Natural de Jundiaí (SP), formada em comunicação social,
nossa convidada de hoje, Glaucia Hamond, já foi vendedora de loja, professora
de inglês e até já vendeu sanduíche natural. Mas isso tudo ficou para trás
quando resolveu seguir seu sonho de infância de se tornar uma atriz. Na década
de 90, entrou para a famosa CAL e desde de então vem aprimorando sua arte
inicialmente no teatro depois em comerciais, webséries e cinema. No RJ há muitos
anos, essa cinéfila dona de uma gargalhada única ama expressar sua arte seja lá
onde for.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Eu prefiro as salas do Cinemark
do Shopping Downtown. Pois além de ser no bairro onde moro, as salas são confortáveis
e o valor costuma ser mais barato que outros cinemas. E como tem várias salas,
sempre consigo ver lá os filmes que busco.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Não tenho certeza qual foi o primeiro. Mas creio ter sido A Noviça Rebelde ou Fernão Capelo e Gaivota. Mas o cinema
foi o antigo Cine Opera na Praia de
Botafogo (onde hoje acho que funciona uma "Casa & Video"). Minha
mãe lia a legenda para mim, já que eu era muito nova pra acompanhar a rapidez
com que as frases apareciam na tela. Pra desespero das outras pessoas ao
redor... hahaha E eu me apaixonei por aquela atmosfera mágica do cinema!
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Nossa, tão difícil essa! Tenho apreço por vários diretores!
Não consigo citar um só. Gosto do Tarantino,
do Coppola, Almodóvar, Stanley Kubrick, etc. rsrs
Filme, a mesma coisa. Mas tem alguns que me marcaram muito. O Dólar Furado, por exemplo. Pois assisti
ainda pequena com meu pai na TV mesmo. Passou na "Primeira Exibição",
que acontecia aos sábados à noite, na Rede Globo. Eu deveria ter uns 4 anos. E
meu pai foi o meu primeiro incentivador a assistir filmes. Eu era tão pequena
que nem conseguia falar "primeira exibição". Eu dizia: "Oba!
Hoje tem Primeira Bibibição"! Hahaha
Meu pai citava a sinopse dos filmes com tanto fervor, que eu
ficava louca para assistí-los logo! Ele dizia, com o dedo pro alto, como um
político num discurso: "O sujeito foi salvo por uma moeda de 1 dólar que
estava em seu bolso! A bala pegou na moeda, salvando seu coração! Por isso o
nome do filme!" Ele dava spoiler mesmo. Hahahaha Mas os spoilers que me
deixavam com mais vontade ainda de ver logo aquilo tudo convertido em imagens. ❤
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Tem muitos! Mas Central
do Brasil me tocou bastante e como teve indicação de melhor filme
estrangeiro e melhor atriz para Fernanda
Montenegro (sendo a primeira latino-americana indicada ao Oscar) isso
colocou o cinema nacional numa evidência internacional.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É apreciar uma obra cinematográfica por inteiro (como se
aprecia um bom vinho, uma boa música, uma peça de arte num museu). Levando em
consideração todo o processo de sua elaboração, as pessoas envolvidas (atores,
produtores, maquiadores, figurinistas, etc) e o porquê daquela obra; sua
mensagem. É decifrar os mistérios ou enigmas ali presentes. É captar os
segredos que possam estar nos pequenos detalhes. Pois um filme sempre te
passará algum conteúdo e com isso, sempre te fará crescer.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Não exatamente. Tirando alguns cinemas que tem uma
programação diferenciada (no caso daqueles que só passam filmes cults, por
exemplo) os cinemas, no geral, passam de tudo um pouco, uma "salada"
de estilos e gostos. E eu entendo. Eles precisam de dinheiro para se manter.
Por isso essa variedade na programação.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Creio que não, pois a magia de se assistir numa telona não
tem comparação!
