O tempo e
seu ritmo lento. Para contar a história de uma população esquecida no ciclo
temporal, a diretora brasileira Rejane Zilles volta ao seu passado resgatando
as tradições e costumes de um lugar longínquo denominado Walachai. Afastado 100
quilômetros de Porto Alegre, comunidade
é basicamente um cantinho alemão no Brasil. Lá quase não existe telefone, sinos
ditam o toque de recolher e trabalhar se consegue apenas de maneira natural,
oriunda das plantações de verduras ou na única fábrica da cidade. Walachai
é um retrato de uma memória que o tempo se esqueceu de contar.
Uma
comunidade que não esquece suas origens e não conhece os impactos da
globalização que enfrentamos diariamente nos grandes centros. A simplicidade
adotada no cotidiano é de se admirar. Na questão da alfabetização das crianças,
todos chegam ao colégio falando alemão transformando o português como uma
língua de apoio, uma espécie de ‘step comunicativo’. São diversos elementos que
são envoltos personagens reais que fazem parte do nosso país. Além de tudo, é
um filme educativo, pronto para ser passado em qualquer instituição que preze o
real sentido dos fundamentos da sociologia.
Percebemos
um grande toque de afeto e carinho da diretora Rejane Zilles ao contar essa agradável
história. É interessante a descoberta desse cantinho alemão no nosso país. Nos
relatos dos moradores, conhecemos não só a história dessa comunidade, como
também de momentos marcantes da trajetória brasileira ao longo do tempo.
Diversas histórias sobre a segunda guerra e as dificuldades que os antigos
moradores da região enfrentaram por serem descendentes de alemães são relatados
através de situações vivadas pelos moradores.
O filme
passa por partes sem objetivos, ou melhor dizendo, sem uma direção. Em certo
momento, o roteiro se estabiliza na fala mansa dos carismáticos personagens
reais esquecendo de acelerar na telona o seu contexto, a famosa comodidade de
um certo vazio existencial. Mesmo apontando este detalhe, os sorridentes
brasileiros alemães em conjunto com as belas imagens, conseguem segurar a
atenção do espectador.
O longa
deve agradar quem curte bons documentários que conseguem estabelecer paralelos
entre as ações da globalização e a permanência de uma certa tradição.