Não sei quem criou aquela expressão: ‘sem pé, nem cabeça’,
mas ela se encaixa muito bem para definirmos Obsessão Secreta, filme novo
produzido pela toda poderosa do Streaming, nossa querida Netflix. Dirigido pelo
cineasta norte-americano Peter Sullivan (que fez muitos trabalhos made for tv),
o projeto é uma mistura de suspense com pitadas de terror mas reunidos em um
roteiro pessimamente escrito e com atuações que não assustam nem quem nunca viu
Cinderela Baiana mas verá um dia. Nem sustos conseguimos levar, tudo é muito
robótico, repleto de personagens sem carisma.
Na trama, que já começa a mil por hora, conhecemos uma jovem
chamada Jennifer (Brenda Song) que está sendo perseguida por uma pessoa que não
sabemos quem é. Após conseguir chegar ao hospital da pior maneira possível,
acaba perdendo a memória. Acorda e é apresentada a seu marido Russell (Mike
Vogel), que chega todo bondoso e com livros de fotos e com muitas referências
de como era a vida deles juntos. Mas nem tudo é o que parece nessa história,
paralelo aos descobrimentos da jovem, somos apresentados a Frank Page (Dennis
Haysbert), um policial perto da aposentadoria e com traumas em seu passado que
começa a desconfiar daquela situação.
Muito outros filmes em um só. Usar das referências de outros
filmes é comum em muitos trabalhos norte-americanos, mas a maioria desses busca
uma certa identidade, algo que faça, nem que seja levemente, se distanciar um
pouco, tanto quanto na abordagem, na maneira de filmar e etc. Obsessão Secreta
consegue superar o maior número de clichês em 2019. Impressiona a
previsibilidade de tudo, até um Kinder Ovo tem mais surpresas que esse filme
lançado esse mês na Netflix.
Os exageros nas linhas de diálogo deixam tudo tão confuso,
ficamos mais perdidos que a personagem que perdeu a memória. É que não posso ir
mais a fundo para não soltar spoilers mas tem cenas absurdamente ridículas. Com
tanto projeto legal na esperança de conseguir uma chance de aparecer no mundo,
seja no streaming ou na telona, Obsessão Secreta furou a fila!