A amizade é um dos alicerces desse mundo dinâmico, rápido e
tão misterioso. Passando quase escondido no circuito exibidor brasileiro desse
ano, Tolkien é uma grata surpresa que emociona e nos faz entender bons
argumento sobre valores, humanidade e amizade. Dirigido pelo cineasta nascido
no Chipre Dome Karukoski (do excelente Tom of Finland), o projeto nos leva de
volta a tempos remotos, fala dos horrores da guerra e também sobre a arte de um
peculiar sonhar por meu de idiomas quase indecifráveis que iluminaria legiões
de seguidores anos mais tarde.
Na trama, conhecemos em três etapas o inteligente e obstinado
J.R.R. Tolkien (Nicholas Hoult), um jovem que perdeu a mãe muito cedo e teve
que morar de favor na casa de uma velha senhora para assim poder terminar os
estudos. Na escola que é matriculado faz forte amizade com outros três jovens,
um grupo unido, ligados a arte, chás e rúgbi. Seus calorosos debates acontecem
em um movimentado estabelecimento onde se sentem mais velhos e guiados pela
liberdade de se expressar. Por meio de flashbacks vamos acompanhando esses
encontros, principalmente quando o protagonista é recrutado para a Primeira
Guerra Mundial. Tudo o que viveu nas linhas de batalhas, o desespero e
sofrimento, a força da amizade que constrói, além do amor que sente pela sua
vizinha de quarto e amante do piano Edith (Lily Collins) acabam servindo de inspiração
para Tolkien escrever um dos maiores sucessos literários de todos os tempos O
Senhor dos Anéis.
Para quem é fã de ‘O Senhor dos Anéis’, antes de começar o
filme pode ficar imaginando como serão as referências e como será contada essa
história do criador de um mundo mágico e inesquecível. Tudo em Tolkien é
delicado e sempre com altos argumentos para imaginarmos sobre a criação desse
ou daquele personagem, muito mais sobre sua maior saga literária, conhecemos o
homem Tolkien, tudo que passou na vida para conseguir sentar em sua casa e
escrever sobre um mundo que sempre imaginou, que andava paralelo a tudo que
vivia, uma espécie de homenagem a tudo e a todos que via, conheceu ou imaginou
ao longos dos anos.
A direção de Karukoski é impecável (uma das melhores do ano
até agora, sem dúvidas), o roteiro é primoroso, nos faz voltar no tempo.
Impressiona a força que o filme tem em conseguir que não deixemos de olhar para
tudo que aparece em cena. Belíssimo trabalho.