As notas musicais do amor. Escrito, dirigido e protagonizado
pela nova iorquina Zoe Lister-Jones, Band
Aid, que infelizmente não teve chances de entrar no complicado circuito
brasileiro de exibição em cinema, é um grande achado que emociona, faz rir e
principalmente chega com o intuito de trazer um reflexão sobre o mundo a dois
em quatro paredes. Unindo música e os conflitos de um relacionamento
conturbado, o projeto é uma comédia bastante interessante já que aborda as
brigas de um casal e os encontros das próprias curas de maneira inusitada e
criativa.
Na trama, conhecemos o casal Anna (Zoe Lister-Jones) e Ben (Adam
Pally), que já perto dos quarenta anos vivem uma imensa crise oriunda de
insatisfações que vão desde falta de carinho até preguiça em encontrar algo pra
fazer profissionalmente. Mesmo existindo muito amor na casa, as brigas são
diárias e a rotina estava deprimindo o casal. Até que certo dia, eles resolvem
fazer o inusitado, compor músicas sobre
todas as brigas que tiveram e assim montam uma banda junto com seu vizinho de
porta, viciado em sexo. Ao longo do processo, os três embarcam em uma jornada
interessante que busca no inusitado um porto seguro para as curas que precisam.
Tudo funciona de forma organizada. Os arcos do roteiro nos
apresentam características, qualidades e defeitos do casal que são fundamentais
para entendermos melhor eles. Surpresas também são vistas, principalmente sobre
o passado do casal, com traumas sobre maternidade e como eles enxergam os
amigos ao redor. A ideia da banda chega por meio de instrumentos antigos que
encontram quando estão limpando o porão. Já havia um passado ligado as notas
musicais em ambos. A transformações chega em forma de música, um desabafo
emocionante sobre situações e sentimentos guardados no coração de cada um.
O filme tem curvas de dramas profundo mesclado com situações
peculiares, personagens carismáticos surgem nesse grande ventilador de emoções
para dar aquela pitada de originalidade que a trama precisava. Um singelo e
delicado roteiro, com ótimas atuações que gera um grande debate sobre a maneira
que enxergamos um relacionamento.