O universo tem o tamanho do seu mundo. Dirigido pelo
cineasta russo Dmitriy Kiselev (Trovão
Negro), um dos filmes russos mais norte americano dos últimos tempos, esse
blockbuster europeu que mistura drama e aventura rumo ao desconhecido universo
da física gravitacional em uma época onde a corrida espacial era questão de
ordem nacional é uma grata surpresa em meio a uma temporada de bons lançamentos
para vitrine do próximo Oscar. Baseado em fatos reais, Vremya Pervykh (Spacewalk – 2017) conta a versão russa sobre o
primeiro homem a ‘caminhar no espaço'.
Na trama, ambientada no início dos anos 60, durante a Guerra
Fria, conhecemos o piloto do exército russo Alexey Leonov (Evgeniy Mironov) que
acaba sendo selecionado para o programa espacial soviético que planeja, antes
dos norte americanos, fazer um vôo sobre a órbita da Terra e pela primeira vez
um dos tripulantes sair da nave e explorar as condições do espaço. Ao lado do
experiente e também piloto Pavel Belyayev (Konstantin Khabenskiy), Leonov
enfrentará muitos obstáculos em uma missão até certo ponto quase suicida pois
tudo foi resolvido em pouco tempo, deixando poucas margens para testes.
Tendo Leonov como o grande protagonista da história, o
roteiro, em seu primeiro ato, aborda características do militar e sua rotina
com sua família. A importância desse desafio para o experiente piloto é algo
abordado no segundo ato, com paralelos que preenchem a tela com metáforas de um
passado com lembranças dos dias difíceis com seu pai. Lembranças que vão até o
desfecho, criando um arco no background do curioso personagem.
As cenas no espaço são de alto nível, deixando muita
produção de blockbusters norte americano de queixo caído. A tensão toma conta
do filme durante todo o trajeto da dupla no espaço, ambiente de agonia já pré
criado com as incertezas dos chefes da missão na Terra que precisarão tomar
inúmeras decisões arriscadas que vão desde um precoce abandono ou não de um dos
pilotos até questões políticas por não saberem onde a nave (tecnologia) russa
possa cair na volta a Terra.
Para quem curte o assunto corrida espacial, esse filme é um
prato cheio. Com boas atuações e um roteiro bastante interessante, Vremya Pervykh (no original) é tão bom
quanto o primo distante Apollo 13 já que se parecem bastante, principalmente
quando pensamos na frase: do desastre ao triunfo.