A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante
todas as outras. Representante da Suíça na disputa do Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro, em 2018, Mulheres Divinas é,
antes de mais nada, um grito de independência feminino em uma época repleta de
limitações. Escrito e dirigido pela cineasta suíça Petra Biondina Volpe o filme
aborda a luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres de maneira
inteligente e esclarecedora.
Na trama, ambientada na Suíça, no início da década de 70, conhecemos Nora (Marie Leuenberger), uma
mulher de meia idade que morou durante toda sua vida em um pequeno vilarejo com
poucas atividades culturais ou sociais. Quando começa a não concordar com
limitações impostas as mulheres durante décadas, e ,assim, vira a líder de um
movimento importante pelo direito de voto das mulheres nas eleições. Mas o
caminho não será fácil, nem para ela, nem para seu marido Hans (Maximilian
Simonischek).
Os arcos iniciais são detalhistas ao apresentar a rotina da
personagem principal. Seu relacionamento conturbado com o sogro, sua defesa em
torno da situação da filha de uma parente, os primeiros passos rumo a amizade
com outras mulheres que pensavam da mesma maneira que ela e assim instigaram em
Nora uma chance de lutar por tudo aquilo que ela (e muitos que nunca se
manifestavam) sonhavam.
O papel da mulher na sociedade é discutido de várias formas
nesse belo projeto. A construção da protagonista chega pelo estopim, de uma luz
que se acende, quando percebe que não consegue fugir daquela rotina imposta por
práticas e costumes machistas em um pequeno vilareja com clima frio no alto da
Suíça. Os sonhos que ficam longe de serem realizados, ou o simples fato de
querer trabalhar na cidade em uma nova profissão também ajudam a moldar as
atitudes corajosas e de grande brilho de Nora (Marie Leuenberger).
Vencedor do prêmio de Melhor Atriz, para Marie Leuenberger,
e do prêmio de Melhor Filme, para o público, no Festival de Tribeca 2017, Mulheres Divinas é um belo retrato
sobre um certo início da luta feminina para ter seus direitos justos e iguais,
luta que dura até hoje em um mundo ainda machista.