.
Na trama,
somos conduzidos aos amores e tragédias de um famoso maestro (Anselmo
Vasconcelos) que sofre por um amor louco e obsessivo pela sua compositora
preferida, Laura Martin (Ana Paula Serpa). Essa relação circula em joguinhos
sexuais intensos, diálogos picantes e um triângulo amoroso que é surpreendentemente
imposto pela mulher do músico, passiva por si só, que engole seco todos os
absurdos que o marido lhe faz passar por conta da amante.
Na história
com aroma melancólico do homem que busca na dor um reencontro, a personagem
mais bem definida é a mulher traída, interpretada pela veterana Claudia
Alencar. Fria e com muito rancor guardado, enlouquece em muitas sequências já
no desfecho da história buscando desesperante reconquistar a atenção do marido.
Entre um
som de piano e outro, o Beethoven brasileiro, que usa botas de gaúcho e boinas
de Da Vinci, pensa em Laura o tempo
todo, até nas suas necessidades sexuais individuais. Laura e sua boquinha suja,
cheia de palavrões, envolve o protagonista de maneira fantasiosa deixando a
dúvida se realmente existe ou se é fruto da cabeça do brilhante, rico e famoso
Maestro.
O roteiro é
muito complicado, confunde a todos. A plateia manifesta gargalhadas quando a
intenção era provocar o drama. Essa troca de reações são características do
esquisito molde do roteiro, praticamente ficamos que nem cego em tiroteio.
Entre o Réquiem e o repouso, o segundo pode ser feito confortavelmente na sala
de cinema.