20/10/2017

Crítica do filme: 'Mulheres Divinas'

A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras. Representante da Suíça na disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2018, Mulheres Divinas é, antes de mais nada, um grito de independência feminino em uma época repleta de limitações. Escrito e dirigido pela cineasta suíça Petra Biondina Volpe o filme aborda a luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres de maneira inteligente e esclarecedora.

Na trama, ambientada na Suíça, no início da década de 70,  conhecemos Nora (Marie Leuenberger), uma mulher de meia idade que morou durante toda sua vida em um pequeno vilarejo com poucas atividades culturais ou sociais. Quando começa a não concordar com limitações impostas as mulheres durante décadas, e ,assim, vira a líder de um movimento importante pelo direito de voto das mulheres nas eleições. Mas o caminho não será fácil, nem para ela, nem para seu marido Hans (Maximilian Simonischek).

Os arcos iniciais são detalhistas ao apresentar a rotina da personagem principal. Seu relacionamento conturbado com o sogro, sua defesa em torno da situação da filha de uma parente, os primeiros passos rumo a amizade com outras mulheres que pensavam da mesma maneira que ela e assim instigaram em Nora uma chance de lutar por tudo aquilo que ela (e muitos que nunca se manifestavam) sonhavam.

O papel da mulher na sociedade é discutido de várias formas nesse belo projeto. A construção da protagonista chega pelo estopim, de uma luz que se acende, quando percebe que não consegue fugir daquela rotina imposta por práticas e costumes machistas em um pequeno vilareja com clima frio no alto da Suíça. Os sonhos que ficam longe de serem realizados, ou o simples fato de querer trabalhar na cidade em uma nova profissão também ajudam a moldar as atitudes corajosas e de grande brilho de Nora (Marie Leuenberger).

Vencedor do prêmio de Melhor Atriz, para Marie Leuenberger, e do prêmio de Melhor Filme, para o público, no Festival de Tribeca 2017, Mulheres Divinas é um belo retrato sobre um certo início da luta feminina para ter seus direitos justos e iguais, luta que dura até hoje em um mundo ainda machista.