A força está nos argumentos, nos fatos. Com uma atuação destacada
da excelente atriz francesa Emmanuelle
Devos (indicada ao Goya desse ano e vencedora do Lumiere Awards 2018), A Número Um faz uma espécie de investigação
sobre os preconceitos sofridos pelas mulheres no mercado de trabalho, assim, com
um eficaz aspirador da ética navega por situações onde o conflito do poder se
mostra como uma grande fraqueza em um mundo desenvolvido como o que vivemos
hoje. Dirigido pela cineasta francesa Tonie
Marshall, roteirista do recente Sexo, Amor e Terapia, A Número Um é um filme importante e merece nossa atenção.
Na trama, conhecemos a determinada e de personalidade forte
Emmanuelle (Emmanuelle Devos), uma executiva de uma grande empresa que após
enfim ser reconhecida por todo o trabalho feito até então, recebe a oferta de se tornar a primeira
presidente da multinacional. Logo após receber essa oportunidade, percebe que
será uma chance repleta de desafios, pois se aceitar ser a presidente terá que
lidar com o preconceito de muitos homens da empresa e também seus egos, além
disso, a decisão que tomar, afetará sua vida familiar com interesses em
conflito com o marido.
O ritmo é lento, de
vez em quando beira ao sonolento. É preciso estar atento à força dos detalhes e
a atuação de sua protagonista. As entrelinhas dizem muito mais do que muito dos
longos e intensos diálogos que navegam cena pós cena. O filme pode ser caracterizado
como uma grande investigação sobre os direitos femininos no concorrido mercada
de trabalho de um continente europeu repleto de mudanças em suas estruturas de
gestões a cada ano. Uma das referência
de Marshall na hora de roteirizar (sim, ela também uma das roteiristas do
projeto) foi o ótimo Margin Call - O Dia
Antes do Fim de J.C. Chandor.
A parte familiar também ganha uma pequena lupa e em
objetivas cenas, pouco aprofundadas é verdade, percebemos que as escolhas da protagonista
ferem objetivos de seu marido, inflando uma sequência de consequências que
afeta demais o relacionamento deles. A maneira como a personagem principal
reage a todo o caos que se torna sua vida é de se chamar a atenção, sempre
ponderada e fazendo parecer que tem sempre uma cartada na manga para as ações
de pessoas que não a querem naquela posição da empresa.