Dirigido por Hallvar Witzø – que já concorreu ao Oscar com o curta-metragem Tuba Atlantic – o longa-metragem norueguês O Caminho Errado aborda o ‘virar a página’ dentro de uma constatação da ruína de uma vida desestruturada e sem direção. Essa questão nos é apresentada por meio de dois irmãos completamente diferentes e suas lutas com o cotidiano dentro de relacionamentos e os conflitos provocados. O filme entrou no catálogo da Netflix nesse início de 2025.
Emilie (Ada Eide)
é uma mãe solteira, com péssima relação com o pai da filha, que está completamente
perdida sobre o que fazer da vida. Certo dia, após se encontrar com o seu único
irmão, Gjermund (Trond Fausa),
resolve se inscrever numa famosa competição de esqui cross-country, um árduo
evento com o objetivo de percorrer 54 km na neve. Ao longo de todo o processo
de preparação começa a perceber novos olhares para o futuro.
O ‘virar a página’ é sempre um processo tido com árduo, os
problemas continuam lá mas há formas de olhar de forma diferente para eles.
Tendo isso na essência dessa obra, há um caminho interessante construído ao
longo dos agradáveis 90 minutos de projeção batendo na tecla do destruir para
reconstruir. Logo, um paralelo com o esporte como meio de disciplina, uma
experiência que muda razões existenciais, se torna a força motora para se
chegar ao clímax.
O sólido roteiro atinge o objetivo de seu discurso, trazendo
reflexões sobre os temas abordados – principalmente sobre a crise existencial -
mesmo numa narrativa convencional sem muitos momentos marcantes. As camadas trazidas
por pinceladas de subtramas, de forma complementar, nos levam até questões
sobre maternidade, casamentos e estradas nesse percorrer.
O Caminho Errado é
um filme pés no chão, joga na tela problemas mundanos que podemos enxergar por
aí, fato que logo aproxima o público. O protagonismo andando como um espelho
que reflete os embates entre os dois personagens centrais é um ótimo caminho
encontrado para crescer em contextos uma história basicamente sobre superação.