Uma das figuras bíblicas mais misteriosas de todos os tempos
é apresentada ao público dentro de uma forte narrativa, com argumentos bem
embasados, delicadas e bem produzidas cenas, com legendas de explicações antes
e no final da projeção, batendo o martelo para mais uma versão sobre Maria
Madalena. A responsabilidade da direção fica a cargo do cineasta australiano Garth
Davis (do melodramático Lion: Uma
Jornada Para Casa) que impõe sua direção e ritmo elevando sequências de
emoções mas caindo de repente com momentos de grande sonolência. No papel
principal, a jovem mas experiente Rooney Mara, em um papel muito diferente da Lisbeth
Salander de Fincher.
Na trama, escrita por Helen Edmundson e Philippa Goslett,
conhecemos Maria Madalena (Rooney Mara) uma jovem por volta dos 20 anos que
mora em um vilarejo de pescadores chamado Magdala. Maria não vive feliz, e luta
contra sua família porque não quer se casar. Beirando a depressão e perdendo a
vontade de viver, fica sabendo de pregações de um homem chamado Jesus de Nazaré
(Joaquin Phoenix) e aos poucos vai se aproximando dele até virar uma das suas
mais próximas discípulas.
O filme passa longe de algumas polêmicas, se aproximando
mais no foco da protagonista ser uma pessoa muito importante na trajetória de
Jesus pela Terra, já na vida adulta. Ao longo dos cansativos 120 minutos de
projeção, percebemos um foco no feminismo, em uma história que foi escrita para
se tornar atemporal. O Jesus interpretado pelo excelente Joaquin Phoenix quase
passa desapercebido, dá margem para os coadjuvantes também brilharem, fato que
infelizmente não acontece. O ritmo lento do projeto se entrelaça com momentos
marcantes como a oração do pai nosso, que de longe é a melhor cena do filme.