Um grande retrato de uma família que nasceu para brilhar no
mundo das artes. Não tem outro resumo que melhor define o novo trabalho do
diretor Gilles Bourdos (Depois de Partir), Renoir. Passando por belas imagens e
pinturas que marcaram uma geração de amantes das belas artes, conhecemos um
pouco mais a fundo o trabalho do famoso pintor que dá nome ao filme. Pena que a
maneira como tudo isso é misturado na tela acaba se tornando uma grande
chatice.
Nesse novo drama francês, conhecemos o final de vida do
pintor Pierre-Auguste Renoir. Gênio que marcou época, vive seus últimos dias
rodeado de mulheres que entraram e nunca mais saíram de sua vida. Uma delas, a
sua nova modelo de corpo, começa a ter uma intensa história de amor com um dos
seus filhos que acabara de voltar da guerra, o futuro cineasta Jean Renoir (A
Regra do Jogo).
A direção de arte é impecável complementando as boas
atuações do elenco. Cada detalhe – palavra muito usada pelo próprio pintor – é muito
bem captado pelas lentes do diretor. O figurino chama a atenção pelas cores,
parecem completar a aquarela do grande gênio da pintura. A fotografia é
esplendorosa , todas as sequências exaltam as belas paisagens da riviera
francesa naquele verão no início do século XX. O trio de protagonistas realiza
um trabalho competente e contribuem para que o sono provocado pela lentidão da
história não chegue antes da metade do filme.
Michel Bouquet – do excelente Como Matei meu Pai –
interpreta o pintor Renoir. Suas expressões marcantes e os diálogos com pitadas
de sarcasmo caem como uma luva ao personagem. Christa Theret (Lola)
aparece nua em grande parte do filme mas sem nunca exceder à vulgaridade. Uma
atuação corajosa da jovem atriz. Cabe a Vincent Rottiers (A Espuma dos Dias) interpretar
o cineasta Renoir. Consegue passar os desejos e paixões do ainda recém adulto
soldado.
Mas nem tudo são flores. Uma grande decepção para os
cinéfilos fica por conta da não exploração do início da trajetória de Jean
Renoir. Somos apresentados apenas a um breve início de como começou sua vontade
de entrar na indústria cinematográfica, inusitadamente, por uma obsessiva
paixão.
O longa ultrapassa o bom senso em relação a sua duração. É
deveras longo para tudo que é abordado em seu roteiro. No mínimo, uma meia hora
de fita deveria ter sido cortada. Soninhos profundos, roncadas profundas e
ansiedade para o término serão reações presentes nas salas de cinema, mesmo com
alguns pontos positivos que o filme possui.
Esse filme acaba se tornando um quadro que o verdadeiro
Renoir não gostaria de pintar. Você compra o ingresso para ver um filme mas
acaba indo parar em uma disputa para ver quem dorme primeiro.