O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, Mestre e Doutor em
Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e
Bacharel em Comunicação Social pela Faculdade da Cidade. Daniel Schenker é crítico de cinema, um dos famosos bonequinhos do Jornal O Globo, e também crítico de
teatro do blog danielschenker.wordpress.com. É autor do livro Teatro dos 4 – A Cerimônia do Adeus do
Teatro Moderno (editora 7Letras).
É professor de História do Teatro da Faculdade CAL de Artes Cênicas. Integra as comissões dos prêmios de teatro da
Associação dos Produtores de Teatro (APTR), Cesgranrio e Questão de Crítica. Fez
parte do júri da Fipresci nos
festivais de Fribourg, Miami, Montreal e
Rio de Janeiro. Integrou os júris da Abraccine
nos festivais de Brasília, Gramado e Paulínia.
Obs: querido amigo Dani. Sempre muito bom o bate papo sobre
cinema com esse grande adorador da sétima arte. Um grande incentivador das
salas de cinema. Sempre o encontro em alguma sala espalhada pela cidade do RJ.
Um grande cinéfilo, gente boa, que assiste a muitos filmes semana a semana. As
vezes não concordo com alguma crítica dele quando leio às 6as o Jornal O Globo (rsrs)
mas há sempre um grande respeito e admiração por esse grande crítico de cinema,
referência para muitos de nós cinéfilos.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Difícil dizer uma só. As salas do circuito Estação e do
Espaço Itaú, por permitirem ao espectador o contato com ótimos filmes
realizados em diferentes partes do mundo. Mas também gostaria de destacar
outras salas: Cine Santa e Cine Joia, que apresentam uma programação variada,
voltada para filmes autorais e de pequeno porte, e Ponto Cine, centrada na
difusão do cinema brasileiro numa região dominada pela violência no Rio de
Janeiro.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
E.T – O
Extraterrestre, de Steven Spielberg.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Krzysztof Kieslowski.
Gosto muito de sua filmografia, em especial de A Dupla Vida de Véronique.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Limite, de Mario Peixoto. O diretor, bastante
jovem na época, revela um domínio admirável das ferramentas cinematográficas.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ter um imenso prazer não só de assistir a filmes como de
refletir sobre eles.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possui programação feita por pessoas
que entendem de cinema?
Não. Na maior parte das vezes, os cinemas são programados de
acordo com os interesses comerciais. Mas também é importante a existência de
salas norteadas pela qualidade da programação. Vale, em todo caso, dizer que o
interesse comercial e a qualidade não são critérios necessariamente
excludentes.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Acho que não. As pessoas com um pouco mais de idade são
emocionalmente ligadas à atmosfera da sala de cinema. E tenho a impressão de
que os mais jovens buscam a sala de cinema para assistir a blockbusters. A
grandiosidade da tela permite que se desfrute dos atrativos tecnológicos.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
No Place To Go,
de Oskar Roehler, filme excepcional
que conta com uma interpretação impressionante de Hannelore Elsner.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Por se tratar de um espaço fechado, sem janelas, tenho
a impressão de que seria arriscado.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Um cinema contundente e visceral, que tem revelado muitos
talentos.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Não há um artista específico. Tenho ampla curiosidade em
relação ao cinema brasileiro.
12) Defina cinema com
uma frase:
É uma arte que, apesar de não ser realizada ao vivo,
reverbera no espectador como se tudo estivesse acontecendo no instante imediato
diante de seus olhos.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Não lembro de uma história particularmente marcante. Apenas
incidentes habituais, como faltar luz no meio da sessão.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Não assisti. Mas, ao que parece, quem assistiu não esqueceu
até hoje.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não necessariamente. A inspiração artística pode vir de
outras fontes. Mas lamento que haja cineastas que não se interessem como
espectadores pela arte que exercem.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
É muito difícil falar em pior filme que vi na vida.
Certamente há muitos piores do que esse. Mas fiquei particularmente mal
impressionado quando assisti a Duna,
de David Lynch.