Um dos filmes mais eletrizantes do cinema asiático dos
últimos anos e representante da Tailândia ao Oscar 2018 na categoria Melhor Filme
Estrangeiro, ‘Bad Genius’, dirigido
pelo ótimo cineasta Nattawut Poonpiriya,
contorna as emoções de maneira sublime para explicar uma história que envolve
estudantes, as pressões pelas provas que podem mudar uma vida e um outro lado
que se descobre quando determinadas portas de oportunidade se abrem. Tudo é
muito bem encaixado no excelente roteiro de assinado pelo diretor, Tanida Hantaweewatana e Vasudhorn Piyaromna. Uma excelente
surpresa e infelizmente ainda sem data de estreia no circuito brasileiro de
exibição.
Na trama, conhecemos a doce, inteligente, concentrada e
tímida Lynn (Chutimon
Chuengcharoensukying) uma estudante do ensino médio tailandês que consegue,
depois de muito esforço de seu pai (Thaneth
Warakulnukroh), um professor de classe média baixa, ingressar em uma famosa
escola para terminar os seus estudos e conseguir uma boa formação. Lynn é super
dotada, tira notas altas e rapidamente vira bolsista 100% da escola. Em uma sessão
de fotografias para livros da escola, conhece a ingênua Grace (Eisaya Hosuwan), com quem logo começa
uma amizade. Vendo a dificuldade da amiga nos exames da escola, Lynn resolve
ajudar em uma das provas passando uma cola das respostas. Logo após esse
episódio, Lynn encontra Pat (Teeradon
Supapunpinyo), um filhinho de papai rico que propõe a ela um imenso plano
onde a protagonista passaria as respostas das provas para um grande número de
alunos utilizando uma maneira criativa em troca de dinheiro de todos eles. Com
esse primeiro plano dando certo, Lyyn, Grace e Pat resolvem ir além e burlar um
dos exames mais difíceis do mundo que dá vagas em universidades norte
americanas. Só que para isso, precisarão contar com Bank (Chanon Santinatornkul),
um rejeitado bolsista, tão genial quanto Lynn. Assim, o quarteto parte em busca
do plano que pode mudar suas vidas para o bem ou para o mal.
O longa tem mais de duas horas de duração mas nem vemos
passar o tempo. A adrenalina é absurdamente detalhista e faz com que nós, meros
espectadores, não tiremos os olhos desse complexo plano. Para entender todas as
ações do projeto, precisamos entender os porquês, principalmente da
protagonista. Lynn, é criada com todo esforço por seu pai, não tem mãe. Tudo
que conquistou veio da disciplina no estudo tendo pouco tempo para amizades.
Quando percebe as dificuldades do pai mais de perto para sustentar os custos
que possui isso inflama nela uma maneira de ajudar, aliando a oportunidade na
hora certa mesmo ela sabendo que a punição maior será de sua consciência. Os
detalhes e as angústias de Lynn durante todo o filme é muito bem mostrada pelas
lentes de Poonpiriya. Uma bela
atuação de sua intérprete, a jovem Chutimon
Chuengcharoensukying.
Outra peça importante nesse tabuleiro é Bank, talvez o
personagem que mais apresenta transformações de caráter ao longo do tempo. É
nele que o plano corre o maior risco por conta de situações que o levam a
aceitar fazer parte dessa trama engenhosa. Do segundo arco em diante,
reviravoltas emocionantes acontecem no pré plano, na execução dele e no pós
plano, deixando o público surpreso em muitos momentos.
Bad Genius é um
dos fortes candidatos a conseguir estar entre os cinco finalistas ao prêmio de
Melhor filme estrangeiro da academia em 2018, um filme empolgante e com um
final pra lá de simbólico e surpreendente.