O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Vitor Stefano é pai do Caetano e da
Lorena. Eclético como os filmes de
Kubrick, dramático como Almodóvar
e confuso como Lynch. Um grande
apaixonado por cinema criador do blog (https://sessoesdecinema.blogspot.com/) e
Instagram Sessões de Cinema (https://www.instagram.com/sessoesdecinema/).
Busca em seus textos e pensamentos cinéfilos uma análise crítica, ácida e
filosófica sobre a 7ª arte, do contemporâneo ao clássico.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
As programações que mais gosto são as salas do Belas Artes e a programação do Itaú Cinemas. É onde consigo encontrar
filmes do chamado circuito alternativo e numa região central da cidade.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
A graça do cinema me faz relembrar o antigo Geraldão no bairro da Penha. Ele era
daqueles cinemas gigantescos, em salas pomposas. Não consigo me recordar o
primeiro, mas um dos primeiros foi Street
Fighter com meus 9 anos.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Vou responder Almodóvar
por ele ter feito meu filme preferido, Fale
com Ela.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Escolher um é covardia. Meu favorito talvez seja Cidade de Deus, mas vou citar o último
que me marcou e pra mim é o melhor da última década: O Lobo Atrás da Porta. Tem todos os elementos que me deixam presos
e imersos. Atuações brilhantes, uma história forte e marcante, conexão com a
vida cotidiana, deixa pontas e dúvidas para buscarmos nosso julgamento pelos
retratados. É um filmaço!
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Não se furtar a ver tudo, sem filtros, sem limites e gostar
disso, fazer disso um hobbie.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Os cinemas são negócios e eles conhecem de ganhar dinheiro.
Acredito que mais do que entender o cinema é que o público entende de cinema. O
cinema é uma arte e quando falamos das salas falamos de empregos, investimento
e lucro.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Acredito que acabar não vão. Acredito que vão passar a ser
em certo momento mais escassas principalmente pelo acesso fácil por streaming.
Eles ocupam lugares gigantes em shoppings que tem aluguéis caros. Pensando como
negócio não vejo em longo prazo como viáveis exceto para os grandes
lançamentos.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Seu público é cinéfilo e é difícil indicar algo assim, mas
vou citar um dos primeiros filmes que vi no cinema e me fez abrir minha mente
além do que via antes que foi O
Escafandro e a Borboleta.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Acredito que não. Na verdade, entendo que somente as
atividades essências deveriam abrir. Mas como tudo já abriu, entendo que possam
abrir seguindo as regras de distanciamento.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
O cinema brasileiro é dos melhores do mundo. Sem dúvida
alguma. Desde a retomada temos uma diversidade tão grande quanto o próprio
Brasil. De Central do Brasil a A Vida Invisível há uma centena de filmes
de qualidade genial entre documentários, das animações que vem crescendo, do
cinema pernambucano, de roteiros engenhosos. Sou suspeito. Amo o cinema
nacional.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Sou fã de Caio Blat.
12) Defina cinema com
uma frase:
Duas horas pra entrar num outro mundo.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Ao final de A Pele
que Habito um homem vestido como um eremita subiu na poltrona e gritou:
isso é uma comédia e deu risadas macabras por um tempão. As pessoas ao redor de
entreolhavam entre o riso e a vergonha alheia.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Pau que nasce torto, nunca se endireita...
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não acho que seja uma premissa. Há muita gente que é apenas
profissional. Mas é difícil essa constatação pois faz parte do estudo e de
crescimento ver muitos filmes, estudar, analisar.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Caraca... difícil escolher um. Vou citar o pior desse ano: 365 DNI.
17) Qual seu
documentário preferido?
Tem tanta coisa nesse gênero que amo. Vou ficar com Santiago do João Moreira Salles. É de um lirismo quase ficcional acompanhar a
história desse personagem tão peculiar.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Só em pré estreias. Mas mentalmente eu bato sempre...
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Fico entre Adaptação e
O Sol de Cada Manhã.