25/02/2020

Crítica do filme: 'Corpus Christi'


As marcas do passado em conflito com o inusitado sentido de ser e viver. Orçado em menos de um milhão e meio de dólares, o longa-metragem polonês Corpus Christi é um retrato de um jovem rebelde, em descoberta da liberdade, com a invocação de um chamado peculiar que coloca em cheque tudo que já viveu. Dirigido por Jan Komasa e com roteiro de Mateusz Pacewicz, esse bom filme é intenso e impactante na medida certa, conseguindo uma vaguinha na lista dos cinco indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na última edição da grande festa do cinema. Infelizmente, ainda sem previsão de estreia no circuito exibidor Brasileiro.

Na trama, conhecemos um jovem chamado Daniel (Bartosz Bielenia), que está em um centro de reabilitação para jovens encrenqueiros em uma cidade no interior da Polônia. De alguma forma, ao longo do tempo que está nesse lugar sofreu uma certa transformação sendo muito ligado às missas e as questões espirituais abordadas na instituição. Mas seu passado é complicado e nesse lugar é jurado por outro detento e assim, enviado para um trabalho num outro lugar, pega uma rota alternativa e vai parar em uma pequena cidadezinha católica onde vira o padre titular do lugar. Lutando contra seu passado e os erros que comete no seu presente, Daniel acaba encontrando uma forma de mudar aquele lugar e porque não dizer a ele mesmo.

Corpus Christi é um filme com emoções à flor da pele a todo instante, a fotografia do longa dita o ritmo de tudo que vemos como consequências as atos praticados pelo protagonista nas quase duas horas de projeção. Buscando uma liberdade que fazia tempos não sentia, acaba encaixando com pensamentos e sentimentos de todo um lugar paralisado no tempo por conta de um desastre de automóvel que vitimou jovens de várias famílias. A direção é detalhista usufruindo de uma trivial busca pela redenção, é um belo trabalho de Komasa e equipe. Vale a pena conferir.