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Ih, têm muitos! Principalmente os mais antigos. A juventude
tem muito preconceito com filme antigo. Filme antigo é uma obra de arte, e
tecnologia alguma irá superar! Por isso tenho uma certa implicância com
remakes. Sendo assim, indico, pra galera mais nova principalmente, Midnight Cowboy (Perdidos na Noite) com Jon
Voight e Dustin Hoffman. Filme
que rendeu algumas referências em outros filmes posteriores, principalmente
pela música tema Everybody's Talkin
de Harry Nilsson. Em Forrest Gump, por exemplo, a cena de
Forrest atravessando a rua com o cadeirante e ex-combatente (Tenente Dan), faz
essa menção ao filme.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Olha, tenho receio disso... Mas caso reabram deve-se ter um
rigor enorme! Checagem de temperatura na entrada, álcool 70 disponível para
todos, assentos intercalados, higienização geral das salas e poltronas entre
sessões, e além da máscara individual, o uso do Face Shield (aquele protetor
facial) que de repente possa ser emprestado pelo próprio cinema, assim como
eram os óculos 3D, porém esterilizados após cada uso.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Está crescendo bastante! Tanto na parte de produção da obra
quanto na atuação dos atores. Conheço pessoas que diziam não gostar de cinema
brasileiro e que hoje assistem com muito prazer.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Eu não costumo ver um filme apenas pelo ator/atriz. Eu vou
pelo conjunto da obra. Mas se é pra citar um, cito Wagner Moura.
12) Defina cinema com
uma frase:
Vou citar algo parecido que escrevi logo após as filmagens
de um curta que participei (sou atriz).
"Cinema é a luz que ganha vida logo após se escutar a
palavra "ação", e é nesse exato momento que a magia entra em
cena".
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Ah, aconteceu comigo. Em meados dos anos 90 fui ao cinema
com alguns amigos assistir A Rede (The Net) com Sandra Bullock. O problema é que eu gosto muito de rir, gargalhar.
As vezes vejo graça onde ninguém mais viu... rsrs. Num determinado momento do
filme, a protagonista é perseguida por um atirador num parque de diversões
cheio de gente. E como todo parque americano, tem um mascote, um sujeito
vestido de coelho, no caso. Aí, quando o atirador está prestes a alcançar a
moça, o coelho esbarra sem querer no sujeito, fazendo-o cair, e ainda o pega
pelos braços como se quisesse dançar uma valsa. O atirador, raivoso, o empurra
para o chão. O coelho se levantou puto e dá uma "banana" com as mãos,
dizendo "gee" (caramba). Foi com essa cena boba que eu comecei a
gargalhar sem parar! Eu chorava de tanto rir! Porém eu fui a ÚNICA no cinema
inteiro a achar graça desta cena boba... hahaha
Lembrando que eu tenho uma gargalhada bem exagerada... E o pior
foi que, no decorrer do filme, eu relembrava o coelho e caía na gargalhada de
novo. Meu amigo ao meu lado, me dizia: "Gláucia, você ainda tá rindo do
coelho? Não teve graça nenhuma! Para de rir!" E essa frase só fez aumentar
ainda mais a minha vontade de gargalhar! As pessoas, incomodadas, CLARO,
começaram a pedir silêncio fazendo "sshhiiiii" e eu tive que começar
a pensar em coisas muito tristes para poder conter o meu riso. Hahahahaha.
Óbvio que por isso nem prestei muita atenção na estória do filme... Mas quando
a sessão terminou, eu do lado de fora, me vi finalmente livre para expor minha
comoção e voltei a gargalhar! Eis que um adolescente aponta para mim e diz:
"olha! Ela que estava rindo!" E eu voltei pra casa chorando de rir
daquilo que não teve graça alguma... rsrs
Já revi este filme e realmente, a cena não é tão engraçada
assim... rsrs
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Posso definir com uma só palavra: Misericórdia! Hahahaha
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?