20/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #99 - Daniel Schenker


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.


Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, Mestre e Doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Bacharel em Comunicação Social pela Faculdade da Cidade. Daniel Schenker é crítico de cinema, um dos famosos bonequinhos do Jornal O Globo, e também crítico de teatro do blog danielschenker.wordpress.com. É autor do livro Teatro dos 4 – A Cerimônia do Adeus do Teatro Moderno (editora 7Letras). É professor de História do Teatro da Faculdade CAL de Artes Cênicas. Integra as comissões dos prêmios de teatro da Associação dos Produtores de Teatro (APTR), Cesgranrio e Questão de Crítica. Fez parte do júri da Fipresci nos festivais de Fribourg, Miami, Montreal e Rio de Janeiro. Integrou os júris da Abraccine nos festivais de Brasília, Gramado e Paulínia.


Obs: querido amigo Dani. Sempre muito bom o bate papo sobre cinema com esse grande adorador da sétima arte. Um grande incentivador das salas de cinema. Sempre o encontro em alguma sala espalhada pela cidade do RJ. Um grande cinéfilo, gente boa, que assiste a muitos filmes semana a semana. As vezes não concordo com alguma crítica dele quando leio às 6as o Jornal O Globo (rsrs) mas há sempre um grande respeito e admiração por esse grande crítico de cinema, referência para muitos de nós cinéfilos.

 


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Difícil dizer uma só. As salas do circuito Estação e do Espaço Itaú, por permitirem ao espectador o contato com ótimos filmes realizados em diferentes partes do mundo. Mas também gostaria de destacar outras salas: Cine Santa e Cine Joia, que apresentam uma programação variada, voltada para filmes autorais e de pequeno porte, e Ponto Cine, centrada na difusão do cinema brasileiro numa região dominada pela violência no Rio de Janeiro.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

E.T – O Extraterrestre, de Steven Spielberg.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Krzysztof Kieslowski. Gosto muito de sua filmografia, em especial de A Dupla Vida de Véronique.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Limite, de Mario Peixoto. O diretor, bastante jovem na época, revela um domínio admirável das ferramentas cinematográficas.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ter um imenso prazer não só de assistir a filmes como de refletir sobre eles.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possui programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Não. Na maior parte das vezes, os cinemas são programados de acordo com os interesses comerciais. Mas também é importante a existência de salas norteadas pela qualidade da programação. Vale, em todo caso, dizer que o interesse comercial e a qualidade não são critérios necessariamente excludentes.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que não. As pessoas com um pouco mais de idade são emocionalmente ligadas à atmosfera da sala de cinema. E tenho a impressão de que os mais jovens buscam a sala de cinema para assistir a blockbusters. A grandiosidade da tela permite que se desfrute dos atrativos tecnológicos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

No Place To Go, de Oskar Roehler, filme excepcional que conta com uma interpretação impressionante de Hannelore Elsner.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Por se tratar de um espaço fechado, sem janelas, tenho a impressão de que seria arriscado.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Um cinema contundente e visceral, que tem revelado muitos talentos.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não há um artista específico. Tenho ampla curiosidade em relação ao cinema brasileiro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É uma arte que, apesar de não ser realizada ao vivo, reverbera no espectador como se tudo estivesse acontecendo no instante imediato diante de seus olhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não lembro de uma história particularmente marcante. Apenas incidentes habituais, como faltar luz no meio da sessão.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti. Mas, ao que parece, quem assistiu não esqueceu até hoje.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. A inspiração artística pode vir de outras fontes. Mas lamento que haja cineastas que não se interessem como espectadores pela arte que exercem.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

É muito difícil falar em pior filme que vi na vida. Certamente há muitos piores do que esse. Mas fiquei particularmente mal impressionado quando assisti a Duna, de David Lynch.