As razões e as emoções oriundos de um trauma pode moldar
toda uma vida se não houver esperança. Dirigido pelo cineasta irlandês John Crowley (Brooklyn), O Pintassilgo,
baseado no livro homônimo vencedor do prêmio Pulitzer da autora Donna Tartt, é
uma grande gangorra de emoções e caminhos a se seguirem após um grande trauma
que marca para sempre a vida do protagonista. O roteiro, muitas vezes confuso,
vai e volta em suas linhas temporais tentando aproximar o público da essência
de sua trama. Não é tão ruim quanto dizem, alguns divulgaram que foi um dos
maiores fiascos de bilheteria do ano, mas fica claro em seu desfecho que o
livro deve ser muito melhor que o filme.
Na trama, acompanhamos Theo Decker (Oakes Fegley e Ansel Elgort),
na infância/adolescência até os dias atuais já adulto. Na infância, voltamos em forma de flashback ao
momento chave da vida de Theo: um ato terrorista em um museu onde estava com
sua mãe. Esse acontecimento é ligado a outras vidas que estavam no museu e tudo
o que ocorre nos próximos anos de alguma forma se interliga já que antes de
conseguir sair do museu, Theo leva consigo uma obra de arte rara que da o nome
ao filme. Assim, durante anos e envolvido com o que fazer com a tela que está em
sua posse, ele precisará fazer escolhas que impactarão tudo que conseguiu na
vida adulta.
O roteiro acaba sendo o mais grave dos problemas. Extenso e
pouco detalhista, dá margem às surpresas e certa reviravoltas que não são bem
amarrados pela não lineariedade que somos testemunhas. O filme possui bons
diálogos, mas os personagens fogem do carisma que devem possuir lendo as
páginas de Tartt. Mas não é uma experiência totalmente horripilante. Tem seus
méritos e consegue em alguns arcos chegar na profundidade que tanto busca.
Passou correndo pelo circuito brasileiro de exibição, sem muito oba oba, talvez,
pelas críticas externas que pelas poucas que esse que vos escreve soube,
detonaram o filme.