27/07/2019

Crítica do filme: 'Tolkien'


A amizade é um dos alicerces desse mundo dinâmico, rápido e tão misterioso. Passando quase escondido no circuito exibidor brasileiro desse ano, Tolkien é uma grata surpresa que emociona e nos faz entender bons argumento sobre valores, humanidade e amizade. Dirigido pelo cineasta nascido no Chipre Dome Karukoski (do excelente Tom of Finland), o projeto nos leva de volta a tempos remotos, fala dos horrores da guerra e também sobre a arte de um peculiar sonhar por meu de idiomas quase indecifráveis que iluminaria legiões de seguidores anos mais tarde.

Na trama, conhecemos em três etapas o inteligente e obstinado J.R.R. Tolkien (Nicholas Hoult), um jovem que perdeu a mãe muito cedo e teve que morar de favor na casa de uma velha senhora para assim poder terminar os estudos. Na escola que é matriculado faz forte amizade com outros três jovens, um grupo unido, ligados a arte, chás e rúgbi. Seus calorosos debates acontecem em um movimentado estabelecimento onde se sentem mais velhos e guiados pela liberdade de se expressar. Por meio de flashbacks vamos acompanhando esses encontros, principalmente quando o protagonista é recrutado para a Primeira Guerra Mundial. Tudo o que viveu nas linhas de batalhas, o desespero e sofrimento, a força da amizade que constrói, além do amor que sente pela sua vizinha de quarto e amante do piano Edith (Lily Collins) acabam servindo de inspiração para Tolkien escrever um dos maiores sucessos literários de todos os tempos O Senhor dos Anéis.

Para quem é fã de ‘O Senhor dos Anéis’, antes de começar o filme pode ficar imaginando como serão as referências e como será contada essa história do criador de um mundo mágico e inesquecível. Tudo em Tolkien é delicado e sempre com altos argumentos para imaginarmos sobre a criação desse ou daquele personagem, muito mais sobre sua maior saga literária, conhecemos o homem Tolkien, tudo que passou na vida para conseguir sentar em sua casa e escrever sobre um mundo que sempre imaginou, que andava paralelo a tudo que vivia, uma espécie de homenagem a tudo e a todos que via, conheceu ou imaginou ao longos dos anos.

A direção de Karukoski é impecável (uma das melhores do ano até agora, sem dúvidas), o roteiro é primoroso, nos faz voltar no tempo. Impressiona a força que o filme tem em conseguir que não deixemos de olhar para tudo que aparece em cena. Belíssimo trabalho.