“Amo-te sem saber
como, nem quando, nem onde, amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira.” Com essa frase do
grande Pablo Neruda (que explica muito desse filme), apresentamos uma das
grandes surpresas do Festival do Rio 2013. Produzido por Gael García Bernal (No),
Paraíso
é, antes de tudo, uma grande lição de como o amor é importante para nossas
vidas. Guiados pela estética e inteligência da cineasta Mariana Chenillo, o
drama mexicano possui uma grande pitada de humor que faz o público se emocionar
em muitos momentos.
Na trama, acompanhamos Alfredo (Andrés Almeida) e Carmen
(Daniela Rincón), um casal de classe média mexicano que está dando um passo
importante e se mudando para uma nova casa onde vão morar juntos pela primeira
vez. Ambos são gordinhos e isso nunca foi problema para eles. Até que certo
dia, após um bullying sofrido por Carmen na festa da empresa em que trabalha
Alfredo, a protagonista resolve embarcar em uma dieta com um grupo
especializado e leva junto seu marido.
Os protagonistas fogem dos padrões de beleza - forçadamente
colocados em quase todo os filmes por Hollywood para atrair público ano após
ano em suas produções e isso é algo admirável. O desenvolvimento dos
personagens é profundo e o público é contemplado com ótimas sequências. A cena
de sexo – que abre o filme - entre os dois gordinhos é algo sentimental, demonstrando
pureza e todo o carinho que essas duas almas possuem um pelo outro. Chega a
emocionar.
O emagrecimento que afasta e faz sofrer por não estarem
alinhados. Alfredo consegue se desenvolver em sua dieta – ficando viciado em
aparelhos de ginásticos e abandonando de vez a quantidade de comida que fazia
parte de sua lancheira de super-herói. A delicada e sensível Carmen – que usa
um par de brincos de pipoca - por outro lado começa a engordar e acaba se
enfiando em um buraco de tristeza, solidão e decepções. A excelente trilha
sonora dita o ritmo desse carrossel de emoções.
O sonho e as desilusões são muito bem detalhados pela câmera
sensível da diretora Mariana Chenillo. Conforme a história vai passando pelos
nossos olhos percebemos que o paraíso não é um novo lugar, é um estado de
espírito. Não percam essa história mais gostosa que torta de chocolate!