Ninguém mexe nas memórias do passado. Dirigido pela cineasta Linda Dombrovsky, Pilatos, é um filme húngaro que aborda uma relação conturbada entre mãe e filha. Com muitos méritos, usa do Simbolismo como referência ao tempo, principalmente, até mesmo, reflexões em forma de metáforas com curtos flashbacks sobre épocas passadas vividas por essa família. Delicado, com harmônicos arcos (Terra, Fogo, Água e Ar), o filme possui duas atuações destacadas: Ildikó Hámori e Anna Györgyi. A trama é uma adaptação do livro homônimo da autora húngara Magda Szabó.
Na trama, conhecemos Anna (Ildikó Hámori), uma senhorinha de vida simples que acaba de perder
o marido. Tentando achar uma solução para não deixar a mãe sozinha, sua filha
Iza (Anna Györgyi), uma importante
médica, resolve levar a mãe para morar com ela. Isso acaba gerando uma série de
problemas por conta da distância e diferente entre as duas, mesmo sendo mãe e
filha. Há iminências de um conflito por todos os arcos.
Parece uma peça filmada, o ritmo se baseia na belíssima
condução dos personagens. Há uma melancolia em todo canto nos menos de 80
minutos de projeção. Uma batalha emocional das memórias contra uma filha
autoritária que parece desconhecer a trajetória simples de seus pais. Com diálogos
profundos, a difícil tarefa de dizer adeus ganha luz nas visões de Anna, e um
desfecho emblemático surge com diversas respostas que podem ser dadas para tal.
Um filme simples e profundo. Um bom trabalho